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sábado, 12 de setembro de 2015

Howlin' Wolf - "Howlin' Wolf" ou "The Rockin' Chair Blues" (1962)



"Seus olhos se iluminavam e você podia
ver as veias se incharem no seu pescoço
e, irmão, sua alma inteira
se concentrava naquela canção.
Ele cantava com a danada da alma."
Sam Phillips,
da gravadora Sun Records,
descrevendo Howlin' Wolf



Um uivo de lobo.
Uma voz potente.
Um homem transfigurado em animal no estúdio.
Assim era Chester Arthur Burnett, mais conhecido como Howlin' Wolf, um dos maiores nomes do blues de todos os tempos. Artista de admiráveis qualidades vocais, exímio manejo da guitarra e performances arrasadoras em shows, Wolf que começara na Sun, gravadora que revelou Elvis Presley, teve, no entanto, seu período de maior sucesso pelo famoso selo Chess, de Chicago, curiosamente levado pelas mãos do, sabidamente um arquirrival, Muddy Waters.
Rivalidades à parte, cada um com seus talentos, muitos diga-se de passagem, havia espaço para os dois na Chess. A maioria dos músicos do staff da gravadora gravavam as canções do baixista da casa e compositor Willie Dixon, mas poucos como Wolf tiraram tanto proveito desta parceria. Saíram das maos de Dixon alguns dos maiores sucessos de Howlin' Wolf e diga-se de passagem, em contrapartida, são dele algumas das melhores interpretações das músicas de Dixon.
Wolf já havia gravado um disco desde sua chegada à Chess mas que ainda trazia heranças da Sun Records, sua antiga gravadora, e contava apenas com as composições do próprio cantor, mas foi com o disco conhecido popularmente como "The Rockin' Chair Blues" que Wolf alçou voo definitivamente no universo do blues muito em função das composições de Dixon e de seu dedo na produção.
O disco abre com a excitante "Shake For Me", uma incitação à libido e já traz na sequência o clássico "The Red Rooster" cantado de maneira arrastada por Wolf com o acompanhamento de por uma slide guitar matadora do próprio cantor. A música ganharia inúmeras versões posteriores, nas quais ganharia o diminutivo pela qual é mais conhecida ("Little"), dentre elas a suingada de Sam Cooke, a suja do Jesus and Mary Chain e a maliciosa dos Rolling Stones.
"Who's Been Talkin'", um blues lento, quebrado com um toque latino é uma das duas, apenas, de autoria do próprio cantor no disco, e ""Wang Dang Doodle", que a segue é pegada, cheia de embalo, com uma guitarra vibrante e um refrão contagiante.
Outra que já foi regravada incontáveis vezes, por Etta James, Who, pelo Cream de Eric Clapton, mas que tem na versão deste blueseiro do Mississipi, a primeira, diga-se de passagem, uma de suas melhores interpretações, é a magnetizante "Spoonful",  mais uma das obras-primas de Dixon imortalizada pelo vocal singular do Lobo.
Na chorosa "Going Down Slow" onde o vocalista praticamente apenas declama a letra, o que destaca-se mesmo, desde a introdução martelada, é o piano; já em "Back Door Man", Howlin' Wolf retoma o protagonismo e encarna o personagem soltando ganidos arrepiantes numa canção que é uma espécie de assombração sensual e sedutora e que cuja versão, talvez, mais conhecida seja a da banda The Doors gravada logo em seu álbum de estreia.
Bem ritmada, embalada, impetuosa, "Howlin' for My Baby" (que também é conhecida com a variação de "... My Darling"), talvez a melhor tradução da fusão de estilos do blues do Delta para o de Chicago, encaminha com grandiosidade o final do disco para que "Tell Me", a outra composição de autoria de Wolf no disco, um gostosíssimo blues com uma levada apaixonante de harmônica  se encarregue de fechar de forma magistral.
Um daqueles caras para o qual a alcunha lenda do blues cabe perfeitamente, ainda mais reforçada pelo nome sugestivo que carregava, pelas performances insanas no palco, pelo feitiço que impunha às mulheres e pelos uivos quase animalescos que emitia em suas interpretações. Seria aquela figura na verdade uma criatura entre o home e o lobo? Teria ele, como o outro legendário Robert Johnson, feito algum pacto sinistro cujo preço seria que dividisse sua forma entre o humano e o bestial, metamorfoseando-se depois de determinada hora, em determinados dias, em dada fase lunar? Ficaria ele assim, mesmo em sua forma humana com traços do animal o que explicaria seus grunhidos, uivos e rosnados característicos e sua forma gigantesca e quase gutural? Bobagem, bobagem. Mas, ei... Alguém aí ouviu um uivo?
**********************
FAIXAS:
  1. "Shake for Me" – 2:12
  2. "The Red Rooster" – 2:22
  3. "You'll Be Mine" – 2:25
  4. "Who's Been Talkin'" (Howlin' Wolf) – 2:18
  5. "Wang Dang Doodle" – 2:18
  6. "Little Baby" – 2:45
  7. "Spoonful" – 2:42
  8. "Going Down Slow" (St. Louis Jimmy Oden) – 3:18
  9. "Down in the Bottom" – 2:05
  10. "Back Door Man" – 2:45
  11. "Howlin' for My Baby" – 2:28
  12. "Tell Me" (Howlin' Wolf) – 2:52
* todas as faixas compostas por Wilie Dixon, exceto as indicadas
******************************
Ouça: 

quarta-feira, 25 de março de 2015

"Discoteca Básica : 100 Personalidades e seus 10 Discos Favoritos", de Zé Antônio Algodoal - Ed. Ideal (2014)



“Em um tempo em que
 as pessoas “baixam” músicas
e não tem noção
do que é um álbum,
nada mais bacana que
poder falar dos álbuns
 e de suas influências em nossas vidas.”
Marcelo Rossi
(fotógrafo, diretor de videoclipes e compositor)





