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domingo, 28 de agosto de 2022

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial 14 anos do Clyblog - The Beatles - "The Beatles" ou "White Album" (1968)

 



"Todo clichê tem uma razão e o motivo pelo qual este disco é citado em 11 de 10 listas é pelo simples fato de ser genial.
Ele tem lugar quase sagrado no meu coração, inclusive fico períodos longos sem escutá-lo para sempre ter a mesma reação a cada música, um arrepio que começa na base da coluna e vai até o topo da cabeça.
Essa sensação não muda desde o meu primeiro contato com ele, aos 13 anos."
Titi Müller, 
atriz, apresentadora e ex-VJ da MTV




Branco.
O branco pode ser o nada, o vazio. Uma folha de papel sem desenho, sem palavras, sem ideias, um lapso de pensamento, uma breve falha de memória, um cegueira por excesso de luz ou mesmo a ausência total de cor. Por outro lado, é a soma de todas as cores. Todo o espectro, girando tão rapidamente, que o olho humano sequer é capaz de distinguir todas as variações cromáticas para apenas enxergar... o branco.
Branco...
Uma capa totalmente branca apenas com um nome gravado em relevo.
A aparente simplicidade por trás de uma capa totalmente branca guarda, na verdade, a complexidade de uma das obras mais sofisticadas da história da humanidade. Talvez seja exatamente essa impressão errônea do nada que, no fundo, contém tudo. Uma obra tão cheia de variedades, elementos, possibilidades, cores, que os olhos da percepção humana mal sejam capazes de assimilar tudo, de ordenar todas as informações. "The Beatles", de 1968, mais conhecido como "White Album" traz tantos elementos que muitas vezes é impossível classificar se aquele quarteto genial fizera um rock, um jazz, um blues, um foxtrote, uma suíte clássica, um folk, ou tudo isso junto numa mesma peça musical.
"White Album" tem trinta faixas e seria cansativo falar de todas, desta forma destaco aqui aquelas que na minha opinião não podem deixar de ser mencionadas, pelas razões e méritos mais diversos, embora fãs mais fervorosos e conhecedores mais eruditos possam contestar minha seleção. "Back in the U.S.S.R." que abre o disco é um rock no estilo do velho yeah, yeah, yeah mas que, claramente, com toda a bagagem adquirida de uma banda mais madura, segura e ousada, está alguns passos à frente da sonoridade da banda lá dos primórdios; "While My Guitar Gently Weaps" é uma das mais belas canções do grupo e um dos melhores trabalhos coletivos do quarteto, com o acréscimo, ainda, de Eric Clapton que dá a canja do lindíssimo solo de guitarra, um dos mais marcantes da história do rock; "Blackbird" é solar, iluminada, à primeira vista uma canção aparentemente simples, mas que apreciada com a devida atenção, revela-se um peça musical da mais alta sofisticação; o blues choroso de "Revolution 1" que eu costumava ouvir numa vinheta da Rádio Ipanema em Porto Alegre e sempre tinha a curiosidade de saber o que era aquilo; e  "Dear Prudence", linda, doce, suave, que conheci com a Siouxsie e seus Banshees e, devo admitir, nesse caso, que divido a preferência com a original. A propósito, outra que conheci com a Rainhas das Trevas do gótico, mas que, aí sim, prefiro disparado a original, é "Helter Skleter", por sinal, um das minhas preferidas do álbum e da banda, exatamente por toda a sujeira, barulheira, fúria, características pouco comuns na obra dos Beatles.
Os quatro, no estúdio, durante as
gravações do álbum, em 1968

