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quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

"Cry Macho", de Clint Eastwood (2021)

 


Muita paciência com esse filme. Claro, se você apenas olhá-lo como filme por si só, vai se decepcionar. Mas se olhar com uma visão mais ampla sobre a carreira de Clint Eastwood, tudo que a figura dele como ator representou, e o que ele quer desmistificar agora, aí está o real valor do filme.

"Cry Macho" em si não consegue apresentar uma história, que nos prenda. A maioria dos personagens não tem carisma, ali pelo meio o longa fica extremamente parado, se arrasta, e isso tudo sem falar nas diversas cenas que são resolvidas com conveniências bem forçadas.

A grande chamada para você ir olhar o filme é, de certa forma, uma ligação com os westerns em geral ou a filmografia de Clint (focada na fase dele como ator). Aí sim, toda a desconstrução do personagem, que resolvia tudo no braço, para quem as mulheres eram apenas conquistas, agora tem que resolver tudo no diálogo, se falta força, resta experiência, o respeito com as mulheres, auxiliando até nos afazeres domésticos. Que mudança!

 Essa proposta de abordar uma figura que é extremamente importante para os filmes de faroeste de uma maneira diferente, dialoga com os dias atuais e tenta mostrar que o cowboy pode vencer tudo na força, menos o tempo. Junto  a isso, a ressignificação da figura do “macho”, são elementos  que fazem o longa ter algo para mostrar, e talvez até marcar na carreira de Clint, embora seja inegável que poderia ser muito melhor conduzido.

Até quando Clint não acerta ele é bom.


por Vagner Rodrigues


quinta-feira, 11 de novembro de 2021

"Annette", de Leos Carax (2021)

 


Que mistura! "Annette", longa do diretor francês Leos Carax, consegue  ter um pouco de tudo, transitando confortavelmente por gêneros diferentes e trazendo boas discussões, ainda que , no final, fiquemos com a sensação de que algo faltou. Você até fica satisfeito, mas parece que poderia ter sido melhor.

Um casal aparentemente perfeito — um provocante comediante de stand-up e uma cantora de ópera de renome internacional — vivem vidas glamorosas na contemporânea Los Angeles. No entanto, com o nascimento de sua filha Annette, seus misteriosos dons mudarão suas vidas para sempre.

O longa e suas alegorias o tornam interessante, mas ao mesmo tempo afasta o grande o público. Tem muitas questões importantes levantadas, mas para conseguir observá-las o espectador tem que passar por camadas, que podem transformar a experiência de assistir ao filme (em alguns breves momentos) em algo tedioso, parecendo que não vai para lugar algum.

O casal principal consegue sustentar bem o filme. Adam Driver e Marion Cotillard, conseguem transmitir o peso que cada um dos personagens traz e, confesso que em alguns momentos, era melhor nem sentir. Além da força das atuações, o longa também tem um texto forte, embora, por vezes, confuso, mas que mostra alguns problemas do “adulto” atual, como o stress do trabalho que levamos para nosso dia a dia com as pessoas que amamos; como a experiência de amores intensos (não falo paixão rápidas, mas amores que nem sabemos como explicar); e a responsabilidade de ter um filho, criar, educar e cuidar de alguém, o que não é nada simples como brincar com bonecas (pega essa referência, não entendeu? Veja o filme). Aliás deixei o melhor para o final: o longa é um musical, mas longe de ser o tipo de musical que você imagina...

O amor é lindo... e muito cruel às vezes.



por Vagner Rodrigues

sábado, 6 de novembro de 2021

"A Jornada de Vivo", de Brandon Jeffords e Kirk DeMicco (2021)

 


Divertido e muito emocionante são as principais características de destaque que posso dar para o longa de animação "A Jornada de Vivo" (sem falar que tem a linda voz de Lin-Manuel Miranda).

Um macaco com sede de aventura - e paixão pela música - embarca em uma viagem traiçoeira de Havana a Miami para cumprir seu destino.

O longa não é fantástico. Até começa bem mas vai perdendo forças, muito pela aposta em clichês. Os personagens secundários vão ficando cada vez mais desinteressantes e até mesmo a trama principal dá uma caída e vai para o lugar comum. O único personagem que segue mantendo o brilho é o macaquinho Vivo, interpretado por Lin-Manuel, sem falar que as melhores canções do filme são de Vivo.

Outro aspecto que a animação me chamou atenção foi como ela consegue ser bem sentimental em algumas partes, mesmo como toda cor e alegria das músicas. O longa consegue trazer momentos bem emocionantes que falam de perdas, de novos rumos, superação, e nesse ponto do filme está de parabéns.

 Não é um filme para se lembrar para o resto da vida, e creio que nem fosse sua pretensão, mas apesar de ser mais do mesmo e apostar em fórmulas prontas para agradar ao público, "A Jornada de Vivo" consegue passar um sentimentalismo que você chega a ficar triste e frustrado pelas perdas dos personagens e, tenho que admitir que cheguei mesmo a chorar em uma cena. No mais, destaque para a  Havana retratada no longa e, principalmente, para sua parte musical. Para terminar: Ei Lo lei lo lai,lo le lo lai,lo le lo lei.

Essa dupla me emocionou muito (muito mesmo)



por Vagner Rodrigues


sábado, 9 de outubro de 2021

"O Cavaleiro Verde", de David Lowery (2021)

 



Uma bela jornada de um herói que nem é tão herói assim, e que ainda nos brinda com o melhor que a arte do cinema pode nos oferecer em roteiro, fotografia e trilha sonora.

Sir Gawain (Dev Patel), o teimoso e inconsequente sobrinho do Rei Arthur, aceita o desafio de acabar com o infame Cavaleiro Verde, um gigante feito de esmeralda e destruidor de homens. Enfrentando fantasmas, gigantes, ladrões e trapaceiros no caminho, Gawain embarca na jornada da sua vida que definirá seu caráter e lhe dará a chance de provar que é merecedor aos olhos de sua família e reino.

"O Cavaleiro Verde" é cheio de alegorias e camadas bem profundas. Pede muito a atenção do espectador o que torna imprescindível que se vá de mente aberta para absorver o filme mesmo após seu término. Toda a fantasia e a profundidade do roteiro é algo maravilhoso e faz com que o espectador fique tentando desvendar o significado de cada cena, de cada símbolo, o tempo todo, num filme onde tudo é muito bem colocado no momento certo. 

O filme em si é uma obra de arte. A direção de David Lowery é muito segura, as atuações são  impecáveis, com destaque para Dev Patel, que está maravilhoso, mas o que realmente salta aos olhos e a fotografia e a trilha sonora, dois elementos que, com certeza, vão impactar você. Fora essa parte técnica espetacular, as alegorias que o longa traz para abordar temas interessantes são muito boas. Uma delas é a questão da jornada da vida, na verdade sobre jornadas e desafios. A noção de que a morte é inevitável para todos mas trazendo à tona a questão do como foi a nossa jornada até o nosso final, se enfrentamos os nossos cavaleiros verdes ou se simplesmente fugimos deles? 

Como foi nossa caminhada até o dia de hoje? Temos algum legado? E só uma das reflexões que tiro após ver o filme. Assista esse maravilhoso longa e me conte a suas.

Não se pode fugir para sempre, não é Cavaleiro Verde?
(Ótimos efeitos, assim como a atuação de Dev Patel)


por Vagner Rodrigues

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

"Pig", de Michael Sarnoski (2021)

 



"Pig", estreia na direção do norte-americano Michael Sarnoski é um filme que parece que vai ir com força mas se mostra extremamente contido, o que surpreende positivamente, sem falar na be3la fotografia e com as belas atuações com as quais somos presenteados. 

Um caçador que vive sozinho no deserto no Oregon, tem seu porco forrageiro sequestrado. Ele deve viajar para Portland e revisitar seu passado há muito abandonado, para recuperar seu "melhor amigo".

Já fazia um certo tempo que não víamos o Nicolas Cage atuando de verdade, (digo, assim, de verdade mesmo). Aqui ele deixa de ser esse personagem do folclore hollywoodiano dos últimos anos, que aceita fazer qualquer, e na maioria das vezes péssimos papeis, e nos faz lembrar que ele é realmente um bom ator.

Poderia-se até dizer que trata-se de um filme lento, mas, na verdade, acho que está na velocidade certa. Embora admita que essa suposta lentidão e o fato do longa ser contido podem atrapalhar um pouco a relação de algumas pessoas com filme. Portanto, contenha suas expectativas. 

Ainda que o porco seja um elemento central, o que mais se destaca no filme, no entanto, não é a busca pelo animal em si, mas sim a descortinação de Rob, o personagem de Nicolas Cage. A narrativa vai tirando as camadas desse personagem misterioso e nos revelando aos poucos como veio a tornar-se um ermitão que vive isolado do mundo. Se você conseguir embarcar na proposta do longa, essa viagem em busca do porco perdido, que, dependendo do que você focar, pode vir a ser uma jornada externa ou interna, "Pig" pode ser uma experiência bastante interessante e agradável.

Olá rapazes, finalmente um filme onde ele está todo
Nicolas Cagezinho.



por Vagner Rodrigues


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

"Luca", de Enrico Casarosa (2021)

 


Que bonito!!!! Como são impactantes os longas da Pixar. Um longa que vem falar, de autoconhecimento, da busca de saber quem você é, de aceitação e de amizade, mas aquela amizade verdadeira mesmo, aquela que é para vida toda, como o legado Pixar.

Na Rivera Italiana, Luca vive aventuras com seu novo melhor amigo, mas a diversão é ameaçada por um segredo: seu amigo é um monstro marinho de outro mundo que fica abaixo da superfície da água.

Não há nenhuma inovação na questão de roteiro que, por sinal, segue uma fórmula Pixar que agrada crianças e adultos. Esteticamente, o longa é lindo, suas cores vivas, a parte mágica dos monstros muito bem criada, assim como a cidade, muito bem caracterizada, que ficou tipicamente italiana. E se não houve nenhum grande salto técnico em comparação aos últimos longas da produtora, o charme, como sempre, fica no encanto do jeito Pixar de falar de sentimentos.

A forma bela como trata amizade é algo único e profundamente tocante. "Luca" consegue ser melodramático, mas sem exagerar, consegue ser profundo ao falar de temas, como aceitação, sem ser sério e tenso de mais. Tudo é na medida certa.

Uma jornada de descoberta, desvendar o mundo, as amizades, aceitar as diferenças, principalmente se aceitar, se descobrir. Para muitos o mundo não vai ser colorido e belo, vai ser cruel, vai ser cinza e, nesse momento, você deve estar bem com você mesmo para aguentar isso, de preferência cercado de pessoas boas que, mesmo com diferenças de estilos, cor, crença, humano ou monstro, queiram chegar no mesmo objetivo que você, mesmo que por caminhos diferentes.

Acredite em você, se aceite e, se lá no fundo, houver algumas voz dizendo para você não fazer, não se arriscar, apenas diga... "SILÊNCIO BRUNO!!!".

"Luca" é mais um longa da Pixar que vai além da mera animação infantil e do entretenimento.



por Vagner Rodrigues


quinta-feira, 1 de abril de 2021

"Malcolm & Marie", de Sam Levinson (2021)




Minha relação com o filme é a mesma do casal Malcolm e Marie: amei, porém perdi a paciência várias vezes. Muito repetitivo...
O cineasta Malcolm (Washington) e sua namorada Marie (Zendaya) voltam para casa após a festa de lançamento de um filme para aguardar o iminente sucesso de crítica e financeiro. A noite, de repente, toma outro rumo quando revelações sobre o relacionamento começam a surgir, testando a força do amor do casal.
Embora as atuações passem muita verdade, sejam intensas, senti Zendaya muito solta com sua personagem, enquanto Washington, ainda que não esteja ruim, dá umas exageradas, o que talvez tenha sido orientação do diretor Sam Levinson, mas o fato é que não se vê muito evolução em seu personagem. O fato do longa ter apenas esses dois personagens, faz render belíssimos diálogos, mas, por outro lado, também torna o filme repetitivo e, às vezes você se perde sobre o que o casal está discutindo, pois a todo momento há um novo motivo. Chega um determinado momento que a gente nem sabe mais como aquilo começou e qual a razão daquela discussão. Como falei, as atuações estão bem fortes, o longa tem muito espaço para diálogos, os atores se entregam e quando clima esquenta você sente o filme ganhar força, bem como quando ele para e fica reflexivo, e então você aproveita para ver a belíssima fotografia.
“Malcolm & Marie” aposta muito nos elementos teatrais, nos diálogos, nas atuações, na doação dos atores, e, apesar de ser repetitivo, ele acerta. O grande destaque é Zendaya. Seu talento transborda em cenas como a da faca, delirando totalmente, ou a da banheira, na qual quase não fala nada, mas conseguimos sentir tudo que ela está sentido.
Discursos fortes, atuações intensas, metalinguagem criticando críticos de cinema, questionamento do cinema arte, “Malcolm & Marie ” é muito mais que uma DR de casal, embora, indiscutivelmente, seja, sim, uma grande DR.

Intensos, pura emoção, quase zero de razão.

 


por Vagner Rodrigues 

segunda-feira, 29 de março de 2021

"Wolfwalkers", de Ross Stewart Tomm Moore (2020)

 

INDICADO A MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO


Um filme que parece simples mas não é. Parece complicado mas não é... Adorei que longa mesmo sendo extremamente colorido e fofo, consiga, em algumas cenas, ser sombrio e assustador.

Em uma época de superstição e magia, quando os lobos são vistos como demoníacos e a natureza um mal a ser domado, uma jovem caçadora aprendiz, Robyn, vai para a Irlanda com seu pai para eliminar o último bando.

Apesar do filme se destacar em vários aspectos, seu roteiro é algo que menos se sobressai. Embora longe de ser ruim, tem tramas muito simples e de resoluções fáceis que acabam tornando o filme previsível. Por outro lado, se no roteiro não houve tanto capricho, na parte visual o esmero sobrou. O estúdio Cartoon Saloon consegue criar um estilo único para suas produções e aqui trabalha muito bem as cores fazendo do  longa algo vivo e vibrante, mas sabendo, quando necessário, trabalhar a escuridão com muita maestria.

Eu sou um apaixonado por animações e, sempre que posso assistir a uma, paro tudo e vou lá acompanhar. E, no caso específico desta, por mais que tenha um roteiro simples, que não exija muito do espectador, sempre tem algo para se encantar. Aqui temos a mitologia irlandesa narrada em uma arte belíssima, uma animação muito bem feita na qual, as cenas que envolvem magia são simplesmente exuberantes. As transformações das Wolfewalkers, quando o “espírito” dos Lobos aparece, o movimento da alcateia (AÚÚÚÚÚÚÚÚ!!!) misturado com a trilha e seu encaixe perfeito, tudo é fascinante. Com certeza  não é uma obra que vai marcar muito, mas sem sombra de dúvidas é algo para se apreciar, curtir a magia e sua linda mensagem.

Vai me dizer que isso não é lindo?




por Vagner Rodrigues


segunda-feira, 15 de março de 2021

"O Tigre Branco", de Ramin Bahrani (2020)

 

INDICADO A MELHOR ROTEIRO ADAPTADO


Se o filme tem uma boa direção, um protagonista carismático e ainda traz uma forte crítica social, é obvio que vai me cativar.

Astuto e ambicioso, o jovem Balram (Adarsh Gourav) abre caminho para se tornar o motorista de Ashok (Rajkummar Rao) e Pinky (Priyanka Chopra), um casal que acaba de voltar dos EUA. A sociedade treinou Balram para ser uma coisa – um servo – então ele se torna indispensável para seus mestres ricos. Mas, após uma noite de traição, ele percebe o quão corrupto eles são, a ponto de sacrificá-lo para se salvarem. À beira de perder tudo, Balram se rebela contra um sistema fraudulento e desigual para se levantar e se tornar um novo tipo de mestre.

Baseado no romance homônimo de Aravind Adiga, "O Tigre Branco" é um longa bem competente que cumpre sua proposta mas não vai muito além disso. Seu roteiro não é original e, com certeza, você já viu um filme ou novela (mexicana ou da Globo) com uma estrutura narrativa igual. Até aí nada novo. O que diferencia é a questão cultural, o cenário da Índia e suas questões socias. O primeiro ato é muito bom e  nos coloca dentro da história, mas seu segundo segmento é longo demais, há muita repetição, o espectador já entendeu a humilhação que o pobre sofre, sua submissão, mas o diretor Ramin Bahrani insiste em mostrar mais e mais, o que acaba fazendo com que o o terceiro ato se torne corrido demais, e o final você só aceita.

Trazer essa visão do pobre, da realidade do dia a dia, é um dos acertos do filme pois, por mais que nas questões culturais e religiosas seja tudo muito diferente, não importa onde você vá no planeta, o pobre vai ser sempre abandonado à margem da sociedade. Muito do sucesso do longa está em seu protagonista, Balram, vivido por Adars Gourav, que consegue nos entregar um personagem inocente, carismático, com uma certa pureza que até quando começa haver uma virada na história no modo de agir do personagem, por mais que ele esteja fazendo coisas erradas, você acaba ficando do lado dele.

Apesar do roteiro não ser muito criativo, tenha um final previsível, “O Tigre Branco” conseguiu me cativar, muito pelo teor crítico. O longa deixa amostra para que todos possam ver as feridas sociais e políticas que países de “Terceiro Mundo” sofrem. A falta de oportunidades para ascender na vida das classes menores, a criminalidade, a corrupção, a exploração da classe trabalhadora, está tudo no filme. Claro, escondido numa trama de novela das 8h que se esforça - e se conseguiu, só assistindo para saber - para dar um final feliz para seu mocinho. Clichê? Sim, mas confesso que e torci muito para o simpático Balram.

Apesar de todo contexto e crítica social, o brilho do filme é de Adarsh Gourav.




por Vagner Rodrigues

quinta-feira, 4 de março de 2021

"Uma Noite em Miami", de Regina King (2020)

INDICADO A MELHOR ATOR COADJUVANTE
E MELHOR CANÇÃO ORIGINAL


Um filme extremamente necessário para nosso atual momento como sociedade. Que coisa fabulosa! Um longa que vai ficar na minha memória por muito tempo.

Situado na noite de 25 de fevereiro de 1964, a história segue o jovem Cassius Clay ao sair do Miami Beach Convention Center como campeão mundial de boxe. Contra todas as probabilidades, ele derrotou Sonny Liston e chocou o mundo do boxe. Enquanto multidões de pessoas lotam os hotspots de Miami Beach para comemorar a partida, Clay, incapaz de permanecer na ilha por causa das leis de segregação de Jim Crow, passa a noite no Hampton House Motel, no bairro de Overtown, em Miami, comemorando com três de seus amigos: ativista Malcolm X, o cantor Sam Cooke e o astro do futebol Jim Brown.

"Uma Noite em Miami" é uma obra com roteiro adaptado de uma peça teatral, e é necessário que se saliente isso por conta de seu ritmo mais cadenciado e pouca variedade de cenários, o que pode torná-lo monótono e repetitivo para alguns. Particularmente, discordo, pois o fato de ser teatral, dão muito mais ênfase às falas, que por sinal, são gêniais, bem como conferem mais força  aos discursos do filme, questionamentos e ensinamentos do filme. Mas entendo, sim, que possa se tornar algo cansativo para alguns.

Quatro grande atuações: Aldis Hodge (Jim Brown), que tem menos tempo de tela mas quando aparece tem uma presença muito forte; Eli Goree como Cassius Clay, que sofre para se posicionar, seja qual for sua posição, que talvez nem ele mesmo saiba ao certo, é mais uma das atuações que merece destaque mesmo sendo o mais novo no grupo, mas que consegue transmitir com sua atuação, toda pressão que o personagem sofre. Leslie Odom Jr. (Sam Cooke), é outro que acaba não tendo tanto destaque no início, mas cujos questionamentos pessoais são cruciais e verdadeiramente levam o filme à frente. Uma das frases de maior impacto no longa, por sinal, é dele. O que chama muita atenção é sua disputa de posicionamento, com Kingsley Ben-Adir (Malcolm X), que, por sua vez, é o personagem que mais tem tela, que mais instiga, e tem uma das melhores atuações do longa. Kingsley tem uma difícil tarefa de fazer um personagem icônico como Malcolm X, e o faz de forma magnifica, dando um toque pessoal, mas não deixando de caracterizar o personagem tão bem que, praticamente, vemos Malcolm em cena. É certo que vem indicações na temporada de premiações. Todos conseguem transformar as cenas em uma verdade, uns com mais tempo de tela, outros com  menos, mas todos tem momentos de brilhar.

 Coisas importantes são ditas, outras poderiam ser ditas e não são, o longa poderia ser mais forte em suas palavras, poderia atacar mais, mas vai para um lado de reflexão, o que, de certa forma, também é muito bom. Regina King faz sua estreia na direção mas nem parece um debut considerando a sua enorme competência e segurança. Ela tem controle total da câmera e consegue tornar até as mais longas cenas de diálogos interessantes pela maneira com que filma. Todos os quatro apresentados são figuras importantes quando pensamos em representatividade negra, até hoje. Parar e ouvi-los, por mais que seja uma obra de ficção é magnifico. Diálogos bem escritos, direção muito competente, atuações de primeira e um discurso de luta e igualdade, que mesmo sendo nos anos 60, faz sentido até hoje (infelizmente, até hoje). Fica aberto o debate de como a representatividade negra, a voz negra pode se fazer ser ouvida e de como a mídia pode ser usada para isso. Uma discussão muito importante e que vale a reflexão, ainda mais, se você ver esse filme em 2021, no Brasil, enquanto rola um reality-show que traz esse mesmo tema, porém, infelizmente, com as pessoas erradas.

Eu passaria uma noite em Miami com essa galera, bem de boas.


por Vagner Rodrigues

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

"Druk - Mais Uma Rodada", filme de Tomas Vinterberg (2020)

 

VENCEDOR DO OSCAR DE
 MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA



Fiquei alegremente embriagado ao assistir a esse longa. “Drunk”, quando parece que vai para um lado mais leve, vai lá, vira mais um “shot” e buum!, muda tudo. Maravilhoso!

Quatro professores, com problemas em suas vidas, testam a teoria de que ao manter um nível constante de álcool em suas correntes sanguíneas, suas vidas irão melhorar. De início, os resultados são animadores, porém, no decorrer da experiência, eles percebem que nem tudo é tão simples assim.

Gostei do ritmo do longa, apesar considerá-lo apressado demais. Ele caminha para seu clímax sem muito rodeio. Outro aspecto que não gostei muito, foi a falta de profundidade dos personagens. Sim, mostra o impacto do álcool na vida do grupo, mas é tudo muito rápido  em em cenas curtas. Entendo que o diretor tenha pretendido não pesar muito no drama mas, no fim das contas, ficou parecendo ter faltadou algo. A importância dos acontecimentos finais perdem força porque o espectador não consegue ter tempo de criar vínculo com alguns personagens, com exceção de Martin, vivido por Mads Mikkelsen.

Tudo que Mads Mikkelsen faz é bom! (pronto, falei)
Aqui, o ator na última cena do filme.

É muito interessante como o longa aborda a cultura toda que existe em volta do álcool, algo que atinge muita gente, desde os bens jovens até os mais velhos, sendo que a forma como a obra apresenta a chegada desse elemento na vida dos personagens é muito real. O início é alegria, descontração e vai indo para um total descontrole, que muitas vezes não tem volta, a maneira irresponsável como os jovens lidam com isso, o que por certo não pé um problema só da Dinamarca, a responsabilidade dos adultos nisso, tudo isso é muito bem colocado no filme.

“Drunk”, tem muitos momentos, uns melhores outros piores, há uma certa falta de profundidade, carece de um pouco mais de texto, mas sua forma de tratar o seu tema principal é excelente. A narrativa do superficial nos personagens, funciona bem. Gostei do fato do filme parecer apontar para uma tendência, mudar de direção no meio, e depois volta para a direção anterior, meio que como alguém que está bêbado. Jovem ou adulto, ou até você idoso, não faça isso... Tá! Não vou ser hipócrita: faça, mas não prejudique ninguém, muito menos a si mesmo. Essa uma das lições desse bom filme.