Topei, dia desses, com o livro “Discoteca Básica: 100 personalidades e seus 10 discos favoritos” e, blogueiro como sou, com seção dedicada a álbuns importantes, além de apaixonado por música e colecionador de CD's e LP's, fiquei extremamente interessado. Trata-se de uma série de listas elaboradas por 100 personalidades, em sua maioria ligadas ao mundo da música, que destacam, cada um, 10 álbuns musicais importantes de alguma forma em suas vidas. Por mais que tivesse me dado coceira pra comprar, até hesitei um pouco em comprar imaginando que as indicações dos convidados pudessem meramente cair naqueles clichês tipo “progressivo é mais técnico e o resto é pobre”, ou “sou do metal e escolhi 5 AC/DC e 5 Iron Maiden" ou Beatles é melhor que tudo” e simplesmente saírem nomeando 5 entre os 10, 7 de 10 ou mesmo 100% da lista só de Beatles. Mas não. Um que outro até manifestou a intenção de relacionar Beatles nas 10 posições mas felizmente meus temores não se confirmaram. No caso do Fab Four, em especial, tiveram, por óbvio, um número de indicações proporcional à sua importância de maior banda de todos os tempos, mas felizmente as listas mostraram-se bem diversificadas, curiosas e contendo dicas bem interessantes. Os convidados em sua maioria são de alguma maneira ligadas ao mundo da música, como os músicos Arnaldo Baptista, Péricles Cavalcanti, Dinho e Andreas Kisser, por exemplo, mas também encontramos artistas visuais, produtores, executivos de gravadoras, e ex-VJ's da MTV como Didi, Gastão, Edgar e Thunderbird.
O que torna o livro mais interessante é que a proposta do organizador, Zé Antônio Algodoal, não foi a de necessariamente listar 10 discos qualitativamente ou em ordem de preferência. Seus entrevistados podiam utilizar o critério que quisessem e essa liberdade de escolha resultou em listas muito bacanas. Questões afetivas, cronológicas, de formação, profissionais, primeiras aquisições, parcerias, influências, os critérios adotados são os mais diversos, alguns convidados preferindo comentários mais genéricos, abrangentes, outros mais detalhados, pontuais, disco a disco. Alguns relatos como o da francesa Laetitia Sadier da banda Stereolab são muito amplos, bonitos e completos, por outro lado, pessoas de quem gostaríamos de ter alguma consideração a mais sobre suas escolhas, como no caso do apresentador Jô Soares, foram extremamente econômicos, deixando uma breve observação ou às vezes nenhuma.
A paixão demonstrada pelo músico Hélio Flanders em suas descrições; o envolvimento do diretor de cinema e teatro Felipe Hirsh; as metamorfoses da ex-diretora da MTV Brasil, Ana Buttler; o caso dos primeiros dez discos que o Gordo Miranda ganhou do pai; o texto criativo e bem escrito de Xico Sá; e a emoção de Airto Moreira ao ser apresentado ao álbum “Miles Ahead” pela cantora Flora Purim, no relato de Rodrigo Carneiro, são alguns dos pontos mais legais do livro e que não podem deixar de serem lidos. Como curiosidades, me chamou a atenção o fato do álbum “Boys Don't Cry” do The Cure, que eu, fã, nem considero dos melhores, aparecer bastante entre os votantes; a surpreendente 'disputa' acirrada entre o "Força Bruta", muito votado, e o "Tábua de Esmeralda", que no fim das contas prevaleceu; e o fato de que alguns dos meus xodózinhos como o "Psychocandy" do Jesus and Mary Chain, que eu considero a melhor coisa que eu já ouvi, e o "Loveless" do My Bloody Valentine, que eu costumo dizer que seria o disco que eu levaria para uma ilha deserta, aparecem com bastante frequência no livro em diversas listas, inclusive na do próprio organizador. No mais, muitos dos meus favoritos aparecem com grande destaque entre os mais escolhidos como, por exemplo, o "Nevermind" do Nirvana, o "Transa" do Caetano e o "Tábua de Esmeralda" de Jorge Ben.
Elogios também para a parte gráfica do livro muito caprichada, cuja arte, meio retrô e saudosista, faz referência, desde a capa, a vinis, toca-discos e equipamentos de som antigos.
Para quem gosta de listas, como eu, especialmente aqs de música, é um livro que desperta a vontade de montar as suas próprias, com critérios diferentes, de modo que se consiga contemplar todos aqueles discos que, de certa forma quase como filhos, e tem um lugar reservado no coração.




Cly Reis

quarta-feira, 28 de maio de 2014

The Jesus and Mary Chain - Vivo Open Air - Marina da Glória / Rio de Janeiro (27/05/2014)



