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segunda-feira, 24 de abril de 2023

CLAQUETE ESPECIAL 15 ANOS DO CLYBLOG - Cinema Brasileiro: 110 anos, 110 filmes (parte 1)

 

Cena do inaugural "Os Óculos do Vovô", de 1913,
há 110 anos
Quando, em março de 1913, o cineasta e ator luso-brasileiro Francisco Santos levou pela primeira vez ao público de Pelotas, no extremo Sul do Brasil, “Os Óculos do Vovô”, é de se supor que soubesse estar marcando uma era. Aquilo que então chamavam de “atualidades” já trazia a semente de mais do que isso: era o nascer de uma indústria, a indústria do entretenimento. Mas mais do que este aspecto produtivo e mercadológico, aquilo era “arte”. Isso, talvez Santos supusesse com maior assertividade. Uma espécie nova, ainda em construção, experimental, mas instigante e visivelmente muito promissora de arte: o cinema. 

O que o pioneiro do cinema brasileiro talvez não suspeitasse era que aquilo que ele empreendera com muito custo através da Guarany Films, sua produtora, fosse se tornar tão longevo e, por que não dizer, exitoso. Pois uma coisa pode-se afirmar do cinema brasileiro: mesmo várias vezes acometido por crises econômicas, políticas, culturais e ideológicas em um país jovem historicamente falando, jamais lhe faltou criatividade e perseverança. As condições nem sempre favoráveis, quando não dribladas, foram inclusive combustível para a geração neo-realista ou a cinema-novistas e udigrudi, para citar três exemplos.

Glauber: genialidade marcante
para o cinema brasileiro
E se são raros os casos de abastamento, por outro lado nunca se deveu nada a outros polos, inclusive bem mais endinheirados como a Europa, o Japão e os Estados Unidos. De gênios, podemos entabular Glauber, Peixoto e Mauro. De documentaristas, o talvez maior de todos: Coutinho. De obras revolucionárias, “Limite”. De divisores-de-águas modernos: “Cidade de Deus”. De obras-primas, “O Pagador de Promessas” e “Eles não Usam Black Tie”. Isso sem falar na brasilidade exposta em diversos filmes, às vezes de forma absolutamente orgânica, algo impossível de ser copiado, reproduzido e, em certa medida, até explicado noutras paragens. Como legendar diálogos como os de “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” ou “Amarelo Manga” sem perder consistência e poética?

Tem isso e mais um monte de coisas. Afinal, em 110 títulos cabe bastante diversidade. Longas de ficção, documentários de maior ou menor duração, filmes mudos, curtas-metragens ficcionais, fitas P&B e coloridas, audiovisuais feitos para TV, gêneros diversos, produções do início do século 20 e outras recentes. Tem, sim, um pouco de tudo. Como diz Caetano Veloso sobre o cinema brasileiro: “Visões das coisas grandes e pequenas que nos formaram e estão a nos formar”.

Dizem que montar listas é uma forma de, além de divertir-se dando classificações aos próprios gostos, apreender tudo aquilo que se vê. E é tanta coisa que já se viu!... Aqui, a tentativa lúdica é de resgatar preferências de forma a dar uma noção subjetiva do que é cinema brasileiro em minha visão. Porém, também contemplar o crítico, que pode ponderar a consideração a medalhões, mas entende suas relevâncias. Recai aqui aquela “justificativa” dos preteridos. Muita coisa fica de fora, infelizmente, a contragosto do próprio autor da classificação. Impossível não citar pelo menos 10 deles: “Di”, “Pacarrete”, “O Palhaço”, “Linha de Passe”, “Os Primeiros Soldados”, “Porto das Caixas”, “O Homem do Ano”, “Chuvas de Verão”, “Alma Corsária” e “Inocência”. E teriam mais.

