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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Raul Seixas - "Metrô Linha 743" (1984)

Raul Seixas: o maquinista do Metrô Linha 743



"Não interessa,
 pouco importa, fique aí!
Eu quero saber
o que você estava pensando
Eu avalio o preço
me baseando no nível mental
Que você anda por aí usando
E aí eu lhe digo o preço
que sua cabeça
agora está custando."
Raul Seixas




Em 1984 acontecia a campanha ‘Diretas Já’ em apoio à proposta de eleições diretas para presidente. Um dos maiores movimentos políticos que a sociedade brasileira já testemunhou. E neste mesmo ano Raul Seixas lançava mais um disco, intitulado de "Metrô Linha 743" pela gravadora Som Livre (e que foi reeditado em 2004). Um álbum que eu acho sensacional e por isto destaquei algumas faixas (da edição de 84) que acredito que podem resumir o clima desta produção fonográfica e o que ela tem a ver com a gente enquanto membro da sociedade brasileira nos dias de hoje.

A primeira faixa é a que nomeia o álbum ‘Metrô Linha 743’ e eu a referencio aqui: ‘Ele ia andando pela rua meio apressado/ Ele sabia que estava sendo vigiado/ Cheguei para ele e disse: ei amigo, você pode me ceder um cigarro?/ Ele disse: eu dou, mas vá fumar lá, do outro lado/ Dois homens fumando juntos pode ser muito arriscado’, uma evidente alusão ao fato de que o governo militar não via com bons olhos quem andava em grupo, pois a união faz a força.


O irreverente Raul
sempre dando um nó no Sistema
E quando se fala em Raul não se pode separar a sua obra da política e dos movimentos sociais. Assim sendo, a próxima que invoco é a ‘Canção do Vento’, porque em meu modo de olhar solidifica a ideia de que o músico sentia (e boa parte da nação também) a necessidade de derrubar o regime militar para que fosse possível redescobrir um novo Brasil. Esta é a intenção autoral que assimilo ao ouvi-la, e tudo isto me soa como maturidade profissional extrema para que Raul pudesse chegar onde queria com a sua mensagem e a letra diz tudo: ‘Lá vai o vento, Brasil adentro’.

Por isto, a energia que envolve o disco ‘Metrô Linha 743’ me parece sim, um tanto quanto política, não por nada teve a música ‘Mamãe Eu Não Queria’ censurada, pois nesta faixa, o músico Raul aborda que: ‘O exército é o único emprego para quem não tem nenhuma vocação’, questionando a obrigatoriedade do serviço militar.

E neste álbum também são resgatadas duas canções, a primeira delas é ‘O Trem Das Sete’ conforme transcrevo: ‘Ói, já é vem, fumegando, apitando e chamando os que sabem do trem/ Ói, é o trem/ Não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem/ Quem vai chorar?/ Quem vai sorrir?/ Quem vai ficar?/ Quem vai partir?’, uma contundente menção ao seguinte conceito imposto pelo regime militar através de campanhas publicitárias: ‘Brasil: Ame-o ou deixe-o!’ e que originalmente faz parte do disco ‘Gita’ (ano de 74).

A segunda é intitulada de ‘Eu Sou Egoísta’ e aponto a letra: ‘Eu vou, sempre avante no nada infinito/ Flamejando meu rock, o meu grito/ Minha espada é a guitarra na mão’, e nesta canção o músico proclama com todas as letras que a sua arte é a sua arma contra o Sistema e a faixa citada faz parte originalmente do disco ‘Novo Aeon’ (ano de 75).

Assim sendo, penso que o álbum ‘Metrô Linha 743’ reafirma a postura que o maquinista Raul sempre impôs para o Sistema e a indústria fonográfica durante toda a sua carreira: para lançar Raulzito era preciso vender um artista questionador e que fazia uso da sua arte para expressar as suas ideias e estabelecer um canal de comunicação com as pessoas.

E o Sistema sempre soube que deveria podar Raul em tudo que pudesse e o quanto mais fosse possível. Contudo, Raulzito fazia ideia de que a sua postura o vestia de indecente, impróprio e indecoroso perante as gravadoras e o governo e compreendia que isto lhe custaria algo, e o uso da metáfora foi a sua grande arma para encarar a censura e veicular a sua música.

Porém, o Sistema não recusa dinheiro, e isto manteve o nosso Raulzito na cabeça das pessoas por todo este tempo graças ao poder da mídia. E certamente é por isto que quando saio para tomar umas a mais e ouvir um som em algum bareco, lá pelas tantas alguém grita: ‘toca Raul’, e na minha visão, isto não tem preço.

Acho que o ‘Metrô Linha 743’ de Raul Seixas tem tudo a ver com política e com a nossa sociedade atual, porque de alguma maneira este álbum contribuiu para com a postura que muitos de nós assumimos hoje, assim como com a democracia da qual todos nós usufruímos. É por isto que em minha visão, a arte tem um papel muito maior do que o entretenimento e assume o desafio de formar opinião.

E para finalizar aproveito e deixo a listagem com todas as faixas que compõem o álbum pela ordem. Um grande abraço e até mais, valeu mesmo, sorte, luz e Raulzito, sempre!

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FAIXAS:
  1. Metrô Linha 743 (Raul Seixas)
  2. Um Messias Indeciso (Raul Seixas / Kika Seixas)
  3. Meu Piano (Raul Seixas / Kika Seixas / Cláudio Roberto)
  4. Quero Ser O Homem Que Sou (Dizendo a verdade) (Raul Seixas / A. Simeoni / Kika Seixas)
  5. Canção do Vento (Raul Seixas / Kika Seixas)
  6. Mamãe Eu Não Queria (Raul Seixas)
  7. Mas I Love You (Pra Ser Feliz) (Rick Ferreira / Raul Seixas)
  8. Eu Sou Egoísta (Raul Seixas / Marcelo Motta)
  9. O Trem das 7 (Raul Seixas)
  10. A Geração da Luz (Raul Seixas / Kika Seixas)
*11. Anarkilópolis (Raul Seixas/Sylvio Passos) Metrô Linha 743.
(*Em 2004 o disco foi reeditado com a inédita ‘Anarkilópolis’, não lançada na época).