Entrada do Vivo open Air,
proposta de sessão de cinema
ao ar livre seguida de show musical
Irmãos, eu vi Jesus!
Sim, sim, uma das minhas bandas favoritas, o The Jesus and Mary Chain, cujo álbum de estreia, "Psycho Candy" é meu disco de cabeceira frequentemente citado como um dos melhores dos naos 80, estava ali na minha frente, como um milagre. Como um milagre, sim, porque assim como o filho do Homem, ressuscitou, depois de uma longa inatividade para uma turnê, que por felicidade passou por essas terras.
Sim, Jesus está entre nós!
Shwarzie encarnando o impiedoso robô
do futuro na telona na Marina da glória
Depois de uma sessão de cinema ao ar livre com a exibição do filme o Exterminador do Futuro, ao qual eu já tinha assistido zilhões de vezes, mas que queria ver como seria numa tela grande, ao ar livre e dentro da proposta do evento, o Vivo open Air, que na verdade não é nada mais do que um grande drive-in daqueles antigos, só que sem carro, era hora de encontrar os irmãos Reid, e sua corrente de Jesus e Maria, uma das bandas mais significativas e cultuadas das últimas décadas no rock mundial.
E, irmãos, eu encontrei Jesus!
"Snakedriver" pra abrir. Delírio!!! "Head On" na sequência. Pra enlouquecer!!! "Far Gone and Out", "Between Planets", "Blues for a Gun"... Uau!!! Foda, foda, foda! Mesmo com meus joelhos detonados (minha condropatia patelar) tive que ir lá pro burburinho. Pulando e me batendo com a galera. Ah, foda-se!
Jesus cura!
Os irmãos Reid no palco. Ao centro Jim e à direita,
William exibindo uns (muitos) quilinhos a mais
Mesmo bem menos barulhentos, com um 'barulho' mais limpo, o repertório dos caras é matador e cada música executada era uma espécia de êxtase para os fãs. E vieram "Cracking Up", "Happy When it Rains", "Teenage lust", "Sidewalking". Yeah, yeah, yeah!!!
Sim, eu ouvi Jesus!
Bem mais simpático do que de costume com o público, acenando vez que outra, agradecendo os aplausos e bicando uma cervejinha o tempo todo, Jim Reid fez uma apresentação, se não perfeita, correta, enrolando-se com o fio e fazendo aquele tradicional vai-e-vem como pedestal do microfone, fazendo com que vários tivessem que ser substituídos. O surpreendentemente obeso, William Reid, ao contrário das negativas expectativas com base nos erros do show de São Paulo, foi bastante competente  e seguro na guitarra no comando daqueles solos simples, sem frescura mas extremamente cativantes. Se em São Paulo eles não haviam ensaiado, parece que o show de lá serviu de ensaio para o do Rio, que tecnicamente, de um modo geral foi bom e assim, sem maiores percalços, a primeira parte do show terminou com a doce/ácida "Just Like Honey" com uma convidada que foi chamada para fazer o backing vocal feminino mas cuja voz praticamente não foi apareceu. Jim anunciou então que aquela fora a última música e a banda saiu apressada do palco deixando a dúvida "Jesus breve voltará?". Sabendo do temperamento da dupla não era de se estranhar que a ameaça de nos deixar se confirmasse. Mas felizmente não.
Jesus voltou!
Depois de uma breve pausa voltaram, aí sim, caprichando na ruideira, nas microfonias e nas distorções para uma dobradinha "Psycho Candy", com "The Hardest Walk" e "Taste of Cindy", fechando em seguida com o clássico "Reverence" numa performance empolgante. Mas agora sim era o fim. Um show relativamente curto, mas conhecendo como conhecemos os rapazes já foi grande coisa que tenham dado o show e que não o tivessem abandonado no meio como faziam em outros tempos.
Saí contemplado por ter visto aquilo. Por ter finalmente visto uma das bandas que mais gosto e admiro e por ter ouvido ao vivo algumas das músicas que ainda hoje me marcam muito.
Eu fui abençoado.
Amém!

trechinho de "Teenage Lust" gravado de celular
(perdoem a qualidade do áudio)


quinta-feira, 25 de julho de 2013

As 20 Melhores Músicas de Rock dos Anos 90

Terá sido "Smells Like Teen Spirit"
a melhor música dos anos 90?
Reouvindo uma das músicas que mais gosto do Nirvana, ocorreu-me: que outras canções de rock da década de 90 competiriam com ela? Já havia me batido essa curiosidade ao escutar outras obras da mesma época, mas desta vez a proposição veio com maior clareza de resolução. A música referida é “Serve the Servants”, que Cobain e cia. gravaram no último disco de estúdio da banda antes da morte do compositor e vocalista, o memorável “In Utero”, de 1993. Aí, interessou-me ainda mais quando percebi que o mesmo grupo, referência do período, encabeçaria a seleção. Pus-me, então, à gostosa prática de inventar uma lista: quais os 20 maiores sons de rock ‘n’ roll dos anos 90? Como critério, estabeleci que valem só composições escritas na década mesmo e sem produções contemporâneas de roqueiros veteranos, como Iggy Pop (“To Belong” podia tranquilamente vigorar aqui), The Cure (“Fascination Street”, que desbancaria várias) ou Jesus and Mary Chain (“Reverance”, como diz a própria letra, matadora). Quanto menos competir com versões definitivas para músicas mais antigas, como a de Johnny Cash para “Personal Jesus”, do Depeche Mode, ou a brilhante “The Man Who Sold the World” de David Bowie pelo Nirvana, em seu "MTV Unplugged in New York" .
Esta lista vem se juntar com outras que o clyblog  já propôs aqui (inclusive, a uma não de músicas, mas de álbuns dos anos 90) e que, como qualquer listagem que lida com gostos e preferências, é apenas uma janela (aberta!) para que outras elencagens sejam propostas. Querem saber, então, o meu ‘top twenty’ do rock noventista? Aí vai – e com muita guitarrada e em volume alto, como sempre será um bom e velho rock ‘n’ roll:

1 – “Smells Like Teen Spirit” – Nirvana (1991)


2 – “Lithium” – Nirvana (1991)
3 – “Unsung” – Helmet (1992)
4 – “Only Shallow” – My Bloody Valentine (1991)
5 – “Paranoid Android” – Radiohead (1992)
6 – “Gratitude” – Beastie Boys (1992)



7 – “All Over the World” – Pixies (1990)
8 – “Enter Sandman” – Metallica (1991)
9 – “Eu Quero Ver o Oco” – Raimundos (1996)
10 – “Wish” – Nine Inch Nails (1991)
11 – “Kinky Afro” – Happy Mondays (1990)
12 – "There Goes the Neighborhood" – Body Count (1992)
13 – “N.W.O.” – Ministry (1992)
14 - "Suck My Kiss" – Red Hot Chilli Peppers (1991)
15 - “Serve the Servants” – Nirvana (1996)
16 – "Jeremy" – Perl Jam (1991)
17 - “Army of Me” – Björk (1995)
18 - “Govinda” – Kula Shaker (1995)
19 - “Da Lama ao Caos” – Chico Scince e Nação Zumbi (1994)
20 - "Dirge" – Death in Vegas (1999)




sexta-feira, 28 de junho de 2013

100 Melhores Discos de Estreia de Todos os Tempos

Ôpa, fazia tempo que não aparecíamos com listas por aqui! Em parte por desatualização deste blogueiro mesmo, mas por outro lado também por não aparecem muitas listagens dignas de destaque.
Esta, em questão, por sua vez, é bem curiosa e sempre me fez pensar no assunto: quais aquelas bandas/artistas que já 'chegaram-chegando', destruindo, metendo o pé na porta, ditando as tendências, mudando a história? Ah, tem muitos e alguns admiráveis, e a maior parte dos que eu consideraria estão contemplados nessa lista promovida pela revista Rolling Stone, embora o meu favorito no quesito "1º Álbum", o primeiro do The Smiths ('The Smiths", 1984), esteja muito mal colocado e alguns bem fraquinhos estejam lá nas cabeças. Mas....
Segue abaixo a lista da Rolling Stone, veja se os seus favoritos estão aí:

