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segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

A arte do MDC em 2023

E lá se foi mais um ano, ouvintes radioelétricos! Posso dizer, no entanto, o contrário: já se veio mais um ano. Afinal, são quase sete no ar de Música da Cabeça, o programa que comando com muita satisfação na Rádio Elétrica. E como todas as quartas-feiras tem programa novo, tornou-se habitual desde o início que a cada edição houvesse também uma arte. E é aí que a gente entra. Tal no ano passado, quando começamos a fazer essa retrospectiva específica do MDC a exemplo do "A arte do Clyblog", recorrente há mais tempo por aqui, selecionamos algumas das artes criadas para anunciar o programa em 2023, ano dos 15 do blog.

O aviso foi dado anteriormente, mas não custa repetir: não se esperem obras-primas do design gráfico, pois as ferramentas e as habilidades são, se não parcas, básicas. Sei que peco pelo acabamento (um designer profissional deve querer se enforcar a cada vez que vê). Mas não é por mal. Assim como o programa em si, a arte é fruto da vontade de fazer. Até porque, isso dá pra afirmar, busca-se sempre a criatividade, algo que instigue que vê/lê, e até que a coisa sai legal por vezes. Amparadas pelo texto, no qual também invariavelmente tento puxar por algo interessante, as artes se baseiam em acontecimentos da vida cotidiana do Brasil e do mundo que só podem resultar em algo, no mínimo, legal graficamente falando.

Houve a favor, no decorrer de 2023, um caldeirão de eventos para que isso acontecesse. Guerra na Croácia e na Faixa de Gaza, perdas de gente como Rita Lee, Ryuichi Sakamoto, João Donato e Zé Celso Martinez Corrêa, Camões de Chico Buarque, urso em Marte, submarino perdido, 8 de janeiro... É, entre fatos bons e não tão bons, a gente vai contando, quase como uma crônica semanal e musical, aquilo que nos cerca e nos interessa. As artes do MDC são um espelho disso. Então, fique aí com essa seleção do que mais de legal teve em 2023.

**************

Iniciamos o ano com nada mais, nada menos, que a edição especial de nº 200, que teve a participação à altura: o músico e jornalista pernambucano Fred Zero Quatro, líder da Mundo Livre S/A




Mas nesse Brasil, a festa demora pouco. Uma semana depois da posse do Presidente Lula, 
a barbárie do 8/1, que nos motivou a esta arte para o MDC 301


Enxergaram urso em Marte? A gente enxergou no MDC 304


Em março, ferviam as investigações sobre o "caso das joias"
apreendidas com a comitiva de Bolsonaro, mote pro MDC 311


Ainda em março, a edição 310 teve entrevista especial com meu primo-brother Lucio Agacê,
figura lendária do rock alternativo (e preto) gaúcho





Ramadã, em abril, e o programa também se inspirou pro 314. Ficou bonito


Chico finalmente pôs a mão no certificado do Camões, que, na verdade, era o MDC 316



Em maio, para o especial de nº 320, entrevistamos a psicóloga, musicista e ativista preta gaúcha Caroline Rodrigues


Em junho, a abertura do texto da chamada do programa 321 foi assim: "A gente fotografa a floresta assim,
neste ângulo, só pra que seu olhar se direcione para aquilo que deve". Cara de pau


Lembram daqueles ricaços excêntricos (e sem noção) que se meteram num
submarino sem socorro e não voltaram mais?


Foi uma reprise, mas nem por isso deixamos de comemorar com uma arte especial a primeira edição de julho com o anúncio (quase "ilegígel") da ilegibilidade do Bozo. Só de lembrar, dá vontade de gritar de novo: I-NELEGÍVEEEEL!!



Se houve o que celebrar, também tiveram perdas. E grandes. Ryuichi Sakamoto (abril),
Rita Lee (maio) e Zé Celso Martinez Corrêa (julho) foram três delas




As guerras também, infelizmente, mancharam o calendário, mas viraram arte de denúncia nas edições 324 (julho), 339 (outubro) e 346 (novembro). MDC NO WAR!





Mais perdas, algumas tristes, outras revoltantes: João Donato, em julho e, em agosto, Sinéad O'Connor, e Mãe Bernadete  


Mais uma arte legal, esta pro cabalístico programa 333, último de agosto


É "O Pequeno Príncipe de Maquiavel"? Não, só o MDC tirando sarro da cara de
gente ignorante, mas metida a sabe-tudo (setembro)


Mais uma vez, o 20 de novembro (que agora virou feriado) nos inspirando


Mais edição de data fechada, a de 340, que teve como convidado
a lenda do rock gaúcho Frank Jorge


Adentrando o último mês de 2023, uma arte baseada em grafismos


Talvez a perda mais sentida: Paulo Moreira, nosso "Cabeção", que virou "capa Blue Note"
a la Reid Miles para a nossa edição 349


Quem começa o ano com edição especial, acaba o ano com edição especial: MDC 350, que teve entrevista internacional com o produtor musical cabo-verdiano Djô da Silva (era pra ter  sido um vídeo na época, mas deu problema no programa...)



Daniel Rodrigues



quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Música da Cabeça - Programa #349

 

Imagine Paulo Moreira numa capa de Reid Miles para a Blue Note, que ele tanto gostava? Pois para homenagear nosso querido Paulinho, que nos deixou esta semana, o MDC de hoje faz quase isso com uma programação especial só com o que teve de melhor de jazz no nosso Cabeção, quadro que ele nos inspirou e deu nome. Na playlist, Miles Davis, Charlie Parker, Eumir Deodato e outros, tudo extraído de edições de 2018 até agora. Ao som de jazz, o programa hoje presta este tributo às 21h, na jazzística Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues. (R.I.P., amigo "cabeção")


www.radioeletrica.com

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

CLAQUETE ESPECIAL 15 ANOS DO CLYBLOG - Cinema Brasileiro: 110 anos, 110 filmes (última parte)

 

Coutinho dirige e atua em seu "Cabra...", um dos 10
maiores e um dos 5 filmes do diretor na lista
Chegamos, enfim, ao momento mais aguardado: o final do nosso especial “Cinema Brasileiro: 110 anos, 110 filmes”. Ou melhor, o início, já que seguimos uma ordem numeral inversa, partindo dos últimos da lista para, agora, os primeiros. Chegou a hora de dar fim a um dos conteúdos especiais alusivos aos 15 anos do Clyblog em 2023, iniciada em abril e publicado em cinco partes ano longo dos meses. Nossa proposta foi trazer aqui, de forma criteriosa e misturando noções de crítica e história do cinema com preferências pessoais, títulos que representassem o cinema brasileiro neste corte temporal. E justamente num ano em que o cinema brasileiro completou 125 de nascimento segundo a efeméride oficial. O que não invalida a nossa intenção, a qual teve como referência, se não a gênese da produção cinematográfica nacional, em 1898, outro marco inconteste para a história da cultura audiovisual sul-americana, que é a exibição do mais antigo filme brasileiro preservado: “Os Óculos do Vovô”, de 1913.

Embora as corriqueiras e até salutares ausências (afinal, listas servem muito para que outras também sejam compostas), o que se viu aqui ao longo da extensa classificação foram títulos da maior importância e qualidade daquilo que foi produzido no cinema do Brasil neste mais de um século. De produções clássicas, passando pela fase muda, os alternativos, o cinema da atualidade aos sucessos de bilheteria. Num país de dimensão continental, houve trabalhos do Norte ao Sul, com representantes de seis estados da nação: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia. Entre as décadas, leva pequena vantagem os anos 60 sobre os 80 e 2000, com 25, 24 e 23 títulos respectivamente, dando uma boa ideia dos períodos de maior incentivo à produção 

Diretores consagrados e filmes marcantes para a cinematografia brasileira e mundial também percorreram a listagem de cabo a rabo. Nomes como Glauber Rocha, Cacá Diegues, Hector Babenco, Kléber Mendonça Filho, Leon Hirszman, Nelson Pereira dos Santos, Eduardo Coutinho e Joaquim Pedro de Andrade se fizeram presentes de forma consistente e todos com mais de um título, provando sua importância basal para a concepção formativa do cinema brasileiro. Glauber, maior cineasta brasileiro, encabeça, com seis filmes, seguido de Coutinho, com cinco, e Nelson, Leon e Babenco, com quatro cada. Porém, os novatos, nem por isso deixaram de também demarcarem seus espaços, feito talvez ainda mais louvável uma vez que, com pouco tempo de realização, já figuram entre os grandes. Caio Sóh, com “Canastra Suja”, de 2018, (107º colocado), Gustavo Pizzi, de “Benzinho” (2018), e Gabriel Martins, com “Marte Um”, de 2022 (79º) estão aí para provar.

Katia, uma das 7 cineastas
mulheres: pouca representatividade
Embora em menor número, as diretoras não deixam de contribuir com seu talento ímpar. Kátia Lund (com duas co-direções, junto a Fernando Meirelles e a João Moreira Salles), Anna Muylaert, Daniela Thomas (“Terra Estrangeira”, com Walter Salles Jr.), Sandra Kogut, Laís Bodanzky, Tatiana Issa e Suzana Amaral formam o time de sete cineastas mulheres, que dão um pouco de diversidade à lista. Muito a se evoluir? Sim. Representatividades negras, LGBTQIAPN+ e indígenas aparecem de maneira periférica, até superficial, consequência natural participação de tais minorias na economia cultural brasileira ao longo da história. Quem sabe, daqui a mais uns anos não se precise demorar tanto mais para que se incluam definitivamente entre os essenciais do cinema brasileiro?

Outro recorte que vale ser frisado são os documentários, que se estendem por todas as postagens dessa série. Além de contarem com um dos dois mais representativos realizadores, Coutinho, rivalizam muito bem com as ficções, totalizando nada mais nada menos que 13 títulos neste formato, 11,8% do geral. Enfim, análises que podem se deduzir a uma coleção de filmes tão interessantes e simbólicos de uma nação, aqui representados por aqueles mais bem colocados e, de certa forma, mais significativos. Por isso, diferentemente do que vínhamos procedendo até então, ao invés de comentarmos apenas de 5 e 5, todos desta vez merecem algumas palavras. Afinal, eles podem se vangloriar de serem os 10 melhores filmes brasileiros de todos tempos. Ao menos, nesta singela e propositiva seleção. 

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10.
“Pixote, A Lei do Mais Fraco”, Hector Babenco (1980) 

Babenco chega à maturidade de seu cinema e faz o até hoje melhor trabalho de sua longa e regular filmografia. Com ar de documentário, toma forma de um drama realista e trágico, trazendo à tona mais uma mazela da sociedade brasileira: a desassistência político-social às crianças e a violência urbana. O pequeno Fernando, que, ao interpretar Pixote, faz bem dizer ele mesmo, nos emociona e nos entristece. Marília está num dos papeis mais espetaculares da história. Indicado ao Globo de Ouro e vencedor do New York Film Critics Circle Awards (além de Locarno e San Sebastian), é considerado dos filmes essenciais dos anos 80 no mundo.




09. “Eles não Usam Black Tie”, Leon Hirszman (1981)
Como um “Batalha de Argel” e “Alemanha Ano Zero”, é uma ficção que se mistura com a realidade, e neste caso, por vários fatores. Adaptação para o cinema da peça dos anos 50 de Gianfrancesco Guarnieri sobre uma greve e a repressão política decorrente, transpõe para a realidade da época do filme, de Abertura Política e ânsia pela democracia, retratando as greves no ABC Paulista. E ainda: tem o próprio Guarnieri como ator, que, segundo relatos, codirigiu o filme. Filme lindo, que remete a Eisenstein e Petri. Música original da peça de 58 de autoria de Adoniran Barbosa. Prêmio do Júri em Veneza.


08. ”Cabra Marcado para Morrer”, Eduardo Coutinho (1984) 
Mestre do documentário mundial, Coutinho não se entregava mesmo quando parecia impossível. “Cabra...”, um dos maiores filmes do gênero, é um documentário do documentário. Interrompido em 1964 pelo governo militar, narra a vida do líder camponês João Pedro Teixeira e teve suas filmagens retomadas 17 anos depois, introduzindo na narrativa os porquês da lacuna. Premiado na Alemanha, França, Cuba, Portugal e Brasil, onde conquistou Gramado e FestRio.


07“Cidade de Deus”, Fernando Meirelles e Kátia Lund (2002)
Talvez apenas “Ganga Bruta”, “Rio 40 Graus”, “Terra em Transe” e “Dona Flor e Seus Dois Maridos” se equiparem em importância a “Cidade...” para o cinema nacional. Determinador de um “antes” e um “depois” na produção audiovisual não apenas brasileira, mas daquela produzida fora dos grandes estúdios sem ser relegada à margem. Pode-se afirmar que influenciou de Hollywood a Bollywood, ajudando a provocar uma mudança irreversível nos conceitos da indústria cinematográfica mundial. Ou se acha que "Quem quer Ser um Milionário?" existiria para o resto do mundo sem antes ter existido "Cidade..."? O cineasta, bem como alguns atores e técnicos, ganharam escala internacional a partir de então. Tudo isso, contudo, não foi com bravata, mas por conta de um filme extraordinário. Autoral e pop, “Cidade...” é revolucionário em estética, narrativa, abordagem e técnicas. Entre seus feitos, concorreu ao Oscar não como Filme Estrangeiro, mas nas cabeças: como Filme e Diretor (outra porta que abriu). Ao estilo Zé Pequeno, agora pode-se dizer: "Hollywood um caralho! Meu nome agora é cinema brasileiro, porra!".



06. “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, Roberto Santos (1965)
Uma joia meio esquecida. Leonardo Villar, de novo ele, faz o papel principal, que ele literalmente encarna. Baseado no conto-novela do Guimarães Rosa, é daquelas adaptações ao mesmo tempo fiéis mas que souberam transportar a história pra outro suporte. Obra-prima pouco lembrada.


05. 
"O Cangaceiro”, Lima Barreto (1953)
No nível do que Nelson Pereira faria com Jorge Amado e Ruy com Chico Buarque anos mais tarde, Lima Barreto teve a o privilégio de contar com diálogos escritos por Raquel de Queiroz. O que já seria suficiente ainda é completado por um filme de narrativa e condução perfeitas, com uma trilha magnífica, figurinos de Carybé, uma fotografia impecável e enquadramentos referenciados no Neo-Realismo de Vittorio De Sica e no western norte-americano de John Ford. O precursor do faroeste brasileiro ao recriar sua atmosfera e signos à realidade do nordeste. Se "Bacurau" foi aplaudido de pé em Cannes 66 anos depois, muitas dessas palmas devem-se a "O Cangaceiro", onde o filme de Barreto já havia emplacado o prêmio de Melhor Filme de Aventura e uma menção honrosa pela trilha sonora. Primeiro filme nacional a ganhar prestígio internacional, também levou os prêmios de Melhor filme no Festival de Edimburgo, na Escócia, Prêmio Saci de Melhor Filme (O Estado de S. Paulo) e Prêmio Associação Brasileira de Cronistas Cinematográficos.




04. “Limite”, Mário Peixoto (1930)
Scorsese apontou-o como um dos mais importantes filmes do séc. XX, tanto que o restaurou e para a posteridade pela sua World Cinema Foundation. David Bowie escolheu-o como o único filme brasileiro entre seus dez favoritos da América Latina. Influenciado pelas vanguardas europeias dos anos 20, Peixoto, que rodou apenas esta obra, traz-lhe, contudo, elementos muito subjetivos, que potencializam sua atmosfera experimental. Impressionantes pelo arrojo da fotografia, da montagem, da concepção cênica. Considerado por muitos o melhor filme brasileiro de todos os tempos. Um cult.


03. “Vidas Secas”, Nelson Pereira dos Santos (1963)
Genial. Precursor em muitas coisas: fotografia seca, roteiro, cenografia, atuações. Daquelas adaptações literárias tão boas quanto o livro, ouso dizer. Tem uma das cenas mais tristes do cinema mundial, a do sacrifício da cachorra Baleia. Limite também entre Neo-Realismo e Cinema Novo. Indicado a Palma de Ouro. Aula de cinema.




02. “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, Glauber Rocha (1963)
A obra-prima do Cinema Novo, um dos maiores filmes do século XX. De tirar o fôlego. Sobre este, reserva-se o direito de  um post inteiro, escrito no blog de cinema O Estado das Coisas em 2010. Mais recentemente, este marcante filme de Glauber mereceu outra resenha, esta no Clyblog.



1º.
 
"O Pagador de Promessas", Anselmo Duarte (1960) 

Com absoluta convicção, o melhor de todos os tempos no Brasil. Perfeito do início ao fim: fotografia, atuações, roteiro, trilha, edição, cenografia. Obra de Dias Gomes transposta para a tela com o cuidado do bom cinema clássico. Brasilidade na alma, das mazelas às qualidades. Cenas inesquecíveis, final arrepiante. E tem um dos papeis mais memoráveis do cinema: Leonardo Villar como Zé do Burro. E ainda é um Palma de Ouro em Cannes que venceu Antonioni, Pasolini e Buñuel. Tá bom pra ti? Irretocável.





Daniel Rodrigues

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

CLAQUETE ESPECIAL 15 ANOS DO CLYBLOG - Cinema Brasileiro: 110 anos, 110 filmes (parte 4)

 

Os clássicos absolutos chegaram, entre eles,
"O Beijo da Mulher Aranha", primeiro filme
brasileiro a vencer um Oscar
Demorou um pouco além do normal, mas voltamos com mais uma parte da nossa série especial “Cinema Brasileiro: 110 anos, 110 filmes”. E tem justificativa para esta demora. Isso porque reservamos este quarto e penúltimo recorte da lista para o mês de agosto, o de aniversário do Clyblog, uma vez que este Claquete Especial, iniciado em abril, é justamente em celebração dos 15 anos do blog.

Talvez somente esta justificativa não baste, entendemos. Então, já que vínhamos mês a mês postando uma nova listagem com 20 títulos cada, propositalmente falhamos em julho para que agora, no mês do aniversário, fizéssemos uma sequência não apenas de 20 filmes, mas de 40 de uma vez. E não se tratam de quaisquer quatro dezenas! Afinal, a seleção inteira é tão rica, que igualável em qualidade a qualquer cinematografia mundial. Mas, especialmente, porque estes novos compreendem as posições do 50º ao 11º. Ou seja: aqueles “top top” mesmo, quase chegando nos “finalmentes”.

Waltinho, um dos 6 com 2 filmes entre
os 40 melhores
E se o adensamento já vinha acontecendo fortemente, com a presença de grandes realizadores, títulos clássicos e premiados e escolas reconhecidas somadas às novas produções do furtivo século XXI, agora, então, esta confluência se faz ainda mais presente. Dá para se ter ideia pelos nomes de cineastas de primeira linha como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Walter Salles Jr., Luis Sergio Person, Hector Babenco e Eduardo Coutinho, que já deram as caras com obras anteriormente e, desta feita, emplacam dois filmes cada entre os selecionados, até então os mais bem colocados. Somam-se a eles os altamente competentes João Moreira Salles, Jorge Furtado e Bruno Barreto, também com dois entre os 40.

