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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Música da Cabeça - Programa #69


A última piada de mau gosto que corre por aí é que a escravidão no Brasil foi uma mentira, certo? Vamos rir pra não chorar, então? O Música da Cabeça evoca Castro Alves e seu "Navio Negreiro" na música de Caetano Veloso pra aplacar qualquer ofensa histórica. Também na linha de frente Titãs, The Prodigy, Lenny Kravitz, Barão Vermelho das antigas e um "Cabeção" com a música desafiadora da greco-americana Diamanda Galás. Só aqui no Música da Cabeça mesmo! É hoje, às 21h, na Rádio Elétrica. Produção, apresentação e compromisso histórico: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

terça-feira, 31 de julho de 2018

Fazendo Turismo na Cidade Onde Vivo #7 - Ilha Fiscal









Lugarzinho pertinho, pertinho do Rio, na verdade só separado por algumas poucas milhas marinhas, o prédio da Ilha Fiscal, sede da alfândega na época do Império, chama atenção não somente de quem tem a oportunidade de passear pelas águas da Baía da Guanabara, como também por quem circula às margens da renovada orla, no chamado Boulevard Olímpico, por conta de seu charme e sua arquitetura de características góticas.
Embora tenha ligação por terra com a orla do Centro Histórico do Rio, o acesso aos visitantes se dá por uma escuna, num passeio que dura em torno de quinze minutos. O prédio que ficou famoso por ter abrigado uma das maiores festas da monarquia que deu-se, curiosamente, apenas seis dias antes que a República fosse proclamada no Brasil, também tem como atrativos as imponentes estruturas em cantaria, blocos de  pedra inteiros talhados diretamente no local; a varanda, de vista magnífica para a Baía e acessada por degraus igualmente talhados em pedra; os belíssimos vitrais importados da Inglaterra com as imagens dos soberanos D. Pedro II e sua filha, a Princesa Isabel; e o relógio alemão Krussmann com suas quatro faces, destacando-se de forma marcante, alto, ao cento da edificação.
Confiram abaixo algumas imagens e conheçam um pouquinho da Ilha Fiscal.

O castelinho, como é conhecido,
surge elegante em meio às águas da Baía da Guanabara

Já na Ilha.

A belíssima fachada frontal
com seus detalhes em cantaria.

No interior maquetes de navios da Marinha Brasileira.

Aqui, o detalhe de um porta-aviões.

O interior também é usado para pequenas exposições
de divulgação das atribuições da Marinha.

Um dos lindos vitrais da edificação.

Detalhe dos arcos ogivais e das abóbadas, no segundo pavimento.

O famoso vitral de Dom Pedro II.

O relógio Krussmann, visto da varanda.

Vista da varanda para o patio posterior.

Alguns objetos utilizados na célebre festa de 1889.

O grande baile retratado pelo artista Francisco Figueiredo
em reprodução exposta em uma das salas do Palacete.


*****



Passeio da Ilha Fiscal
Saída do Centro Cultural da Marinha,
Boulevard Olímpico, próximo à Pira Olímpica,
(ingressos e embarque no local)
visitação: quinta a domingo e feriados (a visitação poderá ser cancelada em caso de mau tempo ou na realização de eventos na Ilha)
horários: às 12h30, 14h e 15h30
ingressos: inteira: R$ 30,00, meia-entrada: R$15,00 (ambos os ingressos dão direito a visitação ao Espaço Cultural da Marinha)
duração: A visitação tem a duração de aproximadamente 2h, já incluso o deslocamento.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

cotidianas #582 - Crônica Acromática


Uma freira albina
montada numa zebra
cavalga sobre um tabuleiro de xadrez.

Ao fundo, uma canção...

Um boneco de neve
vestindo um elegante fraque
senta diante de um piano e
deixa seus dedos, em luvas brancas,
deslizarem pelas teclas.

Tudo some no nevoeiro.