Os 5 primeiros da
lista da RS
01 Beastie Boys - Licensed to Ill (1986)
02 The Ramones - The Ramones (1976)
03 The Jimi Hendrix Experience - Are You Experienced (1967)
04 Guns N’ Roses - Appetite for Destruction (1987)
05 The Velvet Underground - The Velvet Underground and Nico (1967)
06 N.W.A. - Straight Outta Compton (1988)
07 Sex Pistols - Never Mind the Bollocks (1977)
08 The Strokes - Is This It (2001)
09 The Band - Music From Big Pink (1968)
10 Patti Smith - Horses (1975)

11 Nas - Illmatic (1994)
12 The Clash - The Clash (1979)
13 The Pretenders - Pretenders (1980)
14 Jay-Z - Roc-A-Fella (1996)
15 Arcade Fire - Funeral (2004)
16 The Cars - The Cars (1978)
17 The Beatles - Please Please Me (1963)
18 R.E.M. - Murmur (1983)
19 Kanye West - The College Dropout (2004)
20 Joy Division - Unknown Pleasures (1979)
21 Elvis Costello - My Aim is True (1977)
22 Violent Femmes - Violent Femmes (1983)
23 The Notorious B.I.G. - Ready to Die (1994)
24 Vampire Weekend - Vampire Weekend (2008)
25 Pavement - Slanted and Enchanted (1992)
26 Run-D.M.C. - Run-D.M.C. (1984)
27 Van Halen - Van Halen (1978)
28 The B-52’s - The B-52’s (1979)
29 Wu-Tang Clan - Enter the Wu-Tang (36 Chambers) (1993)
30 Arctic Monkeys - Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006)
31 Portishead - Dummy (1994)
32 De La Soul - Three Feet High and Rising (1989)
33 The Killers - Hot Fuss (2004)
34 The Doors - The Doors (1967)
35 Weezer - Weezer (1994)
36 The Postal Service - Give Up (2003)
37 Bruce Springsteen - Greetings From Asbury, Park N.J. (1973)
38 The Police - Outlandos d’Amour (1978)
39 Lynyrd Skynyrd - (Pronounced ‘Leh-‘nérd ‘Skin-‘nérd) (1973)
40 Television - Marquee Moon (1977)
41 Boston - Boston (1976)
42 Oasis - Definitely Maybe (1994)
43 Jeff Buckley - Grace (1994)
44 Black Sabbath - Black Sabbath (1970)
45 The Jesus & Mary Chain - Psychocandy (1985)
46 Pearl Jam - Ten (1991)
47 Pink Floyd - Piper At the Gates of Dawn (1967)
48 Modern Lovers - Modern Lovers (1976)
49 Franz Ferdinand - Franz Ferdinand (2004)
50 X - Los Angeles (1980)
51 The Smiths - The Smiths (1984)
52 U2 - Boy (1980)
53 New York Dolls - New York Dolls (1973)
54 Metallica - Kill ‘Em All (1983)
55 Missy Elliott - Supa Dupa Fly (1997)
56 Bon Iver - For Emma, Forever Ago (2008)
57 MGMT - Oracular Spectacular (2008)
58 Nine Inch Nails - Pretty Hate Machine (1989)
59 Yeah Yeah Yeahs - Fever to Tell (2003)
60 Fiona Apple - Tidal (1996)
61 The Libertines - Up the Bracket (2002)
62 Roxy Music - Roxy Music (1972)
63 Cyndi Lauper - She’s So Unusual (1983)
64 The English Beat - I Just Can’t Stop It (1980)
65 Liz Phair - Exile in Guyville (1993)
66 The Stooges - The Stooges (1969)
67 50 Cent - Get Rich or Die Tryin’ (2003)
68 Talking Heads - Talking Heads: 77’ (1977)
69 Wire - Pink Flag (1977)
70 PJ Harvey - Dry (1992)
71 Mary J. Blige - What’s the 411 (1992)
72 Led Zeppelin - Led Zeppelin (1969)
73 Norah Jones - Come Away with Me (2002)
74 The xx - xx (2009)
75 The Go-Go’s - Beauty and the Beat (1981)
76 Devo - Are We Not Men? We Are Devo! (1978)
77 Drake - Thank Me Later (2010)
78 The Stone Roses - The Stone Roses (1989)
79 Elvis Presley - Elvis Presley (1956)
80 The Byrds - Mr Tambourine Man (1965)
81 Gang of Four - Entertainment! (1979)
82 The Congos - Heart of the Congos (1977)
83 Erik B. and Rakim - Paid in Full (1987)
84 Whitney Houston - Whitney Houston (1985)
85 Rage Against the Machine - Rage Against the Machine (1992)
86 Kendrick Lamar - good kid, m.A.A.d city (2012)
87 The New Pornographers - Mass Romantic (2000)
88 Daft Punk - Homework (1997)
89 Yaz - Upstairs at Eric’s (1982)
90 Big Star - #1 Record (1972)
91 M.I.A. - Arular (2005)
92 Moby Grape - Moby Grape (1967)
93 The Hold Steady - Almost Killed Me (2004)
94 The Who - The Who Sings My Generation (1965)
95 Little Richard - Here’s Little Richard (1957)
96 Madonna - Madonna (1983)
97 DJ Shadow - Endtroducing ... (1996)
98 Joe Jackson - Look Sharp! (1979)
99 The Flying Burrito Brothers - The Gilded Palace of Sin (1969)
100 Lady Gaga - The Ame (2009)

sábado, 30 de março de 2013

The Velvet Underground - "White Light / White Heat" (1968)