Pode-se dizer que, agora, é quando de fato entram os clássicos incontestes, aqueles “divisores de águas” do cinema nacional (e, por que não, mundial), como “Ganga Bruta”, de Humberto Mauro, "O Beijo da Mulher Aranha", de Babenco, “São Paulo S/A”, de Person, e “Tropa de Elite”, de José Padilha. Mas também pedem passagem “novos clássicos”, tal o perturbador documentário “Estamira” e o premiado “Bacurau”, de 2019, quarto mais recente entre os 110 atrás apenas de “Três Verões” (63º), “Marte Um” (79º) e “Marighella” (106º).

Elas, as cineastas mulheres, se ainda em desigualdade na contagem geral, marcam forte presença nesta fatia mais qualificada até aqui. Estão entre elas Kátia Lund, Daniela Thomas e Anna Muylaert, esta última, responsável por um dos filmes mais tocantes e críticos do cinema brasileiro, “Que Horas Ela Volta?”. Então, pegando carona na expressão, para quem estava nos perguntando "que horas eles voltariam?”: voltamos. E voltamos abalando com 40 filmes imperdíveis, que dignificam o cinema brasileiro e latino-americano. Pensa bem: apenas 10 títulos os separam do melhor cinema do Brasil. Isso diz muito.

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50. "Estamira”, Marcos Prado (2004)

Dentre as dezenas de documentários realizados na década 00, um merece especial destaque por sua força expressiva incomum: "Estamira". Certamente o que colabora para esta pungência do filme do até então apenas produtor Marcos Prado, sócio de José Padilha à época, é a abordagem sem filtro e nem concessões da personagem central, uma mulher catadora de lixo com sério desequilíbrio mental, capaz de extravasar o mais colérico impulso e a mais profunda sabedoria filosófica. A própria presença da câmera, aliás, é bastantemente honesta, visto que por vezes perturba Estamira. Obra bela e inquietante. Melhor doc do FestRio, Mostra de SP, Karlovy Vary e Marselha, além de prêmios em Belém, Miami e Nuremberg.




49. “Tropa de Elite”, de José Padilha (2007)
48. “Batismo de Sangue”, de Helvécio Ratón (2007)
47. “Terra Estrangeira”, Walter Salles Jr. e Daniela Thomas (1996) 
46. “O Dia em que Dorival Encarou a Guarda”, Jorge Furtado e José Pedro Goulart (1986)
45. “Amarelo Manga”, de Cláudio Assis (2002)



44. “Nunca Fomos Tão Felizes”, Murilo Salles (1984) 
43. “Edifício Master”, de Eduardo Coutinho (2002)
42. “O Homem da Capa Preta”, Sérgio Rezende (1986)
41. “O Beijo da Mulher Aranha”, Hector Babenco (1985)


40. 
“São Bernardo”, Leon Hirszman (1971) 

Adaptação do livro do Graciliano Ramos, que transporta para a tela não só a história, mas a secura das relações e a incomunicabilidade numa grande fazenda do início do século XX, escorada na desigualdade dos latifúndios. Não há diálogo: a vida é assim e pronto. Daqueles filmes impecáveis em narrativa e concepção. E Leon, comunista como era, não deixa de, num deslocamento temporal, dar seu recado quanto à reforma agrária. A trilha, vanguarda e folk, algo varèsiana e smetakiana, é de Caetano Veloso, que acompanha a secura da narrativa e cria uma "música" totalmente vocal em cima de melismas lamentosos e desconcertados. Recebeu vários prêmios em festivais, entre eles o de melhor ator para Othon Bastos no Festival de Gramado, o Prêmio Air France de melhor filme, diretor, ator e atriz (Isabel Ribeiro), além do Coruja de Ouro de melhor diretor e atriz coadjuvante (Vanda Lacerda). 



39. “Carandiru”, de Hector Babenco (2002)
38. “O Som do Redor”, Kleber Mendonça Filho (2012)
37. “Que Horas Ela Volta?”, Anna Muylaert (2015) 
36. “Notícias de uma Guerra Particular”, Kátia Lund e João Moreira Salles (1999)
35. “Ganga Bruta”, Humberto Mauro (1933)



34. “Lavoura Arcaica”, Luiz Fernando Carvalho (2001)
33. “Bar Esperança, O Último que Fecha”, Hugo Carvana (1982) 
32. “Couro de Gato”, Joaquim Pedro de Andrade (1962)
31. “Os Fuzis”, Ruy Guerra (1964)


30. “O Bandido da Luz Vermelha”, Rogério Sganzerla (1968) 

Se existe cinema marginal, esta classificação se deve a “O Bandido...”. Transgressor, louco, efervescente, non-sense, crítico, revolucionário. Adjetivos são pouco pra definir a obra inaugural de Sganzerla, que trilharia pela "marginalidade" até o final da coerente carreira. Um filme de manifesto, questionamento de ordem política, de uma estética diferente e bela (apesar do baixo orçamento) e a vontade de avacalhar com tudo. "Quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha e se esculhamba". Grande vencedor do Festival de Brasília de 1968. O filme que fez o “terceiro mundo explodir” de criatividade.


