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terça-feira, 1 de maio de 2018

cotidianas #564 - A Canção do Martelo



"Oh não, não me dispense; disse o homem com o martelo
Martelando na bigorna
Eu tenho trabalhado nessa estrada de pedra
Eu fico martelando, eu fico martelando, eu fico martelando
Martelando na bigorna
Não, não deixe o sol se por; disse o homem com o fogo
Fogo na fornalha
Estou aqui tremendo de frio
Mas mantenho o fogo, eu mantenho o fogo, mantenho o fogo
O fogo na fornalha

Não, não fale assim; disse o homem modelando
Modelando a superfície
Eu não durmo a mais de uma semana
Eu fico modelando, eu fico modelando, eu fico modelando
Modelando a superfície

Não sei o que você quer de mim; disse o homem com a pá
Cavando na lama
Eu tenho respirado toda essa sujeira
Eu fico aqui cavando, eu fico aqui cavando, eu fico aqui cavando

Cavando na lama
Modelando a superfície
O fogo na fornalha
Martelando na bigorna
Martelando na bigorna

Oh não, não me dispense; disse o homem com o martelo
Martelando na bigorna
Eu tenho trabalhado nessa estrada de pedra
Eu fico martelando, eu fico martelando, eu fico martelando
Martelando na bigorna
Cavando na lama
Modelando a superfície
O fogo na fornalha
Martelando na bigorna
Martelando na bigorna

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"A Canção do Martelo"
Camisa de Vênus
(Alex Harvey, versão: Marcelo Nova)

Ouça:A Canção do Martelo

sexta-feira, 13 de julho de 2012

cotidianas #169 Dia do Rock - "Muita Estrela, Pouca Constelação"


A festa é boa tem alguém que tá bancando
Que lhe elogia enquanto vai se embriagando
E o tal do ego vai ficar lá nas alturas
Usar brinquinho pra romper as estruturas
E tem um punk se queixando sem parar
E um wave querendo desmunhecar
E o tal do heavy arrotando distorção
E uma dark em profunda depressão

campanha da Rádio Horizonte (Chile)
autor: Zuk (Cristóbal Suzuki Thielmann)
blog Zukland

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela pra pouca constelação


Tinha um junkie se tremendo pelos cantos
Um empresário que jurava que era santo
Uma tiete que queria um qualquer
E um sapatão que azarava minha mulher
Tem uma banda que eles já vão contratar
Que não cria nada, mas é boa em copiar
A crítica gostou, vai ser sucesso ela não erra
Afinal lembra o que se fez lá na Inglaterra

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela pra pouca constelação


Agora vem a periferia...

O fotógrafo ele vai documentar
O papo do mais novo big star
Pra aquela revista de rock e de intriga
Que você lê quando tem dor de barriga
E o jornalista eke quer bajulação
Pós new old é a nova sensação
A burrice é tanta, tá tudo tão à vista
E todo mundo posando de artista


Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela pra pouca constelação


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letra de "Muita Estrela, Pouca Constelação"
(Seixas, Nova)

Ouça:
Camisa de Vênus e Raul Seixas - "Muita Estrela, Pouca Constelação"

terça-feira, 15 de maio de 2012

Camisa de Vênus - "Viva" (1986)


"Bota pra fudê!"




Ele é uma espécie de "Live at Leeds" brasileiro, um “Live at Apollo” tupiniquim, um “Janis in Concert” em Santos. Possivelmente seja o grande disco ao vivo nacional de todos os tempos. Sei que tem o “Sinal Fechado” do Chico, o “Barra 69” do Gil e do Caetano, o “Rádio Pirata Ao Vivo” do RPM, “O Tempo Não Pára” do Cazuza, mas nenhum deles tem essa energia contagiante, a integração com o público, a  anarquia do “Viva”do Camisa de Vênus.
Por um irônico acaso (será?), gravado no Dia Internacional da Mulher daquele 1986, o show é um festival de deselegâncias e baixaria conduzidos com uma irreverência e bom-humor tais por Marcelo Nova que ficaria impossível mesmo para a mais ferrenha das feministas ficar chateada com aqueles caras ali mandando bater com um pau numa mulher.
O discurso antes de tocarem a música “Sílvia”, lembrando da data comemorada, é o que melhor ilustra essa sacanagem constante no show: primeiro, Nova se defende da acusação de machista, elogia, tece loas, rasga seda pelas mulheres, e depois, ao final, como que cobrando pela gentileza, manda a mulherada abaixar as calcinhas. Dá pra levar a sério? Não dá. Tanto que o público, inclusive a parte feminina dele, responde ao refrão “Ô, Sílvia”, puxado por Nova, com o coro pejorativo de “piranha”.
“Bete Morreu”, um punk rock acelerado e pegado é outra que não poupa a mulherada com uma letra pesada e agressiva sobre o estupro e morte uma dondoca da sociedade. Por coisas como essa e pela série de palavrões desferidos desmedidamente é que as execuções públicas de praticamente todas as músicas do álbum foram proibidas, exceção feita a “Homem Forte” canção lenta, séria e cheia de dramaticidade, e à boa “Rotina”.
Mas mesmo que não fosse pelos temas fortes, pela malícia, pelo ar desafiador, pelo tom de protesto bastaria a letra de “My Way”, adaptação do clássico da música mundial outrora imortalizado na voz de Sinatra, para justificar o desejo da Censura de ter o Camisa de Vênus longe dos ouvidos do público. A versão em português criada por Marcelo Nova é um glorioso e fantástico festival de palavrões, sacanagem e putaria do início ao fim desfilado sobre uma melodia simples, compassada, com o público marcando a batida com palmas. Barbaridades como “caminhando de norte a sul eu vi muita gente tomar no cu” e “Eu me fodi mas resisti” são algumas das pérolas que podem ser encontradas nessa adaptação que por certo faz seus autores darem voltas nos respectivos túmulos até hoje.
“Hoje” e “Rotina”, a primeira mais punk que a outra, sonoramente falando, são como supõe os nomes, dois retratos da vida cotidiana, ambos expostos com a habitual acidez, sarcasmo e ironia da banda; e "Solução Final", com letra tipicamente punk, atirando pra todos os lados, desde Guerra Fria, Direitos Humanos até à Coca-Cola, é uma canção apenas interessante, nada mais que isso.
Apresentando uma letra interessantíssima e inteligente que passeia pela História atribuindo pensamentos conflitantes a personagens como Marx, Hitler, Jesus e Freud (“Freud sacou um dia que ele podia pirar”), “Metástase”, é uma daquelas do que se pode considerar a linha séria da banda, novamente com participação superbacana do público, acompanhando a batida forte e marcada com palmas e o tradicional ‘bota pra fudê”, grito que transformara-se numa espécie de marca registrada do Camisinha nos shows.
E com muitos “bota pra fudê” é que a banda é recebida na primeira faixa, na época o grande sucesso da banda, o punk irreverente “Eu Não Matei Joana D’Arc”, numa versão eletrizante, vibrante, pegada, com a galera praticamente dividindo os vocais com o vocalista Marcelo Nova e entoando o refrão num uníssono arrepiante.
O encerramento do álbum não podia ser mais adequado: “O Adventista”, a derradeira faixa, é um daqueles finais históricos. No que Marcelo Nova anunciava como sendo “O Hino da Nova República”, com letra de fino sarcasmo em que ‘se esforça’ em botar fé em diversas coisas não muito críveis, promissoras ou recomendáveis, chegando à conclusão pessimista de que tudo não tinha mais jeito mesmo, e tascando então, no finalzinho, um “Pai Nosso” alternando cada frase da oração com o refrão “não vai haver amor nesse mundo nunca mais” deixado a cargo do público. Êxtase total! Final apoteótico!
Este é outro daqueles casos clássicos em que é altamente recomendável que se tenha o formato LP. Embora o CD tenha faixas a mais, estas não são ao vivo. São simplesmente faixas bônus de estúdio, o que não paga o fato de perder uma das boas músicas do show, “Rotina” que curiosamente não aparece na mídia digital. Além disso, e não menos importante, a versão CD não tem o tal discurso machista no início de “Silvia” e muda a ordem das músicas, o que faz toda a diferença em determinados casos como a inversão da seqüência “Sílvia” com “Bete Morreu”; o fato de “My Way” no disco abrir o lado B; e a passagem de “Metástase” para “O Adventista” que no CD, nem sequer é a última das ao vivo. Ou seja, se tiver toca-discos em casa, vale a pena dar uma catada no LP por aí pelas feiras e brechós da vida.
Tipo de disco que dá vontade de ver a banda ao vivo. Sempre quis depois de ter ouvido o “Viva” mas pensei que tivesse perdido a oportunidade para sempre quando a banda anunciou sua primeira separação, porém anos depois, quando anunciaram uma reunião (caça-níqueis, diga-se de passagem) para shows, não desperdicei a chance. Assisti finalmente a um show dos caras no Auditório Araújo Vianna em Porto Alegre, pelo prazer de presenciar toda aquela vibração, curtir aquele punk irreverente, mas muito também pelo gosto de gritar, ali, ao vivo, junto com a galera “Ô, Sílvia piranha”, “não vai haver amor nessa porra nunca mais”, e claro, como não poderia deixar de ser, o “bota pra fudê”.
BOTA PRA FUDÊ, Camisa!
BOTA PRA FUDÊ!

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FAIXAS (ordem do LP):
 Lado A
1. "Eu Não Matei Joana D'Arc" (Gustavo Mullem / Marcelo Nova)
2. "Hoje" (Karl Hummel / Marcelo Nova)
3. "Homem Forte" (Karl Hummel / Marcelo Nova)
4. "Solução Final" (Karl Hummel / Marcelo Nova)
5. "Rotina" (Karl Hummel/ Gustavo Mullem / Marcelo Nova)


Lado B
1. "My Way" (Anka / François / Revaux / Thimbault / versão: Marcelo Nova)
2. "Bete Morreu" (Marcelo Nova / Robério Santana)
3. "Silvia" (Marcelo Nova / Robério Santana)
4. "Metástase" (Karl Hummel / Marcelo Nova)
5. "O Adventista" (Karl Hummel / Marcelo Nova) 

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Ouça:


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

cotidianas #122 - 'Hoje"


Ouvi noticias de muito longe batendo na minha porta
Eu vi os garfos, eu vi as facas em cima da mesa posta
Pra que mensagens e telegramas se você chega e some
Tenho dinheiro e CPF mas não me lembro o meu nome


Não há mais festa nem carnaval
Acho que eu fui enganado
Me diga as horas, eu vou embora
Hoje eu tô atrasado


Pra que escolas e faculdades não há nada pra aprender?
Eu já não vejo, eu já não penso, já não consigo escrever
Sou faixa preta, toco guitarra, um dia vou pular de asa
Durmo de dia, trabalho à noite, nem sei se volto pra casa


Não há mais festa, nem carnaval
Acho que eu fui enganado
me diga as horas, eu vou embora
Hoje eu tô atrasado


Olho pro trânsito, olho o sinal, tá tudo engarrafado
Videos cassetes, computadores, e outros codificados
Tem uma loira que tá afim, a ruiva diz que me ama
A nega quer, eu já nem sei quem eu levo pra cama


Não há mais festas, nem carnaval
Acho que eu fui enganado
Me diga as horas, eu vou embora
Hoje eu tô atrasado


Tô abafado, me dá licença, vê se sai da minha frente
Tenho miopia, sou hipotenso, meu pé tá sempre dormente,
Amsterdam via Paris, acho que é nesse que eu vou
Mudei o corte do meu cabelo, já nem sei como eu sou


Não há mais festas, nem carnaval
Acho que eu fui enganado
me diga as horas, eu vou me embora
Hoje eu tô atrasado
Atrasado quem? Eu?

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letra da música "Hoje"
da banda Camisa de Vênus
(Karl Hummel e Marcelo Nova)

Ouça:
Camisa de Vênus - "Hoje"


segunda-feira, 11 de julho de 2011

cotidianas #90 - "Rotina"


Amanheceu eu já acordei
Eu escovo os meus dentes
Eu estou OK.
Água fria no meio da cara
Corta o bode e você não para
Na rua eu compro um jornal
Dou uma olhada quando fecha o sinal
Impostos, taxas, um horror
Morreu o candidato a governador
E pra você
O que?
Não, não pare
O que ?

"Cidade", Souza, Aldir Mendes de
(óleo sobre tela)
Trabalho sempre com decência
Pra melhorar a minha aparência
Aperta o nó da minha gravata
Mas eu estou chegando na hora exata
Odeio relógio de ponto
As paranóias depois eu conto
Alô, Senhor!
Muito bom dia!
Desde ontem a gente não se via.
E pra você
O que?
Não, não pare
O que ?

Agora pode descansar
Tem uma hora para almoçar
É melhor um café lá da esquina
Do que a comida desta cantina
A tarde passa devagar
Aqui na cela do oitavo andar
Todos com cara de doente
Quando termina o expediente
E pra você
O que?
Não, não pare
O que ?

O que nós temos pra diversão
Guardas, freiras, mendigos no chão
Não deu certo peça divórcio
Ou compre um carro pelo consórcio
Meter a mão no dinheiro é crime
Quando não se joga no outro time
Trabalhe sempre como um jumento
Mês que vem talvez saia aumento
E pra você
O que?
Não, não pare
O que ?

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"Rotina"
(Hummel, Mullen, Nova)

Ouça: