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sexta-feira, 17 de junho de 2016

cotidianas #441



arte: Daniel Rodrigues
Ele foi arrebatado quando a viu. Estava sonolento. Atirado em um dos bancos do T1D. Porém, quando a avistou todo o sono foi disperso e sol começou a verdadeiramente brilhar. Os cachos dourados, os olhos da cor de mel, o ar de mulher que recém saíra da adolescência: o que era? Levava um caderno, uma bolsa que certamente custava mais do que tudo que ele trajava e uma daquelas pastas gigantes, com réguas e tudo mais. Era estudante de arquitetura? Design? Moda? O quê? Ela sentou uma fileira à frente, no outro lado do corredor. Deus!, isso é uma epifania?, se indagava. Ansiava falar com ela. Não queria ser invasivo ou desrespeitoso. Entretanto, se imaginava como em um daqueles filmes hollywoodianos onde tudo dá certo. O que diria? Foi quando reparou em uma pequena manchinha na sua bochecha esquerda. Era natural ou um deslize na maquiagem? Era natural, obviamente. Mas era um bom argumento. Decidiu usá-lo. "Oi, desculpa incomodar, mas... Não pude deixar de reparar na..." - nessa hora ele apontaria a marquinha - "É uma sujeirinha, eu acho." Ela riria envergonhada. Ele, então, aproveitaria a deixa. Isso! Estava tudo certo. Não teria erro. Claro, se ele não demorasse tanto e ela não tivesse descido do ônibus na estação anterior.




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