29. "Santiago", de João Moreira Salles (2007)
28. “Jogo de Cena”, Eduardo Coutinho (2007)
27. “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, Glauber Rocha (1968)
26. “Noite Vazia”, Walter Hugo Khouri (1964)
25. “São Paulo S/A”, Luis Sérgio Person (1965) 



24. "Terra em Transe", Glauber Rocha (1967) 
23. "Sargento Getúlio”, Hermano Penna (1981) 
22. “O Caso dos Irmãos Naves”, Luis Sergio Person (1967) 
21. “Memórias do Cárcere”, Nelson Pereira dos Santos (1984) 

20. 
 “Ilha das Flores”, Jorge Furtado (1989)

É incontestável a importância de "Ilha das Flores" para a cinematografia gaúcha e nacional. O filme que, em plenos anos 80 ainda de fim do período de Ditadura, expôs ao mundo uma realidade muito pouco enxergada, o fez de forma absolutamente criativa e impactante. Ao acompanhar o percurso de um mero tomate da horta até o lixão a céu aberto onde vive uma fatia da população em total miséria e descaso social, Furtado virou de cabeça para baixo a narrativa do audiovisual brasileiro, influenciado diretamente as produções de TV dos anos 80 e 90 e o cinema pós-retomada nos anos 2000. Urso de Prata para curta-metragem no 40° Festival de Berlim, Prêmio Especial do Júri e Melhor Filme do Júri Popular no 3° Festival de Clermont-Ferrand, França, entre outras premiações na Alemanha, Estados Unidos e Brasil. Um clássico ainda hoje perturbador.



19. “O Beijo no Asfalto”, Bruno Barreto (1980) 
18. “Central do Brasil”, de Walter Salles Jr. (1998) 
17. “Dnª Flor e seus Dois Maridos”, Bruno Barreto (1976)
16. “Garrincha, A Alegria do Povo”, Joaquim Pedro de Andrade (1962)
15. “Barravento”, Glauber Rocha (1962)


14. “Rio 40 Graus”, Nelson Pereira dos Santos (1955)
13. “Bacurau”, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles (2019)
12. “Assalto ao Trem Pagador”, Roberto Faria (1962) 
11. “Bye Bye Brasil”, Cacá Diegues (1979) 



Daniel Rodrigues


quinta-feira, 2 de março de 2023

Festival Paulo Moreira - Café Fon Fon, Espaço 373, Gravador Pub e Sala Jazz Geraldo Flach (Porto Alegre/RS)

 

Diminutivo, aumentativo

Falar de Paulo Moreira requer o exercício de se contemplar coisas grandes e pequenas. Ao menos, aparentemente pequenas. Desde que nos conhecemos e naturalmente nos amigamos, ouso chamá-lo de Paulinho, assim, no diminutivo. Taí a aparente coisa pequena, mas diminutivo este que, travestido de carinho, só faz representar o gigante espaço que esta querida figura ocupa em minha vida. Jornalista admirável, amigo generoso.

Desde antes de conhecê-lo pessoalmente, ainda adolescente, fui, assim como muito porto-alegrense que conheço, ouvinte assíduo do Cultura Jazz, apresentado por ele anos 90 e 2000 adentro. Nem sei quantas vezes me peguei embasbacado por tamanhos conhecimento e paixão de Paulinho a tudo que nos apresentava. E sempre com muita generosidade. Jovem admirador do gênero, foi no Cultura Jazz que meu gosto se expandiu. Não fosse, o coração abarcador do professor Paulinho, jamais haveria mais este fã de jazz que aqui vos fala.

Mas não só isso. O jazz e a música, por maior que seja, é uma fração de tudo isso que ele representa. Os trânsitos entre nós pelo cinema, literatura e futebol vieram em decorrência. Lembro da alegria dele ao encontrar a minha esposa Leocádia, a meu irmão Cly Reis e a mim no Vivo Rio para o show de Wayne Shorter e Herbie Hancock, em 2016, a qual ele, em razão de outros conterrâneos também presentes, de "caravana jazzística gaúcha". Ou quando, ano passado, na última vez que o vi pessoalmente, mesmo sem ter participado da edição como autor, foi (generosamente) prestigiar a mim e aos outros colegas de ACCIRS no lançamento do livro “50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho”. O comentário elogioso dele para minha mãe, que também prestigiava, referindo-se a mim e a meu irmão denota essa nobreza pauliniana.

Paulinho entre eu irmão e eu: generosidade e amizade

E tudo isso invariavelmente sob este olhar atencioso, principalmente o dele, que afetuosamente me apelidou, em virtude das “esquisitices” ouvidas por mim e compartilhadas nas redes sociais, de “cabeção”. Assumi relativamente o título, que virou inclusive nome de um quadro do meu programa Música da Cabeça, na Rádio Elétrica, justamente com esta ideia (e obviamente, dedicado a ele). Por outro lado, a alcunha, dita neste escancarado aumentativo, é grande demais para eu comportar. Afinal, como sempre lhe retruquei, o “cabeção” é ele. Ora: quem me apresentou a rebuscamentos como Toshiko Akiyoshi, a Anthony Braxton, a Carla Bley, a John Zorn ou a Sun Ra é, este sim, o verdadeiro “cabeção”!

