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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

66ª Feira do Livro de Porto Alegre

Janelas Abertas para o Mundo



Sim, levamos 66 edições para aderir à tecnologia. Não fosse a pandemia, talvez nossa Feira ficasse ainda restrita aos encontros presenciais, às atividades que somente quem ia até a Praça poderia usufruir. Hoje, com a chegada da virtualidade para ficar por mais tempo ativa entre todos nós, as janelas se abrem para todos os locais do planetinha. Pessoas até então inviáveis, dada a distância geográfica, os custos e os compromissos, agora estão na programação oficial da Câmara Rio-Grandense do Livro. 

Que bom. Eu não podia ficar fora dessa edição, por isso, estarei publicando diariamente considerações sobre o que gosto de fazer quando o tema é literatura, através das janelas da minha casa, da minha biblioteca, do estúdio da editora onde vou encontrar todos vocês, os autores e seus convidados nas LIVES da Besouro Box para compartilharmos vida! Acesse os conteúdos no fanpage do Clyblog e no álbum 66ª FLPOA _ Janelas Abertas para o Mundo no meu Facebook.


o que: 66ª Feira do Livro de Porto Alegre
quando: de 30 de outubro a 15 de novembro de 2020
como: plataforma on-line
mote: "As janelas do mundo abertas para a Praça"
realização: Câmara Rio-Grandense do Livro
patrono da edição: Jeferson Tenório
www.feiradolivropoa.com.br 

Leocádia Costa

terça-feira, 19 de novembro de 2013

59ª Feira do Livro de Porto Alegre - Retrospectiva Visual


Finda a edição deste ano da Feira do Livro de Porto Alegre, na qual tivemos novamente registros diários da nossa colaboradora Leocádia Costa, na nossa página do Facebook, repassamos aqui algumas imagens registradas por ela e pelo nosso amigo, já praticamente um colaborador também, Luís Ventura do que aconteceu de legal na Feira. Obrigado aos dois e até a sexagésima edição no ano que vem.

O escritor Tino Freitas,
do projeto "Roedores de Livros"e a magia da literatura infantil
foto: Luís Ventura

O ator Jairo Klein encarnando Fernando Pessoa
foto: Luís Ventura

A recepção aos autores na Noite da Literatura Fantástica
na Biblioteca Pública de Porto Alegre
foto: Leocádia Costa

O cartunista Claúdio Spritzer sempre irreverente
foto: Luís Ventura

Poesias por certo valem muito
foto: Luís Ventura

O pequeno leitor aprendendo a ver o mundo por outro ângulo
foto: Luís Ventura

Luís Ventura, entre parênteses
foto: Leocádia Costa

terça-feira, 8 de setembro de 2015

XVII Bienal do Livro - Riocentro - Rio de Janeiro/RJ (05/09/2015)








Este seu humilde blogueiro
na Bienal carioca.
Estive na tal da XVII Bienal do Livro aqui do Rio de Janeiro.
Um horror!
(por todos os motivos possíveis!)
Além do fato de ser no já longínquo Riocentro, lá o outro lado da cidade, a região está em obras por causa da Olimpíadas, uma vez que a Vila Olímpica fica bem ali ao ladinho do centro de eventos. Ou seja, o trânsito que não é nenhuma maravilha naquela área estava infernal com engarrafamentos, desvios improváveis, falta de sinalização e o diabo-a-quatro. Pois bem, isso é só o início porque depois de se encontrar finalmente a entrada do negócio, o estacionamento custa R$22,00 e a entrada pro evento R$16,00 por pessoa. Não era nem pra ter INGRESSO uma vez que, em tese, estou indo lá para gastar e comprar livros. Você já sai com uma despesa mínima por pessoa de R$38,00 sem comprar um livro.
Aí o cara pensa: 'bom, tomara que valha a pena'. mas aí quando se entra só o tumulto e amontoação de gente já é desanimador. Se não estivesse com minha esposa e minha filha teria dado meia volta e ido embora. Gente, gente, gente que não acabava mais. E o pior, pra depois não lerem porra nenhuma e deixarem aquele monte de livros que compraram por vaidade intelectual, modismo ou só pra fazer volume, pegando pó na estante.
Grande parte desse tumulto causado adolescentes histéricas por qualquer coisa, nerds irritantes, geeks chatos e gente estressada comprando livros de colorir pra tentar deixar de serem estressados. Só que aí me estressam.
Os estandes interessantes como Companhia das Letras, L&PM, Nova Fronteira estavam lotados o que já me fazia desistir deles ao tentar me aproximar e os de quadrinhos, como Panini e Comix, por exemplo, tinham filas intermináveis, sem falar nas de autógrafos com adolescentes praticamente 'acampados' em busca do autógrafo do ilustre... Alguém-que-eles-vão-esquecer-no-ano-que-vem.
Nem grandes novidades, nem saldos imperdíveis, nem aquela coisa que você só poderia encontrar ali na feira, nem atrações interessantes à parte. Nada. Não sei se toda a área de alimentação estava um porcaria ou se eu dei azar porque comi numa instalação da tal da Texas Grill, cujo nome pressupõe carne, mas que tudo o que não tinha era carne, sem falar que a comida era absolutamente insípida e sem graça. Pra não dizer que foi uma completa porcaria, a parte infantil estava boa com bons preços e variedade. Pelo menos minha filha aproveitou bastante, ganhou uns livrinhos de colorir (para criança é totalmente aceitável e recomendável), alguns outros de historinhas e ainda viu uma apresentação teatral infantil.
De minha parte, a única coisa que vi, assim, que valeria a pena, que estava realmente mais em conta do que nas livrarias ou bancas foram quadrinhos de clássicos da literatura que, na última hora, aos 43 do segundo tempo, comprei dois exemplares, "Assassinatos da Rua Morgue" e "O Poço e o Pêndulo", ambos de Edgar Allan Poe.
Muito barulho, muito tumulto pra pouca coisa. Prefiro mil vezes a democrática Feira do Livro de Porto Alegre que tá ali, na praça, pra todo mundo chegar, ver comprar, curtir, aproveitar uns saldos, leva nomes relevantes, vai ter fila pra autógrafo, você entra se quiser e tal, mas me parece ainda, muito mais autêntica que este evento de um comercialismo impositivo como é a Bienal carioca, ou até mesmo, pra ficar aqui, a feira da Cinelândia, que é muito menos pomposa e talvez até mais interessante..
E toda aquela gente lá pro Brasil ser o país que menos lâ na América do Sul. Será que toda aquela gente com toda aquela sacolada de livros vai fazer isso mudar? Acho que não.


De qualquer forma vão aí alguns registros da Bienal do Livro no Riocentro:


A dentucinha mais querida do Brasil teve grande destaque e
foi alvo de grande disputa por fotos.



Estandes no espaço dedicado às crianças

Apresentação infantil na Bamboleio

O estande da Panini disputadíssimo
por causa de suas publicações de quadrinhos.

Sim, ele estava lá,
Tony Stark em sua armadura.

Estande da Comix. Fila interminável.


Em meio às vilãs.
Ah, tinha que valer a pena, não?






Cly Reis

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

cotidianas #391 - Ildo e a Porto Alegre que está se indo



Ildo, o garçom mais querido da cidade.
Não sou um andarilho de Porto Alegre. Já fui, não sou mais. O perímetro limitador do círculo casa-trabalho ajuda a isso. Mas não SÓ por isso. Cada vez mais desinteressada consigo, minha cidade vem ficando cada vez mais desinteressante para os outros. Políticas públicas burras, mal pensadas, não planejadas, intransigentes e corruptas a acinzentam diariamente. É resultado visível o atraso econômico, social e cultural a cada meio-fio sem pintura, a cada negócio de anos que fecha as portas, a cada buraco que aniversaria, a cada reestreia de peça teatral igual há 30 anos, a cada mão de via pública invertida sem por que. Não que deixe de circular e ir a lugares, teatros, museus, parques, shows, restaurantes, bares, etc. Faço; entretanto, em virtude de alguma atração ou programação prévia. Ir pelo prazer de ir, deriva, raramente.

Essa “desidentidade” que a cidade Porto Alegre (ou seria uma “des-cidade”?) vem sofrendo de mais de uma década para cá (assim como o Estado gaúcho, haja vista esse atual governo, a institucionalização do escapismo) com certeza é o que vem me afastando dela mesma. Adoro suas ruas, sua luminosidade subtropical, seu céu de azul paralelo 30, a beleza inequívoca de suas gentes, sua infinita e mal aproveitada capacidade intelectual. No entanto, de lugares, pontos-chave da urbanidade porto-alegrense, aqueles que são sinônimos e se confundem com a urbe, poucos se salvaram da despersonalização. Poucos, cabem nos dedos, mas existem. E a Lancheria do Parque é um deles, graças a Deus.

Por essas coisas que talvez somente Ele possa explicar (se quiseres, estou aqui de ouvidos atentos, combinado?), estávamos livres Leocádia, Carolina e eu antes do show de Caetano Veloso e Gilberto Gil, no Araújo Vianna, quase ali de fronte para a Lancheria. A conclusão foi óbvia: paramos antes na “Lanchéra” e depois “s’imbora pro show!”. Além do mais, fazia anos que cada um de nós não voltava lá. Desavisados de que um fato importante ocorreria dali a horas (menos de 48), sentamos no aperto das mesas e pedimos a um dos garçons mais novos xis e um balde de suco a preço de um copo cada um, como todo bom frequentador dali faz.
A emblemática Lancheria, de tão homogeneizada com o Bom Fim, com as imediações da Redenção, com a cidade de uma forma geral, parece existir ali desde que éramos ainda a Porto dos Casais (Não é essa a impressão que lhes dá também?). QG dos alternativos, cozinha dos moradores do bairro, ponto de encontro e turístico. Circulam ali jovens, velhos, crianças, hippies, punks, rajneeshes e até gente normal. E todo mundo convive todos os dias, como se o exótico não fosse exótico aos normais e como se os normais não fossem normais aos exóticos. Ou vice-versa. Essa naturalidade é tão mais democrática e simbólica do que qualquer protocultura de CTG nativista, muitas vezes segregadora e sexista. Uma Porto Alegre que tenta dar certo.

Histórias dali? Eu, como qualquer jovem porto-alegrense e roqueiro, tenho. Lembro de uma vez que, ainda redigindo meu livro "Anarquia na Passarela", estava com a bíblia punk “Mate-me, por Favor” a tiracolo para pesquisa. Lá pelas tantas, na mesa com alguns amigos meus, um frequentador, um cara vestido de forma simples mas com uma expressão nada simples – perturbada, pra ficar por aqui – vidrou no meu livro e veio até mim pedir-me emprestado enquanto eu permanecesse ali – e fez isso com toda a educação que podia, registre-se, até porque era evidente que queria MUITO ler o que desse e não podia correr o risco de receber de mim uma negativa. Claro que disponibilizei (não sou louco de negar pra um maluco daqueles!). Enquanto conversava com meus amigos, de vez em quando percebia o “colega” parar a leitura e virar devagarzinho não só para mim, mas para todos no bar, como numa panorâmica de filme de terror que antecede uma cena horripilante. Os olhos vidrados e um sorriso entre o sarcástico e o psicótico na boca. De arrepiar! Ficava imaginando e comentando na mesa: “que parte ele deve estar lendo pra ter essa reação?” Na hora de ir embora, mesmo com certo receio de pedir o volume de volta, tomei coragem e, em troca, fui até abraçado por ele num esfuziante agradecimento.

Coisas de Lancheria do Parque.

Pois uma dessas coisas peculiares ocorreu não naquela ida que nós três fizemos antes do show, mas logo depois. Espetáculo assistido, corações ainda pulsando, demos passos desnorteados pela Osvaldo Aranha em direção ao HPS pela quadra da esquerda. Ao passarmos pela Lancheria, brinquei:

- Vamos, então, na Lancheria? – num tom de como não tivéssemos feito isso a menos de quatro horas.

Já passos adiante da porta de entrada, Leocádia e Carolina param e respondem:

- Ué, por que não?

Voltamos. Para encerrar a noite com um derradeiro café e acalmar os ânimos daquele momento glorioso do qual vínhamos. Entramos no mesmo fuzuê de sempre: muita gente na porta, muita gente na frente do caixa, muita gente nos corredores estreitos, todo o tipo de gente sentada tomando uma ceva, comendo um lanche, mandando ver num suco. Nós queríamos um simples café. Já nos bastava.

Naquela mesa lá do fundo, aquela encostada na escadinha que dá para a cozinha (a mesma em que vi Nei Lisboa certa vez, sozinho e de porre), sentamos e enxergamos no cardápio a palavra que queríamos encontrar: “Café”. Estava completo nosso fechamento da noite. Até estranhamos nós, que não voltávamos lá fazia anos, estarmos ali pela segunda vez no mesmo dia... Quem veio nos atender? Não o mesmo garçom de horas atrás, mas o Ildo. Ele, que seria dali a menos de 48 horas o tal fato importante ao qual me referi. Pedi-lhe três cafés e ele, na sua simpatia de sempre, desculpou-se:

- Puxa, meu amigo, vou ficar te devendo. A essa hora a gente não serve mais café.
Entreolhamo-nos e, antes de nos esboçarmos frustração, Ildo largou uma joia:

- Café a essa hora só na Rodoviária!

Sim: em Porto Alegre, cujos atrasos e intransigências não preciso repetir, café àquelas alturas só mesmo na deslocada Rodoviária. Não falo de uma desértica madrugada de domingo, mas de um horário antes da meia-noite de uma agitada sexta-feira. Contudo, não ficamos chateados com o Ildo, afinal, a própria Lancheria fecharia dali a 15 minutos. De resto, é mais uma nesse poço que a cidade e seu comércio, por consequência, se meteu. Nem um local de circulação garantida 24 horas por dia com ali resiste ao empobrecimento social, econômico e cultural dos melancólicos dias atuais da metrópole gaúcha. Segurança? Hábito? Invalidade da demanda? Não sei; só sei que saímos com mais uma desgostosa confirmação da cidade onde vivemos.

Afora isso, Ildo, simpático e espirituoso, nos deu ao menos uma sensação de acolhimento, mesmo sem os cafés. Tentei argumentar, em vão, e foi então que ele completou com algo que me marcou. Simbólico por demais o diálogo:

- É que a gente teve aqui mais cedo, e agora só voltamos pra tomar um cafezinho – disse eu, ao que ele me responde:

- Eu sei que vocês tiveram aqui. Eu conheço todo mundo.

Tinha essa sensação de acolhimento na infância no antigo Naval, no Mercado Público, sobre o qual já falei noutra crônica. Paulo Naval e Mauro, os eternos garçons de lá, nos recebiam, desde guris, com esse mesmo espírito atencioso, honesto e alegre, invariavelmente com brincadeiras comigo ou com meu pai, com quem ia sempre. Era nítida a percepção de que eles, igualmente a Ildo, conheciam “todo mundo” que passava por ali. Embora de épocas diferentes em minha vida, ambos os estabelecimentos carregam o mesmo clima de um lugar que você entra e se sente bem. Digo sempre que a Lancheria, especificamente, é tão legal que não tem nada de especial: não há um prato campeão de concurso gastronômico, uma bebida conhecida da casa, nada suficientemente marcante de sua cozinha ou geladeiras que justifique tamanha fama. O legal da Lancheria é a Lancheria. E ponto. A atmosfera; o movimento; a luz branca forte; a permanente fila do banheiro feminino; a comida indigesta que passa o dia inteiro próximo à porta que dá pra avenida; a visão da Redença quando se está dentro.

E pessoas como o Ildo, ele, símbolo desse ambiente, desse universo. Ildo estava, sim, sempre de olho em tudo e sabia quem entrava e quem saía, por anos a fio, dia a dia. Até que resolveu dignamente recolher de vez o guarda-pó, o boné e o paninho úmido no armário.

Ildo está indo embora.

Soube pela Carolina, no dia seguinte, que Ildo se despediria da Lancheria, dos fregueses e amigos no último dia 30 de agosto. Estava explicada nossa misteriosa segunda ida na noite anterior. Uma comoção bonita na cidade a fez ganhar quase esquecidas cores de beleza e sinceridade, abafando um pouco o cinzento cotidiano. Ildo recebeu centenas de pessoas, que foram se despedir dele num domingo de sol quente em temperatura e afetividade. Mal trabalhou: ficou ali tirando fotos e selfies, dando entrevistas, brindando com a cerveja que era acostumado a servir. Recebendo o destaque que alguém como ele raramente recebe. E que bom que numa época como a de hoje alguém com ele receba. Vendo a mobilização, uma amiga postou no face algo como: “às vezes, ainda creio na humanidade”.

Não fui à despedida oficial do Ildo. Nosso último encontro dentro da Lancheria valeu como uma. Informal, como ele sempre agiu com todos que atendia. Afinal, não acredito (e é aí que Tu entras, viu, Deus?) que aquele improvável e até mal explicado retorno nosso à Lancheria, quase à meia-noite, como que empurrados para retroceder os passos que já dávamos adiante, tenha sido uma coincidência. Foi algum toque dos deuses do Bom Fim (Scliar, Nêga Lu, RöhneltNico, Hartlieb), das forças míticas oswaldeiras que nos puseram lá de novo para sermos atendidos pela derradeira vez por Ildo. Justo por ele entre tantos garçons. Definitivamente, não era o café que nos aguardava. Era ele, para um último aperto de mão engendrado pelo destino.

Embora sutil e desavisada, foi uma despedida como a que não pude ter com Paulo e Mauro do Naval: quando voltei lá, uma nave espacial clean e carioquesada havia aterrissado sobre o verdadeiro boteco. Mas a Lancheria do Parque permanece lá, orgânica e resistente. Mesmo sem o querido Ildo. Diferente de lugares como o próprio Naval, irremediavelmente solapados pela nossa “desidentidade/des-cidade”. Não sou um andarilho de Porto Alegre; já fui, como disse. Mas bem que vale a pena às vezes circular, mesmo numa cidade que está se indo a olhos vistos. E pior: sem a integridade com que Ildo o fez.





segunda-feira, 26 de agosto de 2019

ClyBlog 11 anos. Parabéns para nós!

O tempo passa... É, parece que foi ontem que começamos um blog meio sem saber o que queríamos, como fazer, o que colocaríamos nele e, hoje o nosso ClyBlog chega a seu décimo primeiro ano. Uma trajetória muito positiva que nos fez crescer junto com o blog. Crescer em conteúdo, conhecimento, ousadia, ambição, em criatividade, em qualidade. A plataforma que meramente nos propiciava a exposição de nossas produções criativas, escritas, visuais, gráficas ou quaisquer outras que pudessem se manifestar, nos possibilitou o reconhecimento destas manifestações artísticas em publicações literárias e gráficas, valorizando, sobremaneira, o conteúdo publicado no blog. Se antes utilizávamos nosso espaço para, humildemente, expormos nossas impressões pessoais sobre música, cinema e outros assuntos de nosso interesse, hoje, parceiros, amigos e convidados altamente qualificados se juntam a nós, alguns de forma constante e outros eventualmente, em ocasiões especias, dando suas colaborações nas mais diversas seções do nosso veículo, sempre demonstrando imensa satisfação em fazer parte do nosso projeto.  Além disso, as vivências e experiências de eventos, espetáculos, viagens, passeios, foram ampliadas trazendo mais variedade, informação e imagens em canais específicos para cada segmento. Ou seja, de 2008 para cá, o ClyBlog está cada vez melhor e mais interessante.
E tudo isso só se deve ao fato de que nós, as cabeças do ClyBlog, Daniel Rodrigues e eu, Cly Reis, continuamos pilhados, sempre estimulados, sempre a fim de fazer algo legal, algo diferente, acrescer qualidade, novidades, conteúdo instigante, coisas que sejam legais para o leitor, visitante ou seguidor porque seriam legais para nós. É isso que  fez com que o ClyBlog chegasse até aqui,aos 11 anos, e fará com que siga em frente, se depender de nós, ainda por muito tempo.
Nesses 11 anos tivemos um monte de coisas bacanas no ClyBlog: fomos a shows e contamos como foi, viajamos por diversos lugares e relatamos as experiências, fomos selecionados para publicações, , participamos de outros espaços em outras plataformas, tivemos convidados importantes escrevendo no ClyBlog... Enfim, foram muitos bons momentos. Não dá pra colocar todos aqui, afinal são 11 anos, mas dá pra destacar alguns. Assim, lembramos aqui um momento para cada ano desde o início do ClyBlog.



2008
Madonna no Maracanã - No ano da criação do ClyBlog, um dos momentos marcantes foi a volta da Rainha do Pop a terras brasileiras. A expectativa era grande mas o show não foi lá essas coisas. Mesmo assim, relatamos tudo, num dos primeiros ClyLive, a seção de shows do ClyBlog.

Madonna, show de constrangimentos
Vi no filme "Na Cama com Madonna" o trechos da turnê Blonde Ambition e fiquei fascinado. Quis ver aquilo! No entanto a turnê seguinte, que acabou passando pelo Brasil, foi a Girlie Show, que apesar de não ser tão boa quanto a anterior, de não ter os figurinos do Gaultier nem a performance libidinosa de "Like a Virgin" foi um belo espetáculo e me proporcionou boas surpresas.
Anos depois resolvi ir ver novamente a Madonna ao vivo pelo mero fato de ser a Madonna. Sabia já que o álbum "Hard Candy" era um horror porém guardava a expectativa de que o show, o espetáculo, o tudo, valesse a pena.
Olha, foi um circo do lamentável (...) Leia mais...




2009
Viagem ao Velho Continente: Em 2009, tive a oportunidade de ir à Europa e visitar algumas das cidades mais famosas do mundo e alguns dos destinos turísticos mais procurados. Estive em Paris, Londres, Roma, Florença e Veneza e, é claro, tudo foi para no ClyBlog, na nossa seção Arquivo de Viagem.

ARQUIVO DE VIAGEM: Europa
Aeroporto, mala, poltrona desconfortável, sono ruim, hotel, informações e é em inglês, em italiano e é em francês, e dá-lhe fotografia, fotografia, fotografia, e de novo hotel, e outro dia mais fotografia, e tome outro aeroporto, ou estação de trem, ou táxi, e outro hotel, e mais foto, foto, foto... É, isso é viajar! Mas é bom! E principalmente para a Europa que era uma antiga aspiração. O roteiro? Londres, Paris, Roma, Florença e Veneza.
A primeira parada, a terra da Rainha, que mais do que todas as outras eu tinha uma enorme vontade de conhecer por causa principalmente de toda a atmosfera rock do lugar, por causa das bandas que admiro ou mesmo por toda a influência musical e comportamental que exerce sobre grande parte do mundo, não me decepcionou (...) Leia mais...
LONDRES: Passeio por LondresFabric,  The Telegraph Pub
PARIS: Paris
ROMA: Roma
FLORENÇA: Florença
VENEZA: VenezaJazz em Veneza - Bàccaro Jazz



2010
Internacional Bicampeão da Libertadores - Neste ano, tive a felicidade de presenciar o segundo título de Libertadores da América do meu time do coração, o Sport Club Internacional, in loco, no Beira-Rio. E, como não podia deixar de ser, documentei a noite mágica do Bi da América para o ClyBlog.

Era uma vez na América (ou melhor, DUAS vezes)

Eu tinha assistido à semifinal contra o Olímpia em 89. Eu estava lá no Gigante. Não, não podia acontecer de novo.
Quando os mexicanos do Chivas fizeram o primeiro gol do jogo aquele filme de terror me veio à cabeça. E eu lá de novo. Seria EU o culpado? Teria, EU, me desbarrancado do Rio de Janeiro a Porto Alegre, sem ingresso na mão, desembarcando 4 horas antes do jogo, conseguido incrivelmente a tal entrada, tudo isso para EU dar azar pro eu time? (Torcedor pensa cada coisa, não?) Mas por certo não fui só eu. Outros devem ter pensado que aquilo estava acontecendo porque não usaram a mesma cueca, não conseguiram sentar no mesmo lugar no estádio, porque não seguiram determinados rituais, ou sabe-se lá mais o que; mas de todos estes não sei quantos ali haviam presenciado a maior "tragédia" do Beira-Rio. E eu estava lá (...) Leia mais...
Inter x Chivas
Museu do Inter




2011
"Screamadelica", do Primal Scream, ao vivo na íntegra - Enquanto na Cidade do Rock, rolava o Rock in Rio, com todas suas estrelas e nomes badalados, no Circo Voador, na Lapa, bem menos incensado, um dos discos mais importantes dos anos 90 e da história do rock era tocado na íntegra por uma das bandas mais influentes do pop rock britânico. O Primal Scream, liderado pelo dissidente do Jesus and Mary Chain, Bob Gillespie, celebrava o vigésimo aniversário de lançamento do álbum "Screamadelica" com um show sensacional que foi ainda mais especial uma vez que assisti na companhia de meu irmão, Daniel Rodrigues, que andava pelas bandas do Rio de Janeiro naquele momento. A cúpula do ClyBlog, curtindo junto um show tão especial como esse, só podia ser um dos grandes momentos de 2011.


Primal Scream - "Screamadelica 20th Anniversary Tour" - Circo Voador - Rio de Janeiro (23/09/2011)


Nesta última sexta-feira aconteceu a primeira noite de apresentações do Rock in Rio... Bom, e dai?
Azar de quem foi à tal Cidade do Rock e não estava na Lapa, como eu, delirando com o show da turnê de aniversário de 20 anos do álbum "Screamadelica" do Primal Scream.
Que Rock in Rio que nada! O verdadeiro rock no Rio de Janeiro estava acontecendo lá no Circo Voador. E se toda a cidade estava mobilizada para assistir às rihanas cláudiasleittes da vida, ali na Lapa, um pequeno grupo de fieis assistia a um show histórico, que diga-se de passagem, foi, com louvor, proporcionado por eles mesmos, que num esforço incomum fizeram trazer ao Rio uma atração que estava praticamente descartada para cá (...) 
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2012
O punk e a moda - 2012 marca o lançamento do livro "Anarquia na Passarela - A Influência do Movimento Punk nas Coleções de Moda", do irmão e parceiro de blog Daniel Rodrigues, como um dos fatos mais importantes daquele ano no ClyBlog. Um estudo profundo e criterioso sobre a música e a moda caminhando juntas, sem cair na chatice ou na mesmice com uma linguagem fácil e dinâmica. Eu posso até ser suspeito para elogiar por ser irmão, mas acho que o júri do Prêmio Açorianos, que consagrou o livro como melhor ensaio de literatura e humanidades tem isenção o suficiente.

"Anarquia na Passarela - A Influência do Movimento Punk nas Coleções de Moda", de Daniel Rodrigues (Ed. Dublinense, 2012)

(...) O livro é uma caixa de som! Sai música dele. Mas não só isso: dá vontade de usar aquela calça rasgada no joelho, de usar aquele bracelete de couro, uma camisa com dizeres desaforados...
Ele é extremamente bem fundamentado, estudado, repleto de referências, citações, com alto grau e profundidade de pesquisa mas passa longe de ser pedante e cansativo. Ele flui. Flui muitíssimo bem. 
Consegue conjugar um gosto pessoal musical, inequívoco e indesmentível, com muita informação, embasamento teórico e análise detalhada e  numa proporção perfeita e exata de modo a tornar a leitura absolutamente agradável e sempre interessante (...) Leia mais...

Anarquia em Porto Alegre - Noite de autógrafos de Daniel Rodrigues - Pinacoteca Café



2013
Álbuns Fundamentais Especial de 5 anos do ClyBlog - O quinto ano do ClyBlog foi marcado por uma série de comemorações e publicações especiais. Uma delas foi a participação especialíssima do ex-Replicante, Carlos Gerbase, na seção ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, falando sobre o cultuado disco de estreia da banda "O Futuro é Vortex". Tinha alguém mais autorizado a falar sobre o assunto?

Os Replicantes - "O Futuro é Vortex" (1986)

A palavra “Vortex” já significou muitas coisas na minha vida. Meu primeiro encontro com ela foi em meados dos anos 70, numa máquina de fliperama, aquelas antigas, de bolinha, imortalizadas no musical “Tommy”.  Os desenhos da máquina eram futuristas, misturando sexo e violência em doses perfeitas para a adolescência.  Na minha interpretação, esses desenhos representavam um planeta distante, cheio de monstros e mulheres maravilhosas. Eu jogava e, mesmo perdendo as cinco bolas rapidamente, curtia o visual (...) Leia mais...






2014
Copa do Mundo Rock - Era ano de Copa e o ClyBlog resolveu fazer a sua Copa do Mundo também. Só que a nossa foi uma Copa do Mundo Rock. Isso mesmo! Música contra música para descobrirmos qual a melhor obra de determinado artista. Em 2014 três bandas tiveram suas competições, The Cure, uma das favoritas dos donos do blog, Legião Urbana, também uma das nossas queridinhas, e, nada mais nada menos que os maiores de todos, os Beatles. "Comentaristas", jurados convidados decidiam os confrontos que eram sorteados e avançavam de fase, afunilando até a grande final. Foram copas com definições diferentes: resultado incontestável, favorito ganhando, decisão apertada... Enfim, um grande barato essa experiência músico-futebolística na qual quem ganhou, mesmo, foi quem acompanhou.

Copa do Mundo Rock

Qual a melhor maneira de escolher a melhor música de uma banda?
No clyblog a gente escolhe no mata-mata.
Vai começar a Copa do Mundo Rock (...)







2015
Tributo a Bukowski - Uma das coisas legais de 2015 foi outro acontecimento literário. Fui selecionado, com um conto, para integrar a coletânea "Big Buka", homenagem a Charles Bukoswki, escritor pelo qual tenho grande admiração, o que tornou ainda mais especial minha inclusão na publicação.

“Big Buka: para Charles Bukowski”, organização: Afobório (Vários Autores) - ed. Os Dez Melhores (2015)

A proposta nasceu ousada: homenagear o norte-americano Charles Bukowski , escritor de forte influência a vários outros, de grande apelo com o público e dono de um estilo muito peculiar, que vai da crueza de mau gosto e a putaria à mais doce beleza sentimental. Um homem que, por detrás da obscenidade e da contundência, era extremamente profundo, poético e comprometido com suas verdades. Assim, a coletânea "Big Buka: para Charles Bukowski" (ed. Os Dez Melhores, 2015), da qual soube do projeto ano passado, encarou o desafio de reunir dez textos que remetessem ao universo de Bukowski tanto em temática quanto em estilo. Para que tal funcionasse, contudo, os contos deveriam ser muito bem selecionados, uma vez que o risco de não corresponder à altura do mestre tornava-se um erro fácil de cometer (...)




2016
Juntos no mesmo livro - Eu já havia sido selecionado para algumas coletâneas de contos, Daniel já tinha seu próprio livro solo, mas em 2016, pela primeira vez integraríamos uma mesma publicação. Por meio de uma seletiva da editora Multifoco, contos nossos vieram a ser escolhidos para a antologia "Conte Uma Canção, vol. 2", que tinha como proposta a ligação do conto com determinada música. Posteriormente, naquele mesmo ano, promovemos um pequeno sarau, na sede da editora, no Rio de Janeiro, onde lemos nossos contos para convidados.

“Conte uma Canção – vol. 2”, organização Frodo Oliveira e Marla Figueiredo (Vários autores) – Ed. Multifoco (2016)

O Clyblog tem o orgulho de anunciar que mais uma vez nós, os editores-chefes deste espaço, Daniel Rodrigues e eu, Cly Reis, temos contos selecionados para publicações coletivas (...) Leia mais...

Já está nos pontos de venda a antologia “Conte uma Canção – vol. 2”, pela editora Multifoco, da qual meu irmão e editor deste blog, Cly Reis, e eu, subedidor, fazemos parte com um conto cada um. O livro teve lançamento no último dia 30, durante a 24ª Bienal do Livro de São Paulo, no Anhembi (...) Leia mais...

A ocasião era oportuna: meses após o lançamento da antologia "Conte Uma Canção - vol.2", da editora Multifoco, na qual participamos meu irmão Cly Reis e eu cada um com um conto, estaríamos juntos no Rio de Janeiro, sede da editora. Então, por que não fazermos um encontro que abordasse isso? Foi o que aconteceu no dia 16 de dezembro. A partir de uma ideia de Leocádia Costa, que nos deu o privilégio de fazer as honras, realizamos um sarau de leitura de ambos os contos no bistrô da própria Multifoco, na Lapa (...) Leia mais...





2017
Museu Nacional -O destaque de 2017 fica por conta da nostalgia, da lástima, da saudade, da falta que faz... Naquele ano eu visitava mais uma vez o Museu Nacional, recentemente devorado pelas chamas do descaso em um trágico incêndio, e o fazia, na ocasião, para o ClyBlog trazia, na ocasião o registro de seu acervo, sua beleza e importância. 

Museu Nacional / UFRJ - Rio de Janeiro / RJ

(...) Desta vez visitamos o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, prédio histórico que serviu à Família Imperial brasileira no séc. XIX, que esteve meio abandonado, meio largado mas que agora, embora não na plenitude de suas condições, apresenta boas condições de visitação e um acervo muito significativo e em bom estado. O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, é voltado à pesquisa científica, histórica e antropológica possuindo um acervo valiosíssimo em todos os seus segmentos. Possui, por exemplo, significativos fósseis de procedências diversas; registros materiais humanos de datas remotas; artefatos e relíquias de civilizações de diversos sítios; múmias de altíssimo valor histórico em ótimo estado de conservação; grande variedade de amostras animais e geológicos; e itens impressionantes como é o caso do meteorito encontrado na Bahia em 1784 exposto orgulhosamente logo na entrada do circuito (...) Leia mais...



2018
ClyBlog 10 anos - O décimo ano do ClyBlog foi comemorado com entusiasmo e durante os 12 meses do ano tivemos atrações em todos nosso segmentos, com diversos e qualificadíssimos convidados especiais em todas as áreas, como, entre outros, o diretor de teatro Cleiton Echeveste falando sobre Andrei Tarkovski, o fotógrafo Wladimyr Ungaretti apresentando-nos suas imagens que estimulam a imaginação, o ex-DeFalla Castor Daudt relatando um fato curioso com um ex-integrante do Joy Division e o músico Lucio Brancatto, inovando e destacando cinco discos de uma vez só num Super-Álbuns Fundamentais. Isso é que é aniversário. Assim vale a pena ficar mais velho.

Especiais de 10 anos no ClyBlog

Não é toda hora que se comemora dez anos, não é? E tratando-se de uma marca tão especial,conforme já adiantamos, 2018 terá uma série de atrações e participações especiais em várias seções do nosso blog. Convidados contarão histórias e desfilarão poesia nas nossas COTIDIANAS; falarão sobre seus discos preferidos e marcantes nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS; sobre grandes obras da literatura no LIDO; clássicos da sétima arte no CLAQUETE; mostrarão sua visão do mundo pelas lentes de suas câmeras na seção CLICK; e suas criações no CLYART; enfim, todos os nossos espaços estarão abertos às valiosas contribuições de nossos talentosos amigos. Então, fiquem ligados porque a partir de fevereiro, a qualquer momento poderá pintar uma das publicações especiais de 10 anos do ClyBlog. Posso garantir que vem coisa muito legal por aí.



2019
"Meia-Noite: Contos da Escuridão" -E 2019 ainda está na metade e já temos coisa boa: assim como em 2016, a pareceria se repete e Daniel e eu integraremos juntos novamente uma antologia de contos. Fomos recentemente selecionados para a coletânea "Meia-Noite: Contos da Escuridão", do selo Fantastic da editora Autografia, e teremos uma história arrepiante de cada um na publicação que será lançada daqui a alguns dias, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Além do aniversário, mais um motivo para comemorar.
Abaixo, matéria publicada no site Literatura RS sobre nossa participação na publicação.


Irmãos integram coletânea de contos de editora carioca
Dois autores gaúchos, os irmãos Daniel Rodrigues e Clayton Reis, foram selecionados para integrar a coletânea de contos de terror Meia-Noite: Contos da Escuridão, publicada pelo selo Fantastic da editora carioca Autografia. Organizada pelo editor Frodo Oliveira, a obra contou com processo seletivo no qual concorreram autores de todo o Brasil. Dentre os contos selecionados, estão Clichês, de Reis, e O Monstro do Armário, de Rodrigues. O livro será lançado em sessão de autógrafos no dia 4 de setembro, às 13h30min, durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no estande da editora (Pavilhão Verde, R32). Na ocasião, ambos os autores estarão presentes. (...) Leia mais...



ClyBlog 11 anos
Obrigado a todos os seguidores, amigos,
colaboradores e parceiros
que participam, visitam ou nos acompanham
nestes 11 anos de existência.




Cly Reis

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

“Poesia Total”, de Waly Salomão – Ed. Companhia das Letras (2013)


Where's Waly?
por Leocádia Costa




“Nascer não é antes, não é ficar a ver navios,
Nascer é depois, é nadar após se afundar e se afogar...” 
Waly Salomão,
trecho do poema “Sargaços”


“Que o leitor, livre dos lugares-comuns, possa agora,
perambular livremente entre as falanges das máscaras que povoam
os libanos de sonho da mente régia de Waly Salomão,
um dos poetas mais originais e vigorosos do nosso tempo.” 
Antonio Cícero





            Cada vez que escuto uma canção ou sua voz falando verborragicamente sobre algum tema, paro. Ler não é a mesma coisa. Parece que a voz de Waly Salomão ou a sua poesia transformada em canção tem que estar no volume máximo. Assim, daquele jeito que o coração dispara, os olhos se fixam no interlocutor e a mente divaga.
         Sempre uma cena mágica abre-se com sua presença. Ora pela risada estrondosa, ora pelo seu porte de Rei Salomão. Lá de cima, com o limite cacheado dos cabelos, observa com muita acidez o que ocorre nas entrelinhas da sociedade. E não perdoa. Solta as palavras como leões ferozes, coreografados como se fossem um cardume infindável de peixes dançarinos em nossa frente, chamando a atenção, hipnotizando.
Waly sempre intenso,
escrevendo ou falando
       Confesso que o conheci por vias tortas. Explico. Custo a perceber as autorias, e olha que minha desatenção já foi pior. Só quando alguma composição me toca é que mergulho nos créditos, senão deixo um espaço livre para que as informações que valem a pena se fixem. Talvez uma forma de backup saudável em tempos que tudo interessa, tudo é cool, tudo deve ser fixado, aprendido numa mente que não pode ser ampliada com acréscimos de memória eletrônica. Afinal “A memória é uma ilha de edição”, não?
            Não soube da existência e paradeiro de Waly por muitos anos. Tempo demais, mas que me permitiu escutá-lo numa palestra em Porto Alegre na Usina do Gasômetro, junto com a minha irmã, em 1998. E lá estava Waly, ocupando um dos lugares na mesa, o homem das Artes múltiplas, dos dizeres não-óbvios, das filosofias vãs e das frases sem comprometimento com o dever de dizermos o que deve ser dito. Diga você o que quiser, mas escute também o que vier. Dali em diante prestei atenção nele. E descobri muito lentamente onde ele estava morando. Em quais espaços estava presente. Desde então sempre quis saber por “Onde estava o nosso Waly?” como se um mapa sinônimo da personagem Wally criado pelo ilustrador americano Martin Handford pudesse avistá-lo, numa terra à vista, em meio a tantos cacarecos desnecessários à essência humana. Afinal é fundamental selecionar o que queremos receber, privilegiar aquelas produções que sejam sintonizadas conosco, abrir espaço para aquilo que nos desacomoda. A vida sem desafios torna-se muito tediosa e improdutiva.
Waly era assim, desafiava a todos, começando por si próprio. Não poupava os seus compatriotas, não poupava sua nação de escutá-lo. Baiano, filho de Xangô e virginiano (“Eu deliro, mas tenho os pés no chão porque sou de virgem”) sempre esteve ligado aos coletivos.  Gostava de dizer: “Chega do papo furado de que o sonho acabou: A Vida é Sonho. A Vida é Sonho. A Vida é Sonho.” como um cale-se a quem dizia que o sonho havia acabado, gerando uma onda de baixa estima a tudo que fosse revolucionário. Irreverente, sempre. Múltiplo também. Porque dizer algo que não tenha um pouco de poesia, humor e sarcasmo misturados? De origem síria, não escondia suas raízes “estrangeiras”, mas também sua relação com essa pátria em que todos vivemos paridos pelo caos. Isso não o assombrava: o que seria diferença para outros, para ele era semelhança.
            Lemisnki dizia que Waly “se não chegou a se tornar tudo, foi muitas coisas”. Isso, claro, para a nossa sorte que bebemos um pouco de lucidez através da sua poesia. Entre 1970 e 2000, Waly atuou como poeta, ensaísta, letrista, articulador cultural, diretor de espetáculos, artista visual e homem público. Dirigiu entre outros o espetáculo “FA-TAL – Gal a todo vapor”; de Gal Costa, esteve na Direção da Fundação Gregório de Matos de Salvador e coordenou o Carnaval da Bahia. Seus poemas foram musicados por muitos artistas, entre eles: Caetano VelosoGilberto GilJards MacaléJoão Bosco e Adriana Calcanhoto.
            Depois de 11 anos da sua passagem, em 2003, a editora Companhia da Letras lançou com a bênção dos herdeiros a poesia completa de Waly, “Poesia Total”. Cada vez que a família de algum artista faz essa ação de compartilhar de forma organizada e acessível à obra de quem não pode mais decidir sobre publicações, sinto-me esperançosa. As publicações são formas de perpetuar a obra de um artista, daí meu agradecimento pela reunião da produção do artista.
            Ali estão os poemas e as reflexões de Waly. Minhas prediletas são os poemas que viraram canções: “Vapor Barato” com Gal; “Mal Secreto” com Jards; “Mel” e “Cobra Coral”, ambas na voz de Caetano Veloso; “Fábrica do Poema”, em homenagem à arquiteta italiana Lina Bo Bardi, a hipnótica “Pista de Dança” e a recente “Teu nome mais secreto”, todas na voz de Adriana Calcanhoto; “Zumbi (A Felicidade Guerreira)” e “Ganga Zumba (O Poder da Bugiganga)”, que encantam no filme “Quilombo”, na voz de Gil; a descontraída e pontual “Assaltaram a Gramática”, musicada por Lulu Santos e gravada por Paralamas do Sucesso; “Memória da Pele”, musicada e gravada por João Bosco e outros poemas dedicados em pura palavra-sentimento a Solange Farkas, in memoriam à Lygia Clarck e a Luiz Zerbini, além do amoroso poema “Mãe dos Filhos Peixes” a sua Yemanjá: Martha.
            Waly, diferente da personagem americana que tem em seu protagonista um jovem adolescente, cresceu. Ele que diz: “Tenho fome de me tornar em tudo que não sou”, porém soube ser muitos sendo um só. Amadureceu cedo demais. O poeta Alexei Bueno comenta uma obra de Waly, “Lábia, 1998”, sua retomada cortante e límpida com as palavras, mais adiante na resenha diz que está na sintaxe sua mais poderosa característica. Senão isso, talvez a clareza e a assertividade de pensamento fazem de Waly um poeta que nos deixa suspensos numa ponte pênsil a cada palavra dita. Em Desejo&Ecolalia, de 1995, ele diz: “O que é que você quer ser quando crescer? Poeta polifônico”. E foi assim que ele nos alcançou em meio ao caos pertinentes da mesma pátria em que vivemos.




O "Pocket Waly", apresentado na
60ª Feira do Livro de POA
            Ainda no ano passado, uma dupla de músicos, Thiago Pirajira e Ricardo Pavão, levaram sua poesia em canção em plena Feira do Livro de Porto Alegre – 60ª edição no “Pocket Waly”. A performance sonora misturava canções e dizeres de Waly e lotou a Tenda de Pasárgada, tradicional palco para apresentações montado durante a Feira. Waly estava ali cintilando de dourado e negro em meio aos violões e vozes. Podia ver-se Waly vestido num parangolé pamplona junto com Oiticica, enfeitado de muita sensibilidade e delicadezas que ele possuía igualmente a sua capa de devaneio concreto. Vivo.
           Se você nunca esbarrou na obra de Waly Salomão ou nem pensou em procurá-lo, mude de rota. Estabeleça uma meta e persiga-o incessantemente. Se conseguir alcançá-lo não desista nas primeiras leituras: siga sereno, mas constante. Leia, cante e diga em voz alta sua poesia. Aos brados retumbando suas frases você sentirá o que ele tinha internamente. Um vulcão prestes a explodir! E sabemos que as terras próximas aos vulcões são sempre as mais férteis, mas suas lavas podem queimar. Mesmo assim siga em frente, rompa essa fronteira. Se necessário queime-se, transforme-se. Vale a pena. 


Adriana Calcanhoto canta Waly