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sábado, 5 de janeiro de 2019

A Arte do ClyBlog em 2018

Como em todo início de ano, o ClyBlog dá aquela recapitulada na produção visual desenvolvida aqui, seja para divulgação, logotipia, eventos, ilustrações, etc. sendo que parte deste material não aparece no blog durante o ano, uma vez que é publicado em primeira mão em redes sociais. E esse ano foi bem significativo neste sentido por ter sido ano de Copa do Mundo, o que sempre faz com que tenhamos publicações remetendo a futebol e ao local do evento; mas também marcar o décimo ano de existência do ClyBlog, modificando o nosso logo mais uma vez e adaptando-o às mais diversas situações e datas significativas do calendário anual. 
Confira então, a seguir, algumas das atividades visuais apresentadas pelo blog em 2018: 


O nosso logo, comemorando os dez anos,
teve que se desdobrar em versatilidade para cada ocasião.

E para comemorar o marcante aniversário,
tivemos diversas chamadas convidando pra festa.

Em 2018 várias seções do blog ganharam cara nova
com novos logotipos e programações visuais.

As chamadas para os Álbuns Fundamentais
focaram na paixão pelos discos e pela música.

A seção Claquete deu destaque a estes maravilhosos gênios
que fazem do cinema, verdadeiramente, uma arte.

A página Lido, dedicada a livros, apresentou novas campanhas.

Assim como a sub-seção do Cotidianas, a Pílulas Surrealistas

O Claquete também teve uma nova subdivisão,
a Clássico é Clássico (e vice-versa) que põe frente a frente
filme original contra remake em duelos eletrizantes.


Em ano de Copa, como já é de costume, nesses 10 anos, tem que ter ClyBola.
E com o torneio na Rússia, preparamos uma comunicação visual
toda remetendo ao construtivismo russo.

Nesse ano uma das nossas copas, eliminatórias que definem qual a melhor música
de determinado artista foi da Rainha do Pop.
Sim!!! Tivemos Copa do Mundo Madonna.
E também tivemos uma Copa do Mundo The Smiths.
É, botamos o Morrissey pra bater uma bolinha.

Nas tirinhas, zoamos com muitas coisas, inclusive com a URSAL,
'denunciada' por um dos candidatos à presidência do Brasil.
No caso da nossa personagem, a Anta Gônica, ele achou interessante criar a... ANTAL.

Nas Cotidianas, sempre alguma imagem ilustra um conto, crônica ou poema.
Aqui algumas ilustrações feitas especialmente para as publicações da seção.

E na Coluna dEle, o Velho lá de cima, chegou a considerar que, já que a Terra é plana,
como alguns afirmam, que, então, deve ser um disco de vinil, um LP.
Só que tocando ao contrário (e com alguma mensagem satânica...)
Só pode!



C.R.




sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

The Smiths Cover Brasil - Food Park Carioca - Rio de Janeiro/RJ (02/12/2018)



Aproveitando que era pertinho de casa, numa estrutura gastronômico-musical no estacionamento de um supermercado na Tijuca, o Food Park Carioca, e num horário bastante favorável, fui, no último domingo, ver novamente, depois de um bom tempo, a The Smiths Cover Brasil, sem dúvida a melhor banda cover do cultuado quarteto de Manchester que foi um dos grandes nomes dos anos 80 e que ainda carrega uma legião de fãs até hoje mesmo tanto tempo depois de sua extinção. Admirador que sou do trabalho do grupo há bastante tempo, especialmente de seu vocalista, meu amigo Roberto Freitas, fui conferir sua apresentação sem qualquer dúvida de que presenciaria, mais uma vez, uma performance competente e empolgante. E não teve erro! Uma banda encaixada, azeitada, dominadora do repertório e de suas particularidades arrebatou o público do Food Park, diversificado mas, de um modo geral, conhecedor do que ouvia, com algumas das melhores canções que os Smiths já produziram, muitas delas sucessos dos anos 80.
Roberto, o Morrissey da The Smiths Cover Brasil,
à frente de seu bom time.
Roberto Freitas, que, muito convenientemente, guarda uma certa semelhança física com Morrissey, está ainda melhor do que das vezes anteriores em que o vi interpretar o cantor. Seguro e solto nos vocais e completamente à vontade, mas sem exageros, na caracterização e nos trejeitos. A banda, devo admitir que não é a mesma que vi das vezes anteriores, mas pelo que se viu é de excelentes músicos e está muito bem ensaiada garantindo, independente da escalação, a qualidade já renomada da Smiths Cover Brasil que, só para confirmar isso, percorre o Brasil inteiro com shows desfilando o repertório da banda de Manchester.
"What Difference Does It Make?" intensa, "Girl Afraid" competentíssima, "Barbarism Begins At Home" barbarizando, uma "This Charming Man" de arrepiar, "Some Girls Are Bigger Than Others " dedicado às mulheres, "The Boy With The Thorn In His Side" dedicada a mim, "Suedehead" com o seu já habitual refrão entoado em uníssono exclusivamente pelo público, uma emocionante "Please, Please, Please Let Me Get What I Want", e um "There's A Light That Never Goes Out" no meio da galera são apenas alguns dos grandes momentos que destaco do show da The Smiths Cover Brasil que, para nossa felicidade continua, com sua homenagem a esta que foi uma das maiores bandas de todos os tempos, nos brindando com a possibilidade de ter um pouco daqueles nossos ídolos pertinho da gente. Como eu disse para o próprio Roberto ao final da apresentação, "Não é o The Smiths, é claro. Mas às vezes emociona como se fosse". 

