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sexta-feira, 11 de abril de 2014

“Antonio Dias – Potência da Pintura” – Fundação Iberê Camargo – Porto Alegre/RS







"Estudos pictóricos de antônio Dias"
Estivemos Leocádia Costa e eu numa das exposições daquelas que nos dissemos: “não podemos deixar de ir”. Pois a referida mostra é “Potência da Pintura”, do artista plástico paraibano Antonio Dias, que está na Fundação Iberê Camargo até 18 de maio. Vimos obras deste craque da arte contemporânea em dois momentos quando estivemos no Rio de Janeiro em 2013: na grande (e até dispersiva) mostra coletiva “O Colecionador”, no MAR (Museu de Artes do Rio de Janeiro), no Rio, e na sucinta (mas bela) exposição "Biografia Incompleta", no MAC (Museu de Arte Contemporânea), em Niterói, a qual me motivou a escrever sobre à época. Portanto, a oportunidade de rever Antonio Dias e numa individual na nossa cidade é um programa dos que consideramos imperdíveis. 
De fato, valeu a pena a visita. Com curadoria do crítico e historiador Paulo Sergio Duarte, apresenta um recorte da produção mais recente de Dias. São pinturas e esculturas produzidas entre 1999 e 2011 que revelam os questionamentos atuais do artista, que se volta com força para as questões pictóricas do pigmento, do plano e da composição. Porém, não deixando de lado a ideia de tridimensionalidade (característicos de sua produção dos anos 60 e 70, mais conhecida pelo público), uma vez que usa elementos da estrutura de objetos bidimensionais de forma sutil em quadros e esculturas que se descolam do tempo, do simples “aqui e agora”, reelaborando outra (e talvez improvável) dimensão temporal. As linhas dos quadros, impositivamente retas, se conjugam entre si ora para trás, ora para frente, criando duas ou até três “camadas” de tempo, encaixando-se, sobrepondo-se, desafiando-se umas às outras.
"Gigante dormindo e cachorro latindo"
No texto do curador, este questiona com perspicácia o “valor” cronológico da recentidade das obras de Dias, subjetivando tal aspecto: “O que temos diante de nossos olhos não é uma acumulação de trabalho, nem a acumulação de um patrimônio tal como o capital de um portfólio de aplicações nas bolsas de valores; o que temos é o resultado mais recente de uma luta simbólica entre a matéria e o pensamento que atravessou muitas brigas até chegar a esse ponto; esse é o trabalho do artista”.
Criada na geração de artistas dos anos 50/60 que reelaboraram a maneira de ver a modernidade e seus ícones: sexo, violência, capitalismo, tecnologia, segregação político-social, indústria cultural e outros (antevendo, aliás, com olhar bastante mordaz a pós-modernidade), Antonio Dias segue com seu olhar perspicaz sobre o funcionamento desequilibrado da sociedade atual – basta verificar o precário equilíbrio das latas na obra “Duas Torres” (2002), que, embora não seja brilhante em termos de execução, remete claramente à fácil sujeição dos seres humanos ao perigo vista nos ataques terroristas do 11 de Setembro.
Em termos de técnica, são interessantíssimas as texturas e sensações pictóricas distintas e até díspares (do vermelho-sangue puro à psicodelia hi-tech e a aparência envelhecida). Já as pequenas esculturas em bronze e cerâmica (“Gigante dormindo e cachorro latindo” e “O bem e o mal”, por exemplo) dão-nos a verdadeira noção da vacuidade da era “big brother”: casas que, sem telhado, abertas à devassidão da privacidade, nos abrigam a espiar as formas desproporcionais de objetos e seres soltos no vazio e na secura monótona da vida alheia.
Passado, presente e futuro dialogando
em um possível equilíbrio
Se tais obras refletem o pensamento crítico de Dias, não poderia faltar o sarcasmo que marca toda a boa geração de artistas plásticos a qual ele pertence (leia-se: Rubens Gerchman, Hélio Oiticica, Rogério Duarte e outros). O artista usa seu humor de maneira mais aguda na obra saborosamente intitulada “Seu marido”. Embora deslocada do restante da mostra (foi colocada no átrio da Fundação, inclusive, longe quatro andares das restantes), constitui-se num retrato divertido e crítico do homem contemporâneo. Trata-se de um boneco cujas formas de cabeça, pernas, braços, tronco e rabo (?!) se indistinguem: todas repetem o mesmo formato de uma espécie de bastão amarelo e peludo. Aparentemente apático, de tempos em tempos o “bicho” desperta, sacudindo-se todo de forma patética e despropositada por alguns instantes, até que volta àquela insossa imobilidade inicial.