Cena de "Os Primeiros...", um dos célebres não-incluídos na lista

Diferirá de outras listas semelhantes? Claro, e isso que é o bom. O exercício aqui é justamente este: louvar a produção nacional em sua diversidade e preservar a memória de um dos cinemas mais inspirados do mundo, mesmo sem nunca ter ganho um Oscar de Filme Internacional. Importante? Sim, mas não é tudo, pois há muito mais abundância do que reconhecimento. E se são 110 anos, então, que sejam 110 títulos, lançados em partes e em ordem inversa. De início, os últimos 20 colocados já mostram essa riqueza. Têm desde clássicos do Neo Realismo e do Cinema Novo, passando por filme da retomada e produções da Embrafilme a dignos representantes do cinema atual feito no País. Então, partiu ordenar filmes representativos desta história mais que centenária como parte das celebrações pelos 15 anos do Clyblog!.

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110. “O Grande Mentecapto”, Oswaldo Caldeira (1986)

Das melhores comédias do cinema nacional, filme mineiro que, na linha de “Verdes Anos”, direcionou a produção a outros Estados que não Rio e SP, e que sedimentou a geração TV Pirata (Diogo Vilella, LF Guimarães, Regina Casé) numa história de Fernando Sabino ao mesmo tempo deliciosa, cômica, poética e aventuresca. Um dos finais de filme mais bonitos do cinema brasileiro. Trilha do Wagner Tiso marcante. Melhor Filme pelo júri em Gramado e concorreu em Cuba, Canadá e EUA.






109. “Meu Nome não é Johnny”, Mauro Lima (2008)
108. “O Grande Momento”, Roberto Santos (1959)
107. “Canastra Suja”, Caio Sóh (2018)
106. “Marighella”, Wagner Moura (2021)
105. “Verdes Anos”, Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil (1984) 



101. “Dois Córregos - Verdades Submersas no Tempo”, de Carlos Reichembach (1999)
102. “Os Cafajestes”, Ruy Guerra (1962) 
103. “O Homem que Copiava”, Jorge Furtado (2003)
104. “A Hora da Estrela”, Suzana Amaral (1985) 


100. “O Auto da Compadecida”, de Guel Arraes (2000)

No início doa anos 2000, o cinema brasileiro fechava seu ciclo de maiores dificuldades estruturais com um sucesso de crítica e público (2 mi de expectadores). Guel, que havia construído uma carreira alternativa na dramaturgia através da televisão desde a TV Pirata e aperfeiçoando-a ao longo dos anos, chegou pronto ao seu primeiro longa, baseado na peça de Ariano Suassuna. Difícil ver uma trupe tão grande de ótimos atores/atuações juntos: Selton, Nachtergaele, Nanini, Denise, Diogo, Lima, Virgínia, Goulart... todos, todos impagáveis. João Grilo e Xicó formam uma das melhores duplas de personagens do cinema nacional. Comédia divertida – mas também dramática – com o pique de edição e cenografia de Guel. Um clássico imediato.




99. “Tudo Bem”, Arnaldo Jabor (1978)
98. “O Lobo Atrás da Porta”, Fernando Coimbra (2013)
97. “Iracema, Uma Transa Amazônica”, Jorge Bodanzky e Orlando Senna (1976) 
96. “A Rainha Diaba”, Antonio Carlos da Fontoura (1974)
95. “Os Saltimbancos Trapalhões”, J. B. Tanko (1981)



94. “A Casa de Alice”, Chico Teixeira (2007)
93. “Macunaíma”, Joaquim Pedro de Andrade (1969)
92. “A Idade da Terra”, Glauber Rocha (1980) 
91. “O Anjo Nasceu”, Julio Bressane (1969) 


Daniel Rodrigues

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Live "Seu Sete da Lira", com Cristian Siqueira - Ed. BesouroBox - 66ª Feira do Livro de Porto Alegre

Laroyê Mojubá, Exu! Abre alas que Seu Sete Rei da Lira é para quem te fé!


A Umbanda é uma das religiões mais brasileiras que existe, pois reúne conhecimentos dos indígenas, africanos e cristãos em seus cultos. Quando li sobre Umbanda já estava mergulhada no selo Legião da editora BesouroBox e ali comecei a conhecer mais sobre o assunto. Desmistifiquei muitas crenças, entre elas a de que os praticantes de Umbanda não estudam. Hoje em dia, a maioria dos dirigentes que se propõem a ingressar na missão de serem condutores de corações e mentes, estudam, escrevem, lidam bem com as redes sociais e ministram cursos e são pesquisadores ativos. Tudo isso faz parte do reconhecimento que a Umbanda vem angariando através dos 112 anos de existência e de muita resistência. 

Numa pesquisa realizada a poucos anos, ficamos sabendo que boa parte das pessoas que se dizem umbandistas hoje são brancos e jovens é a conhecida "Umbanda de Allstar". Isso aponta para uma mudança profunda na relação com as nossas raízes mais genuínas. Outro aspecto que temos percebido é a grande diversidade de altares, não somente com imagens sincretizadas vindas dos tempos de que o culto por crenças afro era algo ameaçador aos senhores de engenho, mas mesclados com imagens e crenças vindas também do Oriente, ou seja, é uma religião em evolução, em uma fase de mudança e abrangência de saberes. 

Desse grupo de estudiosos e divulgadores da Umbanda, surge o jovem Cristian Siqueira, que aos 18 anos funda o Acervo Histórico Sete da Lira na cidade de Cuiabá, Mato Grosso. A partir desse fato, ele não somente acolhe e organiza esse acervo, como recebe a missão espiritual e o aval da família de Mãe Cacilda para escrever um livro sobre a médium que parou o país. “O Fenômeno Seu Sete da Lira – a médium que parou o Brasil” foi gestado por alguns anos por Cristian e a família de Mãe Cacilda, que depositou nele toda a confiança da missão oferecida e cumprida com êxito. Em 2019, uma campanha de divulgação para o lançamento em março de 2020 deixou claro o legado de Mãe Cacilda. Em plena pandemia desse ano, Seu Sete foi lançado, como uma âncora de esperança e cura, pois em Santíssimo, no Rio de Janeiro, ele curou milhares de pessoas com o seu marafo e o seu axé.  

Mãe Cacilda esteve em dois programas de maior audiência da década de 70/80: os programas do Chacrinha e Flávio Cavalcanti, ambos ligados a Seu Sete. Ela também sofreu ataques da imprensa, pois de certa forma expôs publicamente uma crença que não tinha espaço numa sociedade fechada e católica. A trajetória da médium Cacilda e da entidade curativa e magnetizadora de multidões de Seu Sete desaguaram num livro instigante, com uma narrativa jornalística e cheia de fatos históricos. Como diz Cristian, Seu Sete é um "divisor de águas" na história da Umbanda. Que ele seja igualmente um bom motivo para praticantes conhecerem melhor tudo aquilo que envolve a Umbanda no Brasil e se apossem desse conhecimento para continuar estudando e registrando seu legado a novas gerações. Diferente do que muitas pessoas dizem e pensam, há excelentes estudos sobre a Umbanda, basta querer aprender com quem sabe ensinar, e que antes de tudo conhece a sua própria história. 

Hoje, o selo Legião da Editora BesouroBox realiza das 19h30 às 20h30 a LIVE com o autor Cristian Siqueira e mediação minha, no canal de Youtube da editora. Será com certeza uma ótima oportunidade para conhecer mais sobre o Rei da Lira e Mãe Cacilda. Saravá!

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o que: Live com Cristian Siqueira sobre "Seu Sete da Lira"
quando: 4 de novembro, 19h30
mediação: Leocádia Costa
evento: Feira do Livro de Porto Alegre


Leocádia Costa

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Música da Cabeça - Programa #95


“É a lama, é a lama”. Não a das águas harmoniosas de março, mas a das águas sujas de janeiro, a que soterra Brumadinho, a que expulsa Jean Wyllys do país. Mas o Música da Cabeça não abandona a “promessa de vida no teu coração”, e na semana em que Tom Jobim faria aniversário, damos vivas à boa música através de New Order, Sambrasa Trio, Philip Glass e Sepultura. Além de nossos quadros fixos, “Música de Fato” e “Palavra, Lê”, ainda um “Cabeção” para desfazer dos rostos o desgosto. Tarefa fácil? Não, mas o programa de hoje, às 21h, na Rádio Elétrica, será esse (necessário) “resto de mato na luz da manhã”. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues E, não: não “é o fim do caminho”.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/