“ ‘White Light/White Heat’ é tão escuro como encarte do álbum.”
Jason Thompson



O The Velvet Underground conseguiu um feito que pouquíssimos artistas do rock alcançaram: tornar praticamente toda sua discografia essencial. Tá certo que gravaram poucos discos de estúdio, mas em sua absoluta maioria imprescindíveis. Poderiam entrar tranquilamente nessa lista “The Velvet Underground”, de 1969, “Loaded”, de 1970, e até o póstumo “V.U.”, de 1984, sem falar, claro, de seu primeiro e histórico trabalho, The Velvet Undeground and Nico, de 1967, já constante entre os ÁLBUNS FUNDAMENTAIS deste blog. Depois de uma estreia tão marcante como a deste “divisor de águas” da música moderna do século XX, o grupo, até então apadrinhado por Andy Wahrol, que lhes coordenava toda a parte artística – influindo, inclusive, no conceito e repertório –, tinha à frente duas das mais geniais cabeças que o rock já conheceu: Lou Reed e John Cale. E quem tem uma dupla desse calibre não iria ficar muito tempo associado à figura de outro artista, por mais que a amizade se mantivesse – como, de fato, ocorreu. Foi assim que Reed e Cale pensaram ao criar o ousado, selvagem e brilhante “White Light/White Heat”.


Neste disco, gravado ao vivo no estúdio, o Velvet manda às favas as pré-concepções intelectualódes que vinham sendo atribuídas a eles e fazem um álbum de puro rock ’n’ roll. Eles se despem de toda a aura de sofisticação, da elegância cool da ex-integrante Nico e do colorido da pop art para gerar uma obra suja e corrosiva. Algo ruidoso e psicodélico como jamais registrado antes. Nunca se tinha ouvido tanta distorção de guitarra, tanto ruído. Parece uma demo! E o mais incrível: conseguem um resultado tão vanguarda e sofisticado quanto, só que de outra forma. Ao limparem sua estética de todos os floreios, extraíram a musicalidade mais bruta e seminal possível, atingindo, por esse viés, níveis sonoros que vão do free-jazz ensandecido de Ornette Coleman à atonalidade de Shöenberg, passando pela multiplicidade timbrística de Mahler e pelo folk-rock rural de Hank Williams e à aleatoriedade dissonante de Cage ou à “música mântrica” de Stockhausen.


 A começar pela capa: no lugar da “banana artística” de Warhol, um design mínimo e seco: fundo preto e letras em fonte simples. Só. O que importava era o “recheio”. E que recheio! Voltando no trabalho anterior, que termina no mar de ruídos e improvisos de “European Son”, “WL/WH” inicia com essa pegada em sua faixa-título, um rockabilly fenomenal em que a voz de Reed faz tabelinha com o coro, e todas as outras faixas seguem nesta linha até o fim. O som, tosco e tomado de distorções de pedal, parece rasgar a caixa, e uma visível (e proposital) equalização estourada, formando uma massa sonora densa. Tudo está sobreposto: baixo, guitarras, bateria, órgão, vozes. E a letra, mais corrosiva impossível: narra a experiência de um tratamento de choque a que Reed foi submetido aos 17 anos na tentativa de “curar-lhe” do homossexualismo. Recado dado, vem “The Gift”, tribal e minimalista, que conta pela primeira vez na obra do Velvet com a elegante voz de Cale. O galês recita uma extensa história sobre um homem que queria assassinar seu desafeto escondido dentro de uma caixa de presente, mas ele é quem acaba morto.

 A terceira é uma das melhores músicas da banda: “Lady Godiva’s Operation”. Ao estilo das clássicas “All Tomorrow’s Parties” e “Venus in Furs”, traz uma composição soturna e sensorial com influências da música medieval para contar sobre uma cirurgia de troca de sexo em uma drag queen, que tem o nome da histórica personagem anglo-saxã do séculos I e II. Além da instrumentação crua sobre uma melodia rebuscada, a harmonia envolve o ouvinte de tal forma que parece criar um mantra. Também cantada por Cale, lá pelas tantas Reed começa a entrar progressivamente, até formar com o parceiro o mais psicodélico dueto já visto no rock, em que um solta uma palavra enquanto o outro emite sons guturais e onomatopeias, e vice-versa. Nada menos que incrível.

 A melodiosa “Here She Comes Now” dá uma pequena aliviada na pauleira, até entrar “I Heard Her Call My Name”, que retorna à alta voltagem. Altíssima, no caso. Fico imaginando o choque que foi isso em plenos anos 60, que, mesmo respirando contarcultura e rebeldia jovem por todos os lados, nunca tinha visto tamanha radicalidade. Levei os 20 primeiros segundos da música para entender o seu centro tonal, seu riff. Mas não é só barulho, não.  Em meio a microfonias e urros de guitarra, descobre-se uma bela canção. Impossível não se lembrar do épico "Psyco Candy" , do Jesus and Mary Chain,  claramente inspirado nessa fórmula e conceito.

 O disco termina com a clássica “Sister Ray”, uma performance protocênica de 17 minutos tal como a banda fizera várias vezes para as projeções audiovisuais de Warhol ou para trilhas do cinema alternativo norte-americano. A base, simples e muito punk, é desenhada pelos improvisos de vocal de Reed e sua guitarra junto com a de Sterling Morrison, além das inteligentes variações de ritmo de Moe Tocker na bateria e pelo órgão tresloucado de Cale. Segundo o crítico e historiador musical italiano Piero Scaruffi, “Sister Ray” é “uma peça épica que rivaliza com as sinfonias de Beethoven e as improvisações metafísicas de John Coltrane”.

