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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Criolo - “Convoque seu Buda” (2014)

 

'Convoque seu Buda' fermenta a massa modelada no antecessor 'Nó na Orelha', álbum que projetou e consagrou Kleber Cavalcante Gomes, cantor e compositor das quebradas que, comendo pelas beiradas, vem flertando com ícones da linha de frente da MPB.  'Convoque...' jamais ultrapassa a fronteira delimitada por 'Nó...', mas aprimora a receita sonora do álbum anterior."
Mauro Ferreira, crítico musical

Quando “Convoque seu Buda” foi lançado, no final de 2014, Criolo já ocupava seu merecido lugar no panteão dos grandes da música brasileira. “Nó na Orelha”, seu antecessor de três anos antes, havia garantido este posto ao cantor e compositor paulista ao lado de colegas do gabarito de Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento. Obras como “Subirodoistiozin”, “Não Existe Amor em SP” e “Grajauex” eram provas incontestes de que, depois de muitos anos, havia surgido um talento acima da média na já tão bem representada MPB, mas carente de novas referências.

Só status, contudo, não era suficiente para Criolo. Para um artista de alto nível e, principalmente, honesto consigo e para com seu público, contentar-se com a atribuição externa seria impensável. Ainda mais porque, indiretamente, espera-se, sim, que grandes artistas sigam produzindo bem e, consequentemente, evoluindo. Por isso, fazer um novo disco só para cumprir tabela lhe soaria, ao mesmo tempo, a mediocridade e calvário. O que se vê em “Convoque...”, além de um Criolo totalmente consciente de seu universo sonoro, é a manutenção de parte da estrutura narrativa da estreia, bem como da veia contestadora e do rap como força-motriz. Mas com acréscimos.

A pegada hip hop está lá, preservada, como na faixa-título e de abertura. Porém, já aí se nota um Criolo mais maduro e dono de uma musicalidade talvez menos instintiva. As referências não-óbvias ao rap samurai da Wu-Tan Clan, bem como a seus ídolos Sabotage e Racionais, chamam o ouvinte para uma experiência diferente. Na letra, a pungência onírica improvável de sua poética: "De uzi na mão, soldado do morro/ Sem alma, sem perdão, sem jão, sem apavoro/ Cidade podre, solidão é um veneno/ O Umbral quer mais Chandon/ Heróis, crack no centro/ Da tribo da folha favela desenvolvendo/ No jutsu secreto, Naruto é só um desenho".

Pronto: foi dada a largada para um novo grande disco de Criolo, que definitivamente não se resume ou se estreita, como “Nó...” já sugeria, apenas ao rap, sua raiz das quebradas paulistas. A musicalidade brasileira afro se homogeneíza fortemente agora. Caso evidente da obra-prima “Esquiva da Esgrima”. Misto de rap e candomblé. E que letra, que refrão! “Hoje não tem boca pra se beijar/ Não tem alma pra se lavar/ Não tem vida pra se viver/ Mas tem dinheiro pra se contar/ De terno e gravata teu pai agradar/ Levar tua filha pro mundo perder/ É o céu da boca do inferno esperando você”. E mais uma evolução visível: Criolo está cantando melhor. Seja nos detalhes de overdubs, nas variações de timbre e até na extensão, seu belo timbre está mais bem trabalhado e aproveitado.

Sem dar fôlego, Criolo apresenta aquela que é ao mesmo tempo a mais pop e uma das mais críticas do álbum: a sarcástica “Cartão de Visita”. Rap de excelente arranjo e cantado por ele com uma debochada voz afetada sobre a frivolidade perversa da alta sociedade, tem a parceira de Tulipa Ruiz no marcante refrão: “Acha que 'tá mamão, 'tá bom/ 'Tá uma festa/ Menino no farol se humilha e detesta/ Acha que 'tá bom/ Não é não nem te afeta/ Parcela no cartão/ Essa gente indigesta”. Nada menos que genial.

Mas Criolo estava, definitivamente, disposto a fazer história. “Casa de Papelão” pode não se tratar da melhor do disco, mas certamente a mais radical aproximação com aquilo que se entende por MPB. O arranjo, primoroso, lembra os dos clássicos discos dos anos 70 assinados por Rogério Duprat, Edu Lobo, Wagner Tiso ou Francis Hime. A música soa épica, densa, imponente. O forte teor social, igualmente, retraz as denúncias musicais e a atmosfera grave dos Anos de Chumbo, como "Cala a Boca, Bárbara", "Demônio de Guarda", "Sacramento", "Café". Deste nível. Criolo, que à época já ensaiava parcerias com Milton, Arthur Verocai e Tom Zé, chegava, sozinho, àquilo que seus mestres o ensinaram.