Comigo no lançamento do
livro da ACCIRS
Chegou a hora, então, de retribuir ao menos um pouco todas estas camadas de generosidade de Paulinho para comigo e para com a combalida cultura de Porto Alegre. De quinta a domingo (2, 3, 4 e 5 de março), a cidade será agitada pelo I Festival Paulo Moreira, evento coletivo totalmente dedicado a ele, que está precisando de recursos para tratamento de saúde. A primeira edição vai reunir mais de 15 grupos de música instrumental do Rio Grande do Sul, com apresentações no Café Fon Fon, Espaço 373, Gravador Pub e Sala Jazz Geraldo Flach. Toda a renda será revertida ao tratamento de saúde do jornalista. Criado por um grupo de amigos, o projeto foi prontamente abraçado por espaços culturais e artistas da cena gaúcha e contará também com o apoio do cartunista Fraga, que doará obras para venda; dos fotógrafos Daisson Flach, Douglas Fischer e NiltonSantolin, da Atmosfera Produtora; de Texo Cabral e da Reverber Produtora, que farão as captações de áudio e vídeo das apresentações no Gravador, e do Person Piano.

Tentaremos Leocádia e eu estarmos presentes, mas tanto nós quanto qualquer um pode fazer doações de qualquer valor mesmo que não compareça aos shows. Independentemente, é muito bom ter a oportunidade de ajudar este amigo e de poder falar dele desta forma, em vida. Tudo o que em aniversários a gente fica meio intimidado de dizer para não soar demasiado cerimonioso, esta oportunidade abre espaço para extravasar. Afinal, o gigante Paulinho merece tudo, das grandes às pequenas coisas. E aumenta o som aí!

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I Festival Paulo Moreira
Os ingressos por noite custam o preço único de R$ 35,00. Confira os links para comprar no link da bio.
Quem não for aos shows e quiser doar qualquer valor, o PIX é 01510705040 (CPF/ Roberta Brezezinski Moreira).

PROGRAMAÇÃO

2 de março | Quinta-feira | ESGOTADO!
Café Fon Fon (Rua Vieira de Castro, 22 – Bairro Farroupilha)
21h – Thiago Colombo
21h30 – Paulo Dorfman
22h – Júlio "Chumbinho" Herrlein
22h30 – El Trio
23h30 – Quarteto Fon Fon

***
3 de março | Sexta-feira | ESGOTADO!
Espaço 373 (Rua Comendador Coruja, 373 – Bairro Floresta)
19h40 – Nico Bueno Café Trio com participação de Bernardo Zubaran
20h30 – Marmota com participação de Nicola Spolidoro e Ronaldo Pereira
22h10 – James Liberato
22h20 – Pedro Tagliani Quarteto

***
4 de março | Sábado
Gravador PUB (Rua Conde de Porto Alegre, 22 – Bairro São Geraldo)
Abertura da casa: 14h
Grupos musicais:
15h00 - Paulinho Fagundes, Miguel Tejera e Rafa Marques
15h45 - Instrumental Picumã + Pirisca Grecco
16h45 - Corujazz
17h30 - Rodrigo Nassif Trio
18h15 - Quartchêto
19h00 - Marcelo Corsetti Trio
19h45 - Funkalister
20h30 - Conjunto Bluegrass Porto-Alegrense
21h00 - Hard Blues Trio
21h45 Antonio Flores

***
5 de março | Domingo | ESGOTADO!
Sala Jazz Geraldo Flach
18h00 – João Maldonado Trio, com a participação especial de Ayres Potthoff
19h00 – Nicola Spolidoro, Caio Maurente e Luke Faro
20h00 – Luciano Leães, Cristian Sperandir, Paulinho Cardoso, Fernando do Ó e Ronie Martinez


texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa

sexta-feira, 25 de março de 2022

“50 Olhares da Crítica sobre o Cinema Gaúcho” – Manhã de autógrafos com os autores – Sala Radamés Gnatalli - Auditório Araújo Vianna - Porto Alegre/RS (20/03/2022)

 

Emoldurado por um dos cartões
postais da cidade, o Araújo Vianna,
 local onde foi lançado o livro
“Mas não é só o filme que carrega em seu corpo sinais. Sociedades e cidades também as têm, mesmo que por baixo das vestes. 'O Caso do Homem Errado', na linha do que outras realizações vêm evidenciando há aproximadamente 20 anos na produção audiovisual negra no Brasil e noutros polos cinematográficos, denuncia verdades fadadas até então ao apagamento da história, ao escurecimento – sem o perdão da redundância.”
Trecho do artigo "A Pele da Cidade", sobre o filme “O Caso do Homem Errado”