Cly Reis

sábado, 28 de julho de 2018

"The Velvet Underground and Nico", de Joe Harvard - Coleção O Livro do Disco - ed. Cobogó (2014)



"A primeira vez que ouvi o disco "The Velvet Underground and Nico
(...) simplesmente odiei o som. 
Pensei: 'Como alguém pode fazer um disco que soe como essa merda?
Isso é nojento!(...)
Esse som é um lixo!"
Então uns seis meses depois ele me pegou de jeito:
"Meu Deus! NOSSA!
Esse disco é bom pra cacete!' "
Iggy Pop


"Noventa por cento dos quadros que são vistos hoje
como algo extraordinários foram encarados como,
'Ei, isso não é arte!', 
na época em que foram exibidos pela primeira vez(...)
Bem, existiam pessoas que achavam que o Velvet Underground 
era um desperdício do óxido de ferro da fita de gravação."
Norman Dolph, 
co-produtor do álbum



Não sei se, realmente, cada livro que leio da coleção O Livro do Disco é melhor do que o anterior, ou se é apenas uma sensação por estar diante de uma leitura tão empolgante que faz com que a sensação se renove sempre com entusiasmo. "The Velvet Underground and Nico", de Jon Harvard, o último que li não foi diferente disso. Às primeiras páginas já exclamava para mim mesmo que aquele era o melhor livro da coleção. Talvez por não ser um jornalista e por não ter sido um fã imediato do Velvet Underground, tendo percebido aos poucos que a sonoridade da banda estava em tudo o que ouvia e gostava, o trabalho soe com uma sinceridade e uma admiração mais verdadeiras do que de costume em ensaios desta natureza. Joe Harvard, músico, produtor e um dos fundadores do famoso estúdio Forte Apache onde já gravaram nomes como Pixies, Radiohead e Hole, faz questão de em toda sua pesquisa, de dar a real dimensão do que o projeto do Velvet Underground com o artista multimídia Andy Warhol representou não somente para a música mas também para o comportamento e costumes a partir de seu lançamento. A sonoridade inovadora, o experimentalismo, as concepções musicais, as letras literárias e explícitas com suas temáticas incomuns e delicadas, todos são elementos que a banda, sob o estímulo de Warhol, um badalado artista em seu apogeu, que compartilhava de toda aquela profusão criativa, apresentava de forma inédita e ainda hoje, incrivelmente, permanecem impactantes. Quem iria imaginar que em 1967 um grupo de jovens patrocinados por um artista plástico pudesse falar de forma tão aberta (e lírica) sobre o uso de heroína, ou fosse descrever de maneira quase escandalosa sessões de sado-masoquismo? Pois eles o fizeram. E Harvard, o autor, faz questão de mostrar o tamanho disso, o quanto esses temas eram tabus, o quanto o grupo foi ousado na atitude e o quanto foi inovador na linguagem e na intenção artística ao propor estes temas. "Sim, o Velvet Underground escreveu canções sobre heroína, orgias, metanfetamina, servidão e punição, submissão física e emocional, violência, transgêneros, travestis, transexuais e marginais com violência nas ruas, envolvidos com um ou todos os ingredientes acima. Por que? Porque ninguém havia feito isso antes, e porque essa coisas são interessantes." afirma o autor. E continua, "Em 1966, quando ningué falava - e muito menos cantava - sobre tais assuntos proibidos, eles eram ainda mais interessantes, e inclui-los nas letras das músicas com o objetivo de serem consumidos não era mais um truque barato: era uma atitude corajosa e arriscada. E fácil escalar uma montanha depois que os verdadeiros pioneiros passaram 35 anos abrindo uma trilha até seu cume. Em 1966, era preciso ter colhões.". Pois é...  E tudo isso, como se não bastasse, embalado por uma proposta sonora altamente original, pensada artisticamente música a música e com conceitos nada aleatórios. Ou seja, um disco como poucos.
O livro desfaz o mito de que a participação de Warhol na produção do disco tenha sido tão irrisória quanto se afirma, revelando que embora não tivesse atuação efetiva na parte técnica, contribuía decisivamente de forma artística na concepção do trabalho. Lou Reed, vocalista e um dos principais compositores, declarou certa vez: "Andy fez questão de garantir que em nosso primeiro álbum a linguagem permanecesse intacta: 'Não Mude as palavras só porque é um disco". Acho que Andy estava interessado em chocar, em dar um solavanco nas pessoas..." e mais, "Ele apenas tornou possível que fôssemos nós mesmos e seguíssemos adiante, ois ele era Andy Wahrol.".
Numa trabalho bastante rico e bem embasado com relatos antigos dos integrantes da banda, matérias da época em jornais e revistas, e entrevistas com pessoas ligadas à banda, o autor destaca ainda a resistência, especialmente de Reed, em aceitar a modelo e cantora alemã Nico, sugerida por Warhol, no projeto, e "prova" que o cantor estava errado nesta relutância; revela que "Sunday Morning" fora escrita originalmente para Nico mas que, mesquinho, egoísta e vaidoso, Reed a reivindicou e não abriu mão de colocar seus vocais na canção; que a marcante caixa de música na mesma música fora uma sacada casual e genial de John Cale, a outra cabeça pensante do grupo; descreve a sintonia de Reed e Cale nas composições e em suas afinações inusitadas; traz à tona novamente a acusação, na época, de que "Heroin" estimulava o uso de drogas; e ajuda a entender por que "Venus In Furs" garantiu a eles a imagem de depravados.
Um disco que não recebeu o devido reconhecimento em sua época e, mesmo depois, demorou para que sua verdadeira dimensão fosse percebida, mas que mesmo assim chega aos dias de hoje (acredito que agora sim) entendido como um dos mais importantes e influentes de todos os tempos e ao qual um livro como este, muito bem escrito e organizado, faz plena justiça e a devida homenagem. Curiosamente, como o próprio autor salienta, "Uma coisa é certa: poucas bandas - se é que alguma - deixaram um legado tão duradouro com uma ajuda tão inexpressiva da indústria.". Talvez, no fim das contas, por linhas tortas, tenha sido melhor assim.