***********************************
Ouça:
Raul Seixas Metrô Linha 743


por Afobório




Afobório é o pseudônimo do gaúcho Alexandre Durigon, escritor, editor e revisor de texto, organizador e autor em várias antologias, entre elas, "Contos Medonhos", "The King", "Mistério das Sombras", "A Morte do Outro Lado da Luneta", "Os Matadores Mais Crueis Que Conheci", sua sequência, recentemente lançada, "Os Matadores Mais Cruéis Que Conheci' vol. II, além dos romances "Livre para Ser Preso" e "Contos de Amor e Crime - Um Romance Violento". Afobório é idealizador e coordenador do projeto social, PROJETO BALACLAVA, que leva a literatura as escolas públicas e municipais e atualmente, por sua editora, Os Dez Melhores, que abre espaço para publicações de novos autores.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

"Contos de Amor e Crime: Um Romance Violento", de Afobório - 2014 (ed. Os Dez Melhores)



"Eu estava na fila, junto com os outros.
Enquanto isso, as baratas formavam outra fileira, lá embaixo.
E me sentia encurralado por elas, pelos guardas, pelas muralhas
e pela comida com gosto de terra e ferrugem que davam pra gente (...)
Aliás naquele instante, eu invejava as baratas por três motivos:
primeiro, elas estavam livres,
mesmo que em fila;
segundo; elas deviam gostar daquela gororoba;
e terceiro, eu percebia que, quem ia se foder
com essa coisa de mais segurança e mais disciplina era a gente.
As baratas estavam numa situação muito melhor que a nossa."
trecho de "Contos de Amor e Crime"



Desde o primeiro momento quando firmamos uma parceria com a editora Os Dez Melhores fiz questão de salientar para o editor-chefe, o Afobório, que sempre que resenhasse ou comentasse as publicações lançadas por eles, o faria de maneira totalmente isenta, independente e imparcial sem preocupações de conveniência para a parceria, com o que ele concordou plenamente. Assim, fico muito à vontade para elogiar o bom livro “Contos de Amor e Crime: Um Romance Violento”, do próprio Afobório, porque ele bem sabe que se não tivesse gostado, sem dúvida, manifestaria.
“Contos de Amor e Crime” é uma pedrada, um banho (escaldante) de realidade. Dinâmico, objetivo, muito bem conduzido e estruturado, o romance de capítulos curtos e amarrados de forma engenhosa, por Afobório, narra o caminho tortuoso e violento de um jovem negro e pobre, que na favela, às voltas com o meio, com as companhias, as necessidades, com a violência, com contexto todo, enfim, quase naturalmente cai na trilha do crime. Afobório faz com que os relatos do jovem Jozz soem extremamente reais, contundentes e impactantes, quase que esbofeteando o leitor, tamanha o choque de realidade que impõe. A prostituição da mãe, o padrasto violento, o tráfico no morro, o amor, a ascensão no tráfico, a prisão, a vida desumana na cadeia, a dura sobrevivência, a expectativa de ver o mundo de novo, tudo isso é conduzido com pulso, firmeza, mas com uma fluência quase poética pelo autor.
Como observaçãos, acho apenas que a narração em primeira pessoa e o envolvimento tamanho do autor com o tema, com as injustiças, com o preconceito, com a desigualdade social, etc., o traem em determinados momentos fazendo-o cair num discurso panfletário, quase de palanque, quando na verdade a própria história, por si só, já se encarrega bem o suficiente de dar o recado. Mas nada tire o brilho do livro. Nem poderia. “Contos de Amor e Crime” é cheio de qualidade e lhe sobram virtudes e méritos.
Um romance envolvente até pela sua constituição como um conjunto de pequenos contos que se completam. Personagens que não nos deixam ficar indiferentes. Frases curtas, objetivas, certeiras e diretas como balas. Uma leitura fácil pela acessibilidade mas difícil pelo tema e pela proposta. Assim é “Contos de Amor e Crime”. Seu subtítulo não poderia ser mais adequado: é um romance violento e a partir do momento que você começa a ler, está no meio de um tiroteio, só que as balas de Afobório são violência, sexo, drogas,injustiça, ética, miséria, racismo... E, amigo, se você não sair atingido por pelo menos uma dessas balas, ah,... você não deve ter sangue nas veias.




Cly Reis

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Coletivo Big Buka



Coletivo Big Buka – Para Charles Bukowski: uma nova chance para as coletâneas!


por Alessandra Carvalho.



