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sábado, 26 de agosto de 2023

SUPER-ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial de 15 anos do ClyBlog - 15 discos impecáveis da primeira à última faixa




Amigos do clyblog, muito honrado pelo convite de contribuir com essa resenha rockeira! 
Vou falar sobre um assunto que com certeza já foi bastante debatido nas redes, que é o fato de 
que hoje em dia, o mercado musical só produz single ou E.P.! São muitos artistas com sucesso 
de uma música só! E isso não é exclusividade do universo tupiniquim. Sempre existiram bandas 
que só fizeram sucesso com uma música. Mas o projeto hoje em dia é só comercial. Vender, 
esgotar, exaurir a paciência até que a música vire jingle de supermercado. Faz parte!

Venho compartilhar com vocês algumas memórias afetivas de uma época onde o álbum era o 
auge do artista. Ali ele colocava toda coerência estética e criatividade, todo seu ineditismo e sua 
inventividade artística, do "Lado A ao Lado B". Estou falando de um tempo em que o vinil reinava 
e chiava nas nossas vitrolas e, talvez, esse universo analógico e antológico sempre tenha seu 
lugar. Seja Pop, underground, vintage… Quem não adoraria ter o disco da sua banda favorita em 
vinil, mesmo nos dias de hoje? O vinil não saiu de moda, ficou caro!!! Hoje é só dar o play no 
WAVE e MP3 e pronto: random na veia! 

 Fiz esse pequeno preâmbulo para situar a galera no tempo e trazer, na minha visão, alguns 
dos álbuns fonográficos que são verdadeiras "obras completas". Não tem música ruim: o disco 
é bom do começo ao fim!

Segue abaixo os 15 mais, mas com certeza tem muuuito mais… 

E você que está lendo, pensa aí e me diz, qual álbum você acha perfeito, do início ao fim?

★★★★★★

1 - Pink Floyd - "The Wall" (1979)


FAIXAS:
1. "In the Flesh?"  
2. "The Thin Ice"  
3. "Another Brick in the Wall (Part I)"  
4. "The Happiest Days of Our Lives"  
5. "Another Brick in the Wall (Part II)"  
6. "Mother"  
7. "Goodbye Blue Sky"  
8. "Empty Spaces"  
9. "Young Lust"  
10. "One of My Turns"  
11. "Don't Leave Me Now"  
12. "Another Brick in the Wall (Part III)"  
13. "Goodbye Cruel World" 

14. "Hey You"  
15. "Is There Anybody Out There?"  
16. "Nobody Home"  
17. "Vera"  
18. "Bring the Boys Back Home"  
19. "Comfortably Numb"  
20. "The Show Must Go On"  
21. "In the Flesh"  
22. "Run Like Hell"  
23. "Waiting for the Worms"  
24. "Stop"  
25. "The Trial"  
26. "Outside the Wall"  

Ouça:



2 - Dire Straits - "Brothers In Arms" (1985)


FAIXAS:
1. So Far Away
2. Money for Nothing
3. Walk of Life
4. Your Latest Trick
5. Why Worry
6. Ride Across the River
7. The Man's Too Strong
8. One World
9. Brothers in Arms  

Ouça:



3 - Santana - "Santana" (1969)


FAIXAS:
1."Waiting"
2. "Evil Ways" 
3. "Shades of Time" 
4. "Savor"
5. "Jingo" 
6. "Persuasion" 
7. "Treat"
8. "You Just Don't Care"
9. "Soul Sacrifice" 

Ouça:



4 - Yes - "Close to the Edge" (1972)


FAIXAS:
1.Close to the Edge
  • I. The Solid Time of Change
  • II. Total Mass Retain
  • III. I Get Up I Get Down
  • IV. Seasons of Man
2.And You and I
  • I. Cord of Life
  • II. Eclipse
  • III. The Preacher the Teacher
  • IV. The Apocalypse
3.Siberian Khatru

Ouça:



5 - Legião Urbana - "Dois" (1986)


FAIXAS:
1. Daniel Na Cova Dos Leões 
2. Quase Sem Querer 
3. Acrilic On Canvas 
4. Eduardo e Mônica 
5. Central Do Brasil 
6. Tempo Perdido
7. Metrópole 
8. Plantas Embaixo do Aquário 
9. Música Urbana 2 
10. Andrea Doria 
11. Fábrica 
12. Índios