Mas tem o rock empolgante de "Glass Onion", com todas as autorreferências; tem as "mutações" constantes de Rocky Racoon"; tem os vocais intensos de John em "I'm So Tired"; tem também o blues envenenado "Yer Blues"; a energia e o psicodelismo de "Everybody's Got Something to Hide..."; a belíssima melodia vocal de "Sexy Sadie"; a loucura psicodélica de "Revolution 9"... Ah, tudo!!!
Se "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" havia, praticamente criado o conceito de álbum, o "Álbum Branco", mesmo em meio a um ambiente convulsionado de uma banda em processo de fragmentação interna, levava a ideia a um nível superior. O que, pensando bem, de certa forma, possa ter colaborado para um álbum tão genial, diversificado e com um conjunto tão contraditoriamente "harmonioso". Cada membro, tão independente e autossuficiente, estava, naquele momento, maduro, seguro e plenamente apto a produzir algo tão grandioso individualmente, que o material, colocado dentro da obra do grupo, praticamente complementava o dos demais criando um produto final incrível e inigualável.
Branco também pode simbolizar pureza e tal como fazem as crianças, de maneira belíssima, a pureza permite a alguém ser o que quer ser, falar o que quer falar sem se preocupar com nada. Simplesmente ser verdadeiro.
Segundo o artista, criador da arte, Richard Hamilton, a ausência total de qualquer cor era proposta em contraste ao excesso de informação da capa do disco anterior,  "Sgt. Pepper's...". Sim, entendo... Mas, aprofundando um pouco o pensamento a esse respeito, talvez o branco do álbum signifique algo mais, Talvez signifique exatamente o momento em que cada um tenha sido totalmente puro, totalmente verdadeiro consigo mesmo, o que, assim como a verdade das crianças, sempre resulta em beleza.
E nós, que não temos nada a ver com as diferenças que eles tinham, ganhamos, aquele que tenha sido, possivelmente, o momento mais brilhante daqueles quatro caras.
Brilhante...
Sim, tão alvo, tão claro que chega a ser... brilhante.
Branco.

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FAIXAS:
(no formato LP)

Lado 1

1. "Back in the U.S.S.R." (voz de Paul McCartney) 2:43
2. "Dear Prudence" (voz de John Lennon) 3:53
3. "Glass Onion" (voz de Lennon) 2:17
4. "Ob-La-Di, Ob-La-Da" (voz de McCartney) 3:08
5. "Wild Honey Pie" (voz de McCartney) 0:52
6. "The Continuing Story of Bungalow Bill" (voz de Lennon) 3:14
7. "While My Guitar Gently Weeps" (composição e voz de George Harrison) 4:45
8. "Happiness Is a Warm Gun" (voz de Lennon) 2:43

Lado 2
9. "Martha My Dear" (voz de McCartney) 2:28
10. "I'm So Tired" (voz de Lennon) 2:03
11. "Blackbird" (voz de McCartney) 2:18
12. "Piggies" (composição e voz de Harrison) 2:04
13. "Rocky Raccoon" (voz de McCartney) 3:33
14. "Don't Pass Me By" (composição e voz de Ringo Starr) 3:51
15. "Why Don't We Do It in the Road?" (voz de McCartney) 1:41
16. "I Will" (voz de McCartney) 1:46
17. "Julia" (voz de Lennon) 2:54

Lado 3
18. "Birthday" (vozes de McCartney e Lennon) 2:48
19. "Yer Blues" (voz de Lennon) 4:04
20. "Mother Nature's Son" (voz de McCartney) 2:48
21. "Everybody's Got Something to Hide Except Me and My Monkey" (voz de Lennon) 2:24
22. "Sexy Sadie" (voz de Lennon) 3:15
23. "Helter Skelter" (voz de McCartney) 4:29
24. "Long, Long, Long" (composição e voz de Harrison) 3:04

Lado 4

25. "Revolution 1" (voz de Lennon) 4:15
26. "Honey Pie" (voz de McCartney) 2:41
27. "Savoy Truffle" (composição e voz de Harrison) 2:54
28. "Cry Baby Cry" (vozes de Lennon e McCartney) 3:02
29. "Revolution 9" (vocalizações de Lennon, Harrison, George Martin e Yoko Ono) 8:22
30. "Good Night" (composição de Lennon e voz de Starr) 3:11

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Ouça:
The Beatles - "The Beatles" A.K.A. "White Album" (1968)





por Cly Reis

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

14 anos, 14 convidados

 








E o clyblog chega a seus 14 anos de idade.

Parabéns para nós!

E parabéns para nós, principalmente, por, durante todo esse período de existência, termos tido a honra de contar com colaborações valiosas de convidados das mais diversas áreas. Escritores, jornalistas, músicos, fotógrafos, artistas, deram suas contribuições a partir de suas experiências, preferências pessoais e respectivos repertórios culturais, abrilhantando momentos especiais do nosso blog em datas importantes, números redondos de publicações ou em nossos aniversários anteriores.

Para comemorar os 14 aninhos e essas colaborações maravilhosas, relembramos aqui, exatamente, 14 momentos, 14 participações especiais, 14 grandes convidados que nos proporcionaram publicações de altíssima qualidade e conteúdo valiosíssimo para o Clyblog.