"Big Buka" - ilustração da capa
por Emerson Wiscow
As coletâneas, livros que reúnem textos de diferentes autores escrevendo sob uma mesma temática, tiveram seu ápice há cerca de cinco anos. Havia dezenas, talvez centenas de projetos de coletâneas circulando pela internet, dos mais variados selos, dos mais diferentes temas. Uma chance expressiva para que novos escritores, muitos nunca publicados, divulgassem seus textos em um livro.
No entanto, com o passar dos anos, a qualidade destas publicações caiu consideravelmente. Coletâneas se transformaram em verdadeiros balaios de escritores, e algumas saíam com setenta, com cem autores em uma mesma edição. Passou-se a desprezar a qualidade dos textos; a excelência na elaboração da capa; os cuidados com revisão gramatical, edição, produção, divulgação, e outros detalhes que fazem toda a diferença no final.
As coletâneas tornaram-se uma fonte fácil e rápida de lucro para as editoras, que publicavam muitos autores em um mesmo livro, exigindo de cada um a aquisição de um número X de exemplares. Assim garantiam sua venda e sua rentabilidade, e não precisavam se preocupar com a qualidade da obra, e muito menos em distribuí-la e divulgá-la.
Resultado: os autores passaram a ver as coletâneas com desconfiança, e até com desprezo. Com razão. Muitos viveram na pele a experiência de ter seu texto publicado em um livro sem qualquer aprimoramento, sem qualquer cuidado, comprometimento e profissionalismo. E, atualmente, pouco se ouve falar em coletâneas. A má qualidade e o descomprometimento de editores e editoras colaboraram efetivamente para enterrar as coletâneas no hall das publicações com forte potencial para o fracasso.
Contudo, os escritores e editores Jana Lauxen e Afobório, pseudônimo de Alexandre Durigon, pensam diferente. E por isso, em outubro de 2013 fundaram a Editora Os Dez Melhores, com o objetivo de publicar somente dez livros por ano, oferecendo a cada um o tratamento exclusivo, diferenciado e profissional que merece:
Acreditamos que um selo que publica cem, duzentos, mil livros por ano, não tem condições, não tem mão de obra, e também não tem tempo hábil de proporcionar um trabalho diferenciado e efetivamente competente para cada um, uma vez que o processo de edição e lançamento de um único livro é trabalhoso e demorado. Logo, em se tratando de literatura, qualidade e quantidade não costumam combinar – afirma Jana Lauxen.
Recentemente, a Editora Os Dez Melhores decidiu fazer o caminho oposto da maioria das editoras, e apostar novamente em coletâneas, oferecendo para elas a mesma qualidade, dedicação e exclusividade destinadas aos seus autores solos, e aos lançamentos de seu selo social, o Nascedouro.
No entanto, Jana Lauxen e Afobório sabem o desafio que tem pela frente:
O desleixo e a falta de profissionalismo que assinalaram a publicação de coletâneas nos últimos anos marcaram negativamente este gênero literário, e precisamos agora romper as barreiras e as desconfianças que assombram este tipo de publicação. Mas estamos dispostos a fazer acontecer – garante Afobório.
E é Afobório, aliás, o nome por trás da organização do primeiro coletivo da Editora Os Dez Melhores. Trata-se do livro Big Buka – Para Charles Bukowski, que buscará homenagear o escritor através de contos que versem sobre as temáticas que sempre permearam sua obra: bebedeiras, mulheres, literatura, cotidiano, melancolia.
Serão selecionados somente dez textos, de dez autores. A ideia é justamente publicar poucos escritores, a fim de oferecer a cada um a atenção e os serviços que merecem.
E assim como ocorre com todos os lançamentos realizados pela Editora Os Dez Melhores, o coletivo Big Buka – Para Charles Bukowski contará com uma ilustração inédita e exclusiva em sua capa, elaborada pelo ilustrador gaúcho Emerson Wiskow. Também desfrutará de todo aparato de divulgação oferecido pela editora, que através de sua assessoria de comunicação elaborará releases, resenhas, entrevistas com os autores e reportagens sobre a obra, contatando mais de 300 veículos de comunicação, entre impressos e digitais – incluindo os das cidades dos escritores selecionados.
Todo o investimento deste lançamento, bem como a divulgação e distribuição da obra, ficará sob inteira responsabilidade da editora. Ou seja: os autores selecionados não precisarão pagar qualquer taxa, e nem se comprometer com a aquisição de um número X de exemplares. Muito pelo contrário: cada autor receberá, gratuitamente, um exemplar do livro.
A tiragem da publicação será comercializada e distribuída pela própria editora, através de atividades literárias envolvendo escolas e instituições de ensino:
Nosso objetivo é colocar o livro na mão do leitor. E mostrar aos autores que é possível, sim, lançar coletâneas com qualidade e com profissionalismo, sem transformar a publicação em um balaio de textos, e sem cobrar absolutamente nada de seus autores – assegura Jana Lauxen.
A seletiva, que selecionará dez contos para o coletivo Big Buka – Para Charles Bukowski, está aberta até o dia 10 de dezembro de 2014.
Confira abaixo o regulamento, e participe.
É a chance de ser você e mais nove.


Edital de Publicação
Coletivo
Big Buka – Para Charles Bukowski
Organização: Afobório

  1. A Editora Os Dez Melhores abre seletiva através do ‘Selo Coletivo’, e receberá, até o dia dez (10) de dezembro de 2014, textos inéditos e em português de autores que escrevam contos com a mesma temática que inspirou o escritor Charles Bukowski (mulheres, bebidas/bebedeiras, azar, sorte, cotidiano, literatura, melancolia etc.);

  1. A Editora Os Dez Melhores provém seu Edital de Publicação com a seguinte formalidade: não haverá nenhum investimento por parte do autor para participar desta publicação;

  1. A Editora Os Dez Melhores fornecerá, gratuitamente, um exemplar da obra para cada autor aprovado para publicação;
  1. Serão publicados nove (09) autores + um (01) texto do organizador, totalizando dez (10) autores; o que justifica o método de publicação da editora, ‘Você e mais nove’;

  1. A comercialização, distribuição e divulgação da obra serão de inteira responsabilidade da Editora Os Dez Melhores que, através de sua assessoria de comunicação, elaborará entrevistas, releases, resenhas e reportagens sobre o lançamento, e encaminhará este material para um mínimo de trezentos (300) veículos de comunicação, impressos e digitais, tanto em nível local e estadual, quanto nacional;

  1. A obra também será utilizada em ações educativas realizadas pela equipe da Editora Os Dez Melhores em escolas e instituições de ensino;

  1. Os textos, com no mínimo dez (10) mil caracteres (incluindo espaços) e no máximo vinte (20) mil caracteres (incluindo espaços), devem ser enviados completos, revisados e dentro das novas regras gramaticais, de acordo com o vocabulário ortográfico da Academia Brasileira de Letras, em arquivo Word, fonte Courier New, tamanho 12 e espaçamento 1,5, com o título ‘Big Buka – Para Charles Bukowski’ no campo ‘Assunto’. Abaixo do conto, o autor deverá enviar uma breve biografia com, no máximo, cinco (5) linhas, escrita em terceira pessoa, informando um e-mail para contato no corpo da mesma. Qualquer inconformidade quanto a tais especificações automaticamente desclassifica o conto enviado;

  1. O autor será responsabilizado por qualquer questão relativa a direitos autorais e plágio, previsto em contrato. Os selecionados serão comunicados do resultado por e-mail, tão logo o mesmo seja apurado, em até trinta (30) dias úteis após o encerramento do prazo para recebimento dos textos. A seleção dos contos é de competência do Conselho Editorial da Editora Os Dez Melhores;

  1. Qualquer assunto não abordado neste regulamento será resolvido pelo organizador;

  1. Para maiores informações e envio de textos, contatar (coletivos@editoraosdezmelhores.com.br);


Envie o seu conto.
A todos, sorte, luz e literatura, sempre!