Cly Reis

quinta-feira, 26 de julho de 2018

"Homem-Formiga e a Vespa", de Peyton Reed (2018)




Em prisão domiciliar depois das estrepolias com os Vingadores em “Capitão América: Guerra Civil, Scott Lang (Paul Rudd) ainda parece guardar alguns resquícios de sua redução extrema e sua breve passagem por uma outra dimensão. São fragmentos como estes que sinalizam ao Dr. Hank Pym (Michael Douglas) que a viagem de Lang pode ser uma chave para trazer sua mulher de volta daquele plano extradimensional do qual ela nunca mais voltara depois de uma missão na qual também tivera que se reduzir radicalmente. Só que enquanto Pym, com a ajuda de Lang que parece estar recebendo sinais da esposa perdida no vazio, busca esta chave multidimensional por razões emocionais, um empresário de tecnologia e uma misteriosa mulher que desafia os princípios da matéria, aparecendo, desaparecendo, se dissolvendo e refazendo, querem os experimentos de Pym para outros fins e irão atrapalhar muito os planos do cientista, de sua filha Hope (Evangeline Lilly), desta vez devidamente equipada no traje de Vespa e, é claro, do Homem- Formiga.
“Homem-Formiga e a Vespa” é elétrico, é empolgante, as constantes reduções e aumentos de coisas improváveis como prédios, carros,... balinhas da Hello Kitty são uma grande barato e os efeitos especiais e o 3D são um show à parte. Mas o filme sofre com um argumento complicadíssimo que talvez somente um especialista em física quântica possa realmente compreender. Vá lá, sei, não precisa se levar tão a sério, basta aceitar a proposta e relaxar. É verdade, mas mesmo assim, de modo a dar sustentação a todas as ações e intenções dos personagens, é interessante que o elemento que é o ponto central da trama, seja um pouco mais acessível ao espectador. Além disso, o filme sofre com uma certa indefinição e má caracterização do vilão, se é que existe um. Quem é? O que quer na verdade? São os dois? Mas a Fantasma é vilã? Aquele carinha ridículo é o vilão principal? No fim das contas, parece não haver efetivamente este elemento e, sim, dois personagens que, somados à polícia que está sempre no pé de Lang, apenas dificultam as ações dos mocinhos da história.
Filme da linha mais light da Marvel, “Homem Formiga e a Vespa”, além da valiosa cena pós-créditos que amarra com aquele final misteriosamente trágico de "Vingadores: Guerra Infinita", vale pela correria, pelo aumenta/encolhe, pelos efeitos especiais, pela diversão, pelas risadas, mas era isso. Nosso herói pode aumentar do tamanho que for, seis, vinte metros, ficar do tamanho de um prédio, que “Homem-Formiga e a Vespa” continuará não alcançado seu antecessor e muito menos chegando nem perto do tamanho das melhores produções do MCU. É apenas um formiguinha neste universo.
Aumentando!
Nosso herói surge gigante diante de um ferry-boat



Cly Reis