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quarta-feira, 12 de agosto de 2020
Música da Cabeça - Programa #175
Negritude, raça, cultura, preconceito, branquitude, raízes, apropriação. Esses e outros temas estarão no MDC de hoje, que terá entrevista com o historiador e professor Cleber Teixeira Leão no quadro "Uma Palavra". Além disso, o programa contará também com música, de Djavan a John Lennon, passando por Jimi Hendrix e Emílio Santiago & João Donato e os quadros fixos. Às 21h, na Rádio Elétrica e apresentação/produção de Daniel Rodrigues.
Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/
terça-feira, 11 de agosto de 2020
quarta-feira, 8 de julho de 2020
domingo, 5 de julho de 2020
Teaser entrevista Maurício Pereira - Música da Cabeça #170
O Música da Cabeça especial de nº 170 traz uma entrevista com Mauricio Pereira. Confira o teaser do programa, que é na próxima quarta-feira, às 21h, na Rádio Elétrica.
quarta-feira, 29 de abril de 2020
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Música da Cabeça - Programa #150
Pra que ir para a Disney se podemos viajar ouvindo o Música da Cabeça, né? No programa 150, nosso passeio começa pela entrevista exclusiva com o músico e produtor carioca Sacha Amback no quadro "Uma Palavra". Também vamos passar por Hyldon, Lou Reed, Ivan Lins, Banderas, Ed Motta e mais. O destino se chama Rádio Elétrica, e o embarque é às 21h. Produção, apresentação e turismo musical: Daniel Rodrigues.
Rádio Elétrica:
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domingo, 16 de fevereiro de 2020
segunda-feira, 9 de dezembro de 2019
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
Música da Cabeça - Programa #130
Entrar e sair da música pop e travar uma saudável guerra sensorial com o underground. Ideias como esta e muitas outras alimentam a instigante conversa que teremos com o jornalista, professor e escritor Fabricio Silveira no quadro “Uma Palavra”. Além da entrevista, o programa especial 130 do Música da Cabeça vai ter preciosidades sonoras como Tribalistas, Jamiroquai, Wire, Lobão, Joy Division e Prince. Tudo isso e mais um pouco no MDC de hoje à noite, às 21h, na pop e alternativa Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues.
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quarta-feira, 31 de julho de 2019
Música da Cabeça - Programa #121
Se nossa terra ainda "tem palmeiras onde cantam sabiás, jamelões e outros mais”, muito devemos ao senhor das harmonias, arranjos e composições: Arthur Verocai. Em um rápido bate-papo que tivemos com o maestro carioca no nosso quadro “Uma Palavra”, fala-se sobre a arte de compor, a magia da música e, claro, de Música da Cabeça. Afinal, Verocai também escolheu música para tocar. Além disso, The Cult, Airto Moreira, The Smashing Pumpkins, Suzanne Vega, Miles Davis e outras coisas vão aparecer nesse programa especial de nº 121. Gruda o ouvido na Rádio Elétrica e não perde o MDC de hoje, viu? É às 21h. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues.
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segunda-feira, 29 de julho de 2019
quarta-feira, 6 de março de 2019
Música da Cabeça - PROGRAMA ESPECIAL Nº 100
Que Quarta-Feira de Cinzas, que nada! A nossa quarta-feira pós-Carnaval vem na cor azul, o azul da Portela do mestre Monarco! É ele quem prestigia o MÚSICA DA CABEÇA Nº 100. Este programa especial traz uma entrevista com este bamba do samba, um dos maiores cantores e compositores do Brasil. E ainda tem música, tem notícia, tem palavra, tem encanto. Tudo azul no centésimo MDC, que vai ao ar às 21h, na Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues. “Tudo azul, meu amor”.
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domingo, 3 de março de 2019
quarta-feira, 2 de janeiro de 2019
Música da Cabeça - Programa #91
Conosco não tem ressaca de Réveillon, não! No Música da Cabeça a gente já começa o ano embalado, e por isso teremos neste primeiro programa de 2019 entrevista com o talentoso músico Lucas Arruda no quadro “Uma Palavra”. Umas das revelações do jazz-soul brasileiro dos últimos tempos conversou com a gente e, claro, pediu música. Aliás, é o que não nos falta nunca, pois vamos ter ainda Caetano Veloso, Bob Dylan, John Cale, Lucinha Lins e mais. Precisa dizer mais alguma coisa pra que não percam o MDC de hoje? Não, né? Então, é só se ligar e ouvir às 21h, na Rádio Elétrica. Produção, apresentação e Sonrisal: Daniel Rodrigues.
quarta-feira, 30 de maio de 2018
Música da Cabeça - Programa #60
Vocês, aí, tão me ouvindo, tenham calma: faça só um sorriso, ele é de aviso, pois temos o Música da Cabeça nº 60! Sim: o talentoso e carismático Di Melo, o Imorrível, conversou conosco neste programa especial de hoje. Além disso, tem também as músicas da nossa mente – que passeiam por João Gilberto, Talking Heads, Morrissey e Arnaldo Antunes –, notícia (no “Música de Fato”) e poesia (“Palavra, Lê”). Para quem dizia que o mundo acabaria em mel, quer coisa mais doce que isso?! Sintoniza na Rádio Elétrica às 21h hoje e delicie-se. Produção e apresentação – comemorativas, é claro –: Daniel Rodrigues.
Rádio Elétrica:
terça-feira, 29 de maio de 2018
Música da Cabeça - Teaser Programa #60
O Música da Cabeça de nº 60 guarda essa atração pra vocês: o Imorrível Di Melo! O artista pernambucano, autor de clássicos como "Kilariô" e "Pernalonga", fala conosco no quadro "Uma Palavra". Quer ouvir o resto da entrevista? "Calma, calma, calma, calma!".É nesta próxima quarta-feira, 30 de maio, na Rádio Elétrica. Não percam!
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Duelo - com Paulo Telles (2ª parte)
por Francisco Bino
Seguindo com a segunda parte do duelo com o radialista, locutor, cinéfilo e blogueiro Paulo Telles num bate-papo tão apaixonado pela sétima arte quanto instrutivo. Se na primeira Telles aborda o faroeste norte-americano, destacando diretores, títulos referenciais e até sobre o papel da mulher no western, agora, ele fala um pouco mais sobre o spaghetti, a versão italiana para o gênero que não só ganhou fãs no mundo todo como, de certa forma, trouxe-lhe uma nova linguagem. Ainda, aquilo que todo cinéfilo gosta: listas. O entrevistado já sai elencando seus filmes preferidos nas duas categorias e defende com muito critério e poder analítico uma a uma de suas escolhas. Vamos, então, à segunda e última parte da entrevista:
FRANCISCO BINO:- Sei que não é
fácil fazer estas coisas, mas nos faça uma lista com os dez melhores western
Spaghettis de todos os tempos segundo você? E os dez melhores do cinema
americano?