The Smiths Cover Brasil - trecho de "There's A Light That Never Goes Out"



Cly Reis

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

T-Rex - "The Slider" (1972)




A capa e seu verso,
concebidas por Ringo Starr
"Aí veio “The Slider”
e nele tinha "Metal Guru".
Foi uma música
que mudou a minha vida.
Eu nunca tinha ouvido
nada tão bonito e tão estranho,
e ainda assim tão cativante.“
Johnny Marr,
Ex-guitarrista do The Smiths




Marco do glam-rock, “The Slider”, álbum da banda britânica T-Rex confirmava uma recente idolatria em torno de seu líder, o carismático e sagaz Marc Bolan. O Tyrannossaur Rex,  nome original da banda que ficou mesmo conhecida por sua simplificação abreviada, contava, entre tantos fãs com a admiração de ninguém menos que David Bowie, fã declarado, que, de certa forma, se inspiraria em toda a proposta estético-sonora de Bolan e sua turma para construir seu ícone Ziggy Stardust.  Enquanto a produção ficava a cargo de Tony Visconti, parceiro de Bowie no álbum "Space Oddity", a arte do álbum, marcante, com Bolan usando uma cartola, foi concebida por ninguém menos que o Beatle Ringo Starr, também admirador confesso do trabalho do T-Rex. Estava mal de fãs o T-Rex? Bowie e Ringo?
A gostosa “Metal Guru” e a envolvente “Telegram Sam”, que posteriormente viria a ganhar uma versão bem interessante pela banda Bauhaus, foram os grandes sucessos do disco mas o ótimo “The Slider” não se limitava a estas duas. A faixa título é contidamente pesada, “Rock On” e “ Buick Mackane” são rocks venenosos e contagiantes, enquanto a adorável “Mystic Lady” e a balada acústica “Ballroom of Mars” são momentos mais suaves nos quais Bolan desfilava todo o potencial de seu vocal ácido e elegante.
“The Slider” é um dos discos mais importantes e um dos mais influentes da história do rock, tendo inspirado um grande número de artistas a partir de seu lançamento, tanto estética quanto musicalmente.  Que o digam Morrissey, Green Day, Bauhaus, Siouxsie, My Chemical Romance, R.E.M., só para ficar em alguns.
***************

FAIXAS:
1. "Metal Guru" (2:25)
2. "Mystic Lady" (3:09)
3. "Rock On" (3:26)
4. "The Slider" (3:22)
5. "Baby Boomerang" (2:17)
6. "Spaceball Ricochet" (3:37)
7. "Buick Mackane" (3:31)
8. "Telegram Sam" (3:42)
9. "Rabbit Fighter" (3:55)
10. "Baby Strange" (3:03)
11. "Ballrooms of Mars" (4:09)
12. "Chariot Choogle" (2:45)
13. "Main Man" (4:14)

***************** 
Ouça:



por Cly Reis

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Música da Cabeça - Programa #60


Vocês, aí, tão me ouvindo, tenham calma: faça só um sorriso, ele é de aviso, pois temos o Música da Cabeça nº 60! Sim: o talentoso e carismático Di Melo, o Imorrível, conversou conosco neste programa especial de hoje. Além disso, tem também as músicas da nossa mente – que passeiam por João Gilberto, Talking Heads, Morrissey  e Arnaldo Antunes –, notícia (no “Música de Fato”) e poesia (“Palavra, Lê”). Para quem dizia que o mundo acabaria em mel, quer coisa mais doce que isso?! Sintoniza na Rádio Elétrica às 21h hoje e delicie-se. Produção e apresentação  comemorativas, é claro –: Daniel Rodrigues.



Rádio Elétrica:

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Copa do Mundo Madonna

Quem foi que disse que Copa é coisa só pra marmanjo? Depois de certames futebolístico-musicais envolvendo Robert Smith e sua turma, os legionários de Renato Russo, os quatro rapazes de Liverpool e, mais recentemente a dupla de ataque Morrissey e Marr, uma representante feminina  vem pra desbancar esses cuecas. E para tal tarefa não poderia ser qualquer uma, então, assim sendo, nada melhor do que a Rainha do Pop, Madonna para tematizar a próxima Copa do Mundo Rock do ClyBlog.
A coisa vai correr no mesmo formato dos torneios anteriores: 64 músicas entram inicialmente e metade vão sendo eliminadas a cada fase pelos nossos especialistas que irão pôr em prática todo seu conhecimento madonnístico e exibir seus precisos comentários futebolísticos. Nosso time está escalado com o nosso tradicional colaborador, José Júnior; com a amiga Iris Borges e seus tradicionais comentários implacáveis, e com os titulares da casa, Daniel Rodrigues e Cly Reis.
Pois então, preparem-se porque vai começar mais um emocionante e disputadíssimo campeonato. Serão 5 fases até que seja conhecida a Rainha das Canções da Rainha do Pop e até lá, é só jogão.
Times nos vestiários, a torcida aguarda, vão entrar em campo os maiores sucessos de Madonna.



C.R.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Copa do Mundo The Smiths - Final


Chegou o grande momento!
Chegou a hora da tão  esperada final.
"Girl Afraid", canção  que oficialmente  não  saiu em álbum, mas aparece na compilação Hatful of  Hollow mas que aparece em outras coletâneas da banda de Manchester, com bravura, derrubando adversários difíceis, chega à final para encarar "There's A Light That Never GosOut", canção do clássico disco "The Queen Is Dead", considerado por muitos o melhor do grupo, e por outros tantos até mesmo, o melhor álbum de rock de todos os tempos. Será?
Mas aqui não importa fama, cartaz, favoritismo. Tudo se decide dento de campo e, como diria aquele antigo narrador, "Você quer bola rolando? Ta aí o que você queria!". 

***

GIRL AFRAID
x
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT


Fernanda Calegaro: No início, pensei que a competição acabaria em uma final sarcástica entre Heaven Knows I’m Miserable Now e This Charming Man, por exemplo. Mas nossa final transporta ao parque de diversões, sendo assim, There’s a Light That Never Goes Out desempata no início do segundo tempo e avança com dois golaços pra montanha-russa alguma ficar entediante. 5X3.
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT vence!

Eduardo Almeida: E chegamos a final. Grandes equipes ficaram pelo caminho. Confesso ter ficado surpreso com essa final. Mas como já diziam: futebol é uma caixinha de surpresas. Duas equipes fortes com táticas distintas. Ritmos de jogo diferentes. E com calma, There's a Light marca seu gol e termina o primeiro tempo na frente. Pra quem achava que com seu ritmo mais acelerado, Girl Afraid não iria manter a velocidade do seu jogo, se enganou. Voltou pro segundo tempo com um ritmo mais cadenciado, e empata o jogo logo no início. Ambas as equipes tem boas oportunidades de marcar, mas suas defesas estão atentas. Até que dá um apagão na defesa de There's A Light, e Girl aproveita e vira o jogo. TIALTNGO parte pra cima, aperta GIRL, coloca duas bolas na trave, mas não tem sorte. O goleiro chega ir para a área adversária para tentar um gol que levaria a um empate e a decisão por penaltis. Mas não conseguem..... Final: Girl Afraid 2 X 1 There's A Light That Never Goes Out.
GIRL AFRAID vence!

José Júnior: Estádio lotado, garotas e garotos medrosos... chegou a grande final. Girl Afraid começa o jogo com um ataque melódico. There's A Light That Never Goes Out toma a posse da bola e começa o jogo marcando um gol de letra. GA reage empatando o placar. Dois timaços, duas músicas emblemáticas dividem a atenção da platéia, onde não há vaia, somente gritos de torcidas unidas. E a bola corre como se um caminhão de dez toneladas a mantivesse no chão. There's A Light dribla, num estilo Garrincha, e manda o gol da vitória!
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT vence!

Patrícia Ferreira: O jogo que tem There Is A Light That Never Goes Out com a força da torcida. Encara Girl Afraid que vai pra cima atacando com veemência. Quase há um empate ... Ops!!! Mas o tira-teima mostrou a real vencedora: There is light 😍
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT vence!

Daniel Rodrigues: O placar pode até dar a entender que foi um jogo de igual pra igual. De dois adversários de qualidade, foi com certeza. “Girl”, mais que o azarão que chegou até a final depois de passar por clássicos como “The Queen is Dead” e “The Boy With The Thorn In His Side”, é, sem dúvida nenhuma, uma grande música dos Smiths. Guarda vários dos elementos essenciais da banda: guitarra original de Marr, bateria possante de Joyce, baixo surf music de Rourke e, claro, a performance e letra irrepreensíveis de Morrissey. No outro lado do campo, no entanto, tem “There’s”, das mais célebres canções da banda, um de seus hinos. Balada sensível daquelas que tocam sempre que se escuta. Como disse no início, parecia um jogo equilibrado. Foi assim que o primeiro tempo transcorreu: “There’s” larga na frente ali pelos 25 min e 10 min depois “Girl” empata. Tudo igual. Só que no segundo tempo, pesou a camiseta. Para bem e para mal. “Girl”, atrevida e de jogo contagiante, mostrou que tinha dado tudo que podia na Copa, e não conseguiu resistir ao volume de jogo coeso e bem estruturado de There’s”. O hit de “The Queen is Dead” impôs seu estilo cadenciado e marcante e guardou, aos 32 min, o gol da vitória. O gol do título. 2 x 1 para “There’s”, que se consagra a campeã da Copa Smiths!
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT vence!

Cly Reis: Duas grandes equipes chegam à final. Girl Afraid menos badalada quando se fala em paradas de sucesso ou predileção dos fãs, e There's A Light That Never Goes Out gozando do status de megahit e semi-hino smithiano. Nessa avaliação, vemos TIALTNGO com um leve favoritismo, mas o rock'n roll é uma caixinha de surpresas e, como já diria aquele folclórico cartola, o jogo só acaba quando termina. 
Pois bem, e não é que Girl Afraid já sai surpreendendo com um gol na primeira jogada? Aquele riffzinho inicial de Johnny Marr garante 1x0 no placar antes do primeiro minuto de jogo. Mas There's A Light não deixa por menos e também em sua primeira incursão ao ataque, aquela introdução que precede o primeiro verso de Morrissey, e que sempre me faz amolecer as pernas, garante o empate. 1x1 em menos de três minutos. Que jogo, senhoras e senhores!!!
O jogo continua com as equipes trocando ataques nas suas caraterísticas, Girl Afraid um pouco mais impetuosa, TIALTNGO mais cadenciada, mas ambas levando perigo ao gol adversário. Até que o refrão de There's A Light That Never Goes Out desequilibra: "And if a double-decker bus/ Crashes into us/ To die by your side/ Is such a heavenly way to die". Aquele desprendimento da vida em noe de ficar ao lado da pessoa amada é um golaço indefensável. Girl Afraid sente o gol, fica meio perdida em campo e na seuqência, na segunda parte do refrão, "And if a ten-ton truck/ Kills the both of us/ To die by your side/ Well, the pleasure - the privilege is mine", leva outro. É a pá de cal. There's A Light dá números finais ao jogo. 3x1. Soa o apito final e THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT vence!



THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT
CAMPEÃ DA 
COPA DO MUNDO 
THE SMITHS



Obrigado aos convidados Patrícia Ferreira, Fernanda Calegaro, Eduardo Almeida, José Júnior, Cláudia B. Melo e João Carneiro que participaram dessa nossa brincadeira. Vocês foram demais!

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Copa do Mundo The Smiths - Finalistas


Chegou a hora da verdade!
Apenas dois chegarão à grande decisão.
Depois de uma longa caminhada eliminando terríveis oponentes, duas grandes canções de uma das maiores bandas de todos os tempos se enfrentarão na finalíssima a fim de definir qual delas é a maior de todas.
Para isso, nossos especialistas em The Smiths, José Júnior, Fernanda Calegaro, Eduardo Almeida e Patrícia Ferreira, junto a nós os editores do Clyblog, Cly Reis e Daniel Rodrigues, avaliaram os duelos de semifinais e definiram os dois classificados. Confira como cada um encarou cada jogo e decidiu os classificados:


  • GIRL AFRAID x THE QUEEN IS DEAD


Eduardo Almeida
Muitos dizem que essa seria a final, mas o chaveamento fez com que se encontrassem na semifinal. O jogo é equilibrado. Duas equipes com torcida grande, e muita qualidade das equipes. Muitas chances de lado a lado. Bolas na trave. Pênalti perdido por GIRL AFRAID. Gol anulado de THE QUEEN. Final de jogo: 0 X 0. Disputa de pênaltis. GIRL AFRAID é mais eficiente nas cobranças, e elimina a rainha. GIRL AFRAID 0 (5) x 0 (4) THE QUEEN IS DEAD
GIRL AFRAID classifica

Patrícia Ferreira
The Queen ganha. 4× 1.
THE QUEEN IS DEAD classifica

Daniel Rodrigues
Para aqueles que pensavam que seria um jogo aberto de dois times que vão pro ataque, o que se viu dentro das quatro linhas foi o contrário. Respeito. Muito respeito dos dois lados. Afinal, times bastante sólidos e bem estruturados que se equiparam. Qualidade não faltou, mas as defesas trabalharam tão bem que teve, bem dizer, uma chance clara pra cada lado. 0 x 0, prorrogação e pênaltis. Nas penalidades, “Girl” erra uma cobrança, até bem batida, mas o goleiro de “The Queen” acertou o canto e defendeu. Final: 5 x 4 nos pênaltis, e “The Queen” na final!
THE QUEEN IS DEAD classifica.

Fernanda Calegaro
Girl afraid 3x2
GIRL AFRAID classifica.

José Júnior
Girl Afraid e The Queen is Dead entram em campo em um jogo maduro, sem cartões, num duelo de vitoriosos. O placar marca 2x2, até quando Morrissey canta "And the church - all they want is your money", marcando o gol da vitória.
THE QUEEN IS DEAD classifica.

Cly Reis
É o encontro do jogo cadenciado, equilibrado, bonito de Girl Afraid contra o estilo agressivo, ofensivo de The Queen Is Dead. "A Rainha" já parte pra cima tentando sufocar o adversário no seu próprio campo, mas aquele conjunto, aquele entrosamento todo de Girl Afraid se sobressai e desafoga o jogo com muita categoria. Apesar de toda a pressão e do ímpeto de TQID, numa jogada individual de Johnny Marr com aquela guitarra serpenteante e sedutora "A Garota", sem medo algum, abre o marcador. O adversário que já não alivia em circunstância alguma parte mias ra cima ainda, põe mais um atacante, tira volantes e num contra-ataque, no último minuto (ou no ultimo verso) toma mais um naquele lindo "I'll never make that mistake again...". 2x0.
GIRL AFRAID classifica


EMPATE NA DECISÃO


João Carneiro * (convidado para voto de desempate)
Pra mim, Girl Afraid ganha.
GIRL AFRAID classifica


pelo voto de desempate, GIRL AFRAID está classificada para a final.


***


  • WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? x THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT

Eduardo Almeida
Grande surpresa do campeonato, WHAT DIFFERENCE chega a essa semifinal cheia de moral. Começa a partida mostrando por que chegou até essa fase, colocando duas bolas na trave. Mas THERE’S A LIGHT marca no final do primeiro tempo, muito pelo conjunto da equipe. WHAT DIFFERENCE consegue marcar numa cobrança de falta aos 25 minutos, e se empolga, parte pra cima, e com um ritmo mais cadenciado, vira a partida aos 40 minutos. Cinco minutos não são suficientes para THERE’S A LIGHT empatar. WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? 2 x 1 THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT.
WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? classifica

Patrícia Ferreira
There is light that Never Goes Out ganha de goleada te What Difference Does It Make.
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT

Daniel Rodrigues
Se a outra semifinal era entre adversários parecidos, que vão pro ataque, esta aqui é ainda mais equilibrada em estilos de jogo. Canções de amor sem serem baladas, são canções pop rascantes e sentimentais. No melhor estilo Smiths. A paridade se reflete dentro de campo, com cada um marcando uma vez no primeiro tempo. No segundo, a força de “What”, entretanto, se sobressai, principalmente quando entra naquela hora do falsete de Morrissey, jogada que já fez a música vencer partidas em rodadas anteriores. Aqui, o expediente é fundamental para superar a escalada emocional de “There’s”, mesmo com aquela seção de cordas e o tecladinho “flauta doce”. Resolvido nos 90 minutos, mas por um detalhes de diferença. 2 x 1 para “What”, a outra finalista!
WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE? classifica


Fernanda Calegaro
There's a light 5x4
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT classifica

José Júnior
What Difference Does it Make? tem feito um excelente jogo, mostrando que sabe driblar e empolgar a torcida. Mas There is a Light That Never Goes Out mantém sua luz contínua e manda um gol de cabeça, garantindo sua presença na final!
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT classifica.

Cly Reis
Jogo muito equilibrado! Outro daqueles que poderia tranquilamente ter sido a final. Dois times com muitas qualidades. Se WDDIM? mostra-se vulnerável em alguns momentos ("But now you make me feel so ashamed because I've only got two hands..."), é extremante agressiva em outros ("and you must be looking very old tonight") levando perigo ao gol de TIALTNGO que tem um estilo de jogo bem parecido mas chega mais vezes à área do adversário. A aparente fragilidade de There's A Light faz com que What Difference se jogue mais pra frente dando espaços e aí que "Os Iluminados" se aproveitam. Numa dessas, num contra-ataque, aos 32 do segundo tempo, There's a Light chega ao ataque e invade a área com perigo ao que o zagueiro de What Difference entra desgovernado como um ônibus de dois andares e comete o pênalti. O batedor de TIALTNGO bate com categoria e marca. 1x0. What Difference vai com tudo pra tentar o empate a começa a meter bola alta. Num desses levantamentos, um enrosco na área a bola sobra pro atacante de What Difference que chuta para o gol e o zagueiro de There's a Light se joga no frente da bola como se ela fosse uma bala de revólver e evita o gol. Os jogadores de What Difference reclamam que teria sido com o braço, o árbitro consulta o recurso de vídeo e confirma a decisão. Nada! Jogada legal. Placar final 1x0 para TIALTNGO.
THERE'S A LIGHT THST NEVER GOSES OUT classifica.

por maioria, "THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT classificada para final.


finalistas
GIRL AFRAID 
e
THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT

terça-feira, 3 de abril de 2018

Copa do Mundo The Smiths

Pânico nas ruas de Londres! Pânico nas ruas de Manchester! Vai começar a Copa The Smiths! Sim, porque aqui no ClyBlog a Copa do Mundo não se decide dentro de campo mas sim dentro de um estúdio ou em cima de um palco. Assim como fizemos em 2014, na época do mundial disputado no Brasil, quando tivemos torneios musicais envolvendo The Cure, Legião Urbana e Beatles, teremos as emocionantes disputas de canção contra canção, em duelos de mata-mata, até descobrirmos qual a melhor musica de um artista. Reivindicado na nossa edição de 2014, The Smiths foi escolhido para dar início à nossa temporada de jogões musicais de 2018. A fórmula é simples: começamos com 64 músicas, ou seja, 32 confrontos; depois 16, oito nas oitavas de final, quatro jogos nas quartas, dois jogos na semi e, por fim, a grande decisão. Na primeira fase, os 20 singles somados a 12 das mais populares ficam de um lado do chaveamento e enfrentam as restantes, o que impede num primeiro momento confrontos como The Boy With The Thorn... contra This Charming Man, por exemplo, mas a partir da segunda fase não tem mais restrições aí é quem cair pela frente. Os jogos de cada fase serão distribuídos entre fãs da banda que analisarão cada confronto e, pensando futebolisticamente, darão um resultado à partida. "Girl Afraid atropela Golden Lights e faz 5x0", por exemplo, ou "Bighmouth Strikes Again empata com How Soon is Now? e teremos decisão nos pênaltis...", e assim por diante.
Estão escalados para decidir os jogos a amiga e fãzaça dos Smiths, Patrícia Ferreira; o já tradicional colaborador José Júnior; além de nós os titulares da casa, Daniel Rodrigues e, eu, Cly Reis, que não poderíamos ficar fora dessa de jeito nenhum.
Vai ter Copa! E aqui no ClyBlog ela vai ter muita música. A bola vai começar rolar, ou melhor, o som vai rolar e não tem pra Bob Charlton, George Best ou David Beckham, porque quem manda em Manchester mesmo é Morrissey, Marr, Andy e Joyce.
Doces e meigos hooligans, preparem-se: Manchester vai tremer.


C.R.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Música da Cabeça - Programa #31


A gente começa novembro espantando as bruxas do Halloween com muito som aqui no Música da Cabeça. É nessa batida que será o programa de hoje. Vai ter coisas como Vince Guaraldi, Chico Buarque, Morrissey e Lou Reed & John Cale. Ainda, um “Sete-List” imperdível trazendo trabalhos de Brian Eno, o “Música de Fato”, o “Palavra, Lê” e aquelas coisas que a gente sempre traz a cada programa: informação e entretenimento. É véspera de feriado, mas não é desculpa para perder! É hoje, na Rádio Elétrica, às 21h. Produção, apresentação, doces e travessuras, Daniel Rodrigues.


domingo, 29 de outubro de 2017

O último disco dos Smiths ou o primeiro disco de Morrissey?


Aproveitando o ensejo pelo aniversário de 30 anos do lançamento de “Strangeways, Here We Come”, último álbum da banda inglesa The Smiths, e o recente anúncio do novo trabalho de seu ex-vocalista, Morrissey, depois de um intervalo de 12 anos, cutuco numa velha discussão muito recorrente entre fãs da banda de Manchester e seu vocalista, qual disco é melhor: o último dos Smiths ou o primeiro de Morrissey?
Concluído em meio a um ambiente pesado, conturbado no qual os problemas de relacionamento e divergências artísticas predominavam, “Strangeways, Here We Come” que apresentava evidentes sinais de desgaste e de uma certa crise criativa, ficava claramente aquém do restante da brilhante discografia dos Smiths. Por outro lado, Morrissey, já insatisfeito com uma série de situações internas, com grande quantidade de material escrito e com ideias próprias florescendo abundantemente, chamava num canto o próprio engenheiro de som da banda da qual ainda fazia parte, Stephen Street, e ainda durante as gravações do disco que encaminhava-se para ser o derradeiro daquele grupo, preparava seu material solo.
O resultado de ambas as empreitadas, uma desgastante e agônica e a outra fresca e vivaz fica evidente em seus produtos finais. “Strangeways...” embora seja o trabalho mais fraco do The Smiths consegue mesmo assim ser um bom disco pop-rock e se não consegue manter a regularidade, a uniformidade de outros momentos que fizeram dos discos anteriores praticamente obras-primas, tem o poder ainda de produzir clássicos e proporcionar alguns grandes momentos musicais. “Girlfriend In a Coma” e “I Won’t Share You” poderiam estar em qualquer dos maiores discos da banda, talvez sem roubar o brilho de uma "Bigmouth Strikes Again", “Girl Afraid” ou “How Soon Is Now?” mas com valor o suficiente para integrar seu repertório; “Stop Me If You Think That Yo’ve Heard This One Before”, sim, tem algum protagonismo; “Death of a Disco Dancer” é intensa, angustiante e tem um solo de piano de arrepiar pelas mãos do próprio Moz;  mas é “Last Night I Dreamt That Somebody Love Me”, uma balda irresistível e emocionada, que entrava imediatamente para o rol de grandes canções da banda.


Mas "Viva Hate", de Morrissey parecia carregar tudo aquilo que se esperava de um álbum dos Smiths e por isso caía nas graças dos fãs e da crítica logo de cara, inclusiva algo que “Strangeways, Here We Come” não conseguira:  dois hits de peso, a belíssima “Everyday Is Like Sunday” e, em especial, “Suedehead”, um clássico instantâneo que muitos consideram com ironia “a última grande música dos Smiths”. Stephen Street compensava o fato de não ter um Johnny Marr, com criatividade, um bom time de músicos  e uma ótima leitura musical, de modo a, sem parecer uma cópia, não se distanciar da linguagem que consagrara o cantor até então.  Assim, Morrissey ressurgia tão ácido, mordaz, romântico e impetuoso quanto nos melhores momentos do passado e entregava-nos um disco impecável, irretocável da primeira à última. Desde a ordem das faixas, abrindo com a agressividade de “Alsatian Cousin”,  fazendo uma transição sem deixar tempo pra respirar, para a batida insistente de “Little Man, What Now?”, até culminar gloriosamente numa guilhotina descendo sobre o pescoço de Margareth Tatcher; passando pelas letras inspiradas; por arranjos precisos e interpretações emocionantes;  “Viva Hate” acertava em cheio e deixava até nos fãs mais ferrenhos, nos mais religiosos a incômoda sensação que lhes perturbava como se fosse uma traição mas que era forçoso admitir, de que, sim, o primeiro álbum de Morrissey era verdadeiramente melhor do que o último do The Smiths.




Cly Reis
(texto publicado originalmente
no blog Zine Musical )

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Morrissey - "Your Arsenal" (1992)





"['I Know It's Gonna Happen Someday' é]
Morrissey imitando Bowie."
David Bowie



Não, aquele topete não é por acaso. Fã de nomes como Elvis e James Dean, e apreciador da cultura dos anos 50 e 60, Morrissey sempre deixou transparecer essa predileção, desde a época dos Smiths com capas de discos como a de "The World Won't Listen" na qual um grupo de jovens ao estilo rockabilly aparece meio de costas na capa, nas de singles como o de "Bigmouth Strikes Again" na qual James Dean aparece montado em uma lambreta, ou do single "Shoplifters of the World Unite"  com Elvis Presley, e em músicas  como "Rusholme Ruffians", pra citar um bom exemplo, uma vez que esta , diretamente inspirada no Rei do Rock, ganhou inclusive na versão ao vivo do disco "Rank", um medley de introdução com "(Marie's the Name) His Latest Fame", tal a semelhança entre as duas. 
Embora seus discos solo tivessem trabalhos de produção bem variados, de certa forma o espírito rock'roll sessentista sempre esteve intrínsecamente presente nos trabalhos, fosse em seus astros decadentes, nas brigas de gangues ou nos garotos rebeldes. Era o universo, os personagens, "o mundo de Morrissey".
E essa veia rock'roll aparece com força mesmo é no terceiro disco do cantor. Em "Your Arsenal", Moz convocava uma gangue de jovens topetudos e carregando no rockabilly revitalizava seu som e reoxigenava sua trajetória naquele momento.
Pra não deixar dúvida das intenções, já sai chamando de cara com a espetacular  "You're Gonna Need Someone on Your Side" um rockabilly invocado, distorcido e acelerado de riff minimalista que destila todo o habitual rancor de Morrissey, "Day or night/ There's no diference/ You're gonna need  someone on your side" ("Dia ou noite, não faz diferença/ Você vai precisar de alguém a seu lado").
"Glamorous Glue" é  um típico glam-rock em uma das tantas referências, diretas ou indiretas a David Bowie no disco. Não  por acaso, uma vez que "Your Arsenal" fora produzido por Mick Ronson, guitarrista do Camaleão na época  do clássico ht"Ziggy Stardust". "We Let You Know" surge como uma balada acústica e, entre ruídos  de multidão, vai crescendo até explodir num final grandioso, numa das grandes interpretações  de Morrissey no disco.
A polêmica "The National Front of Disco", salvo sua, talvez, infeliz referência à Frente Nacional, que custou a Morrissey acusações  de racismo e xenofobia, é  uma baita duma música! Um pop rock tão delicioso e empolgante que faz perdoar qualquer equívoco involuntário deste grande letrista.
Não  menos deliciosa é  "Certain People I Know", outro rock com cara de anos 60, desta vez com uma pegada um pouco mais country.
"We Hate When Our Friends Become Successfull", o grande hit do disco e um dos maiores da carreira do cantor, talvez tenha um dos melhores refrões que eu já  tenha escutado na vida, apenas com a risada de Morrissey soando mais sarcástica  do que nunca, no que muitos dizem ser um deboche ao, até então, fracasso da carreira solo do ex-parceiro de Smiths, Johnny Marr.
Moz banca um Roberto Carlos e homenageia os gordinhos na adorável "You're The One For Me, Fatty", que, brincadeiras à  parte só  faz repetir a atenção que o artista sempre  dedicou aos menos lembrados.
As duas baladas que se seguem, "Seasick, Yet Still  Docked" e "I Know It's Gonna Happen Someday" são bastante parecidas embora esta última seja bastante superior com uma carga emotiva impressionante numa interpretação extremamente intensa de Morrissey, assumidamente  muito inspirada nas baladas de David Bowie, terminando inclusive aos acordes de "Rock'n Roll Suicide".
Mais uma peça  carregada de rock, "Tomorrow", se encarrega de botar ponto final em tudo com destaque para o baixo de Boz Boorer, de certa forma, grande impulsionador da tendência roqueira daquele momento da carreira de Morrissey.
Morrissey com "Your Arsenal" honrava o topete e fazia a alegria dos fãs mais afeitos ao seu lado rock. Com uma discografia  idolatrada, embora nem sempre muito inspirada, "Your Arsenal" era e continua sendo um dos trabalhos  mais coesos de sua carreia e para muitos, o melhor disco de sua história sem o parceiro Johnny Marr. Morrissey abria seu arsenal e mostrava armas que não vinham sendo usadas com a devida ênfase. O resultado foi um balaço.

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FAIXAS:
  1. "You're Gonna Need Someone on Your Side"
  2. "Glamorous Glue"
  3. "We'll Let You Know"
  4. "The National Front Disco"
  5. "Certain People I Know"
  6. "We Hate It When Our Friends Become Successful"
  7. "You're the One for Me, Fatty"
  8. "Seasick, Yet Still Docked"
  9. "I Know It's Gonna Happen Someday"
  10. "Tomorrow"

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Ouça:
Morrissey - Your Arsenal



Cly Reis

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

The Smiths - "The Queen Is Dead" (1986)


O Mais Ilustre dos Trintões



"Então eu invadi o Palácio
com uma esponja e uma ferramenta enferrujada
Ela disse: ' Eu conheço você, 
Você não pode cantar.'
Eu disse: 'Isso não é nada,
devia me ouvir tocando piano.' "
trecho da letra de
"The Queen is Dead"




O ano de 2016, que está acabando, viu grandes álbuns completarem 30 anos de seu lançamento. Não à toa, 1986 foi generoso em grandes discos e não por acaso é um dos anos com maior número de obras destacadas na nossa seção ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. "Brotherhood" do New Order, "True Blue" da Madonna, "So" de Peter Gabriel", "True Stories" dos Talking Heads, "Album" do PIL, aqui no Brasil o idolatrado "Dois" da Legião Urbana e o aclamado "Cabeça Dinossauro" dos Titãs são apenas alguns dos grandes registros fonográficos lançados naquele afortunado ano para a música.
Mas de todos estes grandes álbuns que completaramm trinta anos neste ano que está se despedindo talvez o mais importante e significativo seja "The Queen Is Dead" do The Smiths, disco frequentemente apontado como o melhor da década de '80 e não raro em listas de melhores de todos os tempos, até mesmo ocupando o topo contra obras respeitadíssimas como "Revolver" dos Beatles e o disco da banana do Velvet Underground, por exemplo.
Depois de um disco de estreia elogiadíssimo, reconhecido também com frequência como melhor debut em álbum de uma banda; de um segundo trabalho que confirmava todas as virtudes e dava alguns passos adiante do que fora apresentado inicialmente, o quarteto de Manchester chegava ao terceiro álbum de estúdio com completo domínio de suas habilidades, possibilidades e pretensões obtendo por conta disso um resultado maduro e coeso.
Em "the Queen Is Dead" aparecem pelo menos três dos maiores sucessos da banda e que se tornariam quase hinos da banda. "Bigmouth Strikes Again" canção na qual Morrissey, no auge de sua habilidade como letrista, cinicamente "se defende" das sugestões que "teria feito" para que se quebrasse a cara da então primeira-ministra britânica Margareth Tatcher. Nesta canção encontra-se alguns dos versos mais geniais e bem sacados de Morrissey, criando uma imagem martirizante de inquisição e aproximando-a temporalmente de sua geração, fazendo-a assim identificar-se com o com suposta injustiça do julgamento ao qual estaria sendo submetido: "And now I know how Joan Of Arc felt/ As the flames rose to heir roman nose and her walkman started to melt" ("E agora eu sei como Joana d'Arc se sentiu/ Enquanto as chamas subiam até seu nariz romano e seu walkman começava a derreter") . Outro dos hinos smithianos que o álbum traz é a suplicante "There's a Light That Never Goes Out", canção pop perfeita dotada de um desespero apaixonado comovente possuidora de outro daqueles versos definitivos de Morrissey: "And if a double-decker bus crashes into us/ To die by your side/ Is such a heavenly way to die" ("E se um ônibus de dois andares colidisse contra nós/ Morrer ao teu lado/ Que maneira divina de morrer"). De arrepiar! O outro grande hit do álbum e da carreira da banda é "The Boy With The Thorn In His Side", possivelmente, em termos gerais, a combinação mais perfeita da parceria Morrissey/Marr, numa das melodias mais sedutoramente inspiradas do guitarrista combinada com uma interpretação vocal irretocável do cantor tornando-se  tão emblemática que poderia ser considerada praticamente uma identidade auditiva doa banda.
Mas ao contrário do que pode-se pensar "The Queen Is Dead " não é um clássico apenas pelo fato de ter gerado grandes sucessos. Cada uma das outras sete faixas, embora não tenham atingido paradas, grandes execuções e vendas, tem seu valor que, diga-se de passagem, não é nada pequeno.
A canção que abre o disco e com ele compartilha o nome, "The Queen Is Dead", é uma das mais pungentes e viscerais da banda em um dos poucos exemplos de guitarradas rascantes e violentas de Johnny Marr servindo como uma inquieta esteira de fogo para a letra fulminante de Morrissey num ataque ridicularizador à família real britânica.
"Frankly Mr. Shanky" é graciosa e doce sonoramente mas ácida em sua letra; "Cemetery Gates", com seu violão de melodia envolvente é extremamente bem humorada; "Never Had No One Ever", possivelmente a menos boa do disco, o que não significa que seja ruim, é intensa e carrega aquela típica melancolia e pessimismo de Morrissey; "Vicar In a Tutu", é um gostoso rackabilly novamente repleto do humor mórbido característico de seu letrista. Particularmente destaco também "I Know It's Over", uma das minha preferidas da banda. Uma balada carente, angustiada, desesperada, de interpretação comovente e intensidade crescente que, desde que ouvi pela primeira vez até hoje, me leva às lágrimas. O pedido de "colinho" "Oh, mother I Can feel the soil falling over my head" (Oh, mãe, eu posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça") é pra derreter qualquer um.
Depois de tudo isso, a despretensiosa "Some Girls Are Bigger Than Others" tem o charme de surgir em um fade-in, começar, parecer sumir, desvanecer-se num fade-out e voltar para, numa letra aparentemente banal fechar em grande estilo o disco.
"The Queen Is Dead" foi o disco que colocou o The Smiths definitivamente num patamar superior. Se no início a banda chamou atenção por fazer um rock limpo e honesto em meio à selva de sintetizadores que habitavam o mundo pop, se depois se afirmaram enquanto banda e consolidaram um linha, a partir daquele disco eram, sim, definitivamente reconhecidos como uma das grandes bandas dos últimos tempos. Se o disco frequenta listas de melhores de todos os tempos, o nome da banda não faz menos e volta e meia é colocado à frente de peixes grandes do rock em respeitáveis listas de todo tipo de publicação. Sim, os anos 80 nos deram grandes obras, o ano de 1986, em especial, alguns dos mais marcantes e especiais, mas por toda essa reverência que lhe é atribuida, por sua qualidade, por toda a idolatria e aura mítica que envolve esta obra, "The Queen Is Dead" pode ser considerado, entre os discos "nascidos" em 86, entre os que apagam trinta velinhas este ano, o mais ilustre aniversariante.
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FAIXAS:

  1. "The Queen is Dead"
  2. "Frankly, Mr. Shankly" 
  3. "I Know It's Over" 
  4. "Never Had No One Ever"
  5. "Cemetry Gates" 
  6. "Bigmouth Strikes Again" 
  7. "The Boy with the Thorn in His Side" 
  8. "Vicar in a Tutu"
  9. "There Is a Light That Never Goes Out" 
  10. "Some Girls Are Bigger Than Others"


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Ouça:


Cly Reis

quarta-feira, 9 de março de 2016

A Pureza dos Sons

Uma das coisas mais impressionantes que já presenciei em um show de música foi numa apresentação de Naná Vasconcelos. Algo tão impressionante que me leva a relativizar, inclusive, os termos que acabo de usar: “apresentação” e “show de música”. Não me refiro necessariamente à emoção de assistir a um artista que se gosta, o que, por si, já causa impressão. Naná foi um deles, assim como foi Paul McCartneyGilberto GilMorrisseyMaria BethâniaHelmetDi MeloThe CureMonarcoPrimal ScreamMilton Nascimento, e por aí vai. Só vê-los num palco, gigantes que se tornam – alguns, de baixa estatura como Caetano Veloso ou Vitor Ramil, mas enormes entidades quando cantam –, é um momento especial.

Refiro-me a outra coisa. Esse show de Naná foi em 2010, no Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre. A começar, não havia mais ninguém no palco: apenas o gênio pernambucano (mais um deles) cujos tambores e percussões foram responsáveis por virar de ponta-cabeça a música do século XX com sua arte originalmente universal, forjada no âmago mais recôndito da África negra mas sensivelmente generoso aos sons de todo o mundo. Tudo que se fala hoje em termos de inclusão, diversidade, cosmopolitismo e até sustentabilidade estavam presentes desde sempre na música de Naná. As reminiscências da humanidade estão preservadas em seus sons, a manifestação inata e orgânica do corpo em movimento também, assim como entenderam Meredith Monk, os tap dances norte-americanos, Dorival CaymmiVioleta Parra, os bluesmans do Mississipi.

Pois, por toda essa complexidade – extremamente natural de ser sorvida e apreciada com a maior das facilidades –, questiono que aquilo tenha sido uma “apresentação” e necessariamente de “música”. Ele, sozinho no palco, rodeado de alguns instrumentos percussivos (não muitos), não simplesmente apresentou, mas experenciou algo a nós, plateia. E não somente um show, o que seria simplório, mas, por cerca de 1 hora, vivemos um momento de humanidade. Conversou e contou histórias com a simplicidade contrastante de um tímido acostumado a comandar públicos há décadas. Mas, principalmente, tocou. Tangeu, atritou, bateu, produziu sons. Ele e instrumentos eram a mesma coisa. Do mesmo barro. Independia a nós, que ouvíamos sua arte e certamente, antes de mais nada, a ele  próprio, se os sons emanavam do seu aparelho vocal, do berimbau, da pancada com as mãos em sua própria pele ossuda e ressonante ou da sua respiração. Ecos, reverberações, estampidos, fala, raspados, vibrações: tudo de igual origem.

Provavelmente só vira tal integração natureza/homem quando assistira Monk ano passado, quando esta recolhera o repertório de 50 anos de pesquisas e aprofundamento de sua “música impermanente”. Com Naná, entretanto, a comunicação foi maior. Costumaz colaborador de tantos e tantos artistas e bandas pelo mundo, em realidade não precisava de mais ninguém num palco. Quando o vi, havia Naná e centenas de outros. Todos dentro dele. Naquele dia, quem teve a sorte de estar na plateia – e isso certamente ocorria a muitos e em qualquer lugar que fosse, dada a generosidade de sua arte – teve a chance de experimentar essa sensação tão natural a nós, humanos, e, curiosamente, tão inacesssada.

Foi quando, para terminar o “encontro” (nego-me a classificar somente como “show”), Naná convidou a nós da plateia a produzir o som do Rio Amazonas quando chove... Sim, o som da água, da chuva caindo no rio e na mata! Como um maestro – ou um mago –, regeu-nos. Sob seu comando emitimos sons guturais e batíamos palmas acompanhando um ritmo que ele conduzia em gestos. O resultado foi algo simplesmente transcendente. Estávamos ali, sim, imitando o som da chuva na selva. Tornamo-nos água naqueles instantes, rumamos direto para àquilo que nos forma, que nos rege, aquilo que nos compõem em maioria em termos físicos e espirituais. Vibramos todas nossas moléculas e as harmonizamos no ritmo das ondas, sob a orientação dos ventos, sob a influência dos astros. Voltamos ao útero. Sentimos a pureza.

Não sei do restante das pessoas, mas eu nunca mais fui o mesmo a partir daquele momento. Mesmo que pouco, aquela experiência me mudou para sempre de alguma maneira, a ponto de, hoje, quando Naná Vasconcelos deixa esse planeta do qual tanto compreendeu e simbolizou com beleza, lembrar-me justamente desse episódio. Ele dizia que nunca iria gravar aquilo, pois era uma experiência para ser vivida. Eu vivi. E virei água como ele.


NANÁ VASCONCELOS
(1944-2016)