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segunda-feira, 7 de maio de 2018

cotidianas #565 - Pílula Surrealista #27



Os dois jovens dançarinos foram contratados para executar uma performance durante o coffee break de um evento corporativo. Um Congresso de Governança, monótono e sepulcral como o tema exige. Há quem nem saiba o que isso significa na prática, inclusive eles, artistas cuja mixaria que lhes foi paga pela apresentação talvez nem justificasse tamanha descontextualização. Eles, vestidos de Terpsícore, gesticulavam harmonicamente rodeados de esgravatados morbidamente parados. Houve quem, sem notar-lhes a atuação em meio aos presentes fingindo educação ao se servirem, quase lhes esbarrasse. Não era nem desrespeito, pois os executivos engravatados nem sabiam o que respeitar. Arte não lhes existia. A coisa ia nesse nível, empurrando-se para o final antes de as atividades, em si, começarem, quando no último ato, como que por mágica, todos dançaram.

Daniel Rodrigues

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