Então aí vão 14 participações de convidados durante os 14 anos, até aqui, de ClyBlog:


1.
Em 2013, o escritor, teólogo, filósofo, ensaísta, crítico de arte, poeta e cronista gaúcho, Armindo Trevisan, nos deu de presente de Natal uma belíssima crônica que sugeria uma merecida reverência silenciosa a um momento tão importante como é o caso do nascimento de Cristo, no nosso 
Cotidianas Especial de Natal.

"(...)Que maravilhoso seria se, na comemoração do Natal, as nações cristãs, concordassem em instituir um minuto de silêncio em homenagem a tão grande Mistério!
Seria preciso que não se ouvisse som algum em nosso mundo!
Seria preciso que a paz, silenciosa como as estrelas (ao contrário de nossos ícones que, para serem ovacionados, inflamam as multidões) entrasse nos corações na ponta dos pés, e aí fizesse adormecer as almas ao som da Noite Feliz, traduzida para o português por um frei franciscano de Petrópolis, o qual preferiu o adjetivo feliz ao adjetivo original alemão stille: Noite Silenciosa! (...)"


Leia o texto na íntegra:

***

2.
Marcando a publicação de número 200 dos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, convidamos um cara com autoridade para falar de sua banda favorita: Roberto Freitas, vocalista da banda The Smiths Cover Brasil, uma das mais respeitadas bandas cover do Brasil, revelou tudo sobre sua paixão pelo disco "Meat is Muder", o primeiro que teve da banda, e o álbum que o impulsionou a querer estar em cima de um palco.


"(...) As pessoas sempre me perguntam até hoje qual a minha musica preferida dos Smiths e eu respondo sem pensar muito :"Não tenho apenas uma tenho pelo menos umas dez e a maioria estão no álbum 'Meat is Murder' (...)"




Leia o texto na íntegra:


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3.
Em 2018, para os nossos 10 anos, o convidado Wladymir Ungaretti, fotógrafo e professor de jornalismo da UFRGS, compartilhou conosco um de seus ensaios fotográficos para a nossa seção Click, chamado "Imagens para melhor imaginar". Modelos em situações sensuais, no limite do vulgar, do sujo. Erótico com um toque de mistério. Não poderia ter sido mais preciso no conceito: fotos que mostram, mas que deixam muito para a imaginação.



"(...) Este é um espaço reducionista. Escrevemos a partir de muitos pressupostos. São muitas as variáveis na conceituação do que seriam fotos pornográficas ou, simplesmente, eróticas. Conceitos determinados por cada contexto histórico e por cada cultura. Uma obviedade muitas vezes esquecida. Fotógrafos estão olhando, sempre, o trabalho de outros fotógrafos. Mesmo quando, por absoluto egocentrismo, digam que não, Faço questão de "copiar". De me deixar influenciar por outros fotógrafos. Busco o despojamento do surrealista Man Ray. A "pornografia" do japonês Araki. Os cenários surpreendentes de Jan Saudek. Pode parecer muita pretensão. Não canso de olhar livros dos fotógrafos que, por razões muitas vezes nada precisas, tocam o meu "olhar". Fotografei estas modelos inspirado pela ideia de Vilém Flusser que diz: "produzimos imagens para melhor imaginar".



Veja o ensaio:
Imagens para melhor imaginar



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4.
Para falar de uma banda e de um álbum, nada melhor do que alguém que criou a banda, foi seu integrante, compôs músicas e tocou no álbum. Carlos Gerbase, hoje, doutor em comunicação social, em outros tempos foi baterista e vocalista da banda Os Replicantes e para o ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial de 5 anos do ClyBlog, falou sobre o lendário primeiro disco da banda, lá de 1986.


"(...) na hora de decidir como o nosso primeiro LP se chamaria, alguém sugeriu (provavelmente eu mesmo, mas não tenho certeza) que o disco se chamasse “O Futuro é Vortex”. Foi uma  boa escolha. Ele estava cheio de canções de ficção científica, e esse título era uma boa síntese (...)"