Bebida em excesso e vexame. Duas coisas que andam juntas.


por Vagner Rodrigues

 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

"Mank", filme de David Fincher (2020)

 

VENCEDOR DO OSCAR DE
MELHOR FOTOGRAFIA E
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO


Uma viagem à Hollywood dos anos 30
por Vagner Rodrigues


Uma mentira contada várias vezes pode virar uma verdade? Bom, é o que dizem e, particularmente, acho isso perigoso. David Fincher nos dá um belo filme, com destaque para as atuações e fotografia, porém pelo fato da história narrada que não ser exatamente uma verdade, uma vez que há muito mais coisas por trás daquilo tudo que o longa conta, coisas muito além das fofocas hollywoodianas, acabei me distanciando um pouco do filme, devo confessar.
Tecnicamente, o filme é muito bom, embora seu ritmo e o fato de ser preto e branco possa não agradar a alguns, mas isso é bem pessoal. Bem como minha maior bronca também é algo extremamente pessoal: o filme toma partido de um boato já desmentido faz muito tempo, de que Orson Welles não tinha participação nenhuma na construção do roteiro, uma das maiores lendas urbanas hollywoodianas. Esse boato ganhou força com o artigo escrito por Pauline Kael, mas mesmo na sua época, nos anos 40, já tinha sido desmentido e ficado provado que sim, Orson tivera grande participação no roteiro final de “Cidadão Kane”. Mas claro se você não se importa com esses “babados de Hollywood”, pode passar por cima disso, tranquilamente.
O trabalho técnico do filme é impecável e muito imersivo fazendo com qiue o espectador realmente se sinta na Hollywood clássica, andando pelos grandes estúdios. A fotografia em preto branco e a montagem do filme, são meus destaques. Por mais que para alguns o longa possa parecer confuso, por ser cheio de idas e vindas no tempo, se estiver atendo vai ver que antes das cenas tem uma letreiro que funciona como roteiro (roteiro no papel) de um filme, indicando se a cena é um flashback, onde ela se passa, etc. É só um detalhe pequeno mas que engrandece muito a obra. Sobre individualidades, destaque para Gary Oldman, como sempre muito bem, Lily Collins tem bastante tempo de tela e consegue apresentar bem sua personagem, Amanda Seyfried tem algumas cenas, não muitas, mas gostei dela  e não duvido que algum desses três apareça como indicado nas premiações desse ano. Sobre David Fincher, sempre aguardamos muito suas obras com grande expectativa e essa não decepciona. Desta vez e ele fez seu trabalho conta com roteiro de seu pai, Jack Fincher, e, se não tem o peso de seus grandes filmes, vale a homenagem para o pai.
Se você gosta da Hollywood dos anos 30,40, vai adorar o longa. Um belíssimo trabalho técnico, um roteiro bem atrativo, personagens fortes, uma trama principal que consegue segurar o filme, mesmo com outras coisas acontecendo, como o cenário político da época, muito bem retratado por Fincher, em um de seus grandes acertos, num cenário de fake-news que dialoga muito com tempos atuais, aliás BEM atuais. 
Longe de ser o melhor trabalho do diretor, é uma obra com inegáveis grandes qualidades. Visualmente lindo, o que nos atrai, nostálgico na medida certa, e se você já viu “Cidadão Kane”, não que seja necessário, mas se já viu, “Mank” é um bom complemento da obra de Welles (com exceção da parte que fala de Welles, mas não vou voltar para o mundo das fofocas...) Beba com responsabilidade e assista a “Mank”.
Que filme imersivo! Adorei a viagem o tempo.



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David Fincher está de volta!
por Cly Reis



"E o Oscar de melhor roteiro original vai para... Herman W. Mankewicz e Orson Welles, por "Cidadão Kane"
. Este é o ponto onde culmina o excelente "Mank", filme de David Fincher, que trata, exatamente, de todo o processo de concepção do roteiro da obra-prima de Orson Welles, todo o contexto social, político e histórico daquele momento na Hollywood pós-depressão e os envolvimentos e relações do brilhante mas complicado escritor e roteirista Herman J. Mankiewicz.
Mank, como era conhecido, era dono de uma personalidade forte, ideias bem definidas, um texto criativo e uma língua afiada. Assim, por conta, exatamente, de seus posicionamentos políticos, sua irredutibilidade, sinceridade e por não ter papas na língua, por mais brilhante que fosse, Mankiewicz passou a ser, de certa forma, persona non grata dentro do universo dos grandes estúdios de Hollywood.
Fincher nos traz essa história toda de maneira não menos incrível, com idas e vindas, flashbacks oportunos, construções de expectativa, suspenses, apresentando seu filme como uma leitura de roteiro em movimento, sob um visual de filmes noir e com uma fotografia em preto e branco espetacular.
"Mank" é, para mim, a recuperação do velho e bom David Fincher do visual dos videoclipes da época de Madonna, como em "Vogue", por exemplo, da atitude de "Clube da Luta", da astúcia de "Vidas em Jogo", da intensidade de "Se7en". "Mank", desde já se credencia como um dos grandes candidatos, em potencial, às principais categorias na próxima edição do Oscar. A luz é maravilhosa, a fotografia é incrível, Gary Oldman está espetacular no papel do protagonista, a trilha de Trent Raznor e Atticus Ross é precisa e impecável, Fincher conduz o longa com maestria, e o roteiro, do pai do diretor, sobre um dos mais incríveis e revolucionários roteiros da história do cinema, muito possivelmente está destinado, assim como foi com o filme do qual trata, a ouvir na noite de premiação da Academia, a mesma frase que foi dirigida a Mankiewcz e Welles: "E o Oscar de melhor roteiro original vai para..."