PAULO TELLES: E não é mesmo, prezado Bino (risos). Elaborar
uma lista com apenas dez de cada estilo não é uma tarefa fácil. Entretanto, há
outros títulos que também estão em minha apreciação que não se encontram aqui
listadas, portanto, apresento os meus Top Ten de cada estilo do gênero:
- AMERICANOS
1 - "RASTROS DE ÓDIO"/The Saerchers (1956) –
Direção: John Ford
Foi através desta obra prima (assisti pela primeira vez em 1985, com catorze anos) que comecei a me interessar sobre cinema e tentar entendê-lo como arte. Foi a partir deste momento, que me deixei penetrar pelo mundo de John Ford e no mundo dos westerns. Não tem como você não se deixar encantar pela beleza majestosa e áspera do Monument Valley, cenário natural este preferido de Ford, e pela figura estoica de Ethan Edwards, interpretado por John Wayne. Em minha opinião, foi a melhor atuação de sua carreira, digna mesmo de um prêmio, trabalho este que rendeu até elogios do cineasta e filósofo Jean-Luc Godard, inimigo declarado de Wayne por razões políticas. “Rastros de ódio” conserva os elementos dramáticos do faroeste tradicional, por seu estilo peculiar, épico e lírico, onde o cineasta descreve a odisseia de Ethan e de seus discípulo Martin Pawley (vivido por Jeffrey Hunter) na perseguição aos comanches que raptaram a jovem Debbie (vivida por Natalie Wood), e isto tudo num relato de tensão ininterrupta e de grandeza plástica e cromática, segundo as nobres palavras do finado crítico Paulo Perdigão, ex-colunista do jornal O Globo. Recentemente, o filme foi exibido em reprise nas grandes salas do Cinemark, em sua sessão de clássicos, e assisti junto ao José Eugenio Guimarães, editor do blog Eugenio em Filmes. Mesmo sem o impacto do formato VistaVision, ainda assim valeu o ingresso.
Foi através desta obra prima (assisti pela primeira vez em 1985, com catorze anos) que comecei a me interessar sobre cinema e tentar entendê-lo como arte. Foi a partir deste momento, que me deixei penetrar pelo mundo de John Ford e no mundo dos westerns. Não tem como você não se deixar encantar pela beleza majestosa e áspera do Monument Valley, cenário natural este preferido de Ford, e pela figura estoica de Ethan Edwards, interpretado por John Wayne. Em minha opinião, foi a melhor atuação de sua carreira, digna mesmo de um prêmio, trabalho este que rendeu até elogios do cineasta e filósofo Jean-Luc Godard, inimigo declarado de Wayne por razões políticas. “Rastros de ódio” conserva os elementos dramáticos do faroeste tradicional, por seu estilo peculiar, épico e lírico, onde o cineasta descreve a odisseia de Ethan e de seus discípulo Martin Pawley (vivido por Jeffrey Hunter) na perseguição aos comanches que raptaram a jovem Debbie (vivida por Natalie Wood), e isto tudo num relato de tensão ininterrupta e de grandeza plástica e cromática, segundo as nobres palavras do finado crítico Paulo Perdigão, ex-colunista do jornal O Globo. Recentemente, o filme foi exibido em reprise nas grandes salas do Cinemark, em sua sessão de clássicos, e assisti junto ao José Eugenio Guimarães, editor do blog Eugenio em Filmes. Mesmo sem o impacto do formato VistaVision, ainda assim valeu o ingresso.
"Rastros de Ódio", cena de abertura
2 - MATAR OU MORRER/High Noon (1952) –
Direção: Fred Zinnemann
Um dos grandes westerns que estabeleceu o chamado Western Psicológico, uma alusão ao Macarthismo e a sociedade americana de então, uma das obras primas de um grande cineasta, Fred Zinnemann. Poucos sabem, mas os americanos consideram tão importante este filme que uma cópia desta obra prima foi depositada numa cápsula do tempo, que só será reaberta no ano 2213. Uma trama elevada à dimensão de tragédia grega tendo como herói o xerife Will Kane (em minha opinião o mais humanizado de todos os protagonistas no gênero, digno do título de herói) vivido por um dos atores que mais bem personificaram o mito do cowboy do oeste, Gary Cooper, em uma cruzada solitária para defender sua vida. Ele durante muitos anos cuidou de uma cidade e de seus habitantes, mas agora mesmo não estando sob a insígnia da lei, estes mesmos habitantes se recusam a ajudá-lo, pois todos temem o pistoleiro e seus comparsas que descerão no trem do meio dia para matar Kane. Um estudo acurado da consciência do herói que mesmo podendo fugir ou deixar a responsabilidade para o próximo xerife, ainda sim mantém sua dignidade para ter paz consigo mesmo. Não tem como não falar deste Western sem mencionar Grace Kelly como sua esposa quaker, e a famosa canção “Do Not Forsake Me Oh My Darling”, interpretada por Tex Ritter. Solidão, consciência, medo, e ingratidão são as temáticas principais desta obra de Zinnemann.
Um dos grandes westerns que estabeleceu o chamado Western Psicológico, uma alusão ao Macarthismo e a sociedade americana de então, uma das obras primas de um grande cineasta, Fred Zinnemann. Poucos sabem, mas os americanos consideram tão importante este filme que uma cópia desta obra prima foi depositada numa cápsula do tempo, que só será reaberta no ano 2213. Uma trama elevada à dimensão de tragédia grega tendo como herói o xerife Will Kane (em minha opinião o mais humanizado de todos os protagonistas no gênero, digno do título de herói) vivido por um dos atores que mais bem personificaram o mito do cowboy do oeste, Gary Cooper, em uma cruzada solitária para defender sua vida. Ele durante muitos anos cuidou de uma cidade e de seus habitantes, mas agora mesmo não estando sob a insígnia da lei, estes mesmos habitantes se recusam a ajudá-lo, pois todos temem o pistoleiro e seus comparsas que descerão no trem do meio dia para matar Kane. Um estudo acurado da consciência do herói que mesmo podendo fugir ou deixar a responsabilidade para o próximo xerife, ainda sim mantém sua dignidade para ter paz consigo mesmo. Não tem como não falar deste Western sem mencionar Grace Kelly como sua esposa quaker, e a famosa canção “Do Not Forsake Me Oh My Darling”, interpretada por Tex Ritter. Solidão, consciência, medo, e ingratidão são as temáticas principais desta obra de Zinnemann.
3 - O MATADOR/The Gunfight (1952) – Direção: Henry
King
Outro grande western de base psicológica dirigida por um dos grandes artesões de Hollywood, e trazendo Gregory Peck numa das melhores atuações do gênero, Jimmy Ringo, um temível pistoleiro que quer largar as armas para viver pacificamente para a esposa e seu filho, que ainda não o conhece. Contudo, sua fama de rápido no gatilho não só atemoriza as pessoas mais pacatas, mas atrai aventureiros desocupados que o querem por à prova, o que faz com que Ringo não consiga a paz que almeja. Um estudo acurado do mito do pistoleiro, que tão logo seja afamado (ou mal afamado), outros estão dispostos a temê-lo ou a desafiá-lo.
Outro grande western de base psicológica dirigida por um dos grandes artesões de Hollywood, e trazendo Gregory Peck numa das melhores atuações do gênero, Jimmy Ringo, um temível pistoleiro que quer largar as armas para viver pacificamente para a esposa e seu filho, que ainda não o conhece. Contudo, sua fama de rápido no gatilho não só atemoriza as pessoas mais pacatas, mas atrai aventureiros desocupados que o querem por à prova, o que faz com que Ringo não consiga a paz que almeja. Um estudo acurado do mito do pistoleiro, que tão logo seja afamado (ou mal afamado), outros estão dispostos a temê-lo ou a desafiá-lo.