* Para saber mais sobre o novo método de publicação em coletivos da Editora Os Dez Melhores, favor acessar: www.editoraosdezmelhores.blogspot.com.br/p/coletivos.html

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

ClyBlog + Os Dez Melhores



"Queremos publicar bons livros
de bons escritores,
elaborando um projeto de divulgação
para cada um de nossos lançamentos,
para que o autor comercialize seu livro
e lucre com esta venda também.
Queremos oferecer aos autores publicados
sob nosso selo um trabalho sério,
profissional e exclusivo,
que inclui avaliação, edição, produção,
publicação, divulgação e distribuição."
expediente da ed. Os Dez Melhores



É com grande satisfação que venho anunciar o início da parceria, a  partir desta data, do clyblog com a editora Os Dez Melhores. O surgimento da ideia da colaboração deu-se por conta do meu contato com o criador da editora, Afobório, originado quando da seleção para a antologia "Os Matadores Mais Cruéis que Conheci, vol. II", e transformado em amizade virtual a partir de então, muito em função da mútua admiração pelo trabalho um do outro.
As colaborações pontuais do Afobório no clyblog, como a COTIDIANAS ESPECIAL de 5 ANOS, por exemplo, geraram o meu convite para que elas se tornassem mais frequentes e, da parte dele, para que nossos meios de divulgação se tornassem parceiros.
E tinha como dizer não?
Ora, um enorme prazer me dá em fazer parte deste notável projeto que abre espaço para autores que procuram uma maneira de mostrar seu talento e potencial. E é isso que a Os Dez Melhores proporciona: além dessa oportunidade, oferece ao seu cliente, O AUTOR, um tratamento realmente sério, atencioso e profissional visando sucesso para ambas as partes, a editora e para o autor.
Além disso a editora apresenta também uma belíssima iniciativa, o projeto Nascedouro, que incentiva e seleciona talentos literários dentro de escolas, ONG's e outras instituições, com oficinas itinerantes que estimulam o gosto pela leitura e pela escrita.
Publicações, ações, eventos e conteúdo da editora, tudo isso poderá ser encontrado neste nosso espaço a partir de agora com resenhas sobre os novos lançamentos do selo e promoções.
É com muito prazer que dou início a esta parceria.
Sucesso para nós.
Um brinde!


Cly Reis

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

"Os Matadores Mais Cruéis que Conheci", volume II - Promoção OMMCQC





"Está aberto o reino da morte!"
Chegou às nossas mãos, autores participantes, e em breve deve estar pintando nas livrarias, a antologia "OMMCQC II" (Os Matadores Mais Cruéis que Conheci, vol. II) que traz 37 contos que exploram exatamente esse lado tão misterioso, sórdido, selvagem, primitivo e inutilmente reprimido do homem: seu lado assassino.
Pois se você quer ter o mórbido prazer de folhear essas páginas empapadas de sangue antes que elas sujem as prateleiras das livrarias, compartilhe a nossa promoção na página do clyblog no Facebook e fique esperando a morte chegar, ou melhor... o livro chegar... na sua casa.
O sangue é da melhor qualidade e quem garante isso, somos nós, os 'matadores' que criaram esse universo de instinto selvagem. Tem matadores jovens, maduros, mulheres, homens, há as que matam com um salto-alto, há os que matam com machados, os que matam em porões imundos, há os que matam em motéis, há os sofisticados, há os afoitos, há os que mataram por acidente e os que matam por vocação... Variedade é o que não falta, e estes, abaixo são os criadores desse universo tão provocante e assustador, com suas histórias sangrentas:

HOJE EU VOU COMER SUA BUNDA -  Cly Reis

A ESCRITORA - William Schmahl Barros

A FACE DO EXTREMO - Eliane Verica

A LENDA DE MIGUEL JUAREZ - Edinaldo Garcia

“A ÚLTIMA CEIA” Juliana Pitta

A ÚLTIMA OFERTA - Valdison S. Barbosa

A VINGANÇA DO LOBO - Eduardo Colucci de Castro

AMOR DE MÃE - Graziela Fusco Ramos

AS MÃOS QUE CONTROLAM A MARIONETE - Maristela Abreu

BÁRBARA - Bruna Leôncio

CARONTE - Ricardo Esteves

A TESTEMUNHA - César Costa

DE JOVEM PROMISSOR, À SERIAL KILLER - Gustavo Demarchi

A ENFERMEIRA - Thiago Vilard

ACEITA UMA BEBIDA? - Gui Barreto

O PASSEIO - Heliton Queiroz

CORAÇÕES FRIOS - W.G. Souza

IGOR - Fábio Baptista

MELISSA - Davi M. Gonzales

MENINA ASSASSINA - Michele Mourão

MENTES INSANAS - Debora Gimenes

O ASSASSINO DO BOTIJÃO - Márcio Lobo

O COLECIONADOR DE ÓRGÃOS - Marcio Milton de Souza

O DONO DO ANTIQUÁRIO - Zulmênia Pereira do Vale

O VARAL - Luciana Rodrigues

O FOSSO - César Bravo

LOUCO OU CRUEL? - Ana Angélica Ferrazi

PACIÊNCIA - Henrique Seben

PAI NOSSO - Guilherme Matos

PRATO FRIO - Jowilton Amaral da Costa

RESPEITEM A MINHA NATUREZA - André Albuquerque

TRÊS PORQUINHOS - Narjara Oliveira

UM FURO DE REPORTAGEM - Leônidas Grego

SANGUE FEDE - Fábio Gonçalves

UMA NOITE COMO OUTRA QUALQUER - Ramon Bacelar

VERDADES - Beto Canales

WILLY PANCAS - Afobório



Compartilhe. Boa sorte, luz e sangue, sempre.


Cly Reis

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

COTIDIANAS nº264 - Especial 5 anos do ClyBlog - A Profissionalização da Demanda


Vivemos um problema dos mais fodas, muita gente falando bastante coisa com pouco conhecimento de causa e isso bagunça tudo. Acho que é preciso mais confiança no editor, porque um bom editor meu amigo, fala do que vive todo dia e não de suposições e fantasias promulgadas em grupos de FB e etc. Um editor que não fala coisas baseadas na verdade, e sim na conveniência, num primeiro momento, agrada ao autor, mas depois o desagrada, porque não conseguirá comandar uma publicação de bom resultado, e mais dia ou menos dia, pagará um preço por isso.
Eu entendo quando escuto que pagar é foda, o que muda é que muita gente não entende quando falo, que de graça, nem ponteiro de relógio se mexe. O autor não pode pagar, mas a editora e o editor podem trabalhar de graça, é isso? Se a grana tranca a publicação do autor, também veta o trabalho da editora. Uma coisa não está distante da outra.
Penso que grande parte dos equívocos acontece porque ainda não se sabe o que é uma editora independente e qual é o seu papel. Editoras independentes surgiram para publicar/dar uma força, para quem ainda não conseguiu dizer, eu sou autor da minha sonhada editora x, qual é a parte que ninguém entende?
Eu sei qual é. É que agora, como a demanda está em alta e tem revelado bons autores e bons livros, tal modalidade deixou de ficar em segundo plano e passou a estar em primeiro plano para muita gente, e isso borbulha um grande número de editoras no mercado, que muitas vezes oferecem um preço muito abaixo do mínimo necessário para que a publicação tenha qualidade editorial e relevância. Isso fode as coisas e queima o mercado! Porque surge o editor-meia-boca e o autor-especulador.
É preciso filtrar. Não há como fazer um bom livro sem um bom editor, sem um bom revisor, sem um bom design gráfico, sem uma boa estratégia de venda, sem um bom plano de divulgação, sem um bom autor etc. Um exemplo, por que existem tantas resenhas críticas no mercado sentando o pau sobre a ortografia de alguns livros feitos na demanda?
Por que um bom revisor tem o seu valor, e isso acresce custo no livro. E para cada bom profissional envolvido na confecção do folhoso, se ganha um novo custo. Eu não abro mão de qualidade em nenhuma etapa, e se é assim, entendo que tenho um preço compatível com o resultado final. Não existe milagre. E em minha mente, o que não tem qualidade não vende.
Eu também acho complicado ouvir certas coisas totalmente fora de contexto, como por exemplo, queremos livros mais baratos. Deveríamos enquanto profissionais, pedir por um melhor custo/benefício. É bem diferente. Ninguém consegue bons resultados nivelando uma produção editorial por baixo. Quanto mais barato o preço, mais barato é o resultado.
Quando profissional, a demanda não é uma vilã, é uma oportunidade para não mofar esperando um ‘sim’ que talvez nunca, ou quase nunca chega, porque viver num país que ferra com a arte é dose. Além do mais, eu acho que a demanda significa liberdade. Sempre publiquei assim e acho que consegui bons frutos com tal modalidade de publicação. É o que endossa um fato que se tornou a saída para muitos autores que fazem dela o seu repasto porque deu certo.
Sei que cada um entende essa coisa ‘de colher bons frutos’ de uma maneira pessoal. Quem sabe para você, eu pense muito baixo. Contudo, eu vislumbro um degrau de cada vez. Prefiro passos seguros para nunca retroceder. Não há nada mais importante para mim do que os meus livros, eu deixaria de fazer qualquer coisa para poder investir neles com o máximo de qualidade. Não vejo como simplesmente ‘pagar’, mas como uma oportunidade para aplicar a minha grana e lucrar com a venda deles.
Publicar pela demanda é tornar-se empresário de si mesmo. A premissa é, pague pela primeira publicação e com o seu lucro em mãos, gerencie as próximas. Eu acho que vale a pena. Mas não dá para usar o capital de publicação para tomar cerveja. É uma premissa empresarial. As adversidades são tudo o que vai mover o seu comportamento profissional. Elas existem para que você transforme cada uma delas em um desafio que precisa ser superado. É para frente que se anda, e quem não está disposto a dar um passo em frente, permanece no mesmo lugar e se desgasta um monte, sem qualquer necessidade.
Em minha mente, a demanda é uma escolha que funciona, mas que exige a profissionalização do autor enquanto escritor e também enquanto seu próprio investidor. Vejo o mercado da demanda atual, como sendo o mais promissor de todos os tempos. A publicação independente é o maior movimento literário já desencadeado em nosso país. Gera concorrência e aperfeiçoamento.
O autor publica, o mercado filtra, a qualidade se sobressai, é como em qualquer área profissional. Enquanto autor e editor entendo que profissionalizar o mercado é antes de tudo, ser coerente com as nossas palavras e com as nossas atitudes.
Penso que a demanda só pode ser estabelecida como um grande problema, a partir do momento em que não existem duas coisas, qualidade na obra e público leitor, porque a partir do momento em que você possui um bom produto enquanto livro e um público interessado em sua literatura, a demanda é a modalidade de publicação mais rentável para qualquer pessoa que escreve bem.
Outro detalhe, a demanda e o seu autor ainda enfrentam problemas de distribuição, porque existe preconceito com o profissional do meio, pois há uma questão que eu classifico como absurda, a exigência das livrarias em distribuir livros somente diante de um desconto de 40% ou 50% sobre o preço de capa. É uma proposta do tipo, a gente lucra se vender e vocês que se lasquem. Uma atitude assim, mina qualquer possibilidade e algo precisa ser avaliado aqui, porque tal postura é imposta primeiramente para a editora, só que normalmente, uma situação tensa como a que mencionei, acaba se tornando um atrito entre o autor e a editora, quando na verdade, a livraria que impõe o desconto como condição para a distribuição passa batida na discussão e isso não é justo com o editor, que aguenta uma reclamação totalmente passional.
Mas eu também tenho um argumento para dizer que a demanda é viável mesmo com restrições de distribuição, foi o que funcionou comigo e é o que eu e alguns editores e autores defendem como alternativa para a distribuição de nossos livros publicados pela demanda, o trabalho de campo. Se o autor desenvolver um bom projeto para o seu folhoso e conseguir transformar o enredo da sua obra em algo palpável e relevante para o leitor, é possível furar o bloqueio, discorrer sobre sua obra e tudo que a circunda, convertendo suas ações profissionais em venda direta ao público interessado, através de instituições e escolas. Falar sobre a sua obra é o trampo do autor, ou não? A rapadura é doce, mas não é mole. Temos de mudar o nosso jeito de pensar. Precisamos de alternativas ‘porque chorar não vale mais a pena’, cantou um dia o grande Celso Blues Boy.
Enfim, em um único texto é impossível falar sobre tudo e eu já escrevi demais, mesmo assim, espero que tal post sirva como uma injeção de ânimo em sua vida. A cultura do ‘faça você mesmo com uma editora legal’ é a única postura com capacidade para transformar uma porta fechada em uma porta aberta.
Aquele abraço! Sorte, luz e demanda, sempre!


por Afobório


Afobório é o pseudônimo do gaúcho Alexandre Durigon, escritor, editor e revisor de texto, organizador e autor em várias antologias, entre elas, "Contos Medonhos", "The King", "Mistério das Sombras", "A Morte do Outro Lado da Luneta", "Os Matadores Mais Crueis Que Conheci", sua sequência, recentemente lançada, "Os Matadores Mais Cruéis Que Conheci' vol. II, além dos romances "Livre para Ser Preso" e "Contos de Amor e Crime - Um Romance Violento". Afobório é idealizador e coordenador do projeto social, PROJETO BALACLAVA, que leva a literatura as escolas públicas e municipais e atualmente, dedica-se a seu novo projeto, a editora Os Dez Melhores, que abre espaço para publicações de novos autores.
Informações e trabalhos do autor você encontra em (www.medoemorte.blogspot.com.br)


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"(OMMCQC)" volume II, Ed. Multifoco (2013)


“ 'Matar é a nossa natureza!'.
Está aberto o reino da morte
em seu recente volume.
do prefácio da antologia,
por Afobório
(organizador e editor)


E saiu!
Chegou finalmente às minhas mãos o exemplar do livro "Os Matadores Mais Cruéis que Conheci", vol. II, (Ed. Multifoco, 2013) do qual faço parte com um dos contos ("Hoje eu vou comer sua bunda").
Trata-se de uma coletânea com 37 contos pautados pela natureza assassina do ser humano. Profissionais, amadores, estilosos, cruéis, acidentais, ... com facas, com machados, com sapatos, com pistolas,... em casa, no porão, no motel, na rua, na cadeia... Tem assassinos, assassinatos e armas para todos os gostos e estilos e gente de muito boa qualidade contando as histórias.
'Deliciem-se' com um pouco de sangue.


Cly Reis

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Entrevista com Cly Reis sobre a antologia "Os Matadores Mais Cruéis que Conheci" volume II



por Alexandre Durigon
revisor e organizador do livro
"(OMMCQC")vol.II



Clayton Reis é gaúcho, mas vive no Rio de Janeiro,
é arquiteto, cartunista, amante de música, literatura, cinema,
criador e editor do blog ClyBlog
 e um dos autores participante
s da coletânea
“Colorados – Nada Vai nos Separar”,
publicado pela editora Multifoco em 2012. 
Alexandre Durigon: Clayton, como você e a literatura se conheceram?
Cly Reis: O curioso é que relutei um pouco para aceitar a literatura na minha vida. Meu pai sempre teve muitos livros em casa, embora hoje eu consiga avaliar que não tivesse grande exigência de qualidade. Mas sempre me estimulou a ler. Tinha muitos best-sellers em casa, daqueles ordinários, tipo Sydney Sheldon, Marguerite Yourcenar e coisas do tipo, só que sempre no meio disso tudo um Cervantes, um Stoker, um Machado. Comecei a ler por essa espécie de 'pressão' dele, mas ainda sem prazer. Depois veio a época das fichas de leitura pra colégio, o que me incomodava por estar lendo coisas impostas contra a minha vontade. Aí desperdicei algumas boas leituras em nome dessa rebeldia lendo com desinteresse, fazendo de conta que lia, copiando fichas dos outros ou pegando livros fininhos pra acabar logo. O gosto mesmo acho que veio com o interesse por música, por rock. As inúmeras ligações que ambos têm. O fato de uma música do Cure ser baseada em Camus; de um Renato Russo querer ser Rosseau; de um álbum da Siouxsie remeter ao reino do espelho da Alice; de Morrissey ser apaixonado por Wilde; e mais tantas outras ligações e referências. Foi uma espécie de descoberta da palavra. As letras de música me mostraram um pouco disso. O quanto às palavras são belas e como podem adquirir tantas formas.



AD: Por que a profissão de escritor lhe interessou?

Cly: Na verdade, acho que não posso tratar as coisas nesses termos ainda. Não se trata, no meu caso, de uma profissão, embora a possibilidade me encante muito. Gosto muito de escrever. Gosto da liberdade da palavra e, como disse, de todas as possibilidades que ela oferece. Tive uma banda, de duração muito efêmera, na qual explorávamos exatamente isso: a liberdade. O que conseguíssemos tirar de um conjunto de palavras era aproveitado, frases desconexas podiam ser interessantes, contar uma estória no formato musical era válido, fazer uma paródia inteligente era algo estimulante. Acho que aí que comecei a escrever mesmo. Sem vergonha, sem filtros, valorizando o que saía de mim.
Fui muito estimulado também por três escritores, fundamentalmente: André Gide, que embora tenha um texto mais formal em determinada fase, defendia essa liberdade de escrita. Nunca vou me esquecer de quando li a introdução de "Os Frutos da Terra" e ele dizia ali "escrevi este livro numa época em que a literatura cheirava a mofo". Aquilo me fascinou e, efetivamente, o livro não obedece a nenhuma regra de ordem, formato ou conceito.
Também por Clarice Lispector e suas descrições apaixonadas pelo ato de escrever, como "escrever é uma pedra lançada num poço fundo", ou, "escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando esta palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu...". Notável!!!
E, por último, mas fundamentalmente, Charles Bukowski que, digamos assim, me tirou o medo de parecer fraco, ridículo, pretensioso ou incapaz. Sua garra, sua vontade de escrever, sua qualidade, sua crueza, sua simplicidade me seduziram. Quando escreveu "Não há nada que impeça um homem de escrever a não ser que ele impeça a si mesmo (...) A rejeição e o ridículo apenas lhe darão mais força.", aquilo parece que tinha sido escrito para mim. Acho lindo quando ele diz, "Não há perdas em escrever, faz seus dedos dos pés rirem enquanto você dorme; faz você andar como um tigre."



AD: Por que participar de uma antologia?
Cly: Exatamente por não ser um escritor profissional, me parece uma boa oportunidade de, por enquanto, mostrar meu trabalho de uma maneira mais ampla. Internet é ampla, mas determinados tipos de conteúdo tem que atingir um público específico e como sabemos, nem todo mundo lê o que está na internet. Muita gente vê um texto grande e já se assusta, só passa os olhos. Acho que a impressão papel direciona para quem realmente está interessado em determinado assunto. A pessoa não comprará, não pegará emprestado um livro, não manterá na bolsa, se não tiver um mínimo de interesse por aquilo. E me interessa que cause interesse. Eu quero ser lido.



AD: Fale um pouco sobre a (OMMCQC) II?
Cly: Gostei da proposta. Essa coisa de assassinos, matadores, maneiras de matar. Meu irmão que também escreve, foi quem me avisou que havia uma seleção de textos aberta e, como no meu blog, não raro tenho algum conto nesta linha, foi só selecionar um que considerasse que teria boas chances de entrar.



AD: Como você define o processo que envolve a compilação de uma antologia?
Cly: Na verdade, nós, autores selecionados, não participamos disso de forma muito direta, embora, em particular neste caso, da antologia (OMMCQC) II, o editor mantenha-nos sempre bastante atualizados sobre as etapas que estão acontecendo. Pelo que percebo, ainda que o trabalho seja árduo e intenso, desde as escolhas até a publicação, parece-me extremamente prazeroso e compensador. Logicamente que envolve muita dedicação e vontade, mas parece trazer suas compensações. 



AD: Como você vê o mercado editorial brasileiro para os novos autores?
Cly: Eu ainda preciso 'experimentá-lo' de maneira mais efetiva mas ele me parece menos assustador do que se me afigurava antes. Me parece que quem quer, QUER MESMO, e tem qualidade, de uma maneira ou de outra acaba publicando. As oportunidades estão por aí, é só procurá-las e ter perseverança.



AD: Em sua opinião, é possível viver de literatura no Brasil?
Cly: Acho que sempre representa um temor a possibilidade de viver de arte no Brasil. Parece impossível a não ser que já se traga algum sobrenome, uma fama momentânea, um 'paitrocínio' ou algo do tipo. Posso estar enganado. Espero estar enganado. Sinceramente, acho que não correria um risco dessa natureza. Mesmo que venha a engrenar uma carreira de escritor em algum momento, sinto que deva manter uma outra atividade mais estável.



AD: De que maneira a internet atua em sua vida de escritor?
Cly: Ah, para mim, atualmente é meu meio. É meu canal. Coloco praticamente toda a minha produção criativa na internet, no meu blog. Na internet, na verdade, a gente nunca tem certeza de estar sendo lido, muitas vezes o visitante só vai lá e passa os olhos, se acovarda com um texto muito longo, mas só o fato de escrever e colocar ali para quem quer que possa se interessar já é válido. E se uma dessas pessoas realmente ler, apreciar, se fizer um comentário então, já terá sido extremamente compensador.



AD: Fale um pouco sobre o seu conto, "Hoje eu vou comer sua bunda"?
Cly: É um conto do qual gosto muito. Gosto da estrutura dele. Imodestamente, o considero muito bom nesse sentido. As passagens de tempo, os pontos de convergência, o desenvolvimento, a aceleração e desaceleração, são méritos de construção que só o bom leitor consegue perceber.
A minha matadora, anônima na verdade é uma assassina quase casual mas que gostou da coisa, ainda mais pelo fato do novo hobby estar ligado a um fetiche.
O curioso é que muito frequentemente, talvez por uma preocupação subconsciente de não ser interpretado como machista, coloco as mulheres em condição de destaque nos contos e, tendo escrito muitas histórias de assassinatos, frequentemente me aprecem boas matadoras. 



AD: Para encerrar: quais seus planos daqui pra frente? Já tem um livro na manga, projetos, publicações?
Cly: O editor, Afobório, me elogiou de forma muito bonita, o que me estimulou bastante. Tenho uma boa produção de textos nos mais variados estilos, tenho uma crônica já publicada e até agora, 100% de aproveitamento nas tentativas de inclusão em publicações, o que também é muito estimulante. Por enquanto penso em incluir mais alguns contos em outras seleções que abrirem por aí, mas não é de se descartar tentar alguma coisa individual em breve. Também estou com um projeto em andamento de publicação de cartoons e tirinhas, que também são um ponto forte do meu blog, isso ainda é algo em curso, mas que aguardo com muita expectativa.