 “WL/WH” é, assim, o primeiro disco genuinamente punk da história, antes mesmo do debut de Stooges e MC5, ambos em 1969, e mais ainda de RamonesSex Pistols ou The Clash, que nem pensavam em tanger seus primeiros acordes. Não só pela sonoridade, mas também por introduzir de vez a postura do “faça você mesmo”, seja na produção deliberadamente desleixada, seja na execução ao vivo no estúdio sem esconder possíveis erros, seja na secura da arte gráfica. Um disco que, completando 45 anos de seu lançamento, é um marco em estética e plasticidade. Punks, new-waves, ingleses dos ‘80, grunges e indies até hoje deitam e rolam nessa viagem subterrânea do Velvet, pois “WL/WH” é exemplo de que basta iniciativa e um sentimento genuíno para fazer rock ’n’ roll. E que bom rock ’n’ roll!
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FAIXAS:

1. "White Light/White Heat" (Reed) - 2:47
2. "The Gift" (Reed, Morrison, Cale, Tucker) - 8:18
3. "Lady Godiva's Operation" (Reed) - 4:56
4. "Here She Comes Now" (Reed, Morrison, Cale) - 2:04
5. "I Heard Her Call My Name" (Reed) - 4:38
6. "Sister Ray" (Reed, Morrison, Cale, Tucker) - 17:28

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terça-feira, 29 de maio de 2012

Bo Diddley - "Bo Diddley" (1958)




“Bo Diddley é Jesus”
título de música da banda
The Jesus and Mary Chain 



Aquela guitarra era solo, base e percussão ao mesmo tempo!
Bo Diddley, ex-fabricante do instrumento, depois de ter produzido algumas tantas pela vida, reinventava o instrumento com uma batida única que revolucionaria o blues, o rock, a música de um modo geral. (Depois ainda reinventaria o instrumento, literalmente, produzindo a sua famosa guitarra quadrada, cujo formato não tinha muito a ver diretamente com a sonoridade e mais com o conforto de Bo na hora de tocar).
Destaco aqui seu primeiro álbum “Bo Diddley” de 1958, disco que traz algumas de suas mais marcantes canções como a 'pausada' “I’m a Man”; o gostosíssimo blues “Before you Acuse Me”; a ‘percussionada’ “Hush Your Mouth”; a excelente “Who Do You Love?”, regravada depois numa versão bem bacana pelo duo escocês The Jesus and Mary Chain, que o tem praticamente como um deus; além, é claro, das auto-homenagens megalomanas “Hey, Bo Diddley” e a outra que simplesmente leva o seu nome assim como o disco.
É outro dos poucos que eu listei aqui nos FUNDAMENTAIS que eu não tenho. Tenho, sim a coletânea da Chess Records que tem tudo de melhor da carreira do artista, inclusive todas deste álbum. Boa alternativa pra quem, como eu, não tem este primeiro disco deste bluesman pra lá de original. Mas, se encontarem, comprem. Eu, certamente farei o mesmo se topar com ele.

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FAIXAS:
1. "Bo Diddley" (2:30) 
2. "I'm a Man" (2:41)
3. "Bring It to Jerome" (Jerome Green) (2:37)
4. "Before You Accuse Me" (2:40)
5. "Hey! Bo Diddley" (2:17)
6. "Dearest Darling" (2:32)
7. "Hush Your Mouth" (2:36)
8. "Say, Boss Man" (2:18)
9. "Diddley Daddy" (McDaniel, Harvey Fuqua) (2:11)
10. "Diddy Wah Diddy" (Willie Dixon) (2:51)
11. "Who Do You Love?" (2:18)
12. "Pretty Thing" (Dixon) (2:48) 


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Ouça:
Bo Diddley 1958


Cly Reis











quinta-feira, 29 de março de 2012

The Horrors - "Primary Colours" (2008)


"E quando eu lhe disse
que tinha uma outra garota
havia me chamado a atenção,
Ela chorou.
E eu a beijei,
com um beijo que
só poderia significar um adeus"
trecho de "Who Can Say"




Descobri o The Horrors em Londres.
Eu estava em uma loja de CD's, a HMV, quando ouço aquele som muito interessante tocar nos alto-falantes da loja. Puxa! Que bom isso, hein! Talvez até já fosse conhecido no Brasil, mas pra mim era novidade. Lembrava o som dos góticos dos anos 80 mas tinha identidade própria. A voz era algo entre um Ian Curtis e um Peter Murphy, o som tinha a crueza do punk do Joy Division, as atmosferas do The Cure, o barulho de Jesus and Mary Chain, o experimentalismo de um Sonic Youth. Bom isso, hein!
Perguntei a uma vendedora que som era aquele e ela me disse que era de uma banda chamada The Horrors, e me mostrou o CD que estava em destaque no balcão. Para minha surpresa, não apenas o som remetia aos darks oitentistas, a capa do álbum era uma referência clara (ou escura) ao disco clássico do The Cure, "Pornography" de 1982. Aí fui ver o nome das músicas e as referências àquele pessoal da minha época aumentava na medida que muitos dos nomes das canções remetiam de certa forma a títulos da banda Joy Division, como "The New Ice Age" (quase igual a "Ice Age" do Joy Division); Can You Remember (lembrando "I Remember Nothing", também do Joy); Three Decades, de certa forma remetendo a "Decades" e "I Can't Control Myself" ao controle perdido do clássico "She's Lost Control" da banda de Ian Curtis. Coincidência?
Até acho que não. Mas em defesa deles, deve-se dizer que mesmo os nomes tendo certa semelhança, tais faixas não tem nenhuma relação direta com a sua correspondente do grupo de Manchester.
Mas semelhanças à parte, o fato é que nem todas essas referências, homenagens, inspirações fazem de "Primary Colours" de 2008 um arremedo dos discos do pós-punk do início da década de 80. Com personalidade, com qualidade, com incremento de elementos mais atuais e com uma produção caprichada do Portishead Geoff Barrow, trouxeram de volta o climão pesado e sombrio de outrora, a melancolia barulhenta dos shoegazers e a tradicional psicodelia do rock britânico, em um dos melhores trabalhos de bandas dos últimos tempos.
Rigorosamente todas as faixas são ótimas mas em especial a de abertura, "Mirror's Image", ruidosa, perturbadora e viajante; "Who Can Say", canção de amor triste cheia de guitarras flutuantes ao melhor estilo My Bloody Valentine; a que dá nome ao disco, "Primary Colours", colorida sob os matizes do punk na faixa provavelmente mais pegada e básica do disco; e a excepcional "Sea Within' a Sea", faixa longa, de estrutura um pouco mais complexa, bem trabalhada e encantadoramente sombria que encerra de maneira gloriosa este ótimo álbum.
Soube depois que o grupo não era bem assim em seu primeiro disco, que passou por uma certa transformação e que era algo tipo um Strokes, um Libertines ou algo do tipo, só que ruim. Bom..., ainda bem que o que eu conheci foi a banda do segundo disco. Nunca me interessei em ouvir o trabalho anterior e nem preciso. Tenho certeza que não pode ser melhor que isso e que a transformação, que dizem ter ocorrido, por certo foi para melhor. E mesmo, se um dia 'der na veneta' e venham a desistir dessa linha, dessa sonoridade, mudem de ideia de novo, resolvam ser extremamente pop e fazer música para o grande público, já terão deixado um dos grandes discos deste início de século.
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FAIXAS:
1."Mirror's Image" – 4:51
2."Three Decades" – 2:50
3."Who Can Say" – 3:41
4."Do You Remember" – 3:28
5."New Ice Age" – 4:25
6."Scarlet Fields" – 4:43
7."I Only Think of You" – 7:07
8."I Can't Control Myself" – 3:28
9."Primary Colours" – 3:02
10."Sea Within a Sea" – 7:59
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Ouça:
The Horrors Primary Colours


