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domingo, 13 de maio de 2018

cotidianas #567 - Rio Equidistante




Porto que deságua no rio
Alegria que alegra o janeiro
Mesma distância
Nenhuma distância

Doce água corrente que interliga
Líquido do parto
Do porto

Porto que desafoga no cais
Cais do Porto
Vinhos daqui
Portugais daí

Doce

Sangue do vinho
Que alimenta minhas veias
Água que se colore
Se avermelha de esperança

Pois não foi milagre o feito de Cristo
Foi, sim, o impossível
Esse impossível que se sucede todos os dias
Em que o sangue, pintado de vinho
Vermelho
Regurgita e punciona

Milagre é isto
Não aquilo
Daquilo, nada nos pertence
Só o teu e o meu
O porto que nos ancora sobre o rio
Navio atracado
Âncora permanente
Desafiando com o equilíbrio
A sapiência oculta dos mares

Porto doce – de Janeiro
Rio doce – e Alegre
Mãe.

para minha mãe, Iara


**********

"Rio Equidistante"

Daniel Rodrigues

sábado, 12 de maio de 2018

Oceanário Projeto TAMAR - Aracaju /SE










Não tão impressionante quanto o aquário marinho do Rio de Janeiro mas não menos interessante, o oceanário do Projeto Tamar em Aracaju, é uma ótima atração para turistas na capital sergipana bem como para famílias locais que queiram conhecer e apresentar para seus filhos um pouco da fauna marinha brasileira especificamente daquela região.
Localizado na aprazível Orla do Atalaia, o oceanário que reúne cerca de 70 espécies diferentes dispostas em 18 aquários tem como algumas atrações os tanques de tartarugas marinhas e os de tubarões, além, é claro, de todas as demais espécies que impressionam por sua variedade, beleza e colorido.


Fique abaixo com algumas imagens do Oceanário de Aracaju.


Os visitantes passeando entre os aquários e tanques.

O impressionante crânio de baleia, logo na entrada

Cascos e crânios de tartarugas

O tanque dos tubarões

Uma pequena amostra do mundo submarino

Espécias variadas de peixes...

das mais variadas cores,...

formas e comprimentos

O tanque da arraia

Outras espécies

Peixes bem peculiares
 
Aqui um aquário misto

Aquários tentam reproduzir o ambiente original dos peixes

No detalhe, mais um belo exemplar do oceanário de Aracaju

Uma interessantíssima tartaruga despigmentada

E aqui a típica tartaruga  marinha brasileira
que veio dar um alô

A grande escultura de tartaruga no calçadão do Atalaia


*****

Oceanário Projeto Tamar - Aracaju
endereço: Av. Santos Dumont, 1010 - Atalaia
horário: todos os dias das 9h às 21:00, e segundas-feiras de 9h às 18h
entrada: inteira: R$ 20,00; meia-entrada: R$ 10,00 (estudantes com carteira, crianças acima de 1,00m e idosos acima de 60 anos).
* portadores de necessidades especiais e crianças até 1,00m não pagam.



Cly Reis

sexta-feira, 11 de maio de 2018

cotidianas #566 - Max e Suas Mulheres




Que o Max nunca tinha sido lá flor que se cheirasse e que fora um tremendo mulherengo, nunca foi segredo pra ninguém, mas aquela quantidade toda de mulheres desconhecidas chorando no enterro dele era mais do que a esposa, Joana, poderia aceitar. Tá certo que, certa vez, uma fora à sua casa fazendo um escândalo reivindicando o que ela dizia ser seu homem; que um garoto, uma vez, na rua, se apresentou a ela como sendo filho do Max; que uma outra maluca telefonava insistentemente revelando detalhes sórdidos de uma suposta relação com seu marido; mas ter a verdadeira dimensão das estrepolias do Max fora de casa a deixava um tanto desnorteada.
Havia altas, baixas, gordas, magras, loias, morenas, jovens, maduras, uma tinha uma criança no colo, outra consolava um garoto crescido a seu lado, cada uma se despedindo daquele homem que fora de todas elas, à sua maneira. Uma chorava discretamente contendo a lágrima com um lencinho, outra simplesmente fitava o caixão com um olhar perdido, outra rezava baixinho; outra fazia uma cena chorando alto e abraçando o caixão, e outra chorava de soluçar, sozinha afastada das demais. 
Joana teve raiva. Aquele bando de rameiras que não se davam o respeito. Todas, com certeza sabiam que o Max era casado e mesmo assim não tiveram a dignidade de respeitar um lar, uma mulher, uma família. Ao mesmo tempo, olhando todas elas, em tão diferentes situações e todas compartilhando da mesma dor, deu nela um sentimento de ligação, uma espécie de elo que fez com que sua vontade de enxotar todas dali, do enterro do seu marido, se dissipasse e se transformasse numa espécie de solidariedade. Joana caminhou até aquela que chorava copiosamente num canto, a que parecia mais abalada, mais inconsolável, mais sofrida e, surpreendendo a todos, passou o braço por trás das costas da provável amante do marido e trouxe a cabeça daquela mulher para junto de seu ombro.