4 - DA TERRA NASCEM OS HOMENS/The Big Country (1958) –
Direção: William Wyler
Um dos melhores Westerns americanos que já assisti e por muitos, e também pudera, não tinha nada para dar errado tendo na direção um dos maiores cineastas de todos os tempos, William Wyler, que assinou grandes obras primas da Sétima Arte, como “Jezebel”, “A Princesa e o Plebeu”, “Chagas de Fogo”, e “Ben-Hur”, como também não podia dar errado tendo um elenco de primeira categoria como Gregory Peck, Jean Simmons, e Charlton Heston. Outro destaque é sua produção, com uma fotografia impecável e formato de tela panorâmica que nenhum televisor poderia enquadrar, isto é, um dos primeiros faroestes americanos em superprodução para afastar o público dos televisores, que então esvaziavam as salas de exibição. Vale lembrar também de sua mensagem pacifista, coisa rara nos filmes do gênero, já que o personagem de Peck, um almofadinha do leste, se envolve na briga de duas famílias por causa da divisão de água, mas ele acredita que poderá agradar a gregos e troianos. Muito interessante! Destaque para a briga entre Peck e Heston, que viram a noite lutando, e também para eletrizante trilha sonora de Jerome Moross.
Um dos melhores Westerns americanos que já assisti e por muitos, e também pudera, não tinha nada para dar errado tendo na direção um dos maiores cineastas de todos os tempos, William Wyler, que assinou grandes obras primas da Sétima Arte, como “Jezebel”, “A Princesa e o Plebeu”, “Chagas de Fogo”, e “Ben-Hur”, como também não podia dar errado tendo um elenco de primeira categoria como Gregory Peck, Jean Simmons, e Charlton Heston. Outro destaque é sua produção, com uma fotografia impecável e formato de tela panorâmica que nenhum televisor poderia enquadrar, isto é, um dos primeiros faroestes americanos em superprodução para afastar o público dos televisores, que então esvaziavam as salas de exibição. Vale lembrar também de sua mensagem pacifista, coisa rara nos filmes do gênero, já que o personagem de Peck, um almofadinha do leste, se envolve na briga de duas famílias por causa da divisão de água, mas ele acredita que poderá agradar a gregos e troianos. Muito interessante! Destaque para a briga entre Peck e Heston, que viram a noite lutando, e também para eletrizante trilha sonora de Jerome Moross.
5 - OS BRUTOS TAMBÉM AMAM/Shane (1953)- Direção:
George Stevens
Era o filme preferido do crítico brasileiro Paulo Perdigão, já falecido, entretanto a meu ver ele é um conto moral sobre a redenção e a ótica de uma criança ao idealizar o perfil do herói do Oeste. O baixinho Alan Ladd é perfeito como o pistoleiro Shane, que busca a paz e quer largar as armas, mas ele não consegue quando se vê obrigado a empunha-las para defender um casal e o filho deles, que o idolatra como um verdadeiro mito. Shane chega a uma cidade como um típico “anjo purificador” ao tentar distribuir dignidade e autoconfiança para os fazendeiros amedrontados. A fábula sobre o bem e o mal e disputa entre dois é bem caracterizada no duelo final entre Ladd (Shane) e o pistoleiro Wilson, vivido pelo brilhante Jack Palance. Outro clássico do gênero recomendado para todos os amantes do Western, ou simplesmente, quem ama cinema.
Era o filme preferido do crítico brasileiro Paulo Perdigão, já falecido, entretanto a meu ver ele é um conto moral sobre a redenção e a ótica de uma criança ao idealizar o perfil do herói do Oeste. O baixinho Alan Ladd é perfeito como o pistoleiro Shane, que busca a paz e quer largar as armas, mas ele não consegue quando se vê obrigado a empunha-las para defender um casal e o filho deles, que o idolatra como um verdadeiro mito. Shane chega a uma cidade como um típico “anjo purificador” ao tentar distribuir dignidade e autoconfiança para os fazendeiros amedrontados. A fábula sobre o bem e o mal e disputa entre dois é bem caracterizada no duelo final entre Ladd (Shane) e o pistoleiro Wilson, vivido pelo brilhante Jack Palance. Outro clássico do gênero recomendado para todos os amantes do Western, ou simplesmente, quem ama cinema.
6 - DUELO AO SOL/Duel in The Sun (1946) – Direção:
King Vidor
Verdadeiramente um Super-Western de tirar o fôlego!!! Uma nova forma bem adulta de atrair o público igualmente adulto as salas de cinema, e produzido por David O’ Selznick, o megaprodutor responsável por outra obra prima (E O Vento Levou) e estrelando a sensual Jennifer Jones e o galante Gregory Peck, que não esta nada galante nesse filme (risos). Foi o maior êxito comercial de Selznick e que foi o apogeu do Western romanesco, no entanto, acabou criando problemas com ligas puritanas americanas pelo teor de sexualidade bem apimentada e exagerada, ao introduzir o chamado “beijo francês” no cinema americano. Além disso, a trama é basicamente uma tragédia grega, onde a mestiça vivida por Jennifer Jones tem o pai condenado à morte por ter matado sua mãe e o amante dela, e daí passará a viver com uma tia, vivida por uma dama do cinema, Lilian Gish, que é esposa de um senador, vivido pelo lendário Lionel Barrymore. Mas os dois filhos do casal se interessam pela mestiça, mas ela acaba optando pelo mais sedutor e amoral, que é Gregory Peck, que não quer nenhum compromisso, em vez do decente Joseph Cotten. De resto, é uma tragédia grega a se seguir em grandes proporções, mas no grande estilo do Western Clássico Americano.
Verdadeiramente um Super-Western de tirar o fôlego!!! Uma nova forma bem adulta de atrair o público igualmente adulto as salas de cinema, e produzido por David O’ Selznick, o megaprodutor responsável por outra obra prima (E O Vento Levou) e estrelando a sensual Jennifer Jones e o galante Gregory Peck, que não esta nada galante nesse filme (risos). Foi o maior êxito comercial de Selznick e que foi o apogeu do Western romanesco, no entanto, acabou criando problemas com ligas puritanas americanas pelo teor de sexualidade bem apimentada e exagerada, ao introduzir o chamado “beijo francês” no cinema americano. Além disso, a trama é basicamente uma tragédia grega, onde a mestiça vivida por Jennifer Jones tem o pai condenado à morte por ter matado sua mãe e o amante dela, e daí passará a viver com uma tia, vivida por uma dama do cinema, Lilian Gish, que é esposa de um senador, vivido pelo lendário Lionel Barrymore. Mas os dois filhos do casal se interessam pela mestiça, mas ela acaba optando pelo mais sedutor e amoral, que é Gregory Peck, que não quer nenhum compromisso, em vez do decente Joseph Cotten. De resto, é uma tragédia grega a se seguir em grandes proporções, mas no grande estilo do Western Clássico Americano.
7 - A LEI DO BRAVO/White Feather (1955) – Direção:
Robert D. Webb
É um dos meus prediletos por tratar-se de um tema antirracista, e um dos faroestes mais respeitados sobre a temática indígena, cujo argumento foi redigido pelo cineasta Delmer Daves, mas dirigido por Robert D. Webb (um cineasta de menor renome, mas nem por isso menos admirado). No roteiro, Daves repetiu os mesmos ingredientes de Flechas de fogo, realizado cinco anos antes, versando a trajetória de jovem guerreiro cheyenne Cão Pequeno (vivido espetacularmente por Jeffrey Hunter) e um engenheiro bem intencionado Josh Tenner (vivido por Robert Wagner). Este tenta persuadir os índios a mudar-se para uma reserva, mas o projeto acaba prejudicado pela ganância de garimpeiros. A obra caminha para uma sequência final que eu mais admiro - o confronto do solitário de Cão Pequeno, que se recusa a mudar de sua reserva, contra as tropas da União. Destaque para a bela Debra Paget, praticamente a repetir seu papel em Flechas de Fogo, como a irmã de Cão Pequeno e interesse romântico do herói vivido por Wagner. Recomendo.
É um dos meus prediletos por tratar-se de um tema antirracista, e um dos faroestes mais respeitados sobre a temática indígena, cujo argumento foi redigido pelo cineasta Delmer Daves, mas dirigido por Robert D. Webb (um cineasta de menor renome, mas nem por isso menos admirado). No roteiro, Daves repetiu os mesmos ingredientes de Flechas de fogo, realizado cinco anos antes, versando a trajetória de jovem guerreiro cheyenne Cão Pequeno (vivido espetacularmente por Jeffrey Hunter) e um engenheiro bem intencionado Josh Tenner (vivido por Robert Wagner). Este tenta persuadir os índios a mudar-se para uma reserva, mas o projeto acaba prejudicado pela ganância de garimpeiros. A obra caminha para uma sequência final que eu mais admiro - o confronto do solitário de Cão Pequeno, que se recusa a mudar de sua reserva, contra as tropas da União. Destaque para a bela Debra Paget, praticamente a repetir seu papel em Flechas de Fogo, como a irmã de Cão Pequeno e interesse romântico do herói vivido por Wagner. Recomendo.
Poster de "A Face Oculta, de Brando |
Outro Western em superprodução que está em minha apreciação onde se tem o registro da única experiência de Marlon Brando como diretor. Muitos apreciam "O Poderoso Chefão" como o melhor filme de Brando, mas contesto um pouco isso, tendo em vista este excêntrico trabalho do gênero onde o ator investiu cinco milhões de dólares, em dois anos de trabalho. Foi uma produção tumultuada (era para Stanley Kubrick dirigir), e das 35 horas de filme impresso, Brando selecionou material para cinco horas de filme, que acabou sendo reduzido para 2h e 21 minutos de filme. Era para ter sido o Western de maior duração da história se Brando não fosse obrigado a reeditar sua duração. Além disso, tramas ligadas sobre a vingança me fascinam, assim como a dualidade do caráter do ser humano quando se aplica no personagem vivido por Karl Malden. Malden é bandido assaltante de bancos como Brando, e acaba traindo este, seu melhor amigo, que passa cinco anos na prisão e jura vingança por todos os anos que ficou no presídio, e quando finalmente o reencontra, ele é um homem mudado, xerife de uma cidade, e respeitado pelo povo. A questão fica se ele mudou moralmente ou isso não passa de uma fachada. Brando sempre alegou que seu Western era um “assalto frontal ao tempo dos clichês”.
9 - OS PROFISSIONAIS/The Professionals (1966) –
Direção: Richard Brooks
Revisitado por mim faz pouco tempo, não há a menor dúvida que esta obra de Brooks foi uma resposta americana (uma das primeiras) para o Western italiano que já invadia as salas de exibição, e também não foi pra menos, pois importaram até a beleza italiana dos deuses Claudia Cardinale para se juntar as feras do cinema americano, como Burt Lancaster, Lee Marvin, Robert Ryan, e o ator negro Woody Strode, este excelente, mas infelizmente pouco valorizado. Um ótimo exemplar de tenacidade e tensão, cuja trama vai adquirindo colorações políticas e éticas inesperadas, mas com extraordinário espírito de aventura como jamais vista no gênero americano. Destaque para a fotografia e para sua trilha sonora, de Maurice Jarre.
Revisitado por mim faz pouco tempo, não há a menor dúvida que esta obra de Brooks foi uma resposta americana (uma das primeiras) para o Western italiano que já invadia as salas de exibição, e também não foi pra menos, pois importaram até a beleza italiana dos deuses Claudia Cardinale para se juntar as feras do cinema americano, como Burt Lancaster, Lee Marvin, Robert Ryan, e o ator negro Woody Strode, este excelente, mas infelizmente pouco valorizado. Um ótimo exemplar de tenacidade e tensão, cuja trama vai adquirindo colorações políticas e éticas inesperadas, mas com extraordinário espírito de aventura como jamais vista no gênero americano. Destaque para a fotografia e para sua trilha sonora, de Maurice Jarre.
10 - MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA/The Wild Bunch (1969) –
Direção: Sam Peckinpah
O “clímax dos clímax” do gênero, como eu defino. Para os amantes de cinema, e, sobretudo, do gênero que estamos debatendo, é a obra clímax da estilização da violência, coreografada de forma ritualística em câmera lenta, evocando um Oeste sujo e selvagem, sem qualquer idealismo romântico e lenda áurea dos mitos, com personagens decadentes, anacrônicos, e desglamourizados. Causou polêmica de fato, o que retardou o reconhecimento de Sam Peckinpah como um dos grandes cineastas do gênero, pois acabou sendo cortados 56 minutos de sua metragem original, o que provocou protestos do diretor e até mesmo por parte da crítica, que não estava ainda acostumada com este excesso da violência nos filmes. Outrora os ídolos do cinema americano, William Holden, Ernest Borgnine, e Robert Ryan, três fantásticos atores (principalmente o terceiro, que atuou em Hollywood sempre com muita competência e profissionalismo, sendo um dos meus atores preferidos) estão soberbos e maravilhosos em seus papéis, arquétipos do declínio e de toda decadência, que de uma maneira ou outra, desgraçadamente se empenham em aventurar num último golpe de suas malditas vidas. Vale também destacar a bela fotografia de Lucien Ballard.
O “clímax dos clímax” do gênero, como eu defino. Para os amantes de cinema, e, sobretudo, do gênero que estamos debatendo, é a obra clímax da estilização da violência, coreografada de forma ritualística em câmera lenta, evocando um Oeste sujo e selvagem, sem qualquer idealismo romântico e lenda áurea dos mitos, com personagens decadentes, anacrônicos, e desglamourizados. Causou polêmica de fato, o que retardou o reconhecimento de Sam Peckinpah como um dos grandes cineastas do gênero, pois acabou sendo cortados 56 minutos de sua metragem original, o que provocou protestos do diretor e até mesmo por parte da crítica, que não estava ainda acostumada com este excesso da violência nos filmes. Outrora os ídolos do cinema americano, William Holden, Ernest Borgnine, e Robert Ryan, três fantásticos atores (principalmente o terceiro, que atuou em Hollywood sempre com muita competência e profissionalismo, sendo um dos meus atores preferidos) estão soberbos e maravilhosos em seus papéis, arquétipos do declínio e de toda decadência, que de uma maneira ou outra, desgraçadamente se empenham em aventurar num último golpe de suas malditas vidas. Vale também destacar a bela fotografia de Lucien Ballard.
- ITALIANOS/EUROPEUS
1 - TRÊS HOMENS EM CONFLITO/Il buono, il brutto, il
cattivo (1966) – Direção: Sergio Leone
Foi o primeiro faroeste
italiano a me chamar a atenção justamente devido a falta de romancismo,
idealismo, lirismo, e todo tipo de folclore tão comumente acostumado nos
faroestes americanos. Propositalmente, o grande Sergio Leone soube o que fez ao
retratar o Velho Oeste do jeito que fosse condizer com os fatos, e descartando
mitos. A ganância e o individualismo exacerbado, pessoas querendo se dar bem à
custa de outras, são características bem acentuadas nas obras deste grande
cineasta, como vemos neste exemplar, revelando ao mundo um novo tipo de cowboy,
o mais distante possível de John Wayne, Gary Cooper, ou Randolph Scott, e seu
nome é um mito vivo – o americano Clint Eastwood. Junto a Lee Van Cleef e Eli
Wallach (maravilhoso como Tuco, o feio), formam um triunvirato de trapaças e
aventuras desmedidas, onde ao fim, o duelo a três é inevitável.