Ouça:



6 - Red Hot Chilli Peppers - "Californication" (1999)


FAIXAS:
1. Around the World
2. Parallel Universe
3. Scar Tissue
4. Otherside
5. Get on Top
6. Californication
7. Easily
8. Porcelain
9. Emit Remmus
10. I Like Dirt
11. This Velvet Glove
12. Savior
13. Purple Stain
14. Right on Time
15. Road Trippin

Ouça:



7 - A Cor do Som - "Ao Vivo: Montreux International Jazz Festival" (1980)


FAIXAS:
1. "Dança Saci"
2. "Chegando da Terra"
3. "Arpoador"
4. "Cochabamba"
5. "Brejeiro"
6. "Espírito Infantil"
7. "Festa na Rua"
8. "Eleanor Rigby"
 
Ouça:

 
 
8 - Linkin Park - "Live in Texas" (2003)


FAIXAS:
1. Somewhere I Belong
2. Lying from You
3. Papercut
4. Points of Authority
5. Runaway
6. Faint
7. From the Inside
8. Pushing Me Away
9. Numb
10. Crawling
11. In the End
12. One Step Closer

Ouça:


9 - Rush - "Moving Pictures" (1981)


FAIXAS:
1. Tom Sawyer
2. Red Barchetta
3. YYZ
4. Limelight
5. The Camera Eye
6. Witch Hunt
7. Vital Signs

Ouça:



10 - Led Zeppelin - "Led Zeppelin" ou "Led Zeppelin I" (1969)


FAIXAS:
1. Good Times Bad Times
2. Babe I’m Gonna Leave You
3. You Shook Me
4. Dazed And Confused
5. Your Time Is Gonna Come
6. Black Mountain Side
7. Communication Breakdown
8. I Can’t Quit You Baby
9. How Many More Times

Ouça:



11 - Jimi Hendrix - "Electric Ladyland" (1968)


FAIXAS:
1. …And The Gods Made Love
2. Have You Ever Been (To Electric Ladyland)
3. Crosstown Traffic
4. Voodoo Child
5. Little Miss Strange
6. Long Hot Summer Night
7. Come On
8. Gypsy Eyes
9. The Burning Of The Midnight Lamp
10. Rainy Day, Dream Away
11. 1983… (A Merman I Should Turn To Be)
12. Moon, Turn The Tides… Gently, Gently Away
13. Still Raining, Still Dreaming
14. House Burning Down
15. All Along The Watchtower
16. Voodoo Child (Slight Return)

Ouça:



12 - Kraftwerk - "Electric Café" ou "Techno Pop" (1986)


FAIXAS:
1. Boing Boom Tschak
2. Techno Pop
3. Musique Non Stop
4. The Telephone
5. Sex object
6. Electric Cafe

Ouça:



13 - Secos e Molhados - "Secos e Molhados" (1971)



FAIXAS:
1. Sangue Latino
2. O Vira
3. O Patrão Nosso de Cada Dia
4. Amor
5. Primavera nos Dentes
6. Assim Assado
7. Mulher Barriguda
8. El Rey
9. Rosa de Hiroshima
10. Prece Cósmica
11. Rondó do Capitão
12. As Andorinhas
13. Fala

Ouça:



14 - Jethro Tull - "Benefit" (1970)


FAIXAS:
1. With You There To Help Me 
2. Nothing To Say 
3. Alive And Well And Living In 
4. Son 
5. For Michael Collins, Jeffrey And Me
6. To Cry You A Song 
7. A Time For Everything ? 
8. Inside 
9. Play In Time 
10. Sossity; You're A Woman

Ouça:



15 - Bob Marley & The Wailers - "Legend" (1984)


FAIXAS:
1. Is This Love
2. No Woman, No Cry (Live)
3. Could You Be Loved
4. Three Little Birds
5. Buffalo Soldier
6. Get Up, Stand Up
7. Stir It Up
8. One Love / People Get Ready
9. I Shot the Sheriff
10. Waiting in Vain
11. Redemption Song
12. Satisfy My Soul
13. Exodus
14. Jamming