Seria este sacolejo estúpido o único movimento possível da defasada figura do macho doméstico nos dias de hoje? Forte suposição. Com meu respeito a todas as senhoras: qualquer semelhança conceitual (e, quem sabe, até corpórea...) com seus homens de dentro de casa não é mera coincidência. 

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Eu e "Seu Marido"


SERVIÇO:

exposição: "Antonio Dias – Potência da Pintura"
onde: Fundação Iberê Camargo  (Av. Padre Cacique, 2000 – Porto Alegre/RS)
até: 18 de maio de 2014
horário: terça a domingo, das 12h às 19h, quintas até as 21h (entrada gratuita)
Curadoria: Paulo Sergio Duarte













sábado, 11 de fevereiro de 2017

"Vontade de Mundo" – Exposição coletiva – Coleção João Sattamini - Museu de Arte Contemporânea (MAC) – Niterói/RJ




Como já falei aqui no blog – e acho que sempre vou falar quando lá estiver –, ir ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói, o MAC, é por si um passeio e um exercício artístico, independentemente do que estiver em exposição. Aquele desenho de Oscar Niemeyer, que respeita e se integra com o redor, com a natureza exuberante do Mirante da Boa Viagem com mar, morros, verde, declives e aclives, faz com que o visitante também se integre àquela arquitetura. Niemeyer, através da beleza reveladora de sua arte, faz-nos revelar tal integralidade enquanto seres pertencentes a esta natureza. 
Impressionante pela técnica e efeito a obra de Del Santo

Dito isso, volto as atenções à exposição em destaque, que está no local até 2 de abril: "Vontade de Mundo". A mostra algumas guarda parecenças com outra que vimos em nossa estada no Rio de Janeiro em dezembro, “A Cor do Brasil”, no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), pois ambas têm como base o acervo do colecionador João Sattamini. Isso faz com que alguns artistas, como Mira Schendel, Iberê Camargo e Aluísio Carvão, por exemplo, apareçam nas duas. Porém, o conceito, este sim, é totalmente próprio em cada uma delas. Nesta do MAC, consideravelmente menor que a outra, mesmo que exposta no salão principal, são 30 obras selecionadas, cerca de 90% menos do que a do MAR, que traz mais de 300! 

Afora o fator quantidade, "Vontade...” traz como tema não a cor como mote, mas um (questionável) sentido de unidade por meio de incontáveis mundos possíveis em cada obra de arte. O objetivo deste recorte é provocar cada visitante a tecer relações entre as obras entendidas como um mundo em si aberto ao tempo. Essa leitura é de certa forma facilitada na segmentação dada: Mundos sem Nome, Invisível, Casa, Amor e Comunidade. Segmentação esta, todavia, um tanto resvalante.
O sempre minimalista e surpreendente Antonio Dias

Mira, a quem já me referi, como sempre impressiona com sua acrílica sobre tela de 1985, assim como um dos meus queridos da arte moderna brasileira, Antonio Dias com o invariavelmente interessante “Projeto para One & Three”, de 1974, uma acrílica e fita crepe sobre papel sobre madeira. “Linear cubo”, de Dionísio Del Santo, de 1976, também impressiona tanto pela técnica (óleo e fios de algodão sobre tela colada em aglomerado) quanto pelo efeito estético e de tridimensionalidade obtido. Ainda, merece destaque a escultura em bambu pintado a óleo de Ione Saldanha – cujas peças da mesma série se encontram na exposição do MAR, Quem também está no MAR e no MAC é o gaúcho Iberê Camargo com seu não-figurativo carregado. Nesta, não poderia ter caído em outra classificação que não a de Mundos sem Nome.


Quadro de Hermelindo Fiaminghi na série Mundos sem Nome


Se o conceito de “Vontade...” é um tanto aberto, numa forma quase preguiçosa de aproveitar esse o acervo de Sattamini, as obras que a compõem são de inegável qualidade. Se me perguntarem se vale a pena ir ao MAC para conferir a exposição, diria de pronto que “sim”. Afinal, mesmo que não se goste, tem o próprio MAC para se apreciar.
Enlameada, obra de Iberê, sempre expressivo


Mais uma vez, o mínimo dizendo muito


Arte indígeno-moderna de Ione Saldanha no bambu pintado a óleo
Simples e brilhante quadro a esmalte de Ione Saldanha

Instalação de Jorge Duarte toda em metal


Um dos quadros da série que tematiza o Amor

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“Vontade de Mundo” da Coleção MAC Niterói – João Sattamini 
local: Museu de Arte Contemporânea de Niterói - MAC
período: até 2 de abril 
de terça a domingo, das 10h às 19h 
Ingresso: R$ 10 
Entrada gratuita às quartas-feiras 