“Convoque...” tem, assim como “Nó...”, mais uma vez a mão dos produtores Daniel Ganjaman e de Marcelo Cabral nos arranjos, instrumentos e coautorias. Mas não se resume a estes, pois novos parceiros são, como o título sugere, convocados. A turma originalíssima da Metá Metá, donos da musicalidade afro mais raiz da música brasileira, são alguns deles. Seus integrantes, Kiko Dinucci, Thiago França e Juçara Marçal, aparecem em mais de uma faixa e em momentos fundamentais. É o que se vê noutra excelente do repertório, “Pegue pra Ela”, com a sonoridade folclórica dos pífaros tocados por França e a percussão marcante de Maurício Badé, bem como em “Pé de Breque”, dub jamaicano tal como reggae “Samba Sambei” do álbum anterior, compondo uma variação estratégica na narrativa sonora.

O samba, claro, está novamente presente. Repetindo também a "fórmula" de “Nó...”, que trazia o partido-alto "Linha de Frente", agora é vez da sociopolítica “Fermento pra Massa”, crônica urbana que defende em seus versos o direito à greve para se obter melhores condições de trabalho. Interessante que a música tem relação com o que Criolo fez antes, mas também com o que faria depois, a se ver por seu disco só de sambas “Espiral da Ilusão”, que lançaria 4 anos depois, e canções atuais.

Outra com olhar para a música brasileira de outros tempos, “Plano de Voo” carrega na lírica com uma letra extensa e densa que conta com ajuda do rapper Síntese. Encaminhando-se para o fim, a forte “Duas de Cinco” traz o sampler da canção "Califórnia Azul", de Rodrigo Campos, com a voz de Luísa Maita – filha de Amado Maita e de visível semelhança ao timbre da saudosa Beth Carvalho – para abrir a música com um canto melancólico e circunspecto, que dá lugar, aí sim, ao Criolo rapper. "Ela conta uma epopeia sem Ulisses", diz Criolo sobre seu rap-denúncia-confissão. Afinal, o narrador é um sujeito impregnado de "realidade", um sujeito comum que vivencia os fatos fractalmente narrados, sem a homérica intenção de heroísmo. 

A excelente “Fio de Prumo (Padê Onã)”, com os vocais de Juçara e arranjo de Dinucci, inundam de signos brasileiríssimos e põem na boca de Juçara as palavras nagô: "Laroyê eleguá/ Guarda ilê, onã, orum/ Coba xirê desse funfum". Ancestralidade poética, musical, cultura. Resistência, ode, memória. Que forma de terminar um grande disco, aquele que punha definitivamente Criolo entre os maiores. Se “Nó...” serviu para ele abrir a porta ao de muito desvalorizado rap como sendo pertencente ao universo da música brasileira, “Convoque...” solidificou sua posição e desfez de vez qualquer preconceito musical, artístico ou cultural. E pode-se dizer hoje: sim, a linhagem de Noel Rosa, Pixinguinha, Dorival Caymmi, Gilberto Gil e outros gigantes fez-se preservada em Criolo.

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FAIXAS:
1. “Convoque Seu Buda” - 3:51 (Criolo e Daniel Ganjaman)
2. “Esquiva Da Esgrima” - 4:29 (Criolo, Ganjaman e Marcelo Cabral) 
3. “Cartão De Visita” - 3:26 (Criolo, Ganjaman e Cabral)
4. “Casa De Papelão” - 4:59 (Criolo, Ganjaman, Cabral e Guilherme Held)
5. “Fermento Pra Massa” - 3:41 (Criolo)
6. “Pé De Breque” - 4:06 (Criolo)
7. “Pegue Pra Ela” - 4:25 (Criolo)
8. “Plano De Voo” - 3:39 (Criolo, Síntese, Ganjaman, Held e Cabral) 
9. “Duas De Cinco” - 3:45 (Criolo, Rodrigo Campos, Ganjaman e Cabral)
10. “Fio De Prumo (Padê Onã)” - 4:09 (Criolo e Douglas Germano)

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OUÇA O DISCO:


Daniel Rodrigues

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Música da Cabeça - Programa #351

 

Consultamos as cartas para saber o que nos espera em 2024. Entre incertezas e adivinhações, uma coisa descobrimos que vai haver certo: muita música. O MDC 351, o primeiro do ano, é uma prova disso. Previmos, por exemplo, que hoje terá no programa O Rappa, Echo & The Bunnymen, Mutantes, Racionais, Pet Shop Boys e mais. A gente dá as cartas do programa hoje às 21h, na mística Rádio Elétrica. Produção, apresentação e arcano XVII: Daniel Rodrigues.