Ouça:



por J O Ã O   M A R C E L O   H E I N Z


★★★★★★



João Marcelo Heinz
é músico, compositor, produtor musical e educador com 30 anos de estrada.
É integrante da banda Cidadão Free, com trabalho pop-rock autoral e com versões de 
clássicos do rock nacional e internacional
Tem participações em produções para cinema, composições audiovisuais para artes plásticas, dirigiu peças teatrais, além de ter sido produtor musical e de eventos do centro cultural Othello, na Lapa, no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

David Bowie - "The Next Day" (2013)





"Aqui estou eu.
Não exatamente morrendo."
David Bowie 
da letra de "The Next Day"



Num primeiro momento achei que pudesse estar sendo precipitado e entusiasta ao julgar "The Next Day", de David Bowie digno de ser considerado ÁLBUM FUNDAMENTAL, praticamente imediatamente após seu lançamento, no ano passado, mas lendo críticas as positivas, ouvindo outras opiniões e vendo outras considerações igualmente entusiasmadas, não apenas de blogueiros independentes como eu, mas de veículos especializados, me convenci de que não estava exagerando na minha empolgação (não que eu precise de confirmação para cada pensamento ou ideia que venha a ter, mas às vezes é bom se perceber que não se está só). "The Next Day" é um dos grandes trabalhos de Bowie e um dos melhores de sua carreira e um dos melhores álbuns dos últimos tempos num cenário musical que vem se apresentando absolutamente sem força, ousadia e criatividade. Num universo atual de uma meninada que só faz a mesma música, joga peso sem sentido, confunde velocidade com energia e meramente copia e cola o que já foi feito antes (e jura que é algo novo), o velho David Bowie se revisita  sem se autoplagiar ou caricaturar, fazendo uma espécie de coletânea de coisas novas com vitalidade, pungência e originalidade.
A música que dá nome ao disco, a vigorosa "The Next Day", com um significado todo especial pela, praticamente ressurreição do mito, tem a pegada de "Hello Spaceboy" já dos tempos atuais do cantor, da ópera policial "Outside", porém mais pura, mais orgânica, mais rock, sem a parafernália eletrônica. Abertura em grande estilo. Cartão de visita pra mostrar que o cara não saiu de suas "férias" pra brincadeira.
"Dirty Boys" remete muito à fase berlinense, em especial à de Iggy Pop que fora produzido por Bowie na época, lembrando particularmente coisas como "Nightclubbing" e, talvez não por coincidência, "Dum Dum Boys".
O pop competentíssimo, típico de Bowie, "The Stars (Are Out Tonight)" poderia tranquilamente ter feito parte do ótimo "Let's Dance" do início dos anos 80; e "Love is Lost", matadora, com sua programação minimalista e guitarras rascantes, facilmente poderia ter entrado para o repertório do eletrônico e pesado "Earthling" do finalzinho do século passado.
"Where Are You Now?", a primeira música de trabalho do álbum, e curiosamente uma das menos interessantes do disco, é a típica balada bowieana que aparece ao longo da carreira de maneiras diferentes e aqui, especialmente, com uma melancolia dolorosa que lhe dá um toque diferenciado.
Pelo rock característico, pelas guitarras estridentes, a ótima "Valentine's Day", com a produção brilhante de Tony Visconti, poderia figurar sem estranhamento num "...Ziggy Stardust...", por que não?; e "If You Can See Me", por conta de sua bateria alucinante e seu ritmo frenético, poderia ser mais uma a constar no set-list do subestimado "Earthling" de 1997.
"I'd Rather Be High" tem um ótimo refrão e um embalo à "Lodger'; "Boss of Me" é um pop sofisticado com cara de "Changes"; "Dancing out of Space" tem a energia berlinense de "Lust for Life" do parceiro Iggy, mas com um toque de "Heroes"; e "How Does the Grass Grow" é marcante pelo refrão gostoso e animado.
Dona de um riff imponente e pesado, "(You Will) Set the World On Fire" não fica devendo nada aos bons rocks da época do clássico "Aladdin Sane", como "Panic in Detroit", por exemplo, "You Feel so Lonely You Could Die" é outra balada típica de Bowie como apenas ele sabe fazer; e a introspectiva e sombria "Heat" parece ter saído do lado B de "Low", fechando a edição original de maneira impecável. No entanto, versões especiais apresentam mais 3 faixas que não ficam atrás em nada às 14 originais. "So She" é um pop new-wave misto de "Diamond Dogs", "Lodger" e o pop do lado A de "Low"; "Plan" com seu ritmo arrastado, sua batida seca e sua guitarra pesada é outra que lembra as experimentações instrumentais de Bowie e Brian Eno da segunda metade de "Low"; e para encerrar, aí sim, definitivamente, para quem tem a edição estendida, temos a boa "I'll Take You There" um pop charmoso e descontraído que poderia, sem problema, ser de um "Scary Monsters". Mas o fato é que não é. Todas não são. São de "The Next Day" e este ábum não é passado. É presente. É novo e é vivo.
Quando todos achavam que David Bowie estava acabado, que talvez nem voltasse a gravar por conta de seus problemas de saúde e que, se voltasse a fazer algo, provavelmente não manteria um bom nível, o eterno Camaleão aparece com um trabalho assim.
Para os menos atentos, a inusitada capa já dava toda a pista do conceito do álbum: ao mesmo tempo que chama atenção para o passado com a capa de um disco clássico, coloca sobre ela, de forma acintosa, uma figura geométrica regular, de lados iguais, que remete a uma leitura moderna, praticamente sufocando a imagem de fundo. O quadrado é o mais importante. Preste atenção à forma.
Ah, você tinha se fixado mais ao fundo? Pois é... Bowie nos surpreendeu de novo.
Nada como um dia depois do outro.
********************************

FAIXAS:
1. "The Next Day" 3:27
2. "Dirty Boys" 2:58
3. "The Stars (Are Out Tonight)" 3:56
4. "Love Is Lost" 3:57
5. "Where Are We Now?" 4:08
6. "Valentine's Day" 3:01
7. "If You Can See Me" 3:15
8. "I'd Rather Be High" 3:53
9. "Boss of Me" (Bowie, Gerry Leonard) 4:09
10. "Dancing Out in Space" 3:24
11. "How Does the Grass Grow?" (Bowie, Jerry Lordan) 4:33
12. "(You Will) Set the World On Fire" 3:30
13. "You Feel So Lonely You Could Die" 4:41
14. "Heat" 


faixas bônus:
15. "So She" 2:31
16. "Plan" 2:02
17. "I'll Take You There" (Bowie, Leonard)

 
********************************
Ouça:

Cly Reis

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Copa do Mundo The Beatles - classificados da fase preliminar

Pelo amor dos meus filhinhos!!!
A coisa já começou quente. Jogaços, cla´ssicos, pedreiras e algumas grandes eliminadas precocemente. Em alguns casos era inevitável como em confrontos tipo She's Leaving Home x Magical Mystery Tour ou A Day in the Life x For No One. alguém tem que sobrar. Mas em outros, em especial no confronto Dr. Robert contra Hey Jude, uma das favoritas do público, uma daquelas de cantar em coro com as mãozinhas pra cima, dançou logo na pré-fase.
Bom, confiram abaixo, destacados em vermelho, todos os classificados e fiquem ligados, em breve, no sorteio da primeira fase, quando entram as 32 mais bem colocadas na parada da Billboard.


























    A Day in the Life, And I Love Her, I Saw Her Standing There, Because, Black Bird, Dear Prudence, Dr. Robert, Drive my Car, Eleanor Rigby, Getting Better, Glass Onion, Golden Slumbers, Helter Skelter, Here Comes the Sun, Hey Jude, I Am The Walrus, I Should Have Known Better, I Want You (She's So Heavy), Norwegian Wood (This Bird Has Flown), Oh Darling, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band – Reprise, She Said She Said, She's Leaving Home, Strawberry Fields Forever, Tell Me Why, The Fool on the Hill, Tomorrow Never Knows, Two of Us, When I'm Sixty-Four, With a Little Help from My Friends, Within You Without You e You've Got to Hide Your Love Away.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

30 grandes músicas dos anos 80 (não necessariamente as melhores)

Os irlandeses da U2, no topo da lista, em foto de
Anton Corbjin da época de "Bad"
Sabe aquela música de um artista pop que você escuta e se assombra? E o assombro ainda só aumenta a cada nova audição? “Caramba, que som é esse?!”, você se diz. Pois bem: todas as décadas do rock – principalmente a partir dos anos 60, quando as variações melódico-harmônicas se multiplicaram na reelaboração do rock seminal de Chuck Berry, Little Richard e contemporâneos – são repletas de músicas assim: clássicos imediatos. Mas por uma questão de autorreconhecimento, aquelas produzidas nos anos 80 me chamam bastante a atenção. É desta década que mais facilmente consigo enumerar obras desta característica, as que deixam o ouvinte boquiaberto ou, se não tanto, admirado.

Conseguiu entender de que tipo de música estou falando? Creio que talvez precise de maior elucidação. Bem, vamos pela didática das duas maiores bandas rock de todos os tempos: sabe “You Can´t Always Get What You Want”, dos Rolling Stones, ou “A Day in the Life”, dos Beatles? É esta espécie a que me refiro: podem não ser necessariamente as músicas mais consagradas de seus artistas, nem grandes hits, mas são, inegavelmente, temas grandiosos, emocionantes, que elevam. Você pode dizer: “mas têm outras músicas de Stones ou Beatles que também emocionam, também são grandes, também provocam elevação”. Sim, concordo. Porém, estas, além de terem essa característica, parecem conter em sua gênese a ideia de uma “grande obra”. Dá pra imaginar Jagger e Richards ou Lennon e McCartney – pra ficar no exemplo da tabelinha Beatles/Stones – dizendo-se um para o outro quando compunham igual Aldo, O Apache em "Bastardos Inglórios": “Olha, acho que fizemos nossa obra-prima!”

Quer mais exemplos? “Lola”, da The Kinks; “Heroin”, da Velvet Underground; “Marquee Moon”, da Television; "We Are Not Helpless", do Stephen Stills; "Kashmir", da Led Zeppelin. Sacou? Todas elas têm uma integridade especial, uma alma mágica, algo de circunspectas, quase que um selo de "clássica". 

Pois bem: para ficar claro de vez, selecionamos, mais ou menos em ordem de preferência/relevância, as 30 músicas do pop-rock internacional dos anos 80 as quais reconhecemos esse caráter. Para modo de poder abarcar o maior número de artistas, achamos por bem não os repeti, contemplando uma música de cada - embora alguns, evidentemente, merecessem mais do que apenas uma única indicada, como The Cure, U2 e The Smiths. Haverá as que são mais conhecidas ou mais obscuras; as que, justamente por conterem certo tom épico, se estendem mais que o normal e fogem do padrão de tempo de uma "música de trabalho"; artistas de maior sucesso e outros de menor alcance popular; músicas que inspiraram outros artistas e outras que, simplesmente, são belas. 

E desculpe aos fãs, mas, claro, muita gente ficou de fora, inclusive figurões que emplacaram superbem nos anos 80, como Michael Jackson, Elton John, Bruce Springsteen e Queen. Até coisas que adoraria incluir não couberam, como “Hollow Hills”, da Bauhaus, “Hymn (for America)”, da The Mission, "51st State", da New Model Army, "Time Ater Time", da Cyndi Lauper, "Byko", do Peter Gabriel, "Up the Beach", da Jane's Addiction, "Pandora", da Cocteau Twins, "I Wanna Be Adored", da Stone Roses... Mas não se ofendam: tendo em vista a despretensão dessa listagem, a ideia é mais propositiva do que definidora. Mas uma coisa une todos eles: criaram ao menos uma música diferenciada, daquelas que, quando se ouve, são admiradas de pronto. Aquelas músicas que se diz: “cara, que musicão! Respeitei”. 


1 – “Bad” - U2 ("The Unforgatable Fire", 1984) OUÇA
2 – “Alive and Kicking” - Simple Minds (Single "Alive and Kickin'", 1985) OUÇA
3 –
Capa do compacto de
"How...", dos Smiths
“How Soon is Now?”
- The Smiths 
("Hatful of Hollow", 1984) OUÇA








4 – “Nocturnal Me” - Echo & The Bunnymen ("Ocean Rain", 1984) OUÇA
5 – “A Forest” - The Cure ("Seventeen Seconds", 1980) OUÇA
6 – “World Leader Pretend” - R.E.M. ("Green", 1988) OUÇA
7 – “Ashes to Ashes” - David Bowie ("Scary Monsters (and Super Creeps)", 1980) OUÇA
8 – “Vienna” - Ultravox ("Vienna", 1980)

Videoclipe de "Vienna", da Ultarvox, tão 
clássico quanto a música


9 – “Road to Nowhere” - Talking Heads ("Little Creatures", 1985) OUÇA
10 – “All Day Long” - New Order ("Brotherhood", 1986) OUÇA
11  “Armageddon Days Are Here (Again)” - The The ("Mind Bomb", 1989) OUÇA
12 – “The Cross” - Prince ("Sign' O' the Times", 1986) OUÇA
13 – “Live to Tell” - Madonna ("True Blue", 1986) OUÇA

Madonna estilo diva, no clipe de "Live..."

14 – “Hunting High and Low” - A-Ha ("Hunting High and Low", 1985) OUÇA
15 – “Save a Prayer” - Duran Duran ("Rio", 1982) OUÇA
16 – “Hey!” - Pixies ("Doolitle", 1989) OUÇA
17 – “Libertango (I've Seen That Face Before) - Grace Jones ("Nightclubbing", 1981) OUÇA
18 – “Black Angel” - The Cult ("Love", 1985) OUÇA
19 – “Children of Revolution” - Violent Fammes ("The Blind Leading the Naked", 1986) OUÇA
Os pouco afamados
Alternative Radio
emplacam a fantástica
"Valley..."
20 – “Valley of Evergreen” - Alternative Radio 
("First Night", 1984) OUÇA









21  “USA” - The Pogues ("Peace and Love'", 1989) OUÇA
22  “Decades” - Joy Division ("Closer", 1980) OUÇA
23 – “Easy” - Public Image Ltd. ("Album", 1986) OUÇA
24  “Teen Age Riot” - Sonic Youth ("Daydream Nation", 1988) OUÇA
25 – “One” - Metallica ("...And Justice for All", 1988) OUÇA
26 – “Little 15” - Depeche Mode ("Music for the Masses", 1987) OUÇA
27 – "Never Tear Us Apart" - INXS ("Kick", 1987)

Hits também têm seu lugar: 
"Never Tear Us Apart", da INXS


28 – “Lands End” - Siouxsie & The Banshees ("Tinderbox", 1986) OUÇA
29 – “US 80's–90's” - The Fall ("Bend Sinister", 1986) OUÇA
30 – “Brothers in Arms” Dire Straits ("Brothers in Arms", 1985) OUÇA


Daniel Rodrigues

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Stevie Wonder - “Songs In The Key Of Life” (1976)





“Songs In The Key Of Life’é apenas
um aglomerado de pensamentos
no meu subconsciente que meu Criador
decidiu me dar como força,
amor + amor – ódio = energia do amor capaz de fazer 
o possível para
trazer 
à minha consciência 
uma ideia.
Uma ideia para mim
é um pensamento formado
 no subconsciente,
o desconhecido e, 
por vezes,
aquilo que se procura no impossível.” 
Stevie Wonder
texto do encarte original



Chegou a hora de falar de um monumento da música do Século XX e que vai ficar pra sempre na vida de todo mundo: “Songs In The Key Of Life”, de Stevie Wonder. Conheci este disco nas ondas da Continental Superquente 1120, em 1976. A rádio começou a tocar o primeiro de muitos hits do disco, "Isn't She Lovely". E aí me apaixonei. Comprei o disco em 1979 e começou uma longa história de amor e devoção com este disco com D maiúsculo.

Ele começa com um gospel wonderiano de arrepiar chamado "Love's in Need of Love Today". Nela, todos os instrumentos são tocados por ele - especialmente os sintetizadores -, a não ser uma percussão incidental. Os vocais também são todos de Stevie, que se esmera em criar um efeito de coral de igreja batista norte-americana. Um começo de impacto. O Stevie religioso se manifesta com "Have a Talk With God", na qual novamente está no comando de todos os instrumentos. Nela, SW diz: "Quando você achar que a vida está muito difícil/ apenas tenha uma conversa com Deus". Religiosidade sem pregação. "Village Ghetto Land" mostra o lado de preocupação social. Os sintetizadores - uma obsessão wonderiana na época - tão o tom sombrio de um gueto cheio de violência, lixo e descaso das autoridades.

Na sequência, uma das surpresas do disco: uma faixa instrumental chamada "Contusion". Uma espécie de homenagem de Stevie ao guitarrista Jeff Beck, que participou de vários discos dele durante a década de70 e recém havia lançado o também monumental "Blow by Blow". "Contusion" não ficaria mal como bonus track do disco de Beck. Comandada pela guitarra de Michael Sembello (que faria sucesso no começo dos anos 80 com "Maniac", lembram?) a música ganha os vocais de SW e outros vocalistas e se transforma em um fusion soul. Só ele mesmo poderia fazer algo do gênero. Pra fechar o Lado 1, um tributo ao mestre Duke Ellington e ao jazz: "Sir Duke" tem um naipe de sopros que faz lembrar a big bands de Duke e Count Basie, entre outros. O arranjo esperto de SW faz a gente bater o pé numa batida irresistível. Uma delícia!

No formato vinil, o lado 2 começa com Stevie recordando seus tempos de criança em Detroit, já cego em "I Wish". Nela, SW manda ver na bateria, base de todo o arranjo. Tirando o baixo de Ben Watts e os sopros, Stevie comanda o show dizendo "Eu gostaria que aqueles dias pudessem voltar uma dia / Eu gostaria que aqueles dias nunca tivessem desaparecido". Uma evocação da infância difícil, mas de muita luta. Foi lá que ele começou a tocar os primeiros instrumentos. Depois deste momento balançado de memória, vem a minha música preferida por motivos sentimentais: "Knocks Me Off My Feet". Uma balada tendo o piano como base, mas a letra é que dá o tema: "Não quero te incomodar/mas tem alguma sobre o teu amor/ que me faz fraco e me deixa fora de mim", numa tradução nada literal. Linda canção e que me emociona sempre que a ouço. E vendo ouvindo há mais de 30 anos. Isso é o que se pode chamar de uma música que fica contigo. Lembranças sentimentais à parte, vem "Pastime Paradise", cujo riff de sintetizadores imitando cordas virou a base de "Gangsta Paradise" de Coolio na década de 90. Novamente, as preocupações sociais de Stevie Wonder afloram: segregação, exploração, mutilação são os problemas que ele aponta. A solução deve ser integração, consolação, salvação para a paz no mundo. Tudo temperado com coro de Hara Krishnas e de uma igreja de Los Angeles.

É neste disco que Stevie dá vazão à suas indagações sobre o mundo. Contextualizando: os Estados Unidos tinham passado por uma tempestade social com o caso Watergate, a crise do petróleo e o crescimento da violência urbana, especialmente nos guetos. Estes fatos iriam desembocar nos anos 80 com o surgimento do rap e do hip hop, levando adiante a mensagem de Wonder. "Summer Soft" inicia como mais uma balada de SW, mas se transforma na segunda parte, quando o destaque fica com o órgão pilotado pelo grande Ronnie Foster (cuja importância para a música brasileira acontece em 1982, quando produz "Luz", o grande disco de Djavan). "Ordinary Pain" também tem uma ligação com a MPB. Em 84, no seu disco "Fullgás", Marina Lima fez uma versão da primeira parte desta música ("Pé na Tábua") . Mas SW foi engenhoso. Faz uma música de amores perdidos e a divide em duas, apresentando a versão masculina, suave, e a feminina, uma funkeira cantada por Shirley Brewer.

O Lado 3 começa com Aisha, a filha recém nascida de Wonder chorando. Esse choro se transforma na batida irresistível de "Isn't She Lovely", uma das canções mais conhecidas dele. O solo de harmônica desta canção é das melhores performances instrumentais que eu já ouvi. Um mega hit merecido e cantado até hoje nos shows, onde Stevie apresenta Aisha já adulta - e maravilhosa! "Joy Inside My Tears" traz SW outra vez no comando de todos os instrumentos, excetuando os teclados de Greg Phillinganes. Esta é daquelas canções que vão te pegando aos poucos. São necessárias várias audições pra entrar no clima. Mas depois te garanto, tu vais sair na rua cantando o refrão "You, you, you / have made life history / You brought some joy inside my tears".

"Black Man" é a epítome da preocupação de Wonder em integrar todas as raças. Ele traz para o final da música um professor que pergunta aos alunos questões sobre aventureiros, descobridores, políticos que tiveram grande feitos e as crianças respondem a raça de cada um deles. Brancos, negros, índios, todos mencionados e mostrando que somos iguais. Uma bela mensagem de integração numa base funk. Fechando o disco, o lado 4 abre com uma preciosidade: "Ngiculela", onde Wonder canta uma história de amor em uma língua africana, em espanhol e em inglês, sobre uma base instrumental feita somente por ele. Mágico, assim como a próxima faixa. "If It's Magic" é outra surpresa. O arranjo traz Dorothy Ashby na harpa e Wonder no vocal e na harmônica somente no final. Suavidade e beleza num momento de reflexão.

Na sequência, Stevie traz ninguém menos que Herbie Hancock pra pilotar o piano elétrico Fender Rhodes em "As", outra música de amor onde ele declara sua paixão dizendo que "Eu sempre te amarei/ Até que os arco-íris queimem o céu/ Até que os oceanos cubram todas as montanhas/ Até que a Mãe Natureza diga que seu trabalho está pronto". Nada vai impedir Stevie de sentir este amor por uma mulher, pelas crianças e pela humanidade. E se você conseguir ficar parado nesta canção, é porque está morto!!! Fechando o disco original, vem um petardo dançante chamado "Another Star" com as participações de George Benson na guitarra e Bobbi Humphrey na flauta. Stevie compreende o ideário pop e faz a gente cantar o tempo inteiro com um coro de backing vocais entoando apenas "lálálá". Impressionante o comando que ele tem das formas musicais que formam o que se convencionou chamar de "música pop". E o tempo todo em "Songs in The Key of Life” somos surpreendidos pelas sacadas geniais que ele arma, transformando e transmutando as formas do soul, do jazz, do funk, do gospel. Uma hora com um grupo convencional de guitarra, teclados, baixo,bateria e percussão. E em outra fazendo dos sintetizadores uma orquestra de cordas ou um órgão de igreja para passar sua inquietação sobre os destinos do mundo. Tudo isso em 1976!

No disco original ainda vinha um compacto duplo (vocês sabem o que é isso? Um disquinho de vinil com duas músicas de cada lado). A primeira é "Saturn", na qual tirando duas guitarras e um teclado, ele toca todos os instrumentos e faz todas as vozes. "Ebony Eyes" tem sabor de bubblegum pop com a novidade daquele momento, o talk box, que Peter Frampton tinha popularizado em seu disco "Frampton Comes Alive". Destaque também pro solo de sax de Jim Horn. "All Day Sucker" é um funkão que traz três guitarras (!!) fazendo a base para Stevie e os backing vocais de Carolyn Denis. E o compacto termina com ma faixa que se poderia chamar de balada jazzy chamada "Easy Goin' Evening (My Mama 's Call)”. O Fender Rhodes e a harmônica tocam a melodia, enquanto Nathan Watts faz a base para este final sereno de um totem da música de todos os tempos. Se você não conhece, aqui vai um presentinho do tio Paulo Moreira: logo abaixo um link para o disco completo. Desculpem o tamanho do texto, mas um disco desses merece!

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FAIXAS:
1. "Love's in Need of Love Today” - 7:06
2. "Have a Talk with God" (Wonder, Calvin Hardaway) - 2:42
3. "Village Ghetto Land" (Wonder, Gary Byrd) - 3:25
4. "Contusion" - 3:46
5. "Sir Duke" - 3:54
6. "I Wish" - 4:12
7. "Knocks Me Off My Feet" - 3:36
8. "Pastime Paradise" - 3:28
9. "Summer Soft" - 4:14
10. "Ordinary Pain" - 6:23
11. "Saturn" (Michael Sembello, Wonder) – 4:54
12. "Ebony Eyes” – 4:11
13. "Isn't She Lovely?" - 6:34
14. "Joy Inside My Tears" - 6:30
15. "Black Man" (Wonder, Byrd ) - 8:30
16. "Ngiculela” “(Es Una Historia)” “(I Am Singing)" - 3:49
17. "If It's Magic" - 3:12
18. "As" - 7:08
19. "Another Star" - 8:28
20. "All Day Sucker" – 5:06
21. "Easy Goin' Evening (My Mama's Call)" – 3:55

todas de Stevie Wonder, exceto indicadas

(ordem da versão em CD)

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OUÇA: