Os dois jovens dançarinos foram contratados para executar
uma performance durante o coffee break de um evento corporativo. Um Congresso de
Governança, monótono e sepulcral como o tema exige. Há quem nem saiba o que
isso significa na prática, inclusive eles, artistas cuja mixaria que lhes foi
paga pela apresentação talvez nem justificasse tamanha descontextualização.
Eles, vestidos de Terpsícore, gesticulavam harmonicamente rodeados de
esgravatados morbidamente parados. Houve quem, sem notar-lhes a atuação em meio
aos presentes fingindo educação ao se servirem, quase lhes esbarrasse. Não era
nem desrespeito, pois os executivos engravatados nem sabiam o que respeitar. Arte não lhes existia. A
coisa ia nesse nível, empurrando-se para o final antes de as atividades, em si, começarem, quando no último ato, como que por
mágica, todos dançaram.
Daniel Rodrigues
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