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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Código Penal - Preto no Metal Festival - Bar Opinião - Porto Alegre/RS (17/12/2023)

 

Fazia tempo que queria ver a Código Penal, uma das bandas do meu primo-irmão-parceiro Lucio Agace. Digo uma das bandas, porque Lucio enfileira, desde os anos 80, algumas das bandas mais legais da cena alternativa gaúcha. A começar pela HímenElástico, projeto que tínhamos em conjunto com meu outro irmão e coeditor deste blog, Cly Reis, e meu outro primo e irmão do Lúcio, , com o adicional de nosso baterista oficial César “Pereba”. Mas a Hímen, há de se dizer, por mais legal que fosse nosso som (considero-a a grande banda gaúcha dos anos 90 que não aconteceu), foi talvez o projeto mais incipiente de Lucio. Vômitos & Náuseas, Causa Mortis e Câmbio Negro, pelo contrário, são alguns desses seus projetos mais consistentes. Mas também há de se dizer: a Código Penal é especial. O som, misto de hardcore, hip hop, funk e uma veia social e urbana muito evidente (em vários aspectos, parecida com a da Hímen) fazem da Código uma banda muito foda de se ouvir. Faltava vê-los no palco.

Pois o Festival Preto no Metal, ocorrido no célebre bar Opinião, trouxe esta oportunidade. A Código se apresentou na sequência de outras bandas muito legais com essa mesma vertente e ativismo, mas confesso que fomos mesmo lá para vê-los. E a expectativa foi totalmente atendida, numa apresentação enérgica, potente, dançante e... foda. A “arquitetura” da banda é apreciável, desde a visual até a sonora, com Lucio e Black to Face dividindo-se nos vocais como verdadeiros vocalistas MCs, dois guitarristas, Marcio Zuza e Eduardo Jack, um fazendo base e outro complementando o arranjo com efeitos e solos, o baixo poderoso de Luciano Tatu, a bateria pegada de Pereba e uma mesa eletrônica comandada pelo próprio Lucio. 

O tempo de show de festival, como de costume, curto. Então, o negócio é subir no palco e mostrar serviço, como a Código fez. Aí, foi só paulada, uma atrás da outra. “Terra de Ninguém” pra começar. “Os Dois Lados do Imoral”, na sequência, fez o ambiente pra ótima parceria da banda com Tonho Crocco em “Apologia”, que levantou a galera. “Marginalizado”,  “Justiça Injusta” e “Chove Bala”, idem. Pra finalizar, “Sexo nas Ruas” e a ótima “Gangs”, que já rodei no meu programa, o Música da Cabeça, mas que ao vivo ganha uma potência maior, tanto pela reação da galera quanto pela sonoridade própria, com seus samples da trilha de “Sexta-Feira 13”. Aliás, por falar no filme, mais uma das coisas legais da performance da banda e de Lucio, em especial, que é quando ele se ausenta um tempo do palco para voltar travestido de Jason Voorhees, com a máscara característica do personagem, um casaco com capuz preto e um temível taco de beisebol. Fez lembrar outro punk performático chamado John Cale.

Enfim, showzasso da Código, que Leocádia e eu vencemos os 48 graus de sensação de Porto Alegre àquele dia para estar no Opinião, mas que valeu totalmente a pena. Confere aí um pouco de como foi:

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A Código sobe ao palco do Opinião 

Lucio, performático, com a máscara do Jason junto com Black to Face

Black to Face mandando ver nas rimas

Um pedacinho de como foi o show 
da Código Penal no Opinião

Visão da mesa de som

Código in da house, motherfucker!