Cly Reis

quinta-feira, 14 de abril de 2011

The Jesus and Mary Chain - "Automatic" (1989)

Vim ouvindo hoje, pro trabalho, o "Automatic" do The Jesus and Mary Chain, que mesmo não sendo a obra-prima da banda é um disco bem legal. É o primeiro desde a dissolução da banda de apoio, que contava como futuro-Primal Scream, Bobby Gillespie, permanecendo apenas os irmãos Jim e William Reid à frente de suas barulhentas e distorcidas guitarras, apoiados apenas, na maior parte das músicas por ritmadores eletrônicos e programações de bateria.
O fato de ter que recorrer a estes recursos não fez com que o disco soasse eletrônico ou artificial. Pelo contrário: "Automatic" é rock'n roll puro. É cheio daquelas influências de rockabilly, como em "Coast to Coast"; de Beach Boys, como em "Beetween Planets", e de punk rock em praticamente todas; tudo isso sem abandonar as tradicionais tempestades sonoras que já eram marca registrada da banda desde sua aparição, como na barulhenta "Gimme Hell" e de alguma forma sempre presente em várias outras dos disco."Take It", por exemplo, lá pela metade, parece estar fora de controle como se os ruídos, distorções e microfonias tivessem vontade própria, num exemplo clássico de como o bom e velho rock'n roll se transforma nas mãos dos irmãos Reid.
Mas o grande destaque do disco, e provavelmente o maior sucesso comercial da banda, é "Head On", uma gostosa canção com generosas pinceladas surf-music, que viria a ser gravada depois pelos Pixies e aqui no Brasil, pela Legião Urbana no seu acústico. Clássico!
Como eu disse, não é nenhum disco fora do comum, ainda mais se comparado ao fantástico "Psycho Candy", mas não deixa de ser um disco muito gostoso de ouvir.
E vou então me deliciando com ele hoje no carro.
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FAIXAS:
1."Here Comes Alice" – 3:52
2."Coast to Coast" – 4:13
3."Blues from a Gun" – 4:44
4."Between Planets" – 3:27
5."UV Ray" – 4:04
6."Her Way of Praying" – 3:46
7."Head On" – 4:11
8."Take It" – 4:34
9."Halfway to Crazy" – 3:41
10."Gimme Hell" – 3:18

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Ouça:
The Jesus and Mary Chain Automatic


C.R.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

The Velvet Underground & Nico - "The Velvet Underground & Nico" (1967)

"Andy Warhol me disse que estávamos fazendo na música o mesmo que ele na pintura, no cinema e na literatura."
Lou Reed


"Todos nós sabíamos que algo revolucionário estava acontecendo. A gente sentiu isso. As coisas não pareceriam estranhas e novas se alguma barreira não estivesse sendo quebrada."
Andy Warhol


