Ildo, o garçom mais querido da cidade. |
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
cotidianas #391 - Ildo e a Porto Alegre que está se indo
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Coluna dEle #28 - O Fim do Mundo
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Últimos desejos, recados, confissões, arrependimentoscontrições para
god@voxdei.gov
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Coluna dEle #35
Ôpa, galerinha, tamo na área!
Sei que estive ausente por algum tempo mas com as atribuições que Eu tenho não dá pra ficar escrevendo em blog a qualquer hora.
Mas e aí, como é que 'cês 'tão?
(Que pergunta idiota! Eu que tenho que saber como vocês estão. Mas deixa pra lá...)
E então, o que que tá pegando aí embaixo?
***
Tô sabendo que o pessoal aí no Brasil tá empenhado um movimento contra a tal da Copa. #naovaitercopa, é isso?
Bom, independente de movimento, manifestação ou seja lá o que for, Eu não estranharia se não tivesse. Pelo andamento das coisas, com um monte de obras inacabadas, estádios meia-boca, aeroportos que são uma piada, Eu realmente não me espantaria.
***
A propósito, subiram uns 9 funcionários dos estádios daí dizendo que as obras aí estão uma coisa assim que até Eu duvidaria.
Imagino...
Meu Eu do céu!
Tô vendo que vou ter que trabalhar muito pra essa coisa toda dar certo.
***
Ah, e já que falei sobre vir pro céu, gostaria que vocês me desculpassem por tirar o Luciano de vocês. O do Valle. Como diz aquele outro, "o melhor grito de gol do Brasil".
Mas é que Eu tinha que trazer alguém qualificado pra narrar os jogos da Copa aqui em cima.
Sei que muitos gostariam que Eu trouxesse o Galvão, mas Eu não sou bobo nem nada. Eu Me livre!
***
Também chegou por aqui, dia desses, o Jair com aquele jeito engraçadão dele. Gente boa, gente boa, ele. Acho um barato aquela parada que ele faz com a mão. Haha! Sei que é o tipo do cara que muita gente pensa que nunca vai, mas um dia todo mundo acaba vindo pra cá. Podem dizer que Eu sou muito frio, sem sentimentos... ora.
Deixa que digam, que pensem, que falem.
***
Mas mudando de saco pra mala, tenho acompanhado esse monte de barbaridades que vocês tão fazendo aí no Brasil. Esses linchamentos e coisas do tipo.
Vocês Me racham a cara de vergonha!
Foi pra isso que Eu criei vocês?
Vocês não sabem que no fim das contas é tudo Comigo aqui em cima? Que na hora do 'Livro da Vida' Eu vejo a ficha de cada um e faço o que é justo?
Ah, cansaram de esperar pela Minha justiça? Bom, se não acreditam nem na Minha quem dirá na do Estado.
Até entendo um pouco vocês, mas não esqueçam daquelas Minhas regrinha quanto amar o próximo, não matar e tal, ok? Não precisa amar, tá bom, mas não linchar já tá de bom tamanho. Sem falar que, provavelmente, se continuarem agindo assim, vocês acham que é aqui pra cima que tanto o bandido quanto vocês vão vir?
Sabe de nada, inocente.
***
Pra encerrar, andei vendo no noticiário que um juiz aí resolveu que umbanda não é religião.
Tá de sacanagem!
Eu mesmo vou sempre no meu pai-de-santo pra abrir meus caminhos.
Gostaria de deixar claro que esse ilustríssimo babaca não me representa.
***
Ah, mais uma coisa:
'Cês 'tão colecionando figurinhas da Copa?
Aqui em cima isso tá uma loucura! É todo mundo com essa bobeira. é anjo, é santo, é espirito. Até a Minha Senhora tá colecionando pra ver os homens bonitos. Pode? Ela se amarra no Cristiano Ronaldo.
O meu filhão, o JC também tá colecionando. A vantagem dele é que ele só precisou comprar um envelope pra completar o álbum. Fez o milagre da multiplicação das figurinhas.
Assim até Eu.
***
Bom, vou lá que tenho um Mundo de coisas pra resolver.
Juízo, hein, crianças.
Tô de olho em vosês.
Fiquem Comigo e que Eu os abençoe.
Amém.
***
Orações, pedidos, súplicas, simpatias, reza braba, trabalhos de amarração e troca de figurinhas
contato pelo: god@voxdei.gov
Fui!
sexta-feira, 24 de julho de 2020
Caetano Veloso - Teatro da Ospa - Porto Alegre (1992)
O conhecimento que adquiri sobre cultura é, hoje, para um adulto de 42 anos, bem mais assimilável diante dos olhos alheios do que quando eu era jovem. Naquela época, meu gosto e entendimento por cinema e música causavam espanto, visto que não correspondiam com o de muito adulto, quanto menos ao de outros jovens da minha idade. Como um guri de 13 anos, negro e de classe média é capaz de gostar (e entender!) daquilo que somente a classe média alta (e branca) detém? Enfim, não se escapa ileso disso no Brasil. Considerando a devida bagagem adquirida de lá para cá, posso dizer que, na juventude, já me mostrava interessado e conhecedor de muita coisa – principalmente, em comparação a pessoas então da minha idade, muito mais preocupados em ter grana para gastar na balada do fim de semana. Eu, um ET entre meus pares, queria saber mesmo era de filmes e de música. Meus gastos se voltavam a locadoras, discos e a conhecer coisas.