Mais rimas

Lucio ao centro do palco com a baita banda na "cozinha"

Preto no Metal olhando o Preto no Metal

A galera comemorando o baita show ao final:
Jamal, Val, Lucio, Leo e eu
 


Site da Código Penal: www.bandacodigopenal.com.br  


texto: Daniel Rodrigues
fotos e vídeos: Leocádia Costa e Daniel Rodrigues

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Música da Cabeça - Programa #347

A gente só observa o que os poderosos estão tramando na COP 28! Enquanto isso, ouvidos atentos para outra sigla igualmente importante: o MDC 347! Com um ouvido lá e outro aqui, a gente vai escutar hoje Planet Hemp, Brylho, Nat King Cole, U2, Jards Macalé e mais. Como o Lanny Gordin, que é lembrado em forma de Sete-List. Com um olho no peixe e outro no gato, o programa está totalmente alerta às 21h na atenta Rádio Elétrica. Produção, apresentação e pensamento sustentável: Daniel Rodrigues.


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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Música da Cabeça - Programa #345

 

Lá se vai mais um 20 de novembro, mas nossas cabeças permanecem preenchidas de consciência. Negra. O que inclui a música, seja o rock de John Lennon, o ska da The Specials, o samba de João Bosco ou o hip hop de Thaíde & DJ Hum. Todos ritmos legitimamente negros, como será o nosso MDC desta semana, que se aquilomba às 21h na consciente Rádio Elétrica. Produção, apresentação e punho em riste: Daniel Rodrigues.

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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Música da Cabeça - Programa #333

 

Vocês acreditam em números cabalísticos? Acho melhor começar a acreditar, pois um MDC de 333 num dia 30 de um ano '3' vai te fazer olhar diferente para o céu. Afinal, só uma combinação misteriosa dessas para ter o poder de juntar Chico Buarque, Airto Moreira, R.E.M., Emicida, Geraldo Pereira e outros astros numa quadratura só. E quer mais mágica que Edu Lobo e Dori Caymmi 80 voltas ao redor da Terra na mesma semana? Olha: tô achando melhor se convencer, afinal 21h, hora do programa, são 2 + 1, que dá 3 de novo! Isso tudo na esotérica Rádio Elétrica com produção, apresentação e numerologia de Daniel Rodrigues


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quarta-feira, 26 de julho de 2023

Música da Cabeça - Programa #328

 

A chapa esquentou pro clima, hein?! Preocupado com o planeta, o MDC também eleva a temperatura, mas com música boa de todas as estações. Tem Daft Punk, John Lennon, Brian Eno, Titãs, Henri Mancini e mais, como o Cabeção, que celebra os 60 anos de Renato Borghetti. Seja no verão ou no inverno, o termômetro começa a funcionar às 21h na refrigerada Rádio Elétrica. Produção, apresentação e muito líquido: Daniel Rodrigues.

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quarta-feira, 19 de julho de 2023

Música da Cabeça - Programa #327

 

Dessa perda, nem me fale! Perco a linha, dou um grito e quase esqueço que tem MDC hoje! Aliás, um programa com as devidas homenagens a Joao Donato e sua arte maior. Fluido e forte como as águas do Amazonas, nessa correnteza passam ainda The Velvet Underground, Stevie Wonder, Engenheiros do Hawai, Public Enemy, Pato Fu  e mais. O começo do caminhar pra beira de outro lugar é às 21h, na Rádio Elétrica, de onde tudo sai. Produção, apresentação e "água!": Daniel Rodrigues


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quarta-feira, 29 de março de 2023

Música da Cabeça - Programa #312

 

Sei que não dá pra ver direito assim de longe o que tá escrito no dirigível. A gente põe uma lupa pra facilitar, mas já dava pra imaginar que é o anúncio do MDC 312, né? O que mais seria? Sobrevoando a cidade hoje estão Nas, Pixinguinha, Lobão, The Clash, Planet Hemp e mais. No quadro especial, um Sete-List daqueles de pura interessância. Também quer viajar nesse balão? Vem com a gente, que é só subir às 21h, na zepeliniana Rádio Elétrica. Produção, apresentação e altos voos: Daniel Rodrigues


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quarta-feira, 15 de março de 2023

Música da Cabeça - PROGRAMA ESPECIAL Nº 310

 

É Lucio Agace in da house, man! O Lucio da banda Código Penal e outros projetos. É ele no MDC de nº 310, que roda nesta quarta-feira, 15/3, às 21h, na antenada Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues. Confere o vídeo aí!



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quarta-feira, 1 de março de 2023

Música da Cabeça - Programa #308

 

Ele voltou! Ah, está falando do Zé Gotinha? Tudo bem, pois a gente voltou também, mas com o programa de hoje. Vamos pingar de novo muita música boa com Miles Davis, Raul Seixas, Sinéad O'Connor, Jovelina Pérola Negra, Pat Metheny e outros. Também, sete doses de George Harrison, este curandeiro que faria 80 anos. A receita é a seguinte: pegue meio copo d'água, adicione gotas de MDC e beba tudo às 21h na vacinada Rádio Elétrica. Produção, apresentação e conta-gotas: Daniel Rodrigues


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quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Música da Cabeça - Programa #298

 

Fica até difícil achar o MDC nessa multidão toda de argentinos. Mas a gente facilita a coisa pra vocês, até porque hoje tá bem fácil escutar com tanta coisa boa que tem: Al Di Meola, Tom Zé, O Rappa, Neneh Cherry, Toni Tornado, New Order e mais. Ainda, no quadro especial, uma lista sobre mulheres inspiradoras. Invadindo o obelisco, o programa levanta a taça hoje às 21h na tricampeã Rádio Elétrica. Produção, apresentação e reverências a Messi: Daniel Rodrigues.


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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Música da Cabeça - Programa #297

 

Pela vontade do povo brasileiro, expressa pelas audições radiofônicas da maioria, em testemunho desse fato viemos anunciar a excelentíssima edição de n° 297 do Música da Cabeça. Habilitados como testemunhas desta nomeação temos My Bloody Valentine, Chico Buarque, Sapo Boi, Snap!, João Donato e outros cidadãos de impoluta credibilidade. Nos termos da Constituição Federal, o MDC entrará no ar a 14 dias de dezembro do ano de 2022, à vigésima primeira hora na diplomada Rádio Elétrica. Produção, apresentação e democracia devolvida: Daniel Rodrigues.


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sábado, 3 de dezembro de 2022

“Racionais - Das Ruas de São Paulo Pro Mundo”, de Juliana Vicente (2022)


“Ai o cara assiste o show do Dr. Dre, vê os caras saindo de um telão tridimensional, fica inspirado e pensa o seguinte: ‘Vou fazer um Rap, porque rap é o que liga!’ E então o cara acorda!”
Mano Brown

Eu poderia começar esse texto com um milhão de relatos iguais a esse, inclusive o meu, e de outros tantos pretos periféricos que um dia ouviram e sentiram o peso da batida rap e a sensação de ser protagonista de alguma coisa relevante pelo menos uma vez!

Mas estou aqui sentado teclando no meu notebook para falar a história de quatro negros periféricos que foram salvos pelo rap: os Racionais MC’s simplesmente o maior grupo de rap do País, que ultimamente estrearam com um documentário maravilhoso na Netflix, “Racionais - Das Ruas de São Paulo Pro Mundo”, de Juliana Vicente. Lógico, eu assisti e tenho certeza que como os outros tantos pretos que citei antes, eu me identifiquei... mas logo mais eu explico.

Verão de 1988, Vila Jardim, Porto Alegre. Tenho claro em minha memória o dia que ouvi a primeira vez as palavras RAP FUNK SOUL saindo da boca de um falecido primo, o Sandro, Lembro de estarmos nos preparando para ir até a Mariland, uma rua próxima ao Centro Histórico, para ajudar o Sérgio, seu irmão mais velho, a guardar uns carros e fazer uns trocos para ir curtir um baile no Jara Musisom. Naquele momento eu senti a onda funk, o movimento vivo, a mobilização da massa black para ter um momento de diversão, uma folga do sofrimento cotidiano.

Cena do filme com a banda reunida lembrando e
refletindo sobre o passado, o presente e o futuro
Os bailes black eram como templos sagrados. Os irmãos vestiam a melhor roupa, erguiam seus black powers e celebravam a vida... Por que estou contando isso?

Porque aconteceu em todo o País, como contam os Racionais no documentário. As equipes de som eram quem faziam os eventos. Elas tinham a máquina nas mãos. Comigo foi a JS Musisom que tive o primeiro contato com o rap sendo feito ao vivo e nós, pretos, às vezes tínhamos uma oportunidade de mostrar na dança ou na expressão falada do rap algum tipo de talento. Nessa época, ainda não conhecíamos Racionais. As rimas eram toscas e feitas basicamente para animar o público. O show era do DJ, Nessa época, conheci o Nego Jay e montamos os Donos da Noite, que veio a ser um embrião da Código Penal.

Lá em São Paulo, os integrantes da Racionais (Mano Brown, Ice Blue, KL Jay e Edi Rock) se encontravam na São Bento, na região central. Aqui, era na Rua dos Andradas, Centro de Porto Alegre, e assim como lá, aqui as equipes davam essa abertura com festivais de música e tudo acontecia. Essa revolução aconteceu meio que simultaneamente em todo mundo, um levante negro como eu vejo acontecendo hoje, em 2022, desde o movimento #Blackslivesmetter até os festivais Afropunk por aí afora.

Mas voltando aos Racionais MCs, vejo organização, vejo atitude, vejo uma revolução necessária para um país recém saído de uma ditadura onde o jovem negro sempre foi visto como marginal, padrão e, mesmo parecendo redundante, não tem como escrever sem comparar a história deles com a minha. Os caras mudaram a forma do Brasil fazer rap, mudaram a linguagem e tiveram a coragem que muitos até hoje não têm. 

“Racionais - Das Ruas de São Paulo Pro Mundo”, no Netflix. Imperdível!

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trailer de “Racionais - Das Ruas de São Paulo Pro Mundo”


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Algumas referências: 

“Fear of a Black Planet, da Public Enemy

“The Revolution Will not be Televised”, de Gil Scott-Heron

“Power”, de Ice T

Lucio Agacê


quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Música da Cabeça - Programa #287

 

Prontos para a segunda dose? É, minha gente, tem segundo turno, sim, e o MDC está aqui pra ajudar a engolir essa e seguir em frente, que vem mais por aí. Nesse empenho conosco estão Criolo, Herbert Vianna, Public Enemy, Bill Withers, Simply Red e mais. A gente também chamou o Síndico Tim Maia, que completaria 80 anos se vivo, pra uma participação no Sete-List. Com o copo meio cheio, o programa de hoje vai ao ar às 21h na etílica mas sóbria Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues. Estão servidos?


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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Música da Cabeça - Programa #286

 

Hoje vamos te dar 13 motivos pra ouvir o MDC. E você vai ver que motivos não faltam, porque tem do rock de Beck e Frank Zappa, ao rap da Racionais Mc's, passando pela MPB de Elis Regina e Alceu Valença e várias outras razões. E pra virar de vez, ainda tem o jazz de Pharoah Sanders no Cabeção. Dedicado a decidir no 1º turno, o programa vai ao ar hoje, às 21h, na utilíssima Rádio Elétrica. Produção, apresentação e voto mais do que voto útil, necessário: Daniel Rodrigues.


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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Música da Cabeça - Programa #284

 

"Je vous salue, Jean-Luc"! Na despedida do gênio da nouvelle vague, a gente não podia deixar de trazer Godard para o programa desta semana. E fazemos isso com muita música também, como Nine Inch Nails, Guns n Roses, Mutantes, Corinne Bailey Rea, João Donato e mais. Ainda, no quadro especial, um Cabeça dos Outros. Com um instrumento na mão e muitas ideias na cabeça, o MDC começa a rodar às 21h, na acossada Rádio Elétrica. Produção, apresentação e "ação!": Daniel Rodrigues


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quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Música da Cabeça - Programa #283

 


Tudo pronto para o desfile do 7 de setembro? Bom que, com o MDC, não precisa nem sair de casa pra celebrar os 200 anos da Independência. No nossa edição nº 283, vão desfilar por aqui em carro aberto Tim Maia, Everything But the Girl, KC & The Sunshine Band, Fagner, Brian Eno e outros. 7 também é o número de coisas que a gente destaca do Rock in Rio 2022 no nosso quadro Sete-List. De verde-amarelo ou não, a celebração será hoje às 21h na cívica Rádio Elétrica. Produção, apresentação, independência ou morte: Daniel Rodrigues.


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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Música da Cabeça - Programa #282

 

Vai começar o debate! Mas, calma: sem acusação, mentira ou desaforo, pois o MDC é a melhor escolha desta quarta. Eleitos por maioria estão Beastie Boys, Elza Soares, Milton Nascimento, Kraftwerk, Maria Rita e mais. Na suplência, um Cabeção sobre Nonato Buzar, que faria 90 anos. Sem precisar de réplica ou tréplica, o programa vai ao ar hoje na elegível Rádio Elétrica. Produção, apresentação e direito de resposta: Daniel Rodrigues.


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