Curadoria: Luiz Guilherme Vergara


Por Daniel Rodrigues

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Casa Roberto Marinho - Cosme Velho - Rio de Janeiro /RJ










A antiga residência do fundador do grupo Globo,
hoje espaço dedicado às artes.
Fui conhecer, dia desses, a Casa Roberto Marinho, espaço cultural criado na casa anteriormente ocupada pelo fundador do grupo Globo, situado no bairro do Cosme Velho, e que hoje dedica sua área, predominantemente à exposição do riquíssimo acervo pessoal do jornalista. Grande amante das artes, Marinho conseguiu reunir ao longo de sua vida um considerável e relevante número de obras, em especial da arte moderna brasileira da qual era grande admirador e sendo amigo de vários artistas como Portinari, Guignard, Pancetti, por vezes deles recebia obras de presente ou as adquiria diretamente dos pintores. E é basicamente essa coleção que temos o privilégio de conhecer em visita à suntuosa mansão de estilo neo-colonial com a qual já nos impressionamos na entrada do pátio frontal por seus belíssimos jardins são projetados por Burle Marx. Lá dentro o visitante se perde entre Segall, TarsilaPortinari, Volpi e outros nomes importantes do modernismo. Um deleite para o apreciador da arte brasileira! Além da exposição permanente, concentrada no andar térreo, a Casa ainda contava, na ocasião da minha visita com uma outra igualmente interessante focada especialmente na arte abstrata praticada no Brasil a partir dos anos '40 até a nossa década atual, com ênfase na abstração informal, ou seja, aquela na qual o artista parte muito mais de um processo intuitivo do que lógico ou matemático para a constituição de seus trabalhos. Artistas importantes como Antônio Bandeira, Burle Marx, Manabu Mabe, Tomie Ohtake e Iberê Camargo são alguns dos que integram o corpo da ótima exposição "Oito décadas de Abstração Informal - 1940/2010".
Estive lá e divido com vocês minha visita. Conheça abaixo você também, um pouquinho da Casa Roberto marinho, e das obras nela expostas.

Escultura de Bruno Giorgi, logo na entrada, no jardim.

Escultura do próprio Roberto Marinho.

Já no interior, o primeiro Portinari:
"Menino com pássaro" (1959)

Aqui, uma natureza-morta de Lasar Segall

O intenso "Espantalho" de Portinari

Paisagem com touro, de Tarsila do Amaral, de 1925

Santa Cecília, de Cândido Portinari.

A impactante via-crucis de Emeric Mercier.

Alfredo Volpi, com uma de suas representações mais características.
Na sala de vídeo, a imponente pintura de Clóvis Graciano.
A escultura de Frns Krajcberg se impõe
no patamar de acesso ao segundo piso;
No segundo andar, a exposição "Oito décadas de Abstração Informal"


O abstrato da portuguesa Vieira da Silva, de 1949

"Anjo Negro", de Manabu Mabe, 1960

Uma das muitas obras do cearense Antônio Bandeira, na mostra.
"Pintura nº2", da japonesa naturalizada brasileira Tomie Othake.

Mais um belíssimo trabalho de Antônio Bandeira.

Outro de Manabu Mabe, "Sonho", de 1959.

Conjunto de Tomie Othake.

A escultura "Insônia Infinita da Terra",
de Maria Martins (1954)

Mais um Bandeira.
Lindíssimo!

A "Balada do Terror", de Maria Bonomi.
de 1970

"Andamento III", do gaúcho Iberê Camargo

Pintura de Roberto Burle Marx.

Escultura de Angelo Venosa, de 1986

Conjunto de Luís Aquila.

A pesada e impressionante obra de Dudi Maia Rosa.

"Lamentação", de Nuno Ramos.

Outro de Manabu Mabe,
"Castelo do Mar"

"Ela. Três", de Maria Tereza Louro.

"Couros", de Leda Catunda, de 1993

No trecho final da exposição, as esculturas de Márcia Pastore (à frente)
e"Bolo", de Frida Baranek, ao fundo.




por Cly Reis


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Casa Roberto Marinho
Exposições em andamento:
"Modernos +" e "Oito décadas de Abstração Informal - 1940/2010
endereço: Rua Cosme Velho, 1105 
Bairro Cosme Velho - Rio de Janeiro - RJ
visitação: Terça-feira a domingo 12h às 18h
ingresso: R$ 10,00
gratuito para crianças até 5 anos, estudantes de escolas públicas, ensino fundamental e médio,
professores de escolas públicas, guias turísticos e profissionais de museus