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*entrevista publicada originalmente na página da antologia no Facebook:
 https://www.facebook.com/pages/Os-Matadores-Mais-Cru%C3%A9is-Que-Conheci/527931777301099?fref=ts

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ClyBlog 5+ Livros



E chegamos ao último especial da série 5+ do clyblog. Não que não tivéssemos mais assunto, daria pra pesquisar sobre mais um monte de coisas com os  amigos, saber o que mais um monte de pessoas interessantes pensam, levantar listas mas acredito que estes temas abordados, além de bastante significativos, resumem, de certa forma, a ênfase de assuntos e as áreas de interesse do nosso canal.
E pra encerrar, então, até aproveitando o embalo da Feira do Livro de Porto Alegre, cidade que é uma espécie de segundo QG do clyblog, o assunto dessa vez é literatura. Sim, os livros! Esses fantásticos objetos que amamos e que guardam as mais diversas surpresas, emoções, descobertas e conhecimentos.
Cinco convidados especialíssimos destacam 5 livros que já os fizeram sonhar, viajar, rir, chorar, os livros que formaram suas mentes, os que os ajudaram a descobrir verdades, livros que podem mudar o mundo. Se bem que, como diz aquela frase do romando Caio Graco, "Os livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros mudam as pessoas.".
Com vocês, clyblog 5+ livros:




1. Afobório
escritor e
editor
(Carazinho/RS)
" 'O Almoço Nu' é muito bom.
Gosto muito desse livro."

1- "Trilogia Suja de Havana", Pedro Juan Gutiérrez
2 -"Búfalo da Noite", Guillermo Arriaga
3- "Numa Fria", charles Bukowski
4 - "Sorte Um Caso de Estupro", Alice Sebold
5 - "O Almoço Nu", William Burroughs
 
Programa Agenda falando sobre o livro "O Almoço Nu", de William Burroughs

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2. Tatiana Vianna
funcionária pública e
produtora cultural
(Viamão/RS)


Kerouac, um dos 'marginais'
da geração beatnik
"Cada um destes são livros que chegaram as minhas mãos em momentos diferentes de vida
e foram importantes para muitos esclarecimentos.
Algumas destas leituras volta e meia as retomo novamente para entender melhor,
porque sempre algo fica pra trás ou algo você precisa ler depois de um tempo,
de acordo com o seu olhar do momento."

1- "On the Road, Jack Kerouak
2 - "1984", George Orwell
3 - "Os Ratos", Dionélio Machado
4 - "A Ilha", Fernando Morais
5 - "O livro Tibetano do Viver e Morrer", Sogyal Rinpoche






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3. Jana Lauxen
escritora e
editora
(Carazinho/RS)


"Minha vida se resume a antes e depois de "O Acrobata pede desculpas e cai".
"O Jardim do Diabo", do Veríssimo, é um romance policial incrível
do tipo que você não larga enquanto não acabar. E quando acaba dá aquela tristeza.
"Capitães da Areia" li há muito tempo e não consigo me esquecer desse livro.
O engraçado é que a primeira vez que o li, tinha uns 12 anos e  não gostei.
A segunda vez eu tinha mais de 20 e fiquei fascinada pela obra.
O "Livro do Desassossego" é para ter sempre por perto, para abrir aleatoriamente e dar aquela lidinha amiga.
Conheci Pedro Juan em uma entrevista que ele concedeu para a revista Playboy,
e a "Trilogia Suja de Havana" foi o primeiro livro do autor que eu li.
Seus livros são proibidos em seu próprio país, visto a crítica social que o autor acaba fazendo sem querer.
Digo sem querer por que sua temática não é política – ele fala de sexo, de drogas, de pobreza, de putas,
e detesta ser classificado como um autor político.
Mas acaba sendo, pois é impossível descrever qualquer história que se passe em Cuba sem acabar fazendo alguma crítica social.
Mesmo que enviesada."

"Capitães da
Areia"

1- "O Acrobata Pede Desculpas e Cai", Fausto Wolff
2 - "O Jardim do Diabo", Luís Fernando Veríssimo
3 - "Capitães da Areia", Jorge Amado
4 - "Livro do Desassossego", Fernando Pessoa
5 - "Trilogia Suja de Havana", Pedro Juan Gutiérrez





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4. Walessa Puerta
professora
(Viamão/RS)


"Estes são os meus favoritos."

1- "O Tempo e o Vento", Érico Veríssimo
2 - "O Mundo de Sofia", Jostein Gaarder
3 - "Era dos Extremos", Eric Hobsbawn
4 - "Dom Casmurro", Machado de  Assis
5 - "O Iluminado", Stephen King



 A brilhante adaptação de Stanley Kubrick, para o cinema, da obra de Stephen King

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5. Luan Pires
jornalista
(Porto Alegre/RS)


"Dom Casmurro" tem uma das personagens mais emblemáticas da literatura nacional:
Capitu. A personagem dos "olhos de cigana oblíqua e dissimulada" é um verdadeiro ensaio para quem curte a construção de um personagem.
Toda criança deveria ler a coleção do "Sítio do Pica-Pau amarelo". E todo adulto deveria reler.
Uma homenagem a imaginação, a cultura e ao sonho das crianças e dos adultos que nunca deveriam deixar de ter certas inquietações juvenis.
Desafio qualquer um no mundo a descobrir o final de "O Assassinato de Roger Ackroyd"! [ponto final!].
Cara, pra mim, "Modernidade Líquida" é o livro mais necessários dos últimos tempos.
Pra entender a sociedade e o caminho para onde estamos seguindo.
"@mor" é um ensaio perfeito das relações humanas atuais.
O que me chamou atenção é que não demoniza a internet, mas aceita o papel dela nos relacionamentos atuais.
O formato, só em troca de e-mails, é um charme. E o final é de perder o fôlego."


1- "Dom Casmurro", Machado de Assis
2 - "Sítio do Pica-Pau Amarelo" (qualquer um da coleção), Monteiro Lobato
A turma do Sítio, do seriado de TV
da década de 70, posando com seu criador
(à direita)
















3 - "O Assassinato de Roger Ackroyd", Agatha Christie
4 - "Modernidade Líquida", Zigmunt Bauman
5 - "@mor", Daniel Glattauer




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