2 - DJANGO/Django (1966) – Direção: Sergio Corbucci
Outra obra prima que ajudou a consolidar o faroeste italiano na minha preferência. O mundo se rendeu a um novo ídolo do Western europeu, e desta vez um genuíno italiano chamado Franco Nero, um dos meus atores favoritos do gênero. Não há como não se impressionar com uma figura calada e de toda de negro chegando a uma pequena cidade carregando um caixão. Uma cidade dominada pelo terror da famigerada Ku Klux Klan que para dominar o poder enfrenta bandidos mexicanos, e o estranho Django está no meio de tudo isso para salvar a vida de uma estranha mulher, por quem se apaixona ao seu modo. Corbucci dá a esta obra uma carga explosiva acentuada, realçada pela antológica trilha sonora de Luis Bacalov.
Outra obra prima que ajudou a consolidar o faroeste italiano na minha preferência. O mundo se rendeu a um novo ídolo do Western europeu, e desta vez um genuíno italiano chamado Franco Nero, um dos meus atores favoritos do gênero. Não há como não se impressionar com uma figura calada e de toda de negro chegando a uma pequena cidade carregando um caixão. Uma cidade dominada pelo terror da famigerada Ku Klux Klan que para dominar o poder enfrenta bandidos mexicanos, e o estranho Django está no meio de tudo isso para salvar a vida de uma estranha mulher, por quem se apaixona ao seu modo. Corbucci dá a esta obra uma carga explosiva acentuada, realçada pela antológica trilha sonora de Luis Bacalov.
3 - O DIA DA DESFORRA/La Resa dei Conti (1967) –
Direção: Sergio Sollima
Outro exemplar à italiana
do gênero que é um exercício psicológico de tensão, mas mantendo as
características do legítimo padrão do western italiano, trazendo o americano
Lee Van Cleef como um caçador de bandidos da elite que persegue um mexicano
(vivido pelo italiano Thomas Millan) acusado de violentar e matar uma menina.
Contudo após vários reveses, em que o caçador tem o seu orgulho ferido devido à
esperteza do mexicano, ele descobre que na verdade ele é inocente, vitima de
inescrupulosos da alta roda em que o caçador vivido por Cleef faz parte, e por
isso ele resolve ajudar o mexicano. Um dos melhores e mais expressivos filmes
do Western europeu, dirigido por um Sergio, mas que não é o Leone.
O "O Dólar Furado", dos favoritos do faroeste spaghetti |
Giuliano Gemma é outro
dos meus heróis do gênero à italiana, e este filme, ainda que embora tenha
alguns clichês do Western americano, ainda assim vale o espetáculo, que como “Django”, de Corbucci, ajudou a
impulsionar a moda do bang bang a italiana. Impressionante como uma
moeda de um dólar no bolso acaba salvando a sua vida após ser abatido pelos
inimigos, e como se fosse Ullysses da “Odisseia” de Homero, volta para se
vingar dos homens que tentaram matá-lo, tiraram a vida de seu irmão, e raptaram
sua mulher. “O Dólar Furado” é
outra obra prima do gênero que ajudou no impulso do faroeste italiano.
5 - OS QUATRO MALDITOS/Los Cuetro Implacables (1965) –
Direção: Primo Zeglio
Não chega a ser um
clássico do gênero italiano, mas meus motivos para listá-lo são mais puramente
afetivos, pois foi um dos primeiros assistidos por mim ainda na infância, e em
ter como herói aqui Adam West, que no ano seguinte emplacaria como o mais
famoso Batman da TV. O cowboy aqui
vivido por West é quase limpinho, briga adoidado, mas a trama sobre um agente
da lei (vivido por West) que tentar impedir que quatro bandoleiros (daí o
título de “Quatro Malditos”, ou
no original, “Os Quatro Implacáveis”)
recebam a recompensa por terem capturado e matado um fugitivo da justiça que
era inocente não deixa de ser de toda interessante e é uma história bem
ritmada. Como não deixarão barato, os “quatro malditos” emboscam o agente da
lei, e este, terá que lutar por sua vida.
6 - POR UNS DÓLARES A MAIS/Per un pugno di dollar
(1964) – Direção: Sergio Leone
Leone parte com tudo
nesta obra desmistificadora dos mitos laureados do Velho Oeste. A ganância, o
individualismo, o dinheiro, surgindo a figura do 'caçador de recompensas', tão
enormemente explorado em outros filmes, contudo sem tanta convicção e realidade
como expõe Leone. Embora sem muitas afinidades, os personagens de Clint
Eastwood e Lee Van Cleef, por motivos diferentes, acabam esquecendo suas
diferenças e se unindo para enfrentar a quadrilha de Gian Maria Volonté, com a
intenção de dividir a recompensa por eles oferecida pela Lei. Outra obra
merecedora de destaque entre os grandes clássicos do gênero spaghetti de se fazer Western.
7 - ERA UMA VEZ NO OESTE/C'era una volta il West
(1968) – Direção: Sergio Leone
Outro exemplar, talvez o
mais popular, onde se seguiu toda a Trilogia de Leone (“Por um punhado de Dólares”, “Por uns Dólares a Mais” e “Três Homens em
Conflito”). Vale destacar que o roteiro foi escrito por Leone com colaboração
de Bernardo Bertolucci, com leves reminiscências do clássico americano “Johnny Guitar”, de Nicholas
Ray (1954). Foi uma febre ao ser lançado nos nossos cinemas em 1971, mas
infelizmente com cópias de 144 minutos devido à censura (a metragem original
aos propósitos do cineasta foi de 229, sendo reduzidas umas para 137, e outras
com 165 minutos, a versão apresentada no mercado de vídeo hoje). Uma trama com
muito sangue e sem qualquer moral, uma verdadeira crítica à mitologia do Oeste
em vez do antigo glamour dos faroestes americanos, retratando a passagem de
pioneiros para os tempos da civilização com a chegada dos trilhos das
ferrovias. Parece um paradoxo ao vermos Henry Fonda, outrora um representante
da mitologia clássica do Western Americano, o típico mocinho das telas, na pele
de um malfeitor sujo e cínico como Frank. Não foi a toa que Leone escolheu
Fonda, pois era um assíduo admirador deste ator. Charles Bronson na pele de um
pistoleiro, Harmônica (porque sempre toca esta gaita quando esta prestes a
matar), que busca vingança contra Frank, que matou seu irmão, se destaca pelo
caráter lacônico, de quase poucas falas, e de muito suspense de seu personagem,
assumindo uma atitude quase parecida com a de Sterling Hayden em “Johnny Guitar”, quando protege
a viúva Jill Mcbain, vivida por Claudia Cardinale. Mais do que uma
superprodução, é um Super-Western,
acabando por se consagrar como um dos exercícios mais ousados do cineasta
Sérgio Leone.
"Era Uma Vez no Oeste", sequencia inicial
"Era Uma Vez no Oeste", sequencia inicial
9 - CAÇADA AO PISTOLEIRO/Un minuto per pregare, un
instante per morire (1968) – Direção: Franco Giraldi
Um Western italiano cheio
de tensão, com argumento freudiano à dimensão de tragédia grega, mas não
deixando de ser extremamente violento e desmistificador. Trata-se da história
do pistoleiro Clay McCord (vivido por Alex Cord), temido e odiado por muitos,
que tem sua cabeça a prêmio oferecido por um delegado corrupto de uma cidade
(vivido pelo ótimo Arthur Kennedy). Contudo, o delegado age fora da lei e vem a
intervir Lem Carter (o sempre brilhante Robert Ryan), governador do Novo
México, que oferece uma anistia ao pistoleiro, contudo alguns aventureiros não
querem saber e tentam emboscar McCord, que ainda enfrenta outro problema – ele
tem momentos de ataque epilético, e carrega o trauma pelo pai também ter tido
esse mesmo problema. Embora os atores principais sejam americanos, o filme
ainda conta com as presenças italianas de Nicoletta Machiavelli, e do ator
Mario Brega. Está entre meus colecionáveis.
10 - ADIOS SABATA/Indio Black, sai che ti dico: Sei un
gran figlio di... (1970) – Direção: Gianfranco Parolini
Como não podia deixar de
serem ao estilo italiano, trapaças, aventureiros sujos, e todo mundo querendo
se dar bem. É assim que funciona esta obra de Parolini, tendo como anti-herói o
aventureiro Sabata (na verdade, Indio Black no original), vivido pelo
excelente Yul Brynner, aqui ainda um tanto limpinho e barbeado como foi em Sete
Homens e Um Destino, em 1960. Sabata é um caçador de bandidos que se junta
a um vigarista, Ballantine (vivido por Dean Reed) e ao engraçado e cínico
revolucionário, o gordo Escudo (vivido por Ignazio Spalla) para combater as
forças do Imperador do México Maximiliano, e se apoderar de um carregamento de
ouro. Contudo, esta união de forças tem objetivos diversos. O destaque fica em
algumas situações engraçadas, quando o ladrão Ballantine tenta enganar seus
associados. Vale também a pena assistir “Sabata,
O Homem que Veio Para Matar” (que não tem a ver com o filme estrelado
por Brynner, apesar do mesmo nome do protagonista), estrelado por Lee Van
Cleef, onde se apresentam as mesmas situações humorísticas quando se trata de
bandido enganar o outro, afinal, quem disse que existe honra entre ladrões?
B: Quais você acha
que são os western mais subestimados de todos os tempos?
PT: Acentuo uma obra fordiana intitulada “Audazes e Malditos”, de 1960, que
trata da questão do racismo. Pela primeira vez, o Mestre John Ford desenvolveu
uma mensagem antirracista em um tom bem eloquente que chega a ser comovedor,
tendo como pano de fundo o ano de 1866, quando negros recém-libertados passam a
integrar regimentos de cavalarias comandados por oficiais brancos. Um deles, um
notável sargento vivido pelo brilhante Woody Strode, é acusado de um crime que
ele não cometeu, sendo levado à corte marcial por preconceito racial. Mas ele é
defendido por seu superior, vivido por Jeffrey Hunter. O relato do filme
(sempre reconstituindo os fatos em flashbacks) é tenso, épico, e de
uma solene dramática indescritível, que só um brilhante cineasta como Ford
poderia conceber, mas eu pessoalmente considero um de seus melhores trabalhos
junto às outras obras de requinte maior do diretor. Também “A Árvore dos Enforcados”, dirigido
por outro grande artesão dos westerns,
Delmer Daves em 1959, acredito um tanto subestimada por alguns críticos,
entretanto não poderia ter um protagonista mais humano em todos os aspectos do
que o médico Joe Frail, vivido por Gary Cooper em uma de suas últimas atuações.
Amargo, malquisto, cínico, mas ao mesmo tempo, não isento inteiramente de
altruísmo, procura esquecer um trauma do passado e tenta continuar a vida. Mas
ele percebe que nem tudo esta perdido, pois se renderá ao amor de uma imigrante
suíça que acaba salvando sua vida, vivida pela Maria Schell. Vale destacar a
bela canção interpretada por Marty Robbins. Outro western, desta vez europeu, que acho muito subestimado é “Os bravos não se rendem”, dirigido
por Robert Siodmak e Irving Lerner, que conta a trajetória do General Custer de
maneira realista e desmistificadora (nada a ver com o herói pintado por Raoul
Walsh no clássico “O Intrépido General
Custer”, com Errol Flynn, em 1945). Robert Shaw esta perfeito
como o famigerado militar em sua sede de glória, e a famosa batalha de Little
Big Horn. Contudo é um dos trabalhos menos badalados (mesmo com uma bela trilha
sonora), visto a índole verdadeira e descaracterizante do personagem, o que
pode não agradar a todos.
B: Sam Peckinpah e
Robert Altman foram meio que marginalizados por Hollywood. Mesmo com poucos
filmes sobre o tema western eles impactaram a estética do gênero para sempre.
Wild Bunch e Quando os Homens são Homens, são exemplos claros disso. Que grande
contribuição foi essa? E que outros diretores após essa geração conseguiram
essa façanha?
O genial Altman, um dos diretores que mudaram o western |
B: Sabemos que
ainda existem produções western
tanto nos EUA quanto na Europa. Mesmo com Tarantino e outros diretores fazendo western
a sua maneira e em forma de homenagem, podemos afirmar que esse gênero morreu
ou ainda vai ressuscitar em uma grande e genial produção?
PT: Acredito que, na verdade, o western nunca morreu. Naturalmente as
produções de hoje são em menor escala, e não como era a mais de 50 ou 60 anos
atrás, época rica em criatividade e em franca produção, onde tínhamos cineastas
brilhantes como John Ford, Raoul Walsh, Howard Hawks, Anthony Mann, Delmer
Daves e claro, incluindo Peckinpah, Leone e outros mais. Mas de uma forma ou de
outra, o faroeste está vivo, só esta adormecido enquanto um cineasta fera como Tarantino ou como Clint Eastwood, a lenda viva, não rodarem novos trabalhos no
gênero (será que Clint pensaria em rodar um novo faroeste? Seria genial!). E
enquanto isso, também, novas produções são realizadas pela TV americana ou
mesmo para o cinema sem sabermos. Mas uma coisa é certa: este gênero
estritamente americano também batizado pelos italianos não morreu e nem morrerá
tão cedo se depender de cada fã e espectador como nós para divulgar, apreciar e
assistir. Podem acreditar!
B: Quais filmes western merecem destaque a partir dos anos 80 até
hoje, nos faça uma lista de alguns que são pouco conhecidos?
Willie Nelson em "Justiça para um bravo" |
B: Há um tempo eu
soube que Clint Eastwood escreveu uma carta a John Wayne pedindo a ele para
fazerem um filme juntos. Isso não aconteceu é claro. Caso acontecesse essa
produção seria ímpar e juntaria definitivamente os dois maiores ícones do western.
Um de cada estilo. E se no final do filme houvesse um duelo entre a dupla, quem
venceria?
Wayne e Clint, o tão esperado duelo que nunca aconteceu |
B: Para finalizar,
uma pergunta que será símbolo de todos os "Duelos" com entrevistados:
descreva você num grande filme?
PT: “Meu Ódio Será Sua Herança”. Não que
eu seja o “arquétipo da decadência” como os protagonistas da obra de Peckinpah,
que queriam realizar o último trabalho de suas vidas antes de se “aposentarem”,
mas eu sempre procuro investir nos negócios ou em qualquer situação da minha
vida como se fosse dar também o meu “último golpe”, ou concretizar meu “último
trabalho”. Isso não quer dizer, literalmente, que seja o último, mas quando
desejamos alcançar certos objetivos na vida com sucesso fica a lição que
devemos fazer o melhor do nosso melhor
em todos os nossos empreendimentos como se fosse o último. Os homens de Pike
Bishop (William Holden) não desistiram, e mesmo com o resultado que obtiveram
no final, eles foram determinados, e nós também não devemos desistir, mesmo que
nos sintamos decaídos em algum momento de nossas vidas. Assim, me descrevo em “The Wild Bunch”!
"Meu Ódio Será Sua Herança"
"Meu Ódio Será Sua Herança"
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Duelo - com Paulo Telles (1ª parte)
por Francisco Bino
Nosso convidado do Duelo do mês é o radialista, locutor,
cinéfilo e blogueiro Paulo Telles.
Morador da Lapa, no Rio de Janeiro, o famoso bairro boêmio carioca não é páreo
para o fascínio cinéfilo de nosso entrevistado. Telles divide seu tempo entre
as locuções e roteiros de rádio e as várias colaborações para blogs e revistas
de cinema. Dentre elas, a DVD Magazine, onde possui uma coluna. Seu blog, Filmes Antigos Club, está há 5 anos no ar. O espaço é dedicado a artigos sobre filmes clássicos
que fizeram história. Telles também é um dos maiores especialistas do Brasil no
tema western, tendo escrito diversos
textos e resenhas sobre o gênero. Ele se considera criterioso para fazer suas
matérias e põe a pesquisa como peça fundamental para redigir qualquer texto. Eu
decidi entrevistá-lo e explorar todo seu vasto conhecimento de sétima arte. Ele
gentilmente aceitou e colaborou com respostas bem afinadas e nos deu uma grande
entrevista. Um prato cheio de spaghetti
e western de todo tipo, fartura total
para os amantes do bang bang.
Desfrutem com armas na mão.
BINO: Paulo, vamos
entrar direto no tema western. Recentemente eu li um texto seu para a DVD
Magazine que foi um dos melhores que vi sobre o tema bang bang. Era sobre o Western Americano e o Europeu,
uma comparação, na verdade, uma diferenciação de ambos os estilos, quase um
duelo. Eu tenho notado entre amigos e cinéfilos uma divisão de preferências
entre os dois. É certo que o spaghetti
fez o western americano repensar sua estética de cowboy limpinho, mas ao mesmo tempo bebeu muito na fonte hollywoodiana de
fazer estes filmes. Quais foram as grandes contribuições que ambos os gêneros
deram um para o outro?
Eastwood e seu referencial "Os Imperdoáveis" |
B: Um dos legados
de Ford e de outros grandes diretores foi mitificação do homem do Oeste
americano. Mas ao mesmo tempo sabemos que muito do que se via nos filmes não
correspondia à realidade ou era controverso. Um dos maiores exemplo é o famoso
tiroteio de O.K. Corral. Tivemos diversas produções sobre este tema e que
exaltaram os participantes do tiroteio, mas a pesquisa de especialistas disse
que não foi nada daquilo o que aconteceu na verdade. E outro foi uma espécie de
inversão que transformou o índio em pária social pelas produções de cavalaria,
aquela história de mocinho versus
índio. Formato que alguns diretores repensariam anos depois – Ford foi um
deles. O progresso a qualquer "custo" desnudado nas produções de
Leone confrontava os mitos fordianos e CIA. A figura do pistoleiro anti-herói e
errante é na verdade uma cutucada. Fale-nos um pouco do mito do cowboy.
PT: Como eu disse, os americanos são fascinados
pela mitologia do Oeste Americano, e isso já acontecia antes mesmo do
surgimento do cinema. Em 1883, o próprio William Frederick Cody, conhecido
mundialmente como Buffalo Bill, já vinha explorando ele mesmo seu lado de
“herói” nos seus espetáculos circenses do Oeste Selvagem. Quando o cinema já
existia como um espetáculo, Buffalo Bill foi convidado por um dos primeiros
mocinhos do Far-West, Gilbert Broncho Billy Anderson (que também
era produtor) para estrelar um filme, intitulado “The Adventures of Buffalo Bill”, justamente com a
intenção de demonstrar que, no cinema, a ideal “fábrica de sonhos”, realidade e
lenda poderiam se confundir facilmente. Dois anos depois da morte de Wyatt
Earp, em 1929, um escritor chamado Stuart Lake publicou um livro chamado “Wyatt Earp, Frontier Marshal” (“Wyatt Earp, o Delegado da Fronteira”),
onde narrava as façanhas do “Leão de Tombstone”, como era Earp alcunhado. Lake
sempre declarou que cada narrativa, cada palavra ou vírgula, foram do delegado,
mas depois voltou atrás, dizendo que todo o livro era de sua inteira autoria, e
que Wyatt nunca lhe passou informações. Contudo, já nessa época, o cinema estava
em busca de heróis para mitificar o verdadeiro mocinho, e não de personagens
freudianos ou em enredos elevados a tragédia grega como viria mais tarde. Com
base no livro de Lake, Wyatt Earp parecia se encaixar como este novo mito cowboy. Em 1937, Randolph Scott e Cesar
Romero eram respectivamente Wyatt e Doc Holliday no filme “Frontier Marshal”, um dos primeiros
filmes a abordar o duelo de O.K. Corral baseado na história de Lake, cujo
argumento serviria também para “Paixão
dos Fortes”, de John Ford, em 1946. Mas evidente que não foi apenas Wyatt Earp o objeto desta mitificação cinematográfica, e Hollywood
transformou em heróis Billy The Kid, Jane Calamity, Buffalo Bill, Jesse James,
Wild Bill Hickcok, Kit Carson e até mesmo o famigerado General Custer. Todos na
realidade estavam distantes de serem “mocinhos”, mas o cinema americano
preferiu de início laurear tais ídolos do Velho Oeste, pondo uma legenda
romântica em cada um, imprimindo lendas e descartando fatos verdadeiros.
Afinal, um famoso cineasta que todo bom amante de western prestigia já falava em um de seus grandes filmes: “Isto é o Oeste. Quando a lenda é mais forte
que os fatos, se imprime a lenda”. Isso mesmo, John Ford.
"Sem lei e sem alma" |
B:
Quem foram para você os diretores e os filmes de western que melhor deram esta contribuição, vamos
dizer, social e mitológica do homem daquele meio?
James Stewart em "E o sangue semeou a terra".
mito do cowboy
|
B: Agora nos fale
dos primeiros westerns realizados nos Estados Unidos.
PT: O cinema nasceu em 1895, na França, e isto já
é falar nos primórdios da sétima arte e de sua invenção como meio de
entretenimento. Já em 1898, nos Estados Unidos, a Edison Company (de Thomas
Edison), produziu uma vinheta de um minuto de duração chamada “Cripple Creek Bar Room”, aclamado por
alguns críticos e estudiosos como o primeiro western da história. Segundo Primaggio Mantovi, autor do livro “100 anos de Western”, a cena mostrava
um pequeno saloon com alguns cowboys, um típico jogador do Velho
Oeste, e uma garçonete de aspecto masculino que pôde ter sido interpretado por
um ator. Contudo, foi “O Grande Roubo
do Trem”, datado de 1903, que mereceu a honra de ser o primeiro western, por se tratar de um primeiro
filme a contar uma história escrita especialmente para o cinema (logo, o
primeiro script para o gênero). O filme foi feito em apenas dois dias e
se tornou oficialmente o primeiro western
do cinema. Vieram pioneiros como David W. Griffith, Thomas Happer Ince, William
S. Hart, Cecil B. DeMille (mais tarde, o idealizador de grandes espetáculos
épicos e bíblicos, como “Os Dez
Mandamentos” e ”Sansão e
Dalila”), e o próprio John Ford, cada um realizando uma obra ou outra no
gênero. E não somente quando o cinema engatinhava em seus primeiros passos,
como também ainda não se tinha o recurso do som, afinal ainda era a fase silents
do cinema. David W. Griffith é considerado o pai da linguagem cinematográfica,
e realizou em 1915 o filme que é considerado, de fato, o primeiro
longa-metragem do cinema: “O
Nascimento de uma Nação”. Thomas Ince idealizou o primeiro
estúdio ao ar livre, ao comprar 20 mil acres de terra para construir sua
própria cidade do Velho Oeste, contratando depois uma trupe de cowboys autênticos e índios de verdade,
peritos em cavalgar, laçar e atirar. “War
on The Plains” e “Custer’s
Last Fight”, ambos de 1912, foram um dos primeiros westerns rodados por Ince.
vídeo O Grande Roubo de Trem
Contudo, o ano de 1914 é tido como o ano oficial do
nascimento do western no cinema,
porque até então não houve a preocupação em desenvolver um ator capaz de
encarnar o autêntico cowboy do Oeste,
ou por que não dizer, o mito. Os primeiros atores a desenvolver os heróis do
gênero foram Lionel Barrymore e Francis Ford (irmão do cineasta John) e eram
figuras presentes nos filmes de Griffith e Ince, mas o primeiro herói oficial
do gênero foi mesmo Gilbert “Bronco
Billy” Anderson. William
S. Hart e Cecil B. DeMille tiveram um interesse maior pelo gênero nos
primórdios do cinema americano. Ainda em 1914, DeMille estreou na direção com “Amor de índio”, e
posteriormente transportou para as telas, em primeira adaptação
cinematográfica, o famoso romance de Owen Wister, “The Virginian – O Paladino da Justiça”, história esta que
teria várias readaptações para o cinema em épocas futuras, inclusive originando
uma série de TV na década de 1960, muito famosa – “O Homem de Virginia”, estrelada por James Drury. Ainda
no período silents do cinema, Cecil B DeMille dirigiu os westerns “Sonhos de Moça” (“The Girl of The Golden West”), em 1915,
e refilmou, em 1918, “Amor de Índio”.
"Marked Man",
primeiro western
do mestre John Ford
|
John Ford começou sua carreira em 1914, como
assistente de direção, ator e até dublê, com o nome artístico de Jack Ford.
Iniciou na arte da direção em 1917, dirigindo “A Marked Man”, seu filme favorito e um dos poucos que adorava
mencionar em suas entrevistas. Entre este ano de 1917 até 1920, Ford realizou
28 westerns para o estúdio da
Universal, todos de grande importância para o gênero. Em 1924, Ford realizou
uma obra-prima, o épico do gênero “Cavalo
de Ferro”, estrelado por George O’ Brien, que havia sido dublê de
Tom Mix. Existem ainda muitas outras obras do gênero realizadas nos primeiros
anos da indústria cinematográfica, mas numerá-las todas é um trabalho que
requer ainda pesquisa de minha parte.
B: O papel da
mulher na sociedade do Oeste americano era bem secundário, penso que nas
produções do gênero western isso
também não era diferente. São raros os filmes em que tivemos mulheres como
protagonistas e com personagens fortes. O que você pensa disso?
PT: Penso que isso não é necessariamente verdade
em termos de produção do gênero. Temos ótimos filmes em que a mulher é a protagonista.
É verdade que não são muitos, mas devemos fazer justiça aos cineastas que se
lembraram delas. Anthony Mann fez isso em “Almas em Fúria”, em 1950, colocando Barbara Stanwyck como a
heroína freudiana e corajosa que desafiava a “madrasta má” vivida pela dama do
teatro americano Judith Anderson, para defender seu pai, vivido por Walter
Huston (pai do cineasta John). Stanwyck era considerada por Hollywood como a “Madrinha dos Westerns”, e tudo porque
ela era perfeita para o gênero. Ela cavalgava muito bem e sabia atirar de
verdade, sendo também uma extraordinária atriz em outros gêneros, geralmente em
papéis bem avançados para as atrizes de sua época. Barbara atuou em fitas westerns como “A Bandoleira” (ou “Na
Mira de um Coração”), dirigido por George Stevens, em 1935, onde
viveu a lendária Annie Oakley, e fez um importante papel feminino em “Aliança de Aço”, de Cecil B.
DeMille, dividindo as honras com Joel McCrea. Anos mais tarde, na década de
1960, foi a estrela de um famoso seriado de TV do gênero, “The Big Valley” (1965-1969),
onde viveu a corajosa matriarca de uma família.
Barbara Stanwyk,
madrinha do western
|
B: Vamos falar de spaghetti, vamos falar de Leone. A meu ver foi um
diretor completo, inovador e vanguardista. Estava à frente de seu tempo em
relação a muitos diretores de seu país e até de Hollywood. Mesmo assim ele foi
massacrado pela crítica em sua época, algo que Peckinpah e outros também
sofreram na pele. Porque ele demorou tanto a ser reconhecido e valorizado?
Um dos principais respossáveis
pelo faroeste spaghetti,
Sergio Leone
|
PT: Foi, em grande parte, o preconceito de alguns
críticos. Tanto Leone quanto Sam Peckinpah utilizaram muito do excesso da
violência em suas obras, algo inovador para os padrões dos anos de 1960. Os
críticos de então acreditavam que o público poderia ficar chocado com esta nova
maneira de se fazer Western. Tanto a violência mostrada por Peckinpah quanto as
mostradas por Leone eram uma arte incompreensível para a crítica da época,
muito embora Sergio se preocupasse não somente com a violência, mas com todo um
conjunto. Contudo, ambos os diretores tiveram merecido reconhecimento lá pela
metade dos anos de 1970, quando suas obras foram revisitadas por críticos de
mente mais aberta. Outro fator que também que veio a demorar o reconhecimento
destes dois mestres foi a desconstrução do mito do cowboy romântico. Leone,
assim como Peckinpah, derrubaram de vez todas as lendas romanescas do gênero,
que já eram obsoletas já no fim da década de 1950. Alguns críticos de início
não viam isso com bons olhos, e muito menos, Hollywood. Contudo, como sabemos,
foi graças ao sucesso dos Westerns italianos que o cinema americano teve que se
reinventar para não perder a concorrência, e não deu outra. Outro motivo que
ajudou também a retardar o reconhecimento de Leone & Cia foi justamente
alguns cineastas de baixo orçamento tentarem imitar o estilo de Leone sem
sucesso, o que o incomodava, pois achava que o estavam plagiando. Por isso que
muitas vezes tivemos faroestes europeus tão pobres e inexpressivos que mal passaram
das prateleiras das locadoras de vídeo, muitos deles feitos com baixíssimo
orçamento e roteiros sem pé e nem cabeça. O próprio Sergio Leone declarou a
respeito de seus imitadores durante uma entrevista: "Sou considerado o
Pai do Western Spaghetti, mas se eu soubesse que teria feito parir tanto
fdp..."
(continua...)
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