Antes de pisar sobre o chão da sala Radamés Gnatalli, no Auditório Araújo Vianna, na manhã do domingo, dia 20 de março, já tinha ideia que viveria um momento especial. A presença de my love Leocádia e de minha hermana Carolina, somadas à coincidentemente bem-vinda presença de minha mãe, Iara, chegada do Rio de Janeiro horas antes por outros motivos, mas que a deu condições de também comparecer ao evento, já garantiam a especialidade. O retorno, depois de 2 anos e alguns meses de total ausência de eventos presenciais por conta da covid-19, ao mesmo tempo em que excitava pela novidade, também assustava pela descostume. Havia também como elemento adicional as comemorações pelos 250 anos de Porto Alegre, do qual o livro faz parte através do projeto Cine Rock, momento raro na história de qualquer cidade. Tudo fazia aumentar a espera.

Mas todos os receios e expectativas foram totalmente superados ao que adentramos a sala onde “50 Olhares da Crítica sobre o Cinema Gaúcho” teve seu histórico lançamento. A felicidade de todos era visível, fosse pelo feito da materialização do primeiro livro da ACCIRS em 24 anos de associação, fosse pela alegria de poder rever as pessoas depois de tanto tempo, fosse pela satisfação de, simplesmente, dividir aquele momento com os colegas, amigos, familiares e realizadores. O livro da ACCIRS é feito em correalização com a Opinião Produtora por meio do projeto Cine Rock, aprovado pelo Pró-Cultura RS e pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do RS e patrocínio da JBS.

De minha parte, mesmo sem convidar a ninguém especialmente, fui agraciado com, além destas as quais mencionei no início, ricas presenças que me fizeram ainda mais completo. Estiveram lá, representando a família Leão, meu primo Henrique, filho de Cléber, competente professor e historiador que tão essencialmente contribuiu para o artigo de minha autoria no livro. Fizeram meu coração sorrir também os amados amigos Rodrigo, Lisi, Malu e Elis, e Valéria Luna com a sua filha Dora, bem como dividir - e trocar - autógrafos com Conrado Oliveira, colega de trabalho e de cinefilia. Completou-se ainda com a satisfação de rever (e abraçar) os colegas jornalistas Paulo Moreira, membro da ACCIRS mas que não participou da edição, e Ana Mota, outra que coincidentemente, assim como minha mãe, aterrissou em Porto Alegre e também não quis perder a oportunidade de prestigiar.

Do livro em si, adianto que ainda não será possível me estender. Mal consegui folheá-lo do dia do lançamento até hoje e, para modo de não dar luz ao que mereça, prefiro deixar para uma outra postagem aqui no blog mais adiante – talvez até nem por mim mesmo. Entretanto, agora já posso comentar brevemente sobre o artigo que escrevi e o filme o qual escolhi: “O Caso do Homem Errado”, o essencial documentário da cineasta Camila de Moraes, de 2017, primeiro longa dirigido por uma mulher em então mais de 60 anos de produção cinematográfica no Rio Grande do Sul. Histórico por si só. Mas não somente isso: “O Caso...” trata-se de um grande filme, absurdamente atual diante da uma realidade social gaúcha e brasileira.

Em meu artigo, o qual considero grave por necessidade temática, discorro sobre questões que ligam o ontem e o hoje nas relações de preconceito racial e urbanicidade. Como disse anteriormente, a colaboração de meu primo Cleber é de suma importância para a abordagem proposta, uma vez que sua visão do brancocentrismo na sociedade é chave para fazer ligar essas pontas que enlaçam passado e presente. 

Fico aqui, porém, em palavras, mas os deixo com alguns dos felizes registros feitos neste dia marcante para a história da crítica de cinema no Rio Grande do Sul, para o cinema do Rio Grande do Sul, para quem faz e curte cinema no Rio Grande do Sul. Para mim, que nasci e moro no Rio Grande do Sul. Uma coisa posso lhes dizer: que momento feliz vivemos neste dia! 

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Um brinde com a mãe e o primo

Love, love, love: cinema, cinema, cinema

Conrado e eu: quando é que vem o próximo em conjunto?

Com hermana, que fez a manhã de autógrafos ser ainda mais iluminada


Os amigos da "visões periféricas" e da vida

Val, Dora e eu: Guaíba e Capibaribe

Autógrafos para a filha e ex-esposa de Luis Carlos Merten,
referência pra qualquer crítico de cinema

A amada presença de Henrique representando os Leão

O professor Paulinho Moreira foi prestigiar!

O exemplar autografado de d. Iara não podia faltar...

... E ela logo pegou pra ler!

Com as queridas colegas de ACCIRS
Mônica Kanitz e Fatimarlei Lunardelli

Posando para a foto conjunta com todos os autores presentes...

... E outra com a minha galera, claro!


texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa e Carol Rios