Cly Reis


quinta-feira, 10 de maio de 2018

Berinjela Beligerante

"A Pequena Loja dos Horrores", de Charles B. Griffith, Mel Welles e Roger Corman (1960) vs. "A Pequena Loja dos Horrores", de Frank Oz (1986)



Na maioria das vezes um remake costuma deixar a desejar comparado à sua obra original mas, na minha humilde opinião, não é o que acontece com “A Pequena Loja dos Horrores”, que teve sua primeira versão em 1960 e sua refilmagem, mais dançante e marcante em 1986. A primeira versão é do fabuloso Roger Corman, que a filmou em apenas dois dias (o que, a bem da verdade, pode-se notar ao longo do filme), e a segunda, do mestre dos bonecos, Frank Oz.
O filme de 1960, filmado em um tempo curtíssimo como já falei, trazia na sua maioria atores desconhecidos na época. A trama gira em torna da floricultura do senhor Mushnik (Mel Welles) onde trabalha Seymour (Jonathan Haze), um desastrado admirador e cultivador de plantas. Ao ser demitido, Seymour pede uma chance de mostrar sua planta nova chamada  Audrey Jr., uma homenagem a mulher que por quem é apaixonado (Jackie Joseph) e que também trabalha na loja. A planta faz muito sucesso até o momento em que para de crescer e descobrimos que ela se alimenta de sangue humano para se desenvolver. Então o filme segue essa trama de Seymour indo atrás de alimento para sua planta que, por sinal, vive pedindo comida. E, sim, ela fala!
É tudo muito simples no longa. Os efeitos, e principalmente os cenários, até pelo fato de praticamente só existir um, uma vez que 90 % do filme se passa dentro da floricultura, o que acaba tornando o filme monótono e um pouco repetitivo em alguns momentos. Mas o filme ganha por sua criatividade e bom humor. O longa de 1960 é bem engraçado com um humor quase inocente, o que particularmente, me agrada muito. Mas "A Pequena Loja dos Horrores" também tem cenas de terror que, por sinal funcionam muito bem. Uma delas que merece ser mencionada, apesar do efeito tosco, é a da revelação dos botões das flores da planta logo após a perseguição (veja no final do vídeo abaixo).



O resultado final é filme bem inventivo com atuações até bastante boas mesmo sendo um tanto caricatas, excetuando o monstro/planta, que, este sim, não tem carisma nenhum. Não é uma obra prima mas cumpre sua função de entreter e contar uma historia de monstro diferente e divertida.
Vamos agora à versão de “A Pequena Loja dos Horrores” de 1986: seu roteiro é basicamente o mesmo do filme de 1960 com algumas mudanças que, a propósito, são bem vindas. Audrey (Ellen Greene) namora um dentista que é extremamente violento, e a planta é muito mais falante e, a principal mudança, esta segunda versão é um MUSICAL.
O roteiro é meio bagunçado, mas o fato de ser um musical e as músicas serem ótimas, tornam essa  versão dinâmica e mais fácil de se envolver com os personagens, que ainda são muito caricatos porém muito mais simpáticos. O longa abraça totalmente a comédia o que já podemos constatar pelo elenco, já podemos ver isso. Temos Rick Moranis  no papel de Seymour, Steve Martin como o dentista maluco (kkk) e o time conta ainda com as participações especiais de John Candy e Bill Murray.
Tecnicamente os efeitos são bem melhores que os do original de 1960, até por se tratar de um filme de Frank Oz que garante que o boneco da planta funcione sempre perfeitamente. Um dos grandes destaques é a parte a musical com temas e números realmente fabulosos! Além disso, o carisma de Audrey II, faz o vilão tornar-se sadicamente simpático. Quanto ao desfecho, que fique registrado que o final deste longa é "algo"... e não digo mais nada.
Vamos ao confronto: bola rolando é o que importa. O inicio de partida é bem equilibrado, duas equipes parecidas com a proposta de jogar pra frente. Mas a alegria do filme de 1986, o futebol moleque, cantando e encantado sai na frente, jogando por música. 1 x 0 para 1986.
Jogo segue meio morno agora. A tensão, a pressão, o terror na área, faz com que o original de 1960 ganhe espaço. Uma equipe letal com seu ar de terror. "A Loja..." de Corman empata quase no final, GOOOL 1960, 1 X 1.
O jogo vai se encaminhando para o empate mas o elenco de 1986 mostra que tem mais força para aguentar. Embora 1960 tenha uma promessa no seu time, 86 tem a realidade. Só craques que fazem belas tabelas envolventes. Numa delas, a bola sobra para Audrey II, que finta o goleiro e toca fraco, com requintes de crueldade. Esse jogador é de outro planeta! "A Pequena Loja..." marca. GOOOOOL!!! 2 x 1 para 1986.
À esquerda, a misteriosa e faminta Audrey Jr. e ao lado a simpatia e a alegria de Audrey II.

Final de jogo, um bom jogo, equilibrado, mas vence o futebol alegre!





por Vagner Rodrigues