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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

"Carmina Burana" - Carl Orff (composição de 1937)



"... a música em si não comete pecados simplesmente por ser e permanecer popular. O fato de 'Carmina Burana' aparecer em centenas de filmes e comerciais de televisão é a prova de que ela não contém nenhuma mensagem diabólica..."
Alex Ross, crítico musical do The New Yorker




Os eruditos, os puristas ou os pedantes de plantão que me perdoem mas "Carmina Burana" de Carl Orff é a obra clássica mais pop que existe.
Bastaria citar a quantidade de vezes que vocês já devem ter ouvido a primeira parte, "O Fortuna" em comerciais, filmes, ou sampleado em outras músicas, mas se não for o suficiente pode-se observar outros elementos da cantata: apresenta em suas 7 partes 25 faixas relativamente curtas (com aproximadamente 4 minutos cada) modelo bem característico das composições cntemporâneas para rádio; é muito mais percussionada que a maioria das outras do seu gênero e estas marcações aparecem em ritmos mais regulares que o comum; há refrôes em várias destas "faixas" e estas apresentam, não raro, elementos repetidos e andamentos iguais entre eles. Quer mais? "Ego Sum Abbas" é praticamente um metal com aquele barítono solo com a resposta instrumental (literalmente) barulhenta; e "Estuants Interis" é daquelas coisas bem Pixies ou Nirvana com uma "base" segurando para uma explosão no refrão; e "In Taberna" então? Intensa, fortíssima, agrassiva.
Também tem o fato de a obra ter sido composta em 1937, ou seja já no século XX e entre movimentos modernos que explodiam pelo mundo afora, o que certamente já influenciava um composição muito mais ousada e de acordo com seu tempo; e como se ainda não bastasse as letras, adaptações de textos do século XIII, versam sobre vida mundana, beberagens, orgias, sexo. Quer mais rock'roll que isso?
Sim, tem mais que isso. Saindo desta parte que particularmente acho legal de ter essa cara tão contemporânea, as composições de Orff para o manuscrito, além da ousadia, da visão, são uma beleza e uma sensibilidade inegáveis e não à toa é considerado um dos maiores nomes da música clássica do século XX.
Infelizmente a obra "Carmina Burana" acabou caindo nas graças dos nazistas e acabou sendo a obra mais encenada durante o reinado do reich, o que de certa forma acabou jogando sobre Orff aquela 'nuvenzinha' de ligações com o nazismo, às quais na verdade nunca ficaram realmente comprovadas. Mas até isso é meio rock'n roll de certa forma, não é?
Ouvi quatro execuções desta ópera e particularmente gosto muito da tocada pela Filarmônica de Berlin, regida pelo maestro Seiji Ozawa que é a que recomendo, caso se interessem, mas de um modo geral todas são boas e não irão decepcionar a ninguém.

O Fortuna - Imperatrix Mundi


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"CARMINA BURANA (Cantiones Profanae)"

Fortuna Imperatrix Mundi
1. O Fortuna
2. Fortune plango vulnera

I – Primo vere In Spring
3. Veris leta facies
4. Omnia sol temperat
5. Ecce gratum

Uf dem Anger On the Lawn
6. Tanz
7. Floret silva nobilis
8. Chramer, gip die varwe mir
9. a) Reie
9. b) Swaz hie gat umbe
9. c) Chume, chum, geselle min
9. d) Swaz hie gat umbe (reprise)
10. Were diu werlt alle min

II – In Taberna In the Tavern
11. Estuans interius
12. Olim lacus colueram
13. Ego sum abbas
14. In taberna quando sumus

III – Cour d'amours Court of Love
15. Amor volat undique
16. Dies, nox et omnia
17. Stetit puella
18. Circa mea pectora
19. Si puer cum puellula
20. Veni, veni, venias
21. In trutina
22. Tempus est iocundum
23. Dulcissime

Blanziflor et Helena Blancheflour and Helen
24. Ave formosissima

Fortuna Imperatrix Mundi
25. O Fortuna (reprise)
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Ouça:
Carmina Burana Carl Off

Cly Reis