No embalo da exposicão de Andy Warhol aqui no Rio, aproveito pra destacar aqui nos FUNDAMENTAIS um dos discos mais influentes de todos os tempos, "The Velvet Underground and Nico" de 1967. Como uma espécie de 'tentáculo' musical do projeto multimídia de Warhol, que também incluía artes plásticas, cinema, moda e literatura, o Velvet Underground apadrinhado pelo gênio da pop-art, era composto por músicos extremamente inventivos, ainda que nem todos brilhantes, como eram os casos da limitada percussionista Maureen Tucker e do esforçado Sterling Morrisson, por outro lado destacavam-se especialmente o guitarrista e vocalista Lou Reed com suas influências folk, suas levadas pesadas e letras cáusticas; e o multi-instrumentista criativíssimo John Cale, cara técnico, metódico mas aberto a todas as possibilidades e experimentações musicais. No entanto o projeto musical de Warhol ficaria completo mesmo com o acréscimo da modelo alemã Nico, agregando aos vocais da banda sua voz singela e aveludada, cheia de sotaque e sex-appeal apesar de toda a relutância inicial de Lou Reed. O resultado de tudo isso, Warhol+Velvet+Nico, foi um álbum brilhante, notável, uma referência musical e artística, um dos discos mais influentes da hstória do rock.
O produtor (na verdade, financiador)
Andy Wahol
"The Velvet Underground and Nico" é marcante antes mesmo de ser ouvido, já por sua capa concebida pelo mentor e produtor Andy Warhol, com a clássica e conhecidíssima banana; mas é inegavelmente na parte musical que as coisas foram verdadeiramente impressionantes: "Sunday Morning" que abre a obra lembra uma canção de ninar embalada ao som de uma caixinha de música. Em "I'm Waiting for My Man" a guitarra ganha peso acompanhada por um piano insistente e barulhento com o vocal  de Lou Reed soando escrachado enquanto versa sobre as drogas nas ruas de Nova Iorque.
"Venus in Furs", a melhor do álbum e uma das maiores da história do rock, é um épico arrastado com uma batida marcial, pontuada pela viola elétrica de Cale e com Reed, desta vez, cantando de maneira quase hipnótica.
"Heroin" outra das grandiosas do disco vai serpenteando como uma montanha-russa sonora com variações de aceleração, intensidade, ênfases e ruídos como fundo para que Reed conte detalhadamente o uso e as sensações causadas pela droga, com a bateria de Mo Tucker chegando a parecer desordenada em determinados momentos e com tudo culminando numa loucura instrumental total e o violino alucinado de Cale 'bagunce' tudo de vez num final caótico-apoteótico. Aliás, bagunça mesmo (num bom sentido), é o que não falta em "European Son" que chega a ficar praticamente inaudível tal a aceleração, a mistura de sons, as microfonias, a distorção que alcança; mas afinal o que seria do Sonic Youth, do Jesus and Mary Chain, do My Bloody Valentine sem isso?
Nico, a vocalista que Warhol praticamente impôs
mas que deu grande contribuição
Nico aparece apenas como vocal de apoio em "Sunday Morning" mas faz as vezes de principal na lenta "I'll Be Your Mirror", na intensa "All Tomorrow's Parties" e na luxuriante "Femme Fatale" com um vocal sensualíssimo e uma interpretação de 'melar a cueca'.
De resto tem também a galopante e elétrica "Run Run Run", tem outra interpretação bárbara de Reed em "There She Goes Again" falando sobre prostituição, tem outra vez o violino esquizofrênico de Cale em "The Black Angel's Death Song", cara... todas demais, porra!
O disco na época não foi lá muito apreciado; vendeu mal e não obteve grande sucesso. Sua importância foi sendo notada aos poucos e já na década seguinte se sentiria sua influência com a explosão do punk rock. Mas foi só um pouco depois ainda, com o passar do tempo, que se reconheceu definitivamente seu justo status de obra-prima.
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FAIXAS:
  1. "Sunday Morning" (Reed, Cale) - 2:56
  2. "I'm Waiting for the Man" - 4:39
  3. "Femme Fatale" - 2:38
  4. "Venus in Furs" - 5:12
  5. "Run Run Run" - 4:22
  6. "All Tomorrow's Parties" - 6:00
  7. "Heroin" - 7:12
  8. "There She Goes Again" - 2:41
  9. "I'll Be Your Mirror" - 2:14
  10. "The Black Angel's Death Song" (Reed, Cale) - 3:11
  11. "European Son" (Reed, Cale, Morrison, Tucker) - 7:46
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Ouça:
The Velvet Underground & Nico 1967



Cly Reis

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

The Rolling Stones "Let It Bleed" (1969)


“Todos precisamos de alguém
para sangrar em cima
Se você quiser
pode sangrar em mim.”

Mick Jagger - letra de "Let It Bleed"



Independente da qualidade da contribuição musical dos Beatles ao mundo da música através dos tempos, inegável e fundamental, sempre tive para mim a impressão de que os Garotos de Liverpool eram os bons moços e os Rolling Stones os maus. Ainda que os Beatles também possuam polêmicas, episódios com mulheres e tal, a conduta de Mick Jagger e companhia sempre me pareceu muito mais roqueira. Até o jeito de cantar, de vestir, da postura do palco, tudo. Talvez por tudo isso sempre tenha gostado mais dos Stones.
O próprio título deste disco já é mostra desta diferença. É dasafiador e irônico em relação ao “Let It Be” dos Beatles. Algo como, “vocês fazem isso? nós fazemos ISSO!”.
E verdadeiramente o disco é TUDO ISSO. Uma obra admirável e grandiosa quase que sem igual na história do rock.
Pra começar, abre com “Gimme Shelter” que na minha opinião é a melhor canção de rock de todos os tempos. Jagger com um vocal impetuoso, quase agressivo; os vocais femininos de arrepiar, a guitarra precisa de Richards e aquele tom apocalítico da letra fazem de “Gimme Shelter” algo mágico e superior.
“Love in Vain” que vem na seqüência é demonstração evidente de uma das influências mais fundamentais da banda, o blues, e particularmente, Robert Johnson, que imortalizou a canção. A propósito, os chatos (mas bons) irmãos Reid do Jesus and Mary Chain, chegaram a afirmar que os Stones eram apenas “a melhor banda de blues do mundo”, e quando dizem APENAS de blues, quer dizer que não consideram uma banda de rock. Mas tirando essa antipatia dos Reid, eu compreendo a afirmação, pois no fim das contas os Rolling Stones incrementaram seu rock com muito blues e deram ao blues traços mais roqueiros e fizeram isso como ninguém.
O blues se faz presente em vários momentos no disco e outros bons exemplos no disco são a ótima “Midnight Rambler”, mais agitada, forte e vibrante, e a faixa título “Let It Bleed”, mais melancólica.
O álbum fecha com a grandiosa “You Can’t Always Get What You Want” pontuada por um belíssimo coral gospel, num crescendo mejestoso que confere um final digno a uma obra fantástica como esta. Se eu até posso não ter sempre o que quero, não sei, mas a sensação que se tem ao ouvir “Let It Bleed” é de que não se precisa de mais nada.

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FAIXAS:
  1. "Gimme Shelter" – 4:32
  2. "Love in Vain" (Robert Johnson) – 4:22
  3. "Country Honk" – 3:10
  4. "Live with Me" – 3:36
  5. "Let It Bleed" – 5:34
  6. "Midnight Rambler" – 6:57
  7. "You Got the Silver" – 2:54
  8. "Monkey Man" – 4:15
  9. "You Can't Always Get What You Want" – 7:30
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Ouça: