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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Copa do Mundo The Smiths - Finalistas


Chegou a hora da verdade!
Apenas dois chegarão à grande decisão.
Depois de uma longa caminhada eliminando terríveis oponentes, duas grandes canções de uma das maiores bandas de todos os tempos se enfrentarão na finalíssima a fim de definir qual delas é a maior de todas.
Para isso, nossos especialistas em The Smiths, José Júnior, Fernanda Calegaro, Eduardo Almeida e Patrícia Ferreira, junto a nós os editores do Clyblog, Cly Reis e Daniel Rodrigues, avaliaram os duelos de semifinais e definiram os dois classificados. Confira como cada um encarou cada jogo e decidiu os classificados:


  • GIRL AFRAID x THE QUEEN IS DEAD


Eduardo Almeida
Muitos dizem que essa seria a final, mas o chaveamento fez com que se encontrassem na semifinal. O jogo é equilibrado. Duas equipes com torcida grande, e muita qualidade das equipes. Muitas chances de lado a lado. Bolas na trave. Pênalti perdido por GIRL AFRAID. Gol anulado de THE QUEEN. Final de jogo: 0 X 0. Disputa de pênaltis. GIRL AFRAID é mais eficiente nas cobranças, e elimina a rainha. GIRL AFRAID 0 (5) x 0 (4) THE QUEEN IS DEAD
GIRL AFRAID classifica

Patrícia Ferreira
The Queen ganha. 4× 1.
THE QUEEN IS DEAD classifica

Daniel Rodrigues
Para aqueles que pensavam que seria um jogo aberto de dois times que vão pro ataque, o que se viu dentro das quatro linhas foi o contrário. Respeito. Muito respeito dos dois lados. Afinal, times bastante sólidos e bem estruturados que se equiparam. Qualidade não faltou, mas as defesas trabalharam tão bem que teve, bem dizer, uma chance clara pra cada lado. 0 x 0, prorrogação e pênaltis. Nas penalidades, “Girl” erra uma cobrança, até bem batida, mas o goleiro de “The Queen” acertou o canto e defendeu. Final: 5 x 4 nos pênaltis, e “The Queen” na final!
THE QUEEN IS DEAD classifica.

Fernanda Calegaro
Girl afraid 3x2
GIRL AFRAID classifica.

José Júnior
Girl Afraid e The Queen is Dead entram em campo em um jogo maduro, sem cartões, num duelo de vitoriosos. O placar marca 2x2, até quando Morrissey canta "And the church - all they want is your money", marcando o gol da vitória.
THE QUEEN IS DEAD classifica.

Cly Reis
É o encontro do jogo cadenciado, equilibrado, bonito de Girl Afraid contra o estilo agressivo, ofensivo de The Queen Is Dead. "A Rainha" já parte pra cima tentando sufocar o adversário no seu próprio campo, mas aquele conjunto, aquele entrosamento todo de Girl Afraid se sobressai e desafoga o jogo com muita categoria. Apesar de toda a pressão e do ímpeto de TQID, numa jogada individual de Johnny Marr com aquela guitarra serpenteante e sedutora "A Garota", sem medo algum, abre o marcador. O adversário que já não alivia em circunstância alguma parte mias ra cima ainda, põe mais um atacante, tira volantes e num contra-ataque, no último minuto (ou no ultimo verso) toma mais um naquele lindo "I'll never make that mistake again...". 2x0.
GIRL AFRAID classifica


EMPATE NA DECISÃO


João Carneiro * (convidado para voto de desempate)
Pra mim, Girl Afraid ganha.
GIRL AFRAID classifica


pelo voto de desempate, GIRL AFRAID está classificada para a final.


***


  • WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? x THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT

Eduardo Almeida
Grande surpresa do campeonato, WHAT DIFFERENCE chega a essa semifinal cheia de moral. Começa a partida mostrando por que chegou até essa fase, colocando duas bolas na trave. Mas THERE’S A LIGHT marca no final do primeiro tempo, muito pelo conjunto da equipe. WHAT DIFFERENCE consegue marcar numa cobrança de falta aos 25 minutos, e se empolga, parte pra cima, e com um ritmo mais cadenciado, vira a partida aos 40 minutos. Cinco minutos não são suficientes para THERE’S A LIGHT empatar. WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? 2 x 1 THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT.
WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? classifica

Patrícia Ferreira
There is light that Never Goes Out ganha de goleada te What Difference Does It Make.
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT

Daniel Rodrigues
Se a outra semifinal era entre adversários parecidos, que vão pro ataque, esta aqui é ainda mais equilibrada em estilos de jogo. Canções de amor sem serem baladas, são canções pop rascantes e sentimentais. No melhor estilo Smiths. A paridade se reflete dentro de campo, com cada um marcando uma vez no primeiro tempo. No segundo, a força de “What”, entretanto, se sobressai, principalmente quando entra naquela hora do falsete de Morrissey, jogada que já fez a música vencer partidas em rodadas anteriores. Aqui, o expediente é fundamental para superar a escalada emocional de “There’s”, mesmo com aquela seção de cordas e o tecladinho “flauta doce”. Resolvido nos 90 minutos, mas por um detalhes de diferença. 2 x 1 para “What”, a outra finalista!
WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? classifica


Fernanda Calegaro
There's a light 5x4
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT classifica

José Júnior
What Difference Does it Make? tem feito um excelente jogo, mostrando que sabe driblar e empolgar a torcida. Mas There is a Light That Never Goes Out mantém sua luz contínua e manda um gol de cabeça, garantindo sua presença na final!
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT classifica.

Cly Reis
Jogo muito equilibrado! Outro daqueles que poderia tranquilamente ter sido a final. Dois times com muitas qualidades. Se WDDIM? mostra-se vulnerável em alguns momentos ("But now you make me feel so ashamed because I've only got two hands..."), é extremante agressiva em outros ("and you must be looking very old tonight") levando perigo ao gol de TIALTNGO que tem um estilo de jogo bem parecido mas chega mais vezes à área do adversário. A aparente fragilidade de There's A Light faz com que What Difference se jogue mais pra frente dando espaços e aí que "Os Iluminados" se aproveitam. Numa dessas, num contra-ataque, aos 32 do segundo tempo, There's a Light chega ao ataque e invade a área com perigo ao que o zagueiro de What Difference entra desgovernado como um ônibus de dois andares e comete o pênalti. O batedor de TIALTNGO bate com categoria e marca. 1x0. What Difference vai com tudo pra tentar o empate a começa a meter bola alta. Num desses levantamentos, um enrosco na área a bola sobra pro atacante de What Difference que chuta para o gol e o zagueiro de There's a Light se joga no frente da bola como se ela fosse uma bala de revólver e evita o gol. Os jogadores de What Difference reclamam que teria sido com o braço, o árbitro consulta o recurso de vídeo e confirma a decisão. Nada! Jogada legal. Placar final 1x0 para TIALTNGO.
THERE'S A LIGHT THST NEVER GOSES OUT classifica.

por maioria, "THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT classificada para final.


finalistas
GIRL AFRAID 
e
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Copa do Mundo The Smiths- definição das quartas-de-finais




Senhoras e senhores, que jogaços, hein! 
Só pedreira!
Não à toa convocamos uma equipe de especialistas para nos ajudar a descascar esse abacaxi.
O álbum "The Queen Is Dead" chega com três representantes  mas já sabe que não vai poder colocar todos nas semis pois dois deles se encontram e não é qualquer joguinho, não. São dois dos maiores clássicos da banda. Já 'Meat Is Murder" tem dois times nesta fase sendo uma delas a surpreendente "I Want The One I Can't Have" que veio comendo pelas beiradas e chegou entre as oito. Completam as quartas-de-finais a forte e competitiva "What Difference Does It Make?" representando o disco de estreia e o time entrosado e de futebol envolvente de "Girl Afraid" do álbum "Hatful of Hollow".
Pois então, amigos do ClyBlog, chegou a hora então de conhecermos os quatro semifinalistas e para isso, vamos então saber, um a um, como nossos técnicos encararam e definiram cada confronto das quartas-de-finais.
Vamos aos jogos:




*****



Chave 1
(jogos para José Júnior, Fernanda Calegaro e Cly Reis)


  • THE QUEEN IS DEAD x IWANT THE ONE I CAN'T HAVE


José JúniorI Want The One I Can't Have tem feito um ótimo jogo, mas The Queen Is Dead faz um gol de cabeça.
THE QUEEN IS DEAD classifica.

Fernanda Calegaro5x1 pra I Want The One I Can't Have.
I WANT THE ONE I CAN'T HAVE classifica

Cly ReisConvenhamos,... I Want Th One I Can't Have é legalzinha e tal mas já foi longe demais. Uma quarta-de-final e apossibilidade de chegar entre as QUATRO melhores dos Smiths tá muito pra bolinha dela. Ainda mais pegando The Queen Is Dead pela frente e aquele fúria avassaladora que invade o palácio e cospe na cara da monarquia. 3x0 molinho pra Rainha.
Pra mim, THE QUEEN IS DEAD classifica

Por maioria, THE QUEEN IS DEAD CLASSIFICADA


  • WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? x MEAT IS MURDER

José Júnior:What Difference Does It Make? entra no campo com vontade. Uma música que tem minha torcida. Mas confrontou Meat Is Murder, com um ataque mais eficaz (ataque ao governo, violência infantil, matança de animais).
MEAT IS MURDER classifica.

Fernanda Calegaro6x0 pra What difference does it make
WHAT DIFFERENCE DOES T MAKE? classifica

Cly ReisEssa sim é páreo duro. Times com boas qualidades e alternativas. Jogo decidido lá pelos 35 do segundo tempo numa bola parada. WTDIM? 1x0.
Para mim, WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? classifica

Por maioria, WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? CLASSIFICADA


***

Chave 2
(jogos para Eduardo Almeida, Patrícia Ferreira e Daniel Rodrigues)

  • THE BOY WITH THE THORN IN HIS SIDE x GIRL AFRAID

Eduardo AlmeidaOutro jogo digno de uma final. Equipes bem estruturadas. Atacam bem. Defendem bem. O jogo é bem movimentado, de tirar o fôlego. The boy marca logo no início. É dado o reinício do jogo, e no primeiro ataque, Girl empata o jogo. No final do primeiro tempo, Girl vira o jogo com um jogo mais cadenciado. O segundo tempo continua movimentado, e Theboy marca logo dois gols, virando a partida a seu favor. Mas Girl não desiste, e empata o jogo. Decisão por pênaltis. Cada time converte seu gol, mas o goleiro de Girl consegue agarrar a última cobrança de The Boy. Jogo dificílimo. Resultado final: THE BOY WITH THE TORN IN HIS SIDE 3 (4) X 3 (5) GIRL AFRAID
GIRL AFRAID classifica

Patrícia FerreiraApesar da popularidade de The Boy... o placar fica empatado 3x3 The Boy and Girl. Como não pode haver empate, nos pênaltis The Boy faz 4 a 3 em Girl Afraid.
THE BOY WITH THE THORN IN HIS SIDE classifica

Daniel Rodrigues: Jogo aberto, cheio de chances e gols. “The Boy”, com a imponência de clássico, de hit, marca 2. “Girl”, confiante e atrevida, empata. E vira! E “The Boy” empata de novo. Tudo isso nos primeiros 45 minutos! Que jogo, meus senhores amantes do esporte bretão, pois smithiano! Ambos mexem nos times no segundo tempo tentando conter o adversário. O jogo se transforma numa partida de respeito dos dois lados. Mesmo assim, cada time marca mais um gol. 4 x 4. Muito equilíbrio. Como ficará essa partida? Resultado: prorrogação com direito a gol de ouro. Tensão! Primeiros 15 minutos, nada. Até que, quase encerrando, numa bola lançada pro ataque, “Girl” entra pelo flanco e faz um cruzamento despretensioso da linha de fundo que bate no zagueiro adversário e engana o goleiro e vai parar mansa no fundo das redes. É aquele final surpreendente de “Girl”, que acaba acabando. Final: 5 x 4 para GIRL AFRAID, que classfica.

Por maioria, GIRL AFRAID CLASSIFICADA


  • BIGMOUTH STRIKES AGAIN x THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT

Eduardo Almeida: Bigmouth é daqueles times cheios de craques falastrões, tipo Túlio Maravilha, Romário, Dadá Maravilha. There´s a light é um time mais classudo, com jogares tipo Sócrates, Andrade e Falcão. Ótimos times, Cada um com seu ritmo de jogo. Bigmouth é mais acelerado, e de tanto atacar, marca um gol. O problema é que resolve segurar um pouco o jogo, e There’s a light, como quem não quer nada, numa ótima troca de passes de seus craques, empata a partida. Ambos os técnicos vão para o intervalo cheio de táticas para vencer o jogo. A correria de um, e a tranquilidade de outro. Tudo leva a crer em outra disputa de pênaltis, mas num descuido da defesa adversária, Bigmouth consegue um lançamento bem eficaz, e encontra um de seus artilheiros lvre para marcar o gol da classificação. Resultado Final: Bigmouth 2 x 1 There's a Light.
BIGMOUTH STRIKES AGAIN classifica

Patrícia Ferreira: There is a light...vs Bigmouth é um jogo MUITO difícil.
Mas There's a Light ganha.
THERE'S A LIGHT THT NEVER GOES OUT classifica

Daniel Rodrigues: Clássico do universo smithiano, é um jogo entre iguais: dois hits, duas faixas da mesma idade, do mesmo disco, com a mesma aura mítica. “Bighmouth”, mais atrevida, agitada, de toques rápidos. “There”, mais cadenciada, mas que sabe onde quer chegar. 1 x 1 até a segunda metade do segundo tempo, quando “There”, com seu estilo manso vai adensando seu jogo, principalmente quando entram aquelas cordas e aquele solo de teclado que mais parece uma flauta doce. Time que sabe as qualidades que tem. Com isso, “There” marca o segundo e fica em vantagem. Bigmouth”, como time grande que é, vai pra cima e cria diversas oportunidades. Bola na trave, defesaça do goleiro, gol perdido pelo centroavente que nunca erra. Não teve jeito. Não era dia de “Bigmouth” e “There” consegue uma vitória no sufoco no talvez mais difícil jogo até aqui da Copa Smiths. THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT classifica.

Por maioria, THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT CLASSIFICADA


***

Classificados para as semifinais:
THE QUEEN IS DEAD
WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE?
GIRL AFRAID
THERE'S  LIGHT THAT NEVER GOES OUT



quinta-feira, 26 de abril de 2018

Copa do Mundo The Smiths - A Grande Final


Definidos os finalistas na Copa do Mundo The Smiths!
A surpreendente Girl Afraid contra There's A Light That Never Goes Out, um dos hinos da banda.
E aí quem leva?
Pra ajudar nessa decisão (ou atrapalhar) vamos ouvir as duas para comparar time por time e sabermos qual é a melhor, aproveitando para relembrar o caminho de cada uma até a finalíssima. Quem essas duas grandes canções tiveram que derrubar para chegar até aqui. Só teve pedreira pelo caminho, hein!


***


  • GIRL AFRAID


primeira fase: Unloveable
segunda fase: What She Said
oitavas-de-final: That Joke Isn't Funny Anymore
quartas-de-final: The Boy With The Thorn In His Side
semifinal: The Queen Is Dead



  • THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT

primeira fase: Oscillate Wildly
segunda fase: How Soon Is Now?
oitavas-de-final: This Charming Man
quartas-de-final: Bigmouth Stirkes Again
semifinal: What Difference Does It Make?


domingo, 8 de março de 2009

PRESENTES

Fui adoravelemente agraciado nestes últimos dias com "mimos" do meu pessoal lá do Sul, mais especificamente meu irmão Daniel e meus primos coloradíssimos, Lê e Lucas.


Do meu irmão recebi pelas mãos da nossa "véia" um CD com tributos a Joy Division/ New Order e ainda do The Smiths do projeto The Strings Quarter Tribute que costuma fazer regravações deste tipo, adaptadas para violinos, de bandas de pop e rock.

Uma jóia!
A execução em cordas das canções do Joy só demonstram o quanto, na sua simplicidade, a banda compunha obras riquíssimas; e no caso do New Order mostra tudo que, eventualmente, algum sintetizador ou programação eletrônica pudessem ter vindo a esconder.
Quanto aos Smiths todo mundo sabe e nota o primor com que Johnny Marr sempre compôs cada melodia e esta qualidade só fica mais evidenciada com este tipo de interpretação.





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Dos primos recebi um maravilhoso livro que para nós da família Reis todo um valor emocional além do aspecto clubístico relevante, por se tratar de uma publicação sobre o S.C. Internacional.
Trata-se do livro "Rolo Compressor", do jornalista gaúcho Kenny Braga, que resgata a história da máquina de jogar futebol dos anos 40, no qual figurou com destaque o craque Adãozinho, nada mais nada menos do que nosso tio.
Não só por conta do tio Adão mas a leitura é deleitosa para qualquer apreciador de futebol e sobremaneira para um colorado.

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Adorei os presentes!
Obrigado.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

"(500) Dias com Ela", de Marc Webb (2009)





Fiquei, dia desses, lendo um jornalzinho destes de sinal de trânsito, bem impressionado com o que se dizia do filme “(500) dias com ela”. Comédia romântica fora dos padrões tradicionais, fugindo dos clichês, The Smiths fora o elo de ligação inicial do casalzinho, sem um final exatamente feliz. Ôpa! Me interessou.
Fui ver o filme e ele é legal, mesmo. Nada fora do comum, mas é lagal.
Um dos principais méritos é a descontrução da linha da história, num ir e voltar dos dias (contados na tela) de modo a mostrar como as coisas ESTÃO em cada momento e não onde chegarão. Já sabemos no início do filme que ela acabou com ele. Não é novidade. O legal é a sensação que se dá pelos momentos da relação e, afinal de contas, tudo são momentos.
O termo “comédia romântica” que normalmente dá a se entender que há situações cômicas não corresponde exatamente à verdade. As situações acabam se tornando engraçadas, a gente acaba rindo do que até mesmo acontece toda a hora nas nossas vidas, ou aconteceu e que a gente acabou dando risada depois só que ali estamos diante desse espelho e é mais fácil rir dos outros. Na história, um rapaz com um perfil menos usual para homens mas ainda assim bastante comum - ramântico, sonhador, sensível - se apaixona por uma colega de trabalho que claramente tem outra visão de relacionamentos e é bem mais pragmática neste sentido. É lógico que em determinado momento estas visões, dentro de uma relação, vão entrar em choque e o mundo de quem é muito romântico acaba ruindo. O diretor constrói bem este personagem masculino principalmente por dois aspectos: ele é um arquiteto e de certa forma um artista e o todo artista é mais sensível, é mais propenso a este tipo de projeção, de idealização; além disso também tem o gosto musical, principalmente por Smiths, que é um dos ganchos para a aproximação do casal, e que por ter letras cheias de afetação, carência, sensibilidade, ajudam a formal o perfil do protagonista.
Outro ponto a favor do filme é que nesta “desordem” do roteiro, o diretor reconstrói situações em flashbacks, repete cenas mas com aquele detalhezinho a mais. E são estes detalhes que acabam completando uma informação, uma impressão, uma sugestão. Aliás diria que este é o principal mérito do filme: os detalhes. Comédias românticas tem aos montes por aí e de um modo geral elas são muito parecidas porque nós, homens e mulheres, somos muito parecidos. O jeito de mostrar a história, de filmar não vai variar muito. Ganha-se um pouco aqui, outro tanto ali com um roteiro, com tomadas ousadas, com uma película diferente, mas no geral é aquilo mesmo. O grande ganho do diretor Marc Webb foi ver, observar, se ater e nos colocar diante dos detalhes. Onde a coisa dá ou não dá certo, o porquê daquela pulga atrás da orelha, onde começa um romance com uma motivação boba ou com a coincidência improvável. Afinal de contas não é sempre assim? Não foi assim com você? Já não levou um fora que parecia sem motivo? Não ficou pensando porque fulano tinha mudado de atitude? Como você conheceu a pessoa que você ama? Tem cada história... E no fim das contas, todas são (quase) iguais.


Cly Reis

terça-feira, 5 de abril de 2011

Morrissey - "Your Arsenal" (1992)

Vim ouvindo hoje no carro, no caminho para o trabalho, "Your Arsenal" do Morrissey, um dos melhores da carreira solo do cantor na minha opinião. É uma espécie de volta às raízes de Morrissey justificando seu topete e sua admiração por Elvis e pela cultura dos anos 50. Uma espécie de renovação em relação a seus álbuns anteriores, muito devido também ao fato do cantor ter montado uma banda cheia de topetudos e fãs de rock tradicional. Aí a meninada pegou as guitarras e incendiou tudo. O resultado desta revisita é um disco bem rock'n roll, com canções que lembram coisas da fase final dos Smiths como "Rusholme Ruffians" e "Nowhere Fast".
Exemplo disso é "You're Gonna Need Someone on Your Side", um rockão intenso e cru, carregado de rockabilly, já começando o disco a todo vapor. "Certain People I Know" (veja o vídeo) é outra na mesma linha, porém com uma levada mais leve e com um ar meio country. Por certo por influência do produtor, Mick Ronson, ex-guitarrista de David Bowie, o disco traz alguns traços de glam, como em "Glamorous Glue", e na ótima "National Front of  Disco".
A mão do mesmo produtor é por certo responsável pelo conceito de "I Know It's Gonna Happen Someday", uma balada sentida interpretada à crooner por Morrisey, e que tem tanto a cara de Bowie, que o próprio, que a gravaria posteriormente, declarou que aquilo era Morrissey o imitando.
Destaque também para outra das grandes do disco, "We Hate When Your Friends Become Successfull", com seu genial refrão de gargalhada sarcástica de Morrissey. Dizem as más línguas que ele estaria rindo do ex-parceiro, Johnny Marr que desde que acabara a banda só vinha entrando em furadas e não gozava do mesmo prestígio pós-Smiths do vocalista... Eu não sei.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2016



Os líderes já vêem os alemães do Kraftwerk pelo retrovisor.
Vamos combinar que 2016 foi cruel com alguns grandes ídolos da música, não? David BowiePrinceCauby PeixotoPierre Boulez; Alan Vega do Suicide; Paul Katner do Jefferson Airplane; Pete Burns do Dead Or Alive; Glenn Frey dos Eagles; Maurice White  do Earth, Wind and Fire; a espinha dorsal do Emerson, Lake and Palmer, Keith e Greg; Leonard Cohen e, por último, no apagar das luzes do ano, George Michael. Foi pesado, hein! Mas não adianta: esses caras se foram mas suas obras ficam e serão sempre lembrados e, entre outras coisas é para isso que uma seção como esta, a ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, serve. Para eternizar grandes obras do meio musical e manter imortalizados os artistas que nos proporcionaram o privilégio de tê-las entre nós. Prova disso, na nossa coluna, é que o recém-falecido David Bowie ocupa a liderança de discos destacados, ali, abraçadinho com as duas maiores bandas de rock do mundo, Beatles e Stones. Que trinca, hein! Sim, é verdade, a ponta de cima não teve nenhuma alteração em relação ao mesmo período do ano passado, mas a meiúca, o miolo ali teve movimentação com gente nova entrando como a talentosa Janelle Monáe com seu "ArchAndroid", o Blur saindo em vantagem na eterna briga contra o Oasis botando "Parklife" na lista e já com algum atraso, finalmente pintando um Marvin Gaye entre os nossos fundamentais. Alguns subiram de posição, como é o caso do Kraftwerk que com seu "Tour de France Soundtracks" aproximou-se ameaçadoramente dos líderes já colocando na roda seu quarto A.F.; assim como os Smiths que, fazendo a última postagem do ano na seção, tiveram seu terceiro relacionado e já ocupam lugar destacado entre os internacionais.
Por esses lados, Jorge Ben continua na ponta no ranking nacional e a parte de cima continua sem alteração com Titãs, Legião, Engenheiros, Caetano, Gil e Tim Maia seguindo de perto. Os fatos mais  consideráveis foram o de Lobão, com seu "O Rock Errou", por sinal o primeiro A.F. de 2016, ter subido para dois indicados, empatado com nomes como Chico Buarque, Novos Baianos, Tom Jobim, Chico Science, entre outros que já tem um bicampeonato; e o da Tia Rita finalmente ter colocado seus pés no nosso "Hall da Fama" com seu ótimo "Babilônia".
Na disputa por décadas os anos 70 continuam mandando fácil, em compensação por ano, o de 1986, é o que tem mais discos integrantes do nosso grupo de honra. Por nacionalidade, os Estados Unidos lideram com ampla vantagem, e os brasileiros que haviam roubado a segunda posição dos ingleses na temporada passada, ampliaram ainda mais a vantagem em relação ao pessoal da Rainha, mas isso sem contar com Irlanda e Escócia, o que faria, aí sim, com que o Reino Unido estivesse à nossa frente no placar geral. A novidade ficou por conta do primeiro A.F. francês com a dupla Air emplacando seu excelente "Moon Safari" entre os Fundamentais do Clyblog.
E esse empate triplo na ponteira internacional? Ninguém vai pular à frente? E no Brasil, Jorge Ben vai continuar reinando absoluto por tanto tempo? E aí Chico Buarque, não vai reagir? E essa briga Brasil vs Inglaterra pela vice-liderança? Será que o English Team vai se reaproximar? Será que vai passar? Bala na agulha tem pra isso com toda aquela elite do rock, não? Em compensação a criatividade, a musicalidade, o ritmo brasileiro tem meios de se defender. Enfim, 2017 promete. Ainda mais pelo fato de que provavelmente, pelo ritmo que a coisa vai, chegaremos ao número 400 e certamente pensaremos em algo especial com alguma convidado que venha a engrandecer este número e momento especial.
Enquanto isso, voltemos a 2016 e confiramos como foram as coisas. É!!! Porque 2017 já está aí e muitos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS inda estão por vir. Sendo assim, vamos aos números:


PLACAR POR ARTISTA (GERAL)

  • The Beatles: 5 álbuns
  • David Bowie 5 álbuns
  • The Rolling Stones 5 álbuns
  • Kraftwerk 4 álbuns
  • Stevie Wonder, Cure, Smiths, Led Zeppelin, Miles Davis, John Coltrane, Pink Floyd, Van Morrison e Bob Dylan: 3 álbuns cada


PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Jorge Ben 4 álbuns*
  • Gilberto Gil*, Caetano Veloso, Legião Urbana, Titãs, Engenheiros do Hawaii e Tim Maia; 3 álbuns cada
*contando o álbum Gil & Jorge

PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 2
  • anos 40: -
  • anos 50: 13
  • anos 60: 67
  • anos 70: 98
  • anos 80: 92
  • anos 90: 67
  • anos 2000: 9
  • anos 2010: 7


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1

PLACAR POR ANO

  • 1986: 18 álbuns
  • 1976: 15 álbuns
  • 1985: 14 a´lbuns
  • 1991: 13 álbuns
  • 1967, 1972 e 1979: 12 álbuns cada
  • 1968, 1971 e 1992: 11 álbuns cada
  • 1969, 1970, 1973, 1989 e 1992: 10 álbuns cada


PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 133 obras de artistas*
  • Brasil: 94 obras
  • Inglaterra: 86 obras
  • Alemanha: 7 obras
  • Irlanda: 6 obras
  • Canadá e Escócia: 4 cada
  • México, Austrália e Islândia: 2 cada
  • Jamaica, Gales, Itália, Hungria, Suíça e França: 1 cada

*artista oriundo daquele país

sexta-feira, 4 de março de 2016

Talking Heads - "True Stories" (1986)




“Quando terminamos as bases e os vocais
para aquela leva de músicas,
 começamos a ensaiar um material
que poderia render ainda mais um disco,
mas que eu havia composto para o filme.
Quando ‘Little Creatures’ saiu,
 eu já estava no Texas para filmar ‘True Stories’.
Levei as fitas de multicanal com as nossas faixas-base
para as músicas do filme até o set de filmagens em Dallas
e adicionei um pouco do tempero texano”.
David Byrne,
em seu livro
“Como funciona a música”.



O ano de 1986 é especial para quem pegou o rock dos anos 80. Talvez junto apenas com o ano anterior (que viu nascerem "Meat is Murder", dos Smiths"The Head on The Door", do The Cure, e "Psycho Candy", da The Jesus and Mary Chain), tanto no Brasil quanto fora houve discos essenciais de bem dizer todas as grandes bandas e artistas da cena pop da época. No cenário internacional, em especial, muitos se superariam no sexto ano da chamada “década perdida”. Siouxsie and the Banshees poria na praça o sucesso “Tinderbox”, a P.I.L; de John Lydon chegaria ao auge com "Album" e Smiths e New Order estourariam nas rádios com “The Queen is Dead” e "Brotherhood" respectivamente, para ficar em apenas quatro exemplos. Embora de sonoridades distintas, mesmo que afim em certos aspectos, o ponto que os unia era o fato de que, já trilhados alguns anos e discos lançados, todos chegavam naquele momento mais maduros e donos de sua música. Assim, 1986 trouxe uma culminância de grandes álbuns não por coincidência, mas por que representou o desenvolvimento artístico da geração vinda do punk.

Essa onda atingiu outra grande banda do final dos 70/início dos 80: o Talking Heads. Liderados pelo talentoso esquisitão David Byrne, os Heads, surgidos na cena punk nova-iorquina, haviam largado com o referencial "77", daquele ano, passado pela brilhante trilogia com Brian Eno (“More Songs about Bouildings and Food”/"Fear of Music"/"Remain in Light") e pelo bom “Sepeaking in Tongues”, além de mais três registros ao vivo. Nesse transcorrer, atravessaram a virada dos anos 70 para os 80 avançando em estilo e personalidade. Se no começo, comandados pelo produtor Toni Bongiovi, foi o proto-punk e, logo em seguida, Eno os tenha empurrado para o experimentalismo pós-punk e para a world-music, em “Speaking...”, de 1982, passam a produzir a si próprios e mostram uma intenção pop-rock mais refinada. Afinal, a criatividade de Byrne, seu principal compositor, nunca correspondeu exatamente à tosqueira do punk-rock genuíno dos colegas de CBGB Ramones e Richard Hell. Veio, então, outra joia da safra 1985: “Little Creatures”, para muitos o melhor trabalho da banda e um dos ápices do pop-rock dos Estados Unidos. De admirável musicalidade, trazia pelo menos dois hits marcantes: “Lady Don’t Mind” e “And She Was”. Seriam Byrne & cia. capazes de superar aquele feito? A resposta veio um ano depois, no fatídico 1986, não apenas em um disco, mas num até então incomum projeto multimídia: o disco-filme-livro “True Stories”, que está completando 30 anos em 2016.

Para a época, o que hoje é comum no showbizz, em que um artista grava o CD, DVD, videoclipe e um documentário num mesmo espetáculo sem precisar gastar uma fortuna, foi bem impressionante a ousadia de Byrne, o verdadeiro “head” do projeto. Não se via uma proposta naquele formato até então, no máximo os abastados clipes-filmes de Michael Jackson. Neste, entretanto, de feições quase intimistas, Byrne, dentro de um mesmo tema, dirigiu um filme, atuou nele, lançou um livro de fotos e textos e ainda criou de cabo a rabo um disco, componto-o e produzido-o por inteiro. E mais: tudo de altíssima qualidade! Da turma que aprendeu com Andy Warhol a transformar produto em arte, Byrne e seus habilidosos companheiros de grupo – a ótima baixista Tina Weymouth, o competente baterista Chris Frantz e o versátil guitarrista e tecladista Jerry Harrison – traziam três “produtos culturais” interligados mas independentes entre si. Pode-se ver o filme e não comprar o disco ou ler o livro e por aí vão as combinações. Há quem teve o primeiro contato com a obra, por exemplo, através dos clipes da MTV (de certa forma, um quarto tipo de produto cultural) e depois ouviu o disco ou assistiu ao filme.

Para se falar sobre as músicas, no entanto, é fundamental que se comece abordando sobre o filme. Em "Histórias Reais" (tradução nos cinemas no Brasil), um narrador, encarnado pelo próprio Byrne, percorre como um repórter a pequena Virgil, no estado do Texas, em plena comemoração dos 600 anos da cidade, onde encontra diversos personagens hilários e típicos. Conforme as situações vão se apresentando, as músicas da trilha vão surgindo. Byrne, escocês radicado nos EUA, cria um filme no qual engendra com delicadeza e humor uma crônica cotidiana da vida norte-americana, tudo permeado por um olhar aparentemente infantil mas carregado de perspicácia e ligado à relação emocional do autor com o seu lugar. Lindamente poético, algo entre o documental e a fantasia, o longa sintetiza as belezas e as fragilidades do povo do país mais poderoso do mundo.

Como se vê, no filme está a razão do trabalho musical, pois este funciona como uma trilha sonora que veste a narrativa da história filmada ao mesmo tempo em que é “apenas” mais um disco de carreira do Talking Heads, seu sétimo de estúdio. Na seara de avanço de seu próprio estilo, eles repetem acertos do passado, principalmente de seu trabalho antecessor “Little Creatures”. A começar, assim como o disco anterior, um pouco por coincidência “True Stories” também tem dois hits marcantes. O primeiro deles é “Love for Sale”, que o abre. A letra já denota com humor e distanciamento crítico o caráter pueril e materialista do ser norte-americano, que põe tudo à venda, até – e principalmente – o amor. “O amor está aqui/ Venha e experimente/ Eu tenho amor pra vender”, canta, enquanto, no clipe, imagens de publicidade pulam na tela em cores vibrantes e kitch. Divertido, o clipe é a própria cena extraída do filme, numa total interação entre as obras. E que grande música! A batida lembra a de “Stay up Late”, de “Little...”, só que mais acelerada, e o riff, memorável, é daqueles que se reproduz o som com a boca. Pode-se colocá-la na classificação de perfect pop, músicas de estrutura perfeita e próprias para tocar no rádio mas que guardam qualidades genuínas de estilo e composição.

Com uma pegada bastante Brian Eno pela base no órgão, “Puzzlin' Evidence“ – no filme, a cena de um culto religioso em que se projeta um vídeo com as maravilhas da tecnologia e do poderio bélico e financeiro yankee – tem o vigor do gospel, principalmente no refrão, com o coro cantando com Byrne: “Puzzling Evidence/ Done hardened in your heart/ Hardened in your heart”. Em seu livro “Como Funciona a Música”, de 2012, ele comenta que compôs as faixas de “Little...” e “True...” praticamente ao mesmo tempo, por isso as semelhanças entre um e outro. No caso do segundo, o que já se diferenciava em sua cabeça era a aplicação: seriam músicas para o filme que ainda pretendia rodar. Assim, já no Texas para inteirar-se das locações, levou consigo as demos ainda por finalizar e lá teve a ideia de inserir os elementos mais peculiares do folk norte-americano, como o acordeom Norteño, a steel guitar e o coral de igreja protestante de “Puzzlin'...”.

Durante todo o disco, a bateria de Chris é especialmente amplificada, ótimo ensinamento pescado da faixa “Television Man”, de “Little...” – resgatada, porém, de antes, pois já nota-se isso em “Electric Guitar”, de “Fear of Music”, de 1979. Pois a caribenha “Hey Now” é marcada com essa batida forte, acompanhada de bongôs e de uma guitarrinha ukelele, a mesma que faz um solo totalmente no espírito ula-ula. Por conta de seu ritmo e melodia quase lúdicos, no filme, Byrne a arranjou diferentemente: são crianças, todas com instrumentos improvisados como pedaços de pau e latas, quem, numa das passagens mais bonitas, entoam os versos: “I wanna vídeo/ I wanna rock and roll/ Take me to the shopping mall/ Buy me a rubber ball now”.
“Papa Legba”, das melhores de “True...”, é outra que mostra como a banda aprendeu consigo própria. A programação eletrônica faz intensificar o ritmo sincopado da música africana, que começa com percussões típicas do brasileiro Paulinho da Costa, um craque, e um canto quase tribal extraído por Byrne. Visível influência dos trabalhos com Eno, principalmente do world-music “Remain in Light”. O tema em si é lindo: um canto ritualístico do vudu haitiano (“Papa Legba” significa aquele que serve como intermediário entre a loa – mundo dos espíritos – e o homem) que é usado no filme quando o personagem de John Goodman, um homem em busca de uma carreira como cantor, recorre a esta espécie de pai-de-santo – vivido pelo cantor Pops Staple, que a canta lindamente. No disco, é Byrne quem está nos microfones, esbaldando-se em seu vocal rasgado e emotivo.

O segundo lado no formato LP abre com outro hit e outro perfect pop: a sacolejante "Wild Wild Life", marco dos anos 80 e da música pop internacional. Impossível ficar parado se estiver tocando numa pista. Além da letra ácida, a canção, bem como seu clipe, também extraído do filme, é superdivertida, num convite a se assumir o “lado selvagem”. Várias pessoas, os integrantes da banda e atores, sobem num palco em um programa de tevê fazendo playback e interpretando as figuras mais exóticas. O refrão, de versos móveis, é daqueles inesquecíveis de tão naturalmente cantaroláveis: “Here on this moutain-top/ Oh oh/ I got some wild wild life/ I got some news to tell ya/ Oh oh/ About some wild wild life...”.

Alegre e ritmada, "Radio Head" lembra a levada das bandinhas folclóricas europeias (as que migraram para os EUA em várias localidades), ainda mais pelo uso da gaita-ponto. Mas, claro, com o toque todo dos Heads, desde a forte batida de Chris, as percussões de Paulinho da Costa – contribuinte costumaz da banda –, e o vocal aberto de Byrne, perito em criar refrãos pegajosos, como o desta: “Transmitter!/ Oh! Picking up something good/ Hey, radio head!/ The sound... of a brand-new world”, “Radio Head” guarda uma curiosidade: é a música em que Byrne se inspirou num verso de Chico Buarque – de “O último blues”, da trilha do filme “Ópera do Malandro” – e que, por consequência, inspirou o nome da banda inglesa, que juntou as duas palavras.

A melódica “Dream Operator” – que no filme transcorre numa engraçada sequência de um desfile, mais bizarro e brega impossível – tem uma bela letra, a qual versa sobre o eterno estado de sonho em que vivem os norte-americanos: “Todo sonho tem um nome/ E nomes contam a sua história/ Essa música é o seu sonho/ Você é o operador de sonho”. Algo nem bom nem ruim: apenas verdadeiro. Outra clássica do álbum, “People Like Us”, tema-chave do filme, é, assim como “Creatures of Love”, de Little...”, um típico country-rock, com direito a guitarra com pedal steele de Tomy Morrell. Uma verdadeira declaração de amor do estrangeiro Byrne para os EUA, reverenciando a cultura daquele país e ao mesmo tempo totalmente integrado nela. Os versos iniciais dizem tudo: “Quando nasci, em 1950/ Papai não podia comprar muita coisa para nós/ Ele disse: ‘Orgulhe-se do que você é’/ Há algo de especial em pessoas como nós”. E o refrão, dentro da mesma ideia de “Creatures...”, não deixa por menos, impelindo-nos a enxergar a alma norte-americana com um olhar mais humano: “Não queremos liberdade/ Não queremos justiça/ Só queremos alguém para amar”.

De ritmo parecido a outra faixa de “Little...”, “Walk it down”, bem como a outras daquele álbum no refrão de coro em tom entoado, como “Perfect World” e “Road to Nowhere” (a ideia vem desde o primeiro trabalho com Eno, em “The Good Thing”, de 1978), “City of Dreams” desfecha a obra com puro lirismo. A letra fala da perda de identidade provocada pelas aculturações e dizimações, algo muito presente na formação de sociedades modernas como a norte-americana: “Os índios tinham uma lenda/ Os espanhóis viviam para o ouro/ O homem branco veio e os matou/ Mas eles não sabem quem realmente foram”. Porém, artista sensível como é, Byrne joga luzes otimistas sobre o futuro daquela nação e suas gentes, tendo como metáfora a pequena Virgil: “Vivemos na cidade dos sonhos/ Nós dirigimos na estrada de fogo/ Devemos despertar/ E encontrá-la por fim/Lembre-se disso, nossa cidade favorita”.
Se “True...” deve muito a “Little...”, que lhe serviu de espelho em vários aspectos, também é fato que o disco de 1986 supera seu antecessor em completude conceitual, uma vez que conversa o tempo todo com a obra filmada e, consequentemente, com o trabalho fotográfico posto em páginas. Além do mais, o sucesso alcançado por “True...”, seja motivado pela mídia televisiva e radiofônica ou pelas telas do cinema, foi consideravelmente maior de tudo o que já jamais conseguiriam, tendo em vista que “Wild Wild Life” ficou por 72 semanas no 25º posto da Billbord, melhor posição de uma música da banda nesta parada. Comparações afora, o fato é que ambos os discos revelam um grupo no auge de sua capacidade criativa, produzindo música pop sem descuidar das próprias intenções e aspirações.

Tudo isso está ligado bastantemente à iniciativa de David Byrne que, com o passar do tempo, foi se tornando cada vez mais o principal compositor e criador da banda, a ponto de passar a ser o único. Assim, se “True...” é o ápice dos Heads, também é o começo de seu declínio. A redução paulatina mas permanente da participação de Chris, Tina e Jerry enfraqueceu-os enquanto conjunto, sufocando os companheiros de Byrne. O fim estava próximo. Ainda tentaram um sopro de comunhão, “Naked”, de 1988, mas o mais fraco álbum deles só serviria para denotar que não tinha mais saída que não a separação de uma das grandes bandas do pop-rock mundial. Os discos, porém, estão aí até hoje, longe de se datarem e donos de alguns dos melhores momentos do que se produziu nos anos 80, a tal “década perdida” – que, aliás, de “perdida” não teve nada em termos de rock. Basta uma audição de “True Stories” para se certificar de que essa história, por mais onírica que tenha sido, é real e muito especial.

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O filme “Histórias Reais” tem, aliás, uma trilha sonora própria, a qual traz temas incidentais. Apenas “Dream Operator”, em versão instrumental arranjada por Philip Glass (“Glass Operator”), se repete, além da faixa “City of Steel”, que é, na verdade, a melodia de “People Like Us”, também só com instrumentos. As outras são de artistas variados, como “Road Song”, da genial Meredith Monk, “Festa para um Rei Negro” (“Olê lê/ Olá lá? Pega no ganzê/ Pega no ganzá...”), com a banda brasileira Eclipse, e a mexicana “Soy de Tejas”, de Steve Jordan, além de seis composições do próprio Byrne que só se encontram em “Sounds From True Stories”.
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FAIXAS:
1. "Love for Sale" – 4:30
2. "Puzzlin' Evidence" – 5:23
3. "Hey Now" – 3:42
4. "Papa Legba" – 5:54
5. "Wild Wild Life" – 3:39
6. "Radio Head" – 3:14
7. "Dream Operator" – 4:39
8. "People Like Us" – 4:26
9. "City of Dreams" – 5:06

todas as canções compostas por David Byrne.

vídeo de "Wild Wild Life" - Talking Heads

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OUÇA O DISCO




domingo, 14 de março de 2010

U2 Cover - Rio Rock & Blues Club - Lapa - Rio de Janeiro (13/03/2010)






Infelizmente não poderei manifestar aqui tanto entusiasmo quanto o que tive ao ver o The Smiths Cover. Tinha boa expectativa para ver a banda, ainda mais com toda a propaganda que a própria casa fez, dizendo que tinha encontrado uma banda à altura de fazer um cover de um nome tão significativo do rock e coisa e tal, mas o que se viu foi um showzinho bem mais-ou-menos.
Os músicos até que eram bons, principalmente o bateirista que demonstrava um pouco mais de entusiasmo e pegada em contrapartida aos outros membros que pareciam meio sonolentos; mas fazendo bem seus papéis, o que era mais importante; mas o vocalista... além de não ter uma voz muito apropriada para o que se dispôs (muito grave para um Bono-cover), tinha SÉRIOS problemas de pronúncia de inglês e em absoluto, não era nem um pouco carismático.
Não chegou a ser programa perdido. Sempre é bom sair de casa e curtir um rock'n roll numa noite de sábado, mas esperava mais de um grupo cover que se especializou especificamente em uma banda e penso que deveriam primar por se aproximar ao máximo das características daqueles que imitam. Caso contrário, se for só para interpretar uma música do U2, ou seja lá de quem for, não precisa ser cover DAQUELA banda. Então qualquer uma dessas por aí, da noite, que tocam sucessos em geral, clássicos, his populares, vai lá e lasca um "Pride" sem compromisso de soar U2, de executar tal qual, etc. Uma banda cover, acho que tem esse compromisso.
É até covardia comparar com o show do The Smiths Cover que aconteceu lá, no mesmo lugar, mas, ao passo que aquele fora quase uma catarse, um êxtase geral, neste para que se faça uma ideia eu fui embora antes do final.
Uma pena.

Cly Reis

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Morrissey - Bar Opinião - Porto Alegre/RS (Março /2000)



Morrissey chicoteando o ar
com o fio de seu microfone em uma apresentação
da Oye Esteban Tour.
Ele entrou no palco fazendo pose de esnobe, empinando o nariz e, logo ele que em hipótese alguma serviria à Coroa Britânica, surgia à nossa frente, transbordando ironia, ao som de "For Her Majesty's Secret Service", dos filmes de James Bond. Um sonho começava a se realizar. Se eu não podia mais ver The Smiths, uma das minhas bandas do coração, ao menos poderia ver seu ex-vocalista, não menos idolatrado por mim. Apesar de tão marcante na minha vida, muitos detalhes e até músicas me escapam da memória mais imediata, e acho que, de certa forma esse é um charme de uma época em que não ficava-se mais preocupado em fotografar e filmar, com os celulares pra cima, do que em ver e curtir o espetáculo.
O que lembro é que Morrissey vinha com uma banda jovem de uns garotos topetudos que pareciam saídos de "Juventude Transviada" ou de algum outro filme de James Dean. Não lembro de todas as músicas, é claro, mas me marcou bastante o fato de terem executado "The teachers are afraid about the pupils", música de um disco que, embora interessante, bem pegado no rock, "Sowthpaw Grammar", de 1995, tinha uma estrutura "difícil", iniciado e finalizado com duas canções quilométricas, ambas de letras curtas e de longa duração instrumental e "The Teachers...", por sinal, era uma delas, exatamente a qua abria o disco. Uma canção bastante boa, intensa, mas cuja execução, ali, ao vivo, não ficou das melhores, com uma base pré-gravada que não funcionou bem, rodando levemente descompassada em relação à original do disco, o que compromeu um pouco não somente o trabalho dos músicos, como até mesmo a própria performance vocal do cantor. Do mesmo disco lembro também de terem tocado a vibrante "Boy Racer" e ainda guardo vivo na retina Morrissey serpenteando o fio do microfone, como um chicote, acompanhando os primeiros acordes da música. Lembro com emoção de "Alma Matters" com o público entoando seu refrão como um hino, em coro com Moz, num dos momentos grandiosos do show. Dos Smiths, Morrissey e sua banda tocaram poucas, o que já era esperado pelo que se sabia de shows anteriores daquela turnê, até porque naquele momento profissional, o artista se empenhava com mais ênfase para que fosse reconhecido mais pelas virtudes de sua carreira solo do que pela trajetória exitosa de sua antiga banda. Mas com uma discografia de qualidade bem satisfatória e uma produção bastante prolífica e interessante, o repertório smithiano, embora superior ao da carreira solo do cantor, acabou não fazendo tanta falta e o show atendeu a todas as expectativas.
Lembro também que Moz usava naquele show camisetas com estampas vintage que ficava trocando o tempo inteiro e jogando a usada para a galera que disputava o pedaço de pano suado acirradamente. Embora bem posicionado para assistir à apresentação, não estava perto o suficiente para poder concorrer ao souvenir. Mas aquilo era dispensável. Minha maior recompensa eu já havia ganhado e era extamente estar ali. E isso ninguém podia tirar de mim.
Depois disso até já vi Morrissey, aqui no Rio de Janeiro, mais uma vez e quase vi uma terceira vez quando ele teve que cancelar por problemas de saúde, mas aquele show no Bar Opinião, em Porto Alegre, guarda o encanto de ser ainda o momento mágico de ter à minha frente pela primeira vez um dos meus maiores idolos e um dos grandes nomes da história do rock. Preferia que fosse com Johnny Marr mas... já que não tinha jeito mesmo, parte do desejo estava cumprido e, diga-se de passagem, a parte mais significativa. Sim, eu tinha visto Morrissey.

Morrissey - Oye Esteban Tour 1999/2000
O vídeo, a seguir, mostra trechos da turnê Oye Esteban, em várias localidades, sendo que a partir do minuto 5, pode-se ver boa parte da apresentação de São Paulo, ocorrida poucos dias depois da de Porto Alegre e bastante parecida com a que relatei aqui.





Cly Reis