Caso de Caetano Veloso, a quem havia descoberto fazia alguns anos mas que, naquele 1992, completando 50 anos de vida, se revelava fortemente a mim através do seu então novo disco, “Circuladô”. Pela MTV, via seguidamente o ótimo clipe da música de trabalho “Fora da Ordem”. Mas, principalmente, minha curiosidade se despertava por causa da antenada Rádio Ipanema. Pela rádio, minha escola musical-cultural, ouvia não apenas esta música, mas também outras joias daquele disco, como a pedrada crítico-social “O Cu do Mundo”. Fui atrás do disco, óbvio. Adquiri-o em K7, trabalho que se tornou, até hoje, um dos meus preferidos de Caetano e sobre o qual já falei aqui no blog. Assim. quando o baiano anunciou que vinha a Porto Alegre para a turnê do álbum, não pestanejei. Sem ninguém tão empolgado quanto eu para ir ao show, fui sozinho.
Seria o primeiro sem a companhia de ninguém, nem pais, nem irmão, nem amigo. Só eu. Era comum ir às sessões especiais de cinema sozinho, mas a um show, que acabaria tarde da noite, nunca. E longe de onde era minha casa, na zona Sudeste de Porto Alegre. De ônibus, por cerca de 1 hora, me desloquei até o alto do Bom Fim/Independência em direção ao antigo e hoje desativado Teatro da Ospa, onde ocorreria o show. Com a devida preocupação de minha mãe, fui. Lembro que tinha fila Av. Independência afora, passando pela frente da casa da Cruz Vermelha, uma novidade para mim, que não frequentava aquelas imediações. Já ali, minha figura impressionava aqueles que assistiriam junto comigo dali a algumas horas o memorável show de Caetano. Lembro-me claramente que um senhor de meia-idade, de óculos e provavelmente fã do músico desde quando era adolescente, perguntou a mim com admiração que idade eu tinha.
Caetano e a grande banda comandada por Jaques Morelenbaum |
Não lembro bem onde entrava no show “Fora da Ordem”, mas com certeza era na primeira metade em se tratando de música de trabalho do disco novo. O fato é que, logo em seguida, emenda-se outra sequência incrível e inesperada: a linda “Um Índio” – em uma versão melhor que a original dos Doces Bárbaros –, a novelística "Queixa" e uma assombrosa "Mano a Mano", clássico tango de Carlos Gardel com Morelenbaum ao cello e Caetano apavorando no vocal. Mas não terminava aí: só na voz e violão, vêm uma trinca com a assertividade dissonante de "Chega de Saudade"; uma surpreendente versão de "Disseram que eu Voltei Americanizada", do repertório de Carmen Miranda; e “Quando eu Penso na Bahia", em que Caetano torna Ary Barroso muito caymmiano.
A bela arte da capa do disco ao vivo, que fazia cenário para o show visto na Ospa |
Para mim, que conhecia de cabo a rabo “Circuladô”, ficou claro por que, de todas, tanto“Ela Ela”, arranjada e tocada em estúdio com Arto Lindsay, como “Lindeza”, com Ryuichi Sakamoto aos teclados, igualmente sui generis, cada qual com suas particulares performances irreproduzíveis à altura sem esses músicos específicos, não se executaram. Além de compreensíveis ausências, ambas nem de longe fizeram falta ao show, que, antes de tudo, foi um show de repertório. Tão marcante foi tal apresentação, que se tornou o primeiro de uma série de discos ao vivo de Caetano, o CD duplo “Circuladô Vivo”, algo que passou a acontecer com regularidade a partir de então após cada disco de estúdio lançado. A qualidade técnica da gravação, que se tornava disponível à época no Brasil pós-Collor, certamente colaborou para isso. Porém, antes de qualquer coisa, o tratamento dado pela também iniciante parceria entre Caetano com Jaques Morelenbaum é crucial para o sucesso do álbum ao vivo, um dos mais celebrados da carreira de Caetano. Se no estúdio os Ambitious Lovers Arto e Peter Scherer vinham numa ótima tabelinha com o baiano desde “O Estrangeiro”, de 1989, o que se adensaria em “Circuladô”, no palco, era a mão versátil do maestro líder da Banda Nova de Tom Jobim que ditava a musicalidade. Por influência dele, "Terra" (que ficou de fora do CD, assim como outra clássica, "Baby"), talvez a melhor melodia de Caetano, ganhou no show a talvez sua melhor versão das várias que o autor já registrara ao longo da carreira.
Não tenho idade para ter ido a shows célebres de Caetano em Porto Alegre, como o da turnê do disco “Cinema Transcendental”, em 1979, ou o de 1972, no Araújo Vianna, de onde, após encantar a plateia, partiu com figurino e tudo rumo ao histórico e único encontro que teve com Lupicínio Rodrigues, no Se Acaso Você Chegasse, na Cidade Baixa. Mas a ver pela repercussão que este show de 1992 teve, tanto com o lançamento e sucesso do CD ao vivo como também de um especial para a TV Manchete e um documentário dirigidos por Walter Salles Jr. e José Henrique Fonseca – à época, em VHS –, era impossível Caetano não conquistar de vez aquele pré-adolescente da periferia porto-alegrense, que, encantado com o que vira, nem se abalou por andar sozinho tarde da noite de volta para casa. Aliás, ele nem lembra como e quando chegou em casa. Mas que chegou, chegou – para alívio de sua mãe. Se não, ele não estaria aqui agora, redigindo este texto recordado da grande noite em que viu Caetano Veloso pela primeira vez ao vivo.
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
Rock In Rio - Bon Jovi, Tears For Fears, Ney Matogrosso com Nação Zumbi, Jota Quest, Alterbridge (22/09/2017)
Minha primeira experiência em um Rock In Rio, embora totalmente normal, sem nenhum contratempo ou incidente, não posso dizer que tenha sido das mais positivas. Não sei se eu tô ficando velho, se não tenho mais paciência pra algumas coisas, se é porque a gente vai adquirindo mais critérios com o passar do tempo, mas aquela coisa toda, todo aquele complexo de entretenimento não me desce. É muito grande, tudo é muito difícil, pra se chegar num outro palco, numa praça de alimentação, num banheiro, tem que se percorrer quilômetros e pra piorar desviando de milhares de pessoas e tropeçando em outras que estão estendidas pelo chão. um festival desse é um incentivo pra quem quer deixar de beber porque conseguir uma cerveja, em determinado momento, foi um ato de perseverança e heroísmo. E é tanta roda-gigante, montanha-russa, tirolesa, joguinhos, brindezinhos que no fim das contas o público que está ali, está mais interessado em todas essas bobagens do que no que está rolando nos palcos, disperso e alheio aos shows. Aliado a escalações de artistas muito heterogêneos e atrações pouco interessantes, esta atitude neutra do público acabou se refletindo nas apresentações, até mesmo nos principais nomes que se esforçaram, fizeram seu melhor mas tiveram que lidar com um público frio e indiferente.
Não é a toa que volta e meia o palco Sunset, com um público mais interessado e atrações com propostas mais mais interessantes, rouba a atenção, e de certa forma, não foi diferente no dia em que fui.
Mas vamos então a uma breve impressão das atrações que vi no festival:
Palco Rock District
- Evandro Mesquita and The Faboulous Tab
O palco Rock District foi uma
atração interessante.
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Palco Sunset
- Ney Matogrosso e Nação Zumbi
Nação Zumbi com a lenda Ney Matogrosso no palco. |
Palco Mundo
- Jota Quest
Vi pouco. Ouvi mais de longe enquanto me deslocava por algum motivo (cerveja, banheiro, comida...) mas é mais ou menos aquilo, né... Nada demais. Uma bandinha pop sem maiores pretensões e sem grande ascendência. Alguns hits, pra ser bem justo; um coro com a galera aqui, um discursinho pela paz ali e era isso. Não acrescentou nada.
- Alterbridge
Não tinha nenhuma expectativa com essas figuras, aí o show começa e a minha impressão se confirma. Uma coisa indefinida: não sabiam se eram pop, hard rock, glam, metal farofa ou sei lá o que. Lá pelas tantas explodem num trash metal furioso que parecia um Megadeth quase me fezendo bater cabeça e ter uma esperança em algo melhor dali pra frente. Alarme falso! Voltaram à mesma lenga-lenga. Terrível!
- Tears For Fears
Show competente. Bom repertório mas a impressão que dava é que eram a banda errada no lugar errado. Tem bandas que são pra 10.000 pessoas e outras que são pra 100.000. Eles estão no primeiro caso e por mais que tenham desfilado sucessos e hinos pop, não conseguiram dar conta daquilo tudo.
- Bon Jovi
Apesar dos pesares, Bon Jovi agradou aos fãs. |
Outra reclamação que ouvi de muitas fãs foi a ausência de alguns clássicos indispensáveis. E aí os caras privilegiam músicas novas ou a balada acústica "Someday I'll Be Saturday Night" que ninguém ia dar falta em detrimento de "Never Say Goodbye", "These Days", "Blaze of Glory" ou da reclamadíssima "Always". Bom, se tem alguém que pode cometer estes pecados e mesmo assim sair com saldo positivo é o Bon Jovi uma vez que, de um modo geral, mesmo com algumas ressalvas de repertório e um quase consenso sobre a qualidade da voz do cantor que estaria bem inferior às últimas turnês, as fãs gostaram, compreenderam e perdoaram as ausências. Eu sou suspeito, não sou muito do som deles mesmo, mas posso garantir que a patroa curtiu.
No fim das contas, para mim, que achava que seria o show do Bon Jovi seria uma espécie de tortura apache, o que posso comparar é com aquela criança que a mãe fica avisando por meses que ela vai tomar vacina e aí quando chega no dia, o pirralho tá se borrando, tipo, "Vai doer, vai doer...", e chega na hora da injeção o guri percebe que foi só uma picadinha de nada. Pois é... Doeu menos do que eu imaginava.
Bon Jovi - "You Give Love a Bad Name"
do meio do público do Rock In Rio
quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
"O Último dos Dez" ou "E Não Sobrou Nenhum", de Peter Collinson (1974) vs. "O Caso dos Dez Negrinhos", de Satanislav Govorukhin (1987)
Nossos dois adversários contam a mesma história, mas com propostas de jogo um pouco diferentes: "O Último dos Dez", também conhecido como "e Não Sobrou Nenhum", de 1974, de Peter Collinson, ousa e faz algumas alterações na história original: ao invés de situar a trama em uma ilha, como no romance original, transfere a ação para o deserto do Irã, em um luxuoso hotel no meio do nada, ao qual os convidados chegam, deixados de helicóptero. Em nome desse atrevimento, ele é obrigado a fazer outras modificações e a maior parte das mortes acaba sendo diferente das idealizadas pela escritora, sendo adaptadas para situações determinadas pela localização, ambiente, hábitos culturais, comprometendo bastante a ligação dos assassinatos com o poema infantil que os ordena e determina.
As ousadias até funcionam, como adaptação cinematográfica, se formos analisar isoladamente, enquanto proposta, filme de mistério e tal, tá ok: deserto, serpentes, hábitos locais de execução, ruínas, etc. Mas, o problema é que, além de mexer numa obra impecável da maior escritora do gênero, no comparativo com o adversário desse jogão do Clássico é Clássico, a opção pelas alterações acaba pesando.
"O Caso dos Dez Negrinhos", de Stanislav Govorukhin, de 1987, é muitíssimo mais fiel ao original de Agatha Christie. A ação se passa numa casa, em uma ilha, no topo de um rochedo, cujo acesso se dá apenas por barco e apenas quando a maré permite; a produção, embora russa, tem todo o aspecto dos filmes noir norte-americanos, com chapéus, sobretudos, véus, persianas, sem perder, contudo, sua identidade; os crimes seguem à risca os versos do poema dos negrinhos que, por sinal, está exposto, emoldurado, em cada um dos quartos dos convidados, recebendo sua devida importância dentro da trama como acontece no livro; e a atmosfera, a casa, a ilha, o mar, os rochedos, tudo é muito mais angustiante e claustrofóbico do que no filme inglês.
"O Último dos Dez" (1974) - trailer original
"O Caso dos Dez Negrinhos" (1987) - trailer original
Enquanto a versão inglesa tem um aspecto árido, quase luminoso, uma decoração rica em ouro e pesada em tapetes persas, a produção russa é cinzenta, sombria, rústica, amadeirada, trabalha em planos fechados, sombras, reflexos, janelas, enquanto o filme de 1974 opta por planos mais abertos, travelings longos, e tomadas, na maioria das vezes, pegando todos os personagens no mesmo plano.
O filme de Govorukhin traz uma atmosfera mais misteriosa, furtiva, obscura, os convidados se esgueiram, são evasivos e parecem mais suspeitos por mais tempo, até que fique claro, por fim, que são tão vítimas e vulneráveis quanto qualquer outro ali.
O filme de 1974 até tem um elenco mais estelar, com Gert Fröbe, o Goldfinger de 007, Herbert Lohm, o comissário Dreyfuss da Pantera Cor-de-Rosa, Oliver Reed, de "Golpe de Mestre", "O Gladiador", o versátil Richard Attenborough, diretor do clássico "Gandhi, uma ponta do cantor francês Charles Aznavour, o primeiro a morrer, e a voz de Orson Welles, revelando os crimes de cada um dos convidados, mas no fim das contas, com exceção de Attenborough, que faz um bom juiz Cannon e Reed, como Detetive Lombard, tantos medalhões acabam não fazendo tanta diferença assim. O filme russo, ainda que não tenha nomes tão conhecidos no ocidente, traz o aclamado Vladimir Zeldin, a bela Tatyana Drubich, e Alexander Kaydanovski, o "Stalker" do filme de Tarkowski, no papel do investigador Lombard. Os demais, embora nada badalados, têm um um ótimo trabalho coletivo e garantem o bom desenvolvimento e a coesão do filme.
Dentro de campo, onze contra onze..., ou melhor, dez contra dez, o filme de 1987 leva vantagem. A fidelidade à novela original faz diferença e garante um gol para o time de Govorukhin, o clima noir, o visual soturno, o jogo de sombras, reflexos, espelhos, vidros, aumenta a vantagem.
No entanto, a audácia da proposta, da mudança da ambientação, ainda que não totalmente bem-sucedida, merece reconhecimento e a recompensa com um gol. Mas a alegria do time de 1974 não dura muito e a constante referência e a vinculação dos crimes aos versos nas paredes dos quartos, dá mais um gol para o time russo.
No tocante à escalação, Peter Collinson dá a camisa 10 para Oliver Reed, que até dá boa contribuição mas não consegue desequilibrar, até porque, do outro lado, o 10 é o 'Stalker' Alexander Kaydanovski que articula muito bem o jogo o tempo inteiro; Tatyana Drubich, no time de 1987, se sai muito melhor do que Elke Sommer como a secretária contratada pelo incógnito anfitrião, encarnando melhor o espírito da personagem, Vera Clyde, na versão inglesa e Vera Claythorne, na russa; e, de um modo geral, mesmo com mais jogadores destacados, rodados, com passagens por times grandes, o time inglês não consegue impor seu jogo, com exceção de Richard Attenborough, como juiz Cannon, que tem um desempenho excelente, sobretudo na sequência final, que é muito boa também no outro filme, com um flashback crucial e aquela recapitulação característica de Agatha Christie, mas que não supera a performance de Attenborough e a surpresa do filme inglês. No entanto, a cena em questão é resultante de uma mudança decisiva no final do romance original e isso é imperdoável!
(Para quem não leu o livro ou não viu nenhuma das adaptações, aqui vão spoilers - desculpem, mas absolutamente necessários).
Em nome de um final feliz, de ficar bem com o público, de não matar o 'mocinho' e a 'mocinha' do filme, Peter Collinson faz com que Lombard (Reed) depois de uma farsa com Vera Clyde, reapareça vivo, ao final, no salão, em frente ao juiz Cannon que, supondo êxito em seu plano, já dera um gole numa taça de veneno a fim de concluir seu plano, incriminando a garota pelos nove crimes, deixando-a sem opção, induzindo-a a fazer uso da forca já pendurada previamente pelo juiz na sala. Já sob efeito da substância, o velho morre (maravilhosamente bem) e o casal é resgatado do local pelo mesmo helicóptero que os deixara lá.
No outro, não! Depois de atirar, DE VERDADE, em Lombard, desconfiada e com medo dele, Vera volta para casa e encontra em seu quarto apenas a forca dependurada à sua espera. Com a culpa pelo crime que lhe é imputado na gravação e percebendo-se sem saída diante de nove cadáveres que, naturalmente, seriam atribuídos a ela, a garota sobe numa cadeira e coloca seu lindo pescocinho na corda e dá fim à sua vida, para regozijo do juiz que se fingira de morto a fim de fazer a justiça que os tribunais não fizeram. Realizado, ele, mais criminoso que todos ali, mete uma bala na própria cabeça, concretizando seu último ato de justiça, em uma cena, igualmente, de se aplaudir de pé. Pela fidelidade ao original no ápice do filme, na resolução do caso, vai mais um gol para o time russo.
O time britânico ainda marca um nos acréscimos pois, depois da morte do juiz e da retirada dos dois sobreviventes, de helicóptero, a gravação, com a narração de Orson Welles volta a ser rodada enquanto passam os créditos finais. Mas não há tempo para mais nada e o jogo termina assim.
Cly Reis
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
cotidianas #737 - Bom Deus
Passos...
Devia ser ela.
Surpreendeu-se quando viu entrar um homem de terno branco, caminhar indolente e olhar zombeteiro.
Limitou-se a deixar escapar, quase em tom de interrogação, o nome:
- Emily...?
O homem sorriu.
- Achou mesmo que alguma coisa de bom pudesse acontecer para você? - parou encarando a expressão de espanto e dúvida do rapazinho que segurava um buquê de flores nas mãos.
Prosseguiu:
- Esperava mesmo que uma mulher daquelas fosse mesmo vir te encontrar num lugar desses?
Olhou em volta para aquele galpão decrépito e abandonado, e não pode deixar de dar razão ao estranho do terno branco, pelo menos, em relação ao lugar. Contudo, permanecia completamente ignorante e confuso em relação ao que se passava ali. Ao menos para tentar começar a se inteirar da situação, por mais idiota que pudesse parecer, viu-se obrigado a perguntar:
- Mas quem é você?
O outro riu.
- Eu diria que sou... um cara que... às vezes também precisa de diversão. Sabe, eu me ocupo demais tendo que cuidar de tudo, das pessoas, tentando ser justo, muitas vezes até me compareço de algumas delas. Daí que às vezes preciso, como vocês dizem, "pegar um pra cristo" só pra me divertir. Aqueles para quem nada dá certo, sabe? Pois é: eu estou no comando.
Entendendo, ou pelo menos achando que entendia, de quem se tratava, gaguejou:
- M...mas... você, o Senhor, não devia ser bom?
- Haha! Bom? Não me venha com essa! Vocês me dão muito trabalho, dor de cabeça, eu mereço um pouco de distração. Como dizem, "Eu também sou filho de Deus" - concluiu sorrindo ironicamente.
Ia virando as costas, já pronto para sair, quando voltou-se mais uma vez.
- Ah, e se estiver pensando em "deixar tudo isso", em dar um fim nas coisas, agora que sabe que é só um joguete nas minhas mãos, saiba que se for meter uma bala na cabeça, a arma vai engasgar, se for cortar os pulsos, alguém irá te encontrar dentro daquela banheira antes que seu corpo se esvazie, se tentar se jogar de um prédio, vai bater em um toldo, numa rede de construção, vai cair sobre um monte de sacos de lixo, porque.. você só vai morrer quando eu quiser, quando não for mais útil para mim. E, a propósito: a tal da Emily foi se encontrar com o Beto, o seu melhor amigo. Amanhã, no escritório, ele te conta os detalhes.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
cotidianas #548 - Diante da Lei
O homem do campo não esperava tantas dificuldades. A Lei havia de ser acessível a toda a gente e sempre, pensa ele. Mas, ao olhar o guarda envolvido no seu casaco forrado de peles, o nariz agudo, a barba à tártaro, longa, delgada e negra, prefere esperar até que lhe seja concedida licença para entrar. O guarda dá-lhe uma banqueta e manda-o sentar ao pé da porta, um pouco desviado. Ali fica, dias e anos. Faz diversas diligências para entrar e com as suas súplicas acaba por cansar o guarda. Este faz-lhe, de vez em quando, pequenos interrogatórios, perguntando-lhe pela pátria e por muitas outras coisas, mas são perguntas lançadas com indiferença, à semelhança dos grandes senhores, no fim, acaba sempre por dizer que não pode ainda deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem para a viagem, emprega todos os meios custosos para subornar o guarda. Esse aceita tudo mas diz sempre: – ”Aceito apenas para que te convenças que nada omitiste”.
Durante anos seguidos, quase ininterruptamente, o homem observa o guarda. Esquece os outros e aquele afigura ser-lhe o único obstáculo à entrada na Lei. Nos primeiros anos diz mal da sua sorte, em alto e bom som e depois, ao envelhecer, limita-se a resmungar entre dentes. Torna-se infantil e como, ao fim de tanto examinar o guarda durante anos lhe conhece até as pulgas das peles que ele veste, pede também às pulgas que o ajudem a demover o guarda. Por fim, enfraquece-lhe a vista e acaba por não saber se está escuro em seu redor ou se os olhos o enganam. Mas ainda apercebe, no meio da escuridão, um clarão que eternamente cintila por sobre a porta da Lei. Agora a morte está próxima.
Antes de morrer, acumulam-se na sua cabeça as experiências de tantos anos, que vão todas culminar numa pergunta que ainda não fez ao guarda. Faz-lhe um pequeno sinal, pois não pode mover o seu corpo já arrefecido. O guarda da porta tem de se inclinar até muito baixo porque a diferença de alturas acentuou-se ainda mais em detrimento do homem do campo. – ”Que queres tu saber ainda?”, pergunta o guarda. – ”És insaciável”.
– ”Se todos aspiram a Lei”, disse o homem. – ”Como é que, durante todos esses anos, ninguém mais, senão eu, pediu para entrar?”. O guarda da porta, apercebendo-se de que o homem estava no fim, grita-lhe ao ouvido quase inerte: – ”Aqui ninguém mais, senão tu, podia entrar, porque só para ti era feita esta porta. Agora vou-me embora e fecho-a”.
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"Diante da Lei"
Franz Kafka
(conto integrante da coletânea "Um Médico Rural
e de um capítulo do livro
"O Processo", escrito em 1919)
domingo, 24 de dezembro de 2023
"Noite Infeliz", de Tommy Wirkola (2022)
O Papai Noel, literalmente, está de saco cheio. Resmungão, beberrão, desestimulado, ele (ele mesmo!), se esforça para juntar algum ânimo para cumprir as entregas na noite de Natal. Enche a cara, dá bronca nas renas que cagam por todo lado, vomita lá de cima do trenó, mija por cima dos telhados, e ao chegar nas casas, só quer saber de comer os biscoitos que as crianças deixam, e procurar por uma boa garrafa de uísque. Só que numa dessas, o "Bom Velhinho" entra numa mansão que está sendo roubada por um grupo de bandidos armados e bem organizados, em busca de uma fortuna que a milionária Gertrude Lightstone, supostamente guarda num cofre de alta segurança no porão. Na casa, para as comemorações de Natal, também estão os filhos da bruaca filhos, gananciosos e egoístas, os sogros, e sua netinha, a adorável Trudy de 8 aninhos, todos mantidos como reféns sob a mira dos bandidos. Descoberto pelos criminosos dentro das dependências da casa, sem seus poderes de evasão pela chaminé, e abandonado pelas renas assuntadas com os tiros, o Santa Klaus vê-se obrigado a encarrar os bandidos e, surpreendentemente mostra-se bastante apto para o enfrentamento. Sabendo que uma criança está entre os cativos, conhecedor do bom comportamento da menina, após ter consultado seu pergaminho mágico, e comovido pelo biscoito que a pequena deixara para ele ao lado da árvore, nosso Noel recorre então a seus atributos de ex-viking pilhador para salvar a família, embora muitos ali não merecessem seu esforço, mas, sobretudo para garantir que nada aconteça à garotinha.
O bom velhinho , estropiado, defendendo a família refém. Depois que ele encontra essa marreta, então..., a coisa fica séria! |
"Noite Infeliz" é um improvável coquetel de ação, comédia, fantasia e... terror. Sim! Muitos filmes de terror não tem metade da violência ou das cenas sanguinolentas de morte e mutilações (decapitação com uma pá, picadinho num cortador de grama, "estalactite" de gelo cravada no olho...). Ao mesmo tempo, traz os elementos clássicos dos filmes de Natal, como crianças sonhadoras, reconciliações familiares, magia do Natal, etc. Pode isso? Pode! Por que não? "Noite Infeliz mostra que sim. O Papai Noel vivido por David Harbour, de "Stranger Things" é extremamente cômico e brutal, ou, em muitos momentos comicamente brutal, como, por exemplo, na cena em que põe a granada nas costas de um guarda, foge da explosão, mas solta um "Eu tenho que ver isso" e se vira para assistir ao soldado voar pelos ares. Os recursos de defesa do Papai Noel são criativos (bolas de bilhar no sapatinho da lareira, estrangulamento com o fio das luzinhas elétricas, bengala doce chupada até virar uma arma pontiaguda...), as lutas são intensas, os oponentes não são moleza, e o velho Noel vai ficando cada vez mais arrebentado ao estilo detetive McLane de "Duro de Matar", filme ao qual, declaradamente, o diretor Tommy Wirkola rende homenagens. O roubo ambicioso num cofre com códigos e travas, bandidos invadindo uma festa de Natal, a comunicação por walkie-talkie com a menina, tal qual a que acontece com o policial Powell, no primeiro "Duro de Matar"; e um esquadrão de defesa traidor, uma perseguição com trenós motorizados na neve, e a cena em que o Papai Noel está encurralado no depósito, muito semelhante à que o detetive McLane está cercado por granadas no avião e é obrigado a se ejetar, em "Duro de Matar 2", são claras homenagens aos dois primeiros filmes da clássica franquia de ação.
"Esqueceram de Mim", outro clássico natalino também é reverenciado, estando a referência mais direta no momento em que os criminosos vão tentar pegar a menininha no sótão mas ela está preparada para eles com armadilhas ao melhor estilo Kevin McCallister, tipo prego na escada, carrinhos espalhados pelo chão, bolas de boliche, mas com funcionamentos um pouco diferentes e com consequências beeeem mais sangrentas.
Quem gosta de filmes de ação, vai gostar do ritmo de "Noite Infeliz", quem gosta de comédias vai rachar de rir com o mau-humor e boca-suja do Noel, quem quer um clima natalino vai encontrar os clichês habituais, quem quer fantasia vai encontrar renas voadoras, pergaminhos dos malvados e bonzinhos e saco de presentes mágico; e quem gosta de terror vai topar com algumas cenas daquelas dignas de fechar os olhos.
Mas, no fim das contas, eu amei ou odiei "Noite Infeliz"? Ora, é Natal. Vamos botar um pouco de bom humor nessa vida ranzinza e admitir que o filme é um barato. Não é nenhuma obra-prima, não é o melhor filme de Natal de todos os tempos mas é divertido e cumpre bem ao que se propõe.
Se não estou sendo muito benevolente com um filme medíocre? Ah, pode ser. Deve ser a magia do Natal que me pegou. Como o próprio Papai Noel do filme diz, "Não sei bem como isso acontece".
Cly Reis
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
As 10+1 grandes frases finais de filmes
Mas não são diálogos finais. São um encerramento. Aquela última coisa que um personagem diz e aí baixam os créditos, sobe a música, escurece a tela.
Posso estar esquecendo de alguma mas acho que não. Dei uma ‘busca’ legal na minha cachola.
Aí vão:
Christine, indestrutível. Será? |
Para mim, a frase campeã está neste filme. A menina ex-namorada do dono de um carro que sempre começava a tocar rock'n roll sozinho quado matava, ao destruir o carro numa compactadora de ferro-velho, declara cheia de ódio:
"Eu odeio rock'n roll!".
Detalhe: a tela escurece e começa a tocar "Bad to the Bone", de George Thorogood". Seria o carro revivendo mais uma vez ou apenas a música final?
Demais!
Clássico de Brian De Palma |
2. "Os Intocáveis", de Brian de Palma (1987)
Depois de uma empreitada ardorosa para apanhar o chefão da máfia e do tráfico de bebidas, Al Capone, quando perguntado o que faria se a Lei Seca fosse revogada, o agente Elliot Ness responde com bom humor e bom sendo:
“Vou tomar um drink.”.
E sobe a exepcional trilha de Ennio Morricone, a câmera sobe por uma avenida de Chicago, se afasta e acompanha Elliot Ness se afastando. Grande final!
Dorothy descobriu em Oz o valor de sua casa. |
3. “O Mágico de Oz” de Victor Fleming (1939)
Depois de ter fugido de casa e ter passado por todoas as aventuras no fantástico reino de Oz, a pequena Dorothy chega à mais óbvia conclusão que poderia:
Não existe lugar melhor do que a nossa casa.”.
Eu que adoro estar em casa e voltar para ela, sempre repito essa.
Grande tacada de Scorsese |
Do grande Paul Newman, jogador de bilhar revitalizado depois de uma temporada de trambiques com um talentoso porém vaidoso aprendiz. Num embate revanche entre os dois, o velhote dipõe as bolas na mesa, encara o adversário e dispara:
“Eu estou de volta!”.
Uma tacada e fim do filme.
Matador.
Você gosta de olhar, não gosta? |
5. "Invasão de privacidade” de Phillip Noyce (1993)
Passa longe de ser um grande filme mas gosto do final quando Sharon Stone, tendo descoberto que era vigiada indiscretamente por seu senhorio e amante, destrói o equipamento de bisbilhotagem do voyeur. A loira atira nas telas dos monitores de TV onde o curioso observa a intimidade dos moradores e larga essa:
“Arranje o que fazer".
Perfeito!
Apenas humanos. |
Irônica e perfeita frase dita por um robô no segundo filme da franquia original "Robocop".
"Somos apenas humanos".
E diz isso ajustando um parafuso na cabeça.
Ótimo.
Quando se ama... |
Fugitivo de mafiosos e travestido de mulher, a fim de dar credibilidade a seu disfarce, um músico, interpretado brilhantemente por Jack Lemmon, infiltrado numa orquestra feminina, depois de ter "conquistado" um velhote ricaço e diante de um inusitadíssimo pedido de casamento, é obrigado a se revelar como homem, ao que surpreendentemente ouve como resposta:
"Ninguém é perfeito”.
Mestre Billy Wilder.
O bom filme "Kuarup" |
Outro que não é um grande filme mas tem um final marcante. O personagem interpretado por Taumaturgo Ferreira, diante de uma total derrocada final, sem perspectivas é perguntado sobre o que iria fazer então diante daquela situação:
“Eu vou fazer um Kuarup”.
Sempre penso nessa frase final quando não há mais nada o que fazer.
Confusão de corpos, frases, sentimentos, significados e lugares. |
Revelação bombástica do jogo sensual e enigmático dos amantes, ele japonês e ela francesa, em meio a lençóis no clássico de Alain Resnais.
“Teu nome é Nevers”.
A boca vermelha de Maria. O adeus à pureza? |
10. "Je Vous Salue, Marie!", Jean-Luc Godard, de 1985
Maria se dá o direito de ser mulher. Fuma, passa um batom escarlate vibrante nos lábios e é saudada pelo "anjo" Gabriel com a frase:
“Je vous salue, Marie!".
Ih, parece que o menino Jesus vai ter um irmãozinho.
e como extra...
10 +1. "Cidadão Kane", de Orson Welles (1941)
Frase que não é frase e que também não é dita, é mostrada no trenó do magnata Kane, quando jogado ao fogo, sendo que sabemos que fora a última palavra proferida por ele antes de morrer, e é a palavra que encerra a obra-prima de Orson Welles:
"Rosebud".
E sobe a fumaça, sobe a trilha e... FIM.
Cena final de Cidadão Kane, considerado por muitos o melhor filme de todos os tempos.