Leia o texto na íntegra:
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5.
O jornalista gaúcho Márcio Pinheiro, especialista na área de jornalismo cultural, com passagens pelas redações de jornais como Zero Hora, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo, autor do recém lançado livro "Rato de Redação - Sig e a História do Pasquim", amante de música, especialmente de jazz e MPB, nos deu o privilégio de compartilhar sua admiração pelo disco "Quem é Quem", de João Donato, nos nossos 
ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. Segue aí um trecho da resenha:


"[João Donato] Era um músico dos músicos, respeitado pelos seus pares mas pouco conhecido pelo público. Da convivência com o cantor Agostinho dos Santos, um grande incentivador de seu trabalho, nasceu a ideia de colocar letras nas suas músicas (...)"




Leia o texto na íntegra:

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6.
Cléber Teixeira Leão
, além de meu primo e um excelente músico, é professor de História e um de seus focos, nas aulas que ministra na rede estadual do Rio Grande do Sul tem sido as relações étnico-raciais, com foco no conceito do estudo crítico da branquitude. Nessa linha, falou para o Claquete do ClyBlog, sobre a representatividade negra nas mídias de entretenimento norte-americanas, nas comemorações de 12 anos do blog. Muito interessante o texto e análise do nosso convidado. Confere só:


"(...) Ainda que de forma ficcional, o Pantera Negra serviu e serve ainda hoje, como símbolo dessa quebra de padrões e imposições, além é claro de personificação imagética do antirracismo. Quando o Marvel Studios lançou em 2017 o filme "Pantera Negra" nos cinemas, a repercussão política e social do Blockbusters foi tanta, que gerou uma das maiores bilheterias da franquia de heróis até hoje (...)"




Leia o texto na íntegra:

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7.
Uma das histórias mais curiosas e engraçadas de bastidores já contadas no ClyBlog foi relatada por Castor Daudt, ex-guitarrista da banda DeFalla, sobre uma ocasião em que encontraram um integrante da banda New Order, num camarim de um show em São Paulo. Foi para o Cotidianas Especial de 10 anos do ClyBlog, em 2014. Não vou contar mais nada aqui porque vale a pena você mesmo ler.


"(...) Depois do show eu fiquei sozinho no camarim, descansando. Era raro ter um minuto de sossego, na época.
De repente entra um cara meio estranho, no camarim..."




Leia o texto na íntegra:


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8.
As andanças, por aí, dos nossos convidados também nos trazem colaborações muito interessantes. Fabrício Silveira, jornalista e escritor, quando de sua passagem por Manchester, na Inglaterra, cidade  berço de bandas como Joy Division, The Smiths, Stone Roses, The Fall, entre outras, presenciou, possivelmente, o surgimento de mais um nome para se guardar vindo daquele lugar: The Sleaford Mods, uma dupla de eletrônico, punk, minimalista..., estranha mas muito interessante. Nosso convidado nos contou da experiência de ter presenciado um show desses caras para o nosso ClyLive.


"Não há quase nada em cima do palco. Não há equipamento algum, além de um pedestal de microfone e uma mesa de bar, lado a lado. É até um pouco estranho encontrar ali aquele móvel rústico, com pernas dobráveis, trabalhado em madeira nobre. Sobre ele, há um laptop fechado, discreto, quase invisível, que se confunde aos desenhos e aos padrões cromáticos da toalha de mesa. Ao fundo, espessas cortinas de veludo escuro. Em contraste, há uma forte luz branca, opressiva e desconfortável. Este é o cenário. Não há mais nada em cima do palco (...)"



Leia o texto na íntegra:


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9.
Nosso convidado de um dos especiais dos 11 anos, lá de 2019, participou da gravação desse álbum histórico da música brasileira. Waldemar Falcão, músico, astrólogo e escritor, tocava na banda de Zé Ramalho quando o cantor gravou se clássico "Zé Ramalho 2" ou "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", de 1979. Ou seja, pouca gente estaria tão autorizada a comentar sobre a obra, as músicas, a atmosfera do álbum. Saca só...



"Quanto mais o tempo passa, mais nos damos conta de que ele na verdade voa mesmo... Quando penso que se passaram 40 anos desde que gravamos esse lendário LP (permitam-me...), chega a ser difícil de acreditar (...)"




Leia o texto na íntegra:

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10.
Um dos muitos convidados que participaram das nossas comemorações de 
10 anos, foi o ator e diretor de teatro Cleiton Echeveste que destacou para a nossa seção Claquete, o filme nacional "Tinta Bruta", de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, de 2018. E, na boa, se ele falou bem do filme, é porque é bom mesmo, porque de atuação e direção o cara conhece.



"(...) Na minha relação com a arte, busco ser o menos analítico possível ao vivenciá-la, esteja eu no lugar de criação ou de fruição. A análise é fria e requer distanciamento, e foi exatamente o contrário disso que “Tinta Bruta” me proporcionou: a vivência da minha humanidade, da minha falibilidade, de dores que são também minhas e que são, por isso, plenamente identificáveis(...)"




Leia o texto na íntegra:


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11.
Ele já havia sido 
ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, com seu disco  “Sambadi”, de 2013, e convidado a escrever sobre um disco de sua admiração para os 8 anos do Clyblog, o cantor, compositor e arranjador Lucas Arruda, escolheu falar sobre um dos trabalhos que mais o influenciara, "Robson Jorge & Lincoln Olivetti", de 1982. Um AF comentando sobre outro. Essa foi certamente uma participação especialíssima que tivemos.



"(...) Alegria imensa em poder falar um pouco deste álbum! Pessoalmente, é o disco que mais influenciou em termos de arranjo, sonoridade, composição. Minha bíblia! (...)"




Leia o texto na íntegra:


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12.
Esse cara sempre trazia coisas muito curiosas, interessantes e diversificadas pra o Clyblog. Cinéfilo, fã de cinema anos 70, filmes clássicos, faroeste, colecionador e admirador de cultura pop, além de conhecedor de literatura e folclore sul-americano, Francisco Bino colaborou com o blog durante alguns meses e sempre nos surpreendeu com assuntos instigantes e muita informação. 
Num desses textos, nos conta sobre as inspirações em religiões afro na clássica canção "Sympathy for the Devil", dos Rolling Stones. Dá só uma olhada:


"Em uma sexta-feira qualquer de 1968 depois de beber uma garrafa e meia de Jim Beam, Mick Jagger invadiu bêbado e meio "alto" a uma terreira de Candomblé em Salvador na Bahia (...)"



Leia o texto na íntegra:


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13.
Colaboração ilustre e internacional no ClyBlog nos nossos 
12 anos. A escritora angolana Marta Santos aceitou nosso convite para falar sobre algum disco importante, segundo sua opinião, e nos surpreendeu com a ótima dica do trabalho de seu conterrâneo Elias Dya Kymuezu, com o disco "Elias", de 1969, cuja qualidade e influência é reconhecida na música brasileira por nomes como Martinho da Vila e Chico Buarque de Holanda. Abaixo, um trecho da resenha da nossa convidada:



"(...) Elias Dya Kimuezu é bangāo, cheio de classe. Faz lembrar os clássicos  americanos. Podemos facilmente perceber a humildade dele e a sua sensibilidade. A sua música, ou melhor, a essência das suas músicas, as suas canções são de lamento de quem lamenta a morte de alguém. Naquela altura, quando ainda eram colonizados, não se lamentava, só isso se lamentava, o sofrimento do povo, e até hoje o cantor não sai da sua canção, do seu ritmo. Porque a sua canção é invocação. Invoca a mãe, a dor invoca toda uma sociedade (...)"



Leia o texto na íntegra:


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14.
Um Super-Álbuns Fundamentais! Isso foi o que o convidado Lucio Brancato, músico, jornalista, colunista musical e apresentador de TV e rádio, nos proporcionou no nosso aniversário de 
10 anos. Pedimos para que ele nos falasse sobre um disco de sua preferência e ele nos deu cinco de uma vez só: Crosby, Stills, Nash & Young, com  "Déjà Vu", de1970; Yes, com "Close to The Edge", de 1971; Dillard & Clark, com o disco The Fantastic Expedition of Dillard & Clark, de 1968; Faces, com seu "Oh La La", de1973; e Kinks, com o álbum Face to Face, de 1966. Não tinha maneira melhor de fechar essa lista de colaborações do que essa. 


"Mudei o pedido do Daniel Rodrigues para escrever sobre um disco importante na minha vida.
Foram tantos que ficaria muito difícil selecionar apenas um. E mesmo assim, esta lista nunca é definitiva.
Resolvi listar cinco fundamentais na minha formação e talvez os discos que mais escutei na vida."



Leia as resenhas completas:

***


Obrigado a todos os que colaboraram com o ClyBlog até aqui.
Todos os que foram lembrados nessa pequena listagem e a todos que não aparecem nela
 mas igualmente nos honraram com suas experiências, conhecimentos, bagagem e qualidade.
Muito obrigado a todos!  




C.R.
D.R.

"Cabeça no passado, olhos no futuro"

 








"A ilustração disponibilizada, em comemoração ao blog,
busca tentar refletir como somos seres atravessados pelo tempo.
 Somos ponto de encontro do futuro com o passado. 
Da ancestralidade com as novas tecnologias. 
Assim, como hoje, 
conseguimos enxergar para além das estrelas, 
devemos olhar para dentro e revisitar nossos antepassados, 
nossas histórias e trajetórias."
Henrique Maciel Leão

 

 
"Cabeça no passado, olhos o futuro" - LEÃO, Henrique Maciel

***


Henrique Maciel Leão, 28 anos, nascido na Restinga, zona sul de Porto Alegre, é educador, músico, ilustrador e sociólogo. Busca levar sempre um pouco de si nas em suas diversas expressões. A arte e as ciências entrelaçadas para ajudar a expressar suas convicções. Se aventura na ilustração digital, desde 2020, embora já vivencie a arte de ilustrar desde criança. "Somos seres abstratos em um mundo concreto".


quinta-feira, 25 de agosto de 2022

cotidianas #766 - Pílula Surrealista #50

 

Vesti meu terno cinza nada novo, porém suficiente para apresentar-me. Fui até aquele lugar, acho que para procurar emprego, para uma reunião de trabalho, algo assim, pois jamais trajaria aquela roupa desconfortável não fosse por um motivo semelhante. Aliás, fui não é bem o termo mais preciso. Então, refaço a frase: cheguei àquele lugar de alguma maneira a qual não sei como. Voei, transpus-me, materialize-me, sabe-se lá (gostaria de saber). Só sei que, quando dei por mim, estava. Simplesmente. O importante é que lá cheguei, isso é certo. Certo também é que estava quente, muito quente. Era pouco mais do meio dia, acredito, pois o sol postava-se sobre as cabeças fazendo projetar no chão uma sombra de começo de tarde. A impressão era que, a partir dali, o sol estacionaria, como se a Terra, enfeitiçada, tivesse parado de girar por um tempo indeterminado (essa é a única possível explicação). Não seria errado dizer que aquele dia foi inteiro assim: com um sol implacável dia e noite. A lua da noite daquele dia não apareceria: o sol tomar-lhe-ia o lugar. E nem sei se era a sensação de calor que fazia embaralhar o senso de tempo. Havia, antes de mais nada, uma atmosfera suspensa, etérea, enigmática, alterada. (E não pensem que era por causa dos meus óculos escuros! Não sou desses que perdem a noção sensorial por tapar os olhos). Era como se ali eu estivesse, sim, sei que estava, mas meus pés, por dentro dos sapatos de couro, mal sentiam o chão. Nem sentiam, aliás. Os prédios industriais ao redor, perfilados dos dois lados da rua castigada pelo sol escaldante e insistente, calavam-se solenemente. Não se ouviam murmúrios de gentes, não se ouviam tintilares de ferramentas e nem rugidos de motores ou latarias, engrenagens ou buzinas. Silêncio. Só. Tudo era tão estranho quanto familiar. Silenciosamente também, presumo, ou por uma ação mágica ou imaterial, surgiu à minha frente um homem. Vestia, como eu, um terno cuja cor era até mais escura do que a do meu, o que certamente fazia concentrar-lhe ainda mais o calor, o qual subiam como labaredas invisíveis do concreto cinzento abaixo de nós. Mais do que uma simples suposição, percebi que ele devia estar mesmo sentindo mais calor do que eu - embora isso parecesse ser impossível. De forma prática, contudo, não era, pois o homem à minha frente ardia em chamas, as quais se desprendiam de sua roupa como serpentinas infernais na direção contrária a mim, mas suficientemente fortes para eu também sentir à distância seu sopro quente comendo as últimas moléculas de oxigênio do ar que rodeavam minha face. E tudo sob aquele mesmo estranho silêncio, que permanecia. Era um fogo quieto, que nem o crepitar se ouvia. Mas calor fazia, cada vez mais. O fogo ia consumir aquele homem estranho, era sabido, não demoraria muito. Porém, nem isso fez com que ele deixasse de ser educado comigo, visto que me estendeu a mão direita em cumprimento. Ao apertarmos as mãos, o homem, tal um mensageiro, disse-me, e este foi o único som que ali houve: "Lembra-se de quando você era jovem e brilhava como o sol?" Toda aquela epifania fez sentido imediatamente, então.



Daniel Rodrigues