A fotografia, a luz, os figurinos, a atuação de Oldman...
tudo demais!



segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

"Soul", filme de Peter Docter (2020)

 

VENCEDOR DO OSCAR DE
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO E
MELHOR TRILHA SONORA


Esse é o filme para apresentar para aquela pessoa que você conhece que tem preconceito com longas de animação. O conceito dessa pessoa vai mudar , com certeza. Não só pela estética, pelo visual exuberante, pela qualidade de animação que ultrapassa a perfeição, mas também pela delicadeza e profundidade do roteiro e a maneira como ele aborda esse tema da vida e morte de modo tão simples e belo. Vou secar as lágrimas e continuar o texto...

Em "Soul", Joe Gardner é um professor de música de ensino fundamental, desanimado por não conseguir alcançar seu sonho de tocar no lendário clube de jazz, The Blue Note, em Nova York. Quando um acidente o transporta para fora do seu corpo, fazendo com que ele exista em outra realidade na forma de sua alma, ele se vê forçado a embarcar em uma aventura ao lado da alma de uma criança que ainda está aprendendo sobre si, para aprender o que é necessário para retomar sua vida.

Eu acredito que esse seja um dos longas da Pixar que menos senti o peso “infantil”, temos muito desta parte com a personagem 22, mas de resto é um filme repleto de simbolismos. Claro que uma criança conseguirá entender sobre o que fala o filme, vai acompanhar a narrativa muito bem, mas o filme, dialoga muito mais com quem já tem uma história de vida, embora apresente uma certa dificuladade em trabalhar conceitos estabelecidos por ele mesmo, onde em tal hora, determinada coisa é importante e em outra, logo ali, já não é mais.

Um longa de surpresas boas. Reflexivo, profundo e,
ao mesmo tempo, viualmente agradável para os pequenos.

A Pixar com "Soul" atinge um nível de qualidade de animação absurda! As cores, a modelagem dos personagens, as texturas, os cenários, o cuidado em cada detalhe, é tudo primoroso. A construção de personagem, a sua jornada, a forma sutil e divertida da narrativa faz com que você nem perceba o tempo passar. A Pixar acerta demais. 

Eu não consigo lembrar de um longa Pixar que seja decepção. Claro quetem aqueles que não atingem a nossa expectativa mas o que provavelmente, nesses casos, ocorre mais por culpa nossa do que do filme, porque DECEPÇÃO mesmo, nunca houve. "Soul" é tão magnífico em seu texto, que, por mais sutil que sejam suas falas, quando você  reflete sobre o que está sendo dito em tela, aquilo é como um soco na sua consciência. Tem suas falhas, suas incoerências com a própria história, mas é uma narrativa muito bem feita com umas viradas que quebram suas expectativas.

 Por mais que utilizem mais uma vez a fórmula Pixar (e muito bem executada, mais uma vez), seus longas nunca são só isso e sempre entregam algo mais. Em "Soul”, você vai ver uma animação para se divertir e passar tempo e termina refletindo sobre a sua vida, sua jornada, se dedicar uma vida para realizar apenas um sonho, deixar de aproveitar outras oportunidades da vida, outras portas que se abrem, por um único objetivo e vai acabar se questionando se tudo isso é tão valido assim.

 E quando chegar no seu sonho? Vai ter forças para buscar outro? A vida tem sentido sem um objetivo? Ahhhhh!!!! Chega... Assistam “Soul”, sou seus bando de Zé.

Na boa! A animação de “Soul”, junto com sua trilha, são algumas das melhores coisas
que você vai ver e ouvir nesse 2021. Já falo agora!



por Vagner Rodrigues


sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

"Tenet", filme de Christopher Nolan (2020)

 

VENCEDOR DO OSCAR DE 
EFEITOS VISUAIS


Foi difícil decidir se gostei ou não do filme (na verdade eu sempre gostei). Tecnicamente "Tenet" é fantástico, tudo funciona bem, é grandioso, mas não consigo vê-lo dialogar bem com o grande público, que é o que mantém e financia o cinema. Nolan gênio? Sim. Presunçoso? Talvez.

Armado com apenas uma palavra – Tenet – e lutando pela sobrevivência de todo o mundo, o protagonista viaja por um mundo crepuscular de espionagem internacional em uma missão que se desdobra em algo além do tempo real.

Nolan cada vez mais vem fazendo filmes nos quais você precisa ir além do filme para entendê-los e isso afasta um pouco o público médio que quer apenas algumas horas de diversão, pois complica um pouco quando o roteiro trabalha com questões de física bem complexas para geral. Sem falar que o longa tem um ar presunçoso e se atrapalha muito neste aspecto tornando-se confuso. Mas isso é Nolan e, se você já está acostumado com os filmes dele, passa por isso rindo. E se não conseguir entender a parte da física, tudo bem, foca no som do filme, e a construção das cenas em seus mínimos detalhes e tá tudo ok também. 

O trabalho técnico do filme beira a perfeição! É de se olhar uma cena e ficar pensando “COMO É QUE FIZERAM ISSO???”. Fica meu aplauso para direção, equipe de efeitos, (tem muito efeito prático muito bem feito), e a equipe de som. Tudo isso dá um brilho enorme para as cenas de ação, mesmo as de brigas corpo a corpo que, assim como na trilogia Batman, ficaram esquisitas. Mas tirando isso, Nolan você e incrível!

Esses dois conversando é o que mais vemos no filme. Chega a ser chato.
Mas que fique claro que ambas as atuações estão muito boas.

Estou bem confuso, porem satisfeito. Será que gostei do filme? Ele é cheio de boas ideias, muito bem dirigido, os conceitos são legais, mas falta algo para criarmos empatia com os personagens. Parece até que eles não querem que a gente não saiba de nada, explicam as coisas, chega a ser necessário que se pegue um livro de física nesses momentos, mas logo em seguida já dizem que você não precisa entender... Mesmo sendo exageradamente expositivo, o espectador se perde nos diálogos, porque são muitos. Porém, se você prestar atenção na cena, nos seus detalhes, no visual, em como uma cena no final do filme dialoga com aquela outra lá no meio, que dialoga com uma do início, vai perceber que essa construção narrativa é muito bem feita. Mas, é claro, se você tiver a oportunidade de ver o filme mais de uma vez vai ajudar muito.

É interessante o protagonista não ter identidade e
apenas se autonomear... 'Protagonista'.


por Vagner Rodrigues


segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

"Uma Invenção de Natal", filme de David E. Talbert (2020)

Normalmente eu reclamo de clichê mas quando é bem feito, fico querendo mais. Sem falar que o longa é um musical, e aí meu coração não aguenta!

Um fabricante de brinquedos em apuros, sua neta precoce e uma invenção mágica que, se conseguirem fazè-la funcionar a tempo das festas de fim de ano, pode mudar suas vidas para sempre.

"Uma Invenção de Natal" não traz nada de novo e seu roteiro é bem básico mesmo. Confesso que achei a forma com que a história é contada, um pouco confusa, misturando cenas de animação com bonecos e cenas reais e o que pode fazer o espectador perder algumas coisas se estiver desatento, ainda mais o grande público de serviço streaming que costuma consumir o conteúdo fazendo outra coisa ou usando outra tela. Se o roteiro, sem muita força, não te prender, tenho certeza que os figurinos, o cenário e a trilha o farão. Um longa cheio de cores onde os detalhes dos figurinos, penteados e maquiagens são sensacionais e a música, mais para um black music, pop, RB, é algo para se correr atrás da trilha do filme (o que eu realmente fiz).

Destaque para a boa participação de Forest Whitacker.

Não vou destacar ninguém positivamente, nem negativamente. O longa funciona bem como unidade, um todo, no geral. Apesar de ser aquela velha historinha de natal que o personagem vai do lixo ao luxo, na noite de véspera do Natal, o longo consegue entregar alguns pontos que o destacam, seja músicas, seja no seu visual deslumbrante ou na representatividade negra que ele traz. Confesso que não tinha visto antes tantos personagens negros em um longa de natal. É muito bom que uma criança negra possa ver um filme de Natal e sinta sua família representada.  Que venha mais diversidade.

 Se você ainda não está em clima de Natal, recomendo muito que assista o filme. Vai te passar uma energia boa e aquela vontade de sair enfeitando a casa, cantando e pulando. É claro não vamos esquecer que nossos melhores momentos, melhores invenções, acontecem quando estamos com pessoas que amamos e, se não der para estar perto, esse ano (2020 miserável!), mande um presente bem caro (brincadeira!), deixe claro seu amor por mensagens ou qualquer meio à distância mesmo. Não faça como Jeronicus Jangle e não guarde o amor. Diga que ama sempre que puder, assim você sempre vai ter a magia com você...FELIZ NATAL!!!

Viva as cores da diversidade.




por Vagner Rodrigiues