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terça-feira, 13 de setembro de 2016

ClyBlog Paralímpico - Cerimônia de Abertura





Clodoaldo Silva acende a pira Paralímpica.
(foto; Sérgio Moraes/Reuters)
Para um apaixonado por esportes, a época de Olimpíadas e Paralimpíadas é intensa. E pela primeira vez na minha vida eu tive a oportunidade de acompanhar os Jogos de perto, no local onde eles estavam ocorrendo.
Claro que, por não conhecer o Rio de Janeiro, tirei alguns dias para conhecer os principais pontos da cidade, como o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e o Theatro Municipal. E no meu tempo livre, acompanhava as Paralimpíadas pela televisão.
Assim que cheguei ao Rio, almocei e segui direto para o Maracanã. Eu acompanharia a Cerimônia de Abertura dos Jogos. E devo dizer: valeu a pena cada centavo gasto nos ingressos. Foi uma festa marcada por muitos – muitos MESMO – momentos emocionantes, que levariam qualquer coração de pedra a se desmanchar em lágrimas, desde a execução do Hino Nacional pelo maestro João Carlos Martins, acometido por uma atrofia nas mãos que o impedia de tocar o piano, seu instrumento de trabalho, até o acendimento da Pira Paralímpica pelo nadador Clodoaldo Silva, um dos principais membros da delegação brasileira na Rio 2016.
A festa também contou com uma roda de samba composta por nomes como Maria Rita, Xande de Pilares, Pretinho da Serrinha e Diogo Nogueira, um salto de uma mega-rampa feito pelo atleta cadeirante americano Aaron Wheelz, um enorme quebra-cabeça em formato de coração, criado pelo artista plástico Vik Muniz durante o desfile dos atletas, e uma performance de dança da esquiadora biamputada americana Amy Purdy e um robô.
Sem dúvidas, uma festa para ficar na memória.

O maestro João Carlos Martins executa o Hino Nacional
(foto: Daniel Ramalho/VEJA.com)

Quebra-cabeça em forma de coração montado no Maracanã
(foto: Paulo Jacob/Agência O Globo)

Esquiadora paralímpica Amy Purdy em sua performance de dança com um robô
(foto: Daniel Ramalho/VEJA.com)

por João Pedro Gomes Bernardes





João Pedro Gomes Bernardes
é estudante e admirador de esportes.
Tem 15 anos e reside em Viamão/RS.







terça-feira, 19 de abril de 2011

Roberto Carlos - "Roberto Carlos" (1971)


"Meu irmão, vem pra cá porque pintou uma música que eu acho que não poderemos deixar pra depois".
Roberto ligando para o parceiro Erasmo depois de ter feitos os primeiros versos de "Detalhes"



Hoje completando 70 anos, pode-se dizer que o Rei voltou à moda. não que em algum momento tenha deixado de estar. Não! Pelo contrário. Roberto Carlos é provavelmente um dos casos raros de inabalável longevidade e permanência de notoriedade e carinho público. Mas digo que está em voga de novo por causa dessa coisa toda de homenagem de escola de samba, CD gravado por divas da MPB, de show épico no Maracanã, show pra milhões de pessoas na praia, suposta namoradinha bem mais nova..., etc. Embora nunca esquecido, é verdade, pode-se afirmar contudo que poucas vezes nos últimos tempos foi  tão badalado. Mas todo este reconhecimento de sua obra e carreira, que parece ter sido despertado, efetivamente, com a presente exposição, não é sem justiça. Ainda que, claramente, tenha apresentado um decréscimo na qualidade de sua obra nos últimos anos, com um apelo excessivamente popular e mirando grupos específicos como baixinhas, gordinhas,mulheres de óculos, etc., o conjunto de seu trabalho é inegavelmente valoroso e importantíssimo para a música popular brasileira. Mesmo com estas variações de nuances e ênfases na carreira, conseguiu atingir com a mesma intensidade diferentes gerações e diferenciados públicos, passando pelo romântico, pelo rock, pelo religioso, pelo soul, pelo brega, sem nunca perder a majestade.
Numa carreira tão vasta e com uma discografia tão ampla, coisas pra destacar é que não faltam em qualquer uma das fases, mas escolho aqui, "Roberto Carlos" de 1971, por ser um dos discos que, além de apresentar uma boa variação dos elementos que compõe a obra de RC, o romântico, o soul, o brega, o cancioneiro, o gospel, o rythm'n blues; é até hoje um dos seus trabalhos de maior sucesso.
O disco é um daqueles definitivos onde praticamente todas as músicas são clássicos e várias foram pras paradas de sucesso.
Abre com uma das mais marcantes do Rei e uma de suas mais populares: a apaixonada e triste "Detalhes", que transformou-se praticamente em sinônimo de canção romântica na música brasileira. Traz a ótima "Como Dois e Dois", com sua levada meio blues, de autoria de Caetano Veloso a quem, a propósito, é dedicada outra das grandes do disco, "Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos", feita por conta do exílio do cantor baiano fora do país. "Todos estão Surdos", mesmo com tema religioso, que poderia fazê-la tornar-se enfadonha, é uma das melhores da carreira de Roberto Carlos, num soul ousado, meio gospel, cantado (falado) meio à moda rap antecipando alguma coisa do estilo em nível de música brasileira. Tem ainda a interessante "I Love You", na qual Roberto arrisca uma voz diferente, num ritmo mais alegre e descontraído e fecha com "Amada Amante", meio brega, é verdade, mas inegavelmente outro dos marcos da música romântica nacional e da carreira do Rei, onde o cara solta todo seu mel numa letra sensual e provocante.
Infelizmente, ainda que valorosas, músicas como "Detalhes" e "Amada Amante"começaram a abrir caminho para o rumo que Roberto viria a tomar mais ou menos daquele momento em diante até chegar a álbuns repetitivos e especiais chatos de fim de ano da Globo, mas não há como negar que este, nesta fase de transição, ainda é um baita de um disco e sobretudo não há como refutar a importância do Rei para a música brasileira. Eternamente Majestade.
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FAIXAS:
1.Detalhes
2.Como Dois E Dois
3.A Namorada
4.Você Não Sabe o Que Vai Perder
5.Traumas
6.Eu Só Tenho Um Caminho
7.Todos Estão Surdos
8.Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos
9.Se Eu Partir
10.I Love You
11.De Tanto Amor
12.Amada, Amante
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Ouça:
Roberto Carlos 1971


Cly Reis

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

The Rolling Stones - Olé Tour 2016



E tá chegando a hora!
Depois de tê-los visto na apresentação histórica para mais de um milhão de pessoas na praia de Copacabana em 2006, agora tenho uma nova oportunidade de assistir ao show dos Rolling Stones mais confortavelmente (um pouco), desta vez  no estádio do Maracanã, no próximo sábado, quando abrem a turnê brasileira.
Rolling Stones é uma banda que foi ganhando importância aos poucos na minha vida. Depois de muito desfazer deles, na ignorância adolescente de que aquilo era música de velho, fui seduzido primeiramente pelo riff elétrico de "Satisfaction" e daí pra frente não parou mais e minha admiração só cresceu a ponto de considerar "Gimme Shelter", provavelmente, a maior música  que já ouvi, e de rolar um CD dos caras na sala de parto no nascimento da minha filha, que veio ao mundo ao som de "Start Me Up". A propósito, "Start Me Up", bem como as outras duas que mencionei, ao que parece tem lugar garantido nos set-lists do Brasil, uma vez que estiveram, em momentos diferentes dos shows, nas outras apresentações pela América do Sul. Mas tem mais: deve ter "Jumpin' Jack Flash", "Brown Sugar", "Miss You", "Sympathy for the Devil" e outros grandes clássicos. Agora é esperar chegar a hora.
Venham Stones, satisfaçam-nos, satisfaçam-nos. Eu sei que é só rock'n roll. Eu sei. Mas, não tem jeito, eu adoro!


Fique aí com "Start Me Up" na Praia de Copacabana em 2006



Cly Reis

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O Jogo da Sua Vida #4 - Grêmio 0 x Flamengo 0 (1989)

A Jogada do Zico

Não é de hoje que digo que meu interesse por futebol se restringe ao Sport Club Internacional. Cada vez mais, ao longo dos anos, desde que, guri, fui ao Gigante da Beira-Rio, em meados dos anos 80, assistir a um Inter e Coritiba levado por meu pai e meu irmão, percebo que não gosto propriamente do esporte em si, mas do meu time. Minha impressão é que, nascido em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, como sou, se, por acaso do destino, os irmãos Poppe não tivessem fundado uma agremiação que sustenta, até hoje, o desígnio sincero de “clube do povo”, e isso significasse que restasse apenas o arquirrival como alternativa, não torceria por clube nenhum. Por isso, deve ser estranho para quem está lendo ver no enunciado que, justamente, no jogo que considero o da minha vida o Inter não seja um dos disputantes. E pior: não só não ser jogo do Inter como ser do Grêmio! E um 0 a 0?
Pois essa aparente incoerência tem explicação, inclusive a ausência de gols. O referido jogo, quartas-de-final do Campeonato Brasileiro de 1988-1989, tinha, sim, direta ligação com o Inter. E com a minha vida, ou melhor, com a preservação dela. Grêmio e Flamengo disputavam uma das vagas na semifinal do certame nacional, enquanto o Inter enfrentava o Cruzeiro mirando a mesma finalidade. E o Inter daquele ano, treinado por um jovem técnico chamado Abel Braga, tinha boas chances de avançar. Contávamos com um centroavante goleador, Nílson, um ponta-direita rápido e atrevido, Maurício, o goleiro da Seleção Brasileira, Taffarel, além de um meio campo e uma zaga de qualidade. Depois de uma ótima campanha (1º colocado, com 47 pontos, considerando os dois primeiros turnos), estávamos embalados e chegávamos às quartas confiantes.
Porém, avançar de fase também significava, além do esperado aumento da dificuldade do confronto, a possibilidade de dar um Gre-Nal inédito numa semifinal de Brasileirão. Podíamos topar com o Grêmio logo à frente, e isso era bem provável. Meu irmão e eu havíamos ido a todos os jogos ocorridos no Beira-Rio naquela campanha, fosse na geral, fosse na saudosa “coreia”, ora acompanhados de amigos e parentes, ora somente nós dois. Não perdemos uma partida, e comungávamos da mesma confiança de todos os colorados naquele ano. Entretanto, se para meu irmão assustava a possibilidade de cruzar com o Tricolor na fase seguinte, a mim, mais irresponsável, agradava. Queria a emoção de derrotá-los num confronto inédito e sem precedentes na história.
Aconteceu de o jogo de ida do Inter contra o Cruzeiro ser no Mineirão, em Belo Horizonte, num domingo. Assistiríamos pela TV uma partida que terminou em 0 x 0. Entretanto, no dia anterior, sábado, num fatídico 28 de janeiro de 1989, Porto Alegre receberia outra partida, ou seja, nós dois não ficaríamos sem atração naquele fim de semana, mesmo que não fosse diretamente do nosso time. Era o primeiro enfrentamento da outra chave, o tal Grêmio e Flamengo. Queríamos ver de perto nosso possível adversário, fosse um ou outro. Então decidimos assistir ao jogo no estádio Olímpico. Na torcida do Grêmio.
Isso não foi uma escolha, bom que se diga. Tendo definido em cima do laço de irmos ao jogo, não deu tempo de articularmos a compra de ingressos na seção destinada aos torcedores visitantes, no anel superior. Aliás, seria quase trocar seis por meia dúzia, uma vez que compartilhamos ainda hoje quase da mesma antipatia com relação ao Flamengo a que dedicamos ao Grêmio. Resultado: usando camisetas de cores neutras (dois colorados usarem azul, jamais!), eu e meu irmão, sem nenhum outro colorado corajoso que tenha aceitado nos acompanhar, compramos entradas para a geral do Olímpico e sentamos atrás de uma das goleiras. Rodeados de gremistas. Ali assistimos ao jogo “na nossa”, sem falsas manifestações de exaltação, como se fôssemos torcedores pacatos e concentrados no evento.
Essa junção de fatos fez toda a diferença para este episódio.
O estádio estava inexplicavelmente não-lotado, e eu e meu irmão, sem dizer uma palavra, nos entreolhamos com cumplicidade e espanto crítico como que dizendo: “como esses gremistas conseguem não lotar o próprio estádio num fim de semana e numa quartas-de-final de Brasileiro?”. Assistimos a uma partida morna. Os adversários se equiparavam, o que motivou um jogo de meio campo, com poucas oportunidades para os dois lados. A não ser por uma jogada. Do Zico.
Arthur Antunes Coimbra, o Zico, já era um dos maiores jogadores que a história do futebol havia visto. Craque desde os anos 70, havia comandado seu Flamengo, em 1981, na conquista do título Mundial, e, no ano seguinte, embora derrotado pela Itália, fez parte da inesquecível Seleção Brasileira ao lado de Sócrates, Júnior, Falcão, Éder e outros – para muitos, o melhor selecionado canarinho de todos os tempos. Artilheiro, driblador, armador, exímio cobrador de faltas. Jogador inteligente, rápido e habilidoso, havia quem o apelidasse de “Pelé branco”, alcunha que por si só já fala tudo. Mesmo a desclassificação para a França na Copa do Mundo de 1986, a qual foi um dos principais responsáveis ao perder um pênalti no segundo tempo que selaria a vitória brasileira, não ofuscara a idolatria a Zico. Somava-se a essa mitologia o fato de, um ano antes da Copa do México, um zagueiro chamado Márcio Nunes ter-lhe propositadamente quebrado o joelho esquerdo numa jogada covarde e criminosa. À época, de pré-informatização e de uma medicina esportiva ainda pouco avançada, uma contusão como aquela geralmente tirava um jogador para sempre dos gramados. Zico, no entanto, com persistência, curou-se, ajudou seu Mengo a ganhar o Módulo Verde da Copa União, em 1987 (em cima do Inter!) e, naquele 1989, disputava mais uma vez a temporada nacional.
E ele estava em campo naquele sábado. Além dos jogos pela TV e da Copa de 86 – a primeira a qual me lembro com clareza de assistir e torcer –, já o tinha visto jogar duas vezes ao vivo, ambas contra meu Inter. Gabo-me disso. Uma, em 1987, num 2 x 0 para nós (contra um Flamengo treinado por Telê Santana e que tinha ainda em campo Renato Gaúcho, Zinho, Leonardo, Andrade e Jorginho); e num histórico 3x1, já válido por aquele campeonato, em que, afora os dois gols de Nilson e um de Edu, foi ele, Zico, quem marcou pelo Rubro-Negro. Numa jogada na ponta da grande área, do lado direito, o Galinho cortou o zagueiro para dentro e, na frente da área, enfiou um chute seco e certeiro no ângulo, descontando. Nunca me esqueci da habilidade e velocidade de movimentos e pensamento de Zico naquele lance, que calou por uns instantes todo o estádio, ainda eufórico com o segundo gol do Inter um minuto antes. Eu assistia, coincidentemente, também atrás do gol.
Era onde eu e meu irmão estávamos. Mas não na nossa casa, Beira-Rio, e, sim, no Olímpico em uma tarde nublada em todos os sentidos. Quase o mesmo ângulo. Porém, ao contrário do movimentado confronto do time carioca com o Inter (com quatro gols, três só no primeiro tempo), aquele Grêmio e Flamengo chegava a dar sono. Intervalo, e zero a zero. Na segunda etapa, as equipes voltam a campo com uma tentativa de jogar melhor. Tentativa. Seguia o mesmo marasmo, e já se começava a ouvir reclamações aqui e ali por conta de uma jogada mal concluída, um passe errado, um chute não arriscado. Os torcedores gremistas já perdiam a paciência – e nós, ali, secadores enrustidos, na maior satisfação.
Até que, por volta dos 35 minutos, uma jogada marcaria para sempre a mim, não necessariamente por sua beleza futebolística, mas por outro motivo. Zico, pouco inspirado naquele dia como todos os companheiros, havia mudado seu estilo de jogo depois que voltou das contusões, substituindo seu ímpeto e dribles rápidos pela cadência, toques de primeira e lançamentos. Mas, como diz Jorge Ben naquela música dedicada ao Camisa 10 da Gávea: “quando não está inspirado, ele procura a inspiração”. Afinal, craque é craque, né, meu amigo? De repente, mesmo num dia ruim, pode tirar da cartola uma jogada e mudar o destino. E, além do mais, um Zico com 60% de capacidade equivale a 100% da maioria dos jogadores. Pois, numa surpreendente arrancada da intermediária, Zico, a quem os defensores gremistas não esperavam tal atitude, driblou um e avançou rápido rumo ao gol, carregando a bola, como nos velhos tempos. Havia outros dois adversários à sua frente, e seria difícil supô-los. Pois foi que ele se livrou do primeiro na velocidade e, já chegando na ponta da área, do lado esquerdo, aplicou o mesmo drible curto e ligeiro sobre o zagueiro tal qual havia executado meses antes contra o Inter. Parecia que via a repetição da jogada, porém do lado inverso. Mas dessa vez era contra o Grêmio, então, pensava na minha cabeça de torcedor: Zico tinha a minha permissão para acertar. Ele disparou o chute seco mirando o ângulo do goleiro Mazzaropi.
Ao contrário da primeira ocasião, no entanto, Zico, dessa, não fez o gol. O chute bateu na rede, mas pelo lado de fora. Aquele tradicional: “uhhhh!!” ecoou no estádio. Foi só um susto para a torcida tricolor, que terminou quando a bola foi para fora. Porém, para nós dois, o susto permaneceu. Meu irmão, empolgado com a jogada e com a possibilidade de o Flamengo abrir vantagem contra o Grêmio fora de casa (podendo administrar o jogo no Maracanã no jogo de volta e, assim, eliminar os gaúchos), acompanhou a investida de Zico de pé na arquibancada feito um torcedor flamenguista, mas sem dar bandeira até então. Quando o atacante errou o alvo, porém, ele não conteve a “coloradisse” e, apontando o dedo para o campo, gritou, a plenos pulmões: “Filho da puuuuutaaaa!...” Sim, as reticências colocadas por mim após o xingamento são propositais. Foi exatamente isso que aconteceu naquele momento: reticências. Dando-se conta do que acabara de fazer, ele congelou. E eu junto. A impressão era de que toda a geral havia silenciado para entender aquela reação. Foram segundos intermináveis, que demoraram mais tempo do que aqueles sonolentos 80 minutos de partida até ali. “Como vamos sair dessa?”, pensei incrédulo, olhando-o sentado e boquiaberto com o rabo de olho. Haviam visto que estávamos juntos, e, afora isso, somos bem parecidos de rosto. Não tinha como negar que eu não conhecia aquele cara. Então, se ele apanhasse, eu apanhava também. De toda a geral do Olímpico.
Senti cerca de 30 mil pares de olhos gremistas nos olhando sem entender aquela atitude do meu irmão, todos já armando um ar de fúria de quem está prestes a atacar caso se confirme a suspeita: a de que nós éramos infiltrados. Estávamos prestes a sermos linchados em plena arquibancada. No entanto, por alguma graça enviada pelos deuses colorados, meu irmão teve a espirituosidade que só o instinto de preservação oferece nessas horas e completou aquela desastrosa e obscena fala com um: “Mas coooomo vocês deixam o cara entrar assim na área?!”. A expressão enrubescida de raiva dos gremistas, ao ouvir aquilo, passou em milésimos da confusão para concordância e indignação mútua. Um de nosso lado falou: “É! Isso mesmo: coooomo vocês deixam o cara entrar assim na área?! Mandou bem, cara”, parabenizando meu irmão. Olharam-nos orgulhosos por aquela reação incontida de indignação por amor a seu time, coisa que só um gremista de verdade poderia manifestar... Meu irmão sentou-se novamente com a promessa de não abrir mais a boca até a eternidade e só levantou de novo para irmos embora quando acabou o jogo. Entreolhamo-nos novamente em silêncio, dizendo um para o outro com os olhos: “Ufa! Escapamos dessa!”.
Meu irresponsável desejo se realizara. O Grêmio bateu o Flamengo em pleno Maracanã e o Inter venceu o Cruzeiro no jogo de volta diante da sua torcida. Em 1º de fevereiro, o aguardado e temido Gre-Nal, o do Século (depois de um 0 x 0 no primeiro jogo), aconteceu. Vencemos o Grêmio: 2 x 1, um jogo que ficou marcado na história, o qual também tive a felicidade de presenciar, porém desta dentro do nosso Templo. Perdemos o campeonato para o Bahia na final, mas o melhor já tinha vindo. Afinal, depois de termos passado aquele sufoco em nome da paixão pelo Internacional, nós merecíamos pelo menos essa recompensa.
Agora imaginem o que aconteceria se o Zico tivesse acertado aquele lance...

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Jorge Ben - "Camisa 10 da Gávea"


(A meu quase-algoz Clayton)
torcedor do Internacional



sábado, 9 de junho de 2018

O Rappa - "Rappa Mundi" (1996)





"O futebol faz parte da cultura nacional não é à toa. 
É um esporte que representa pra caramba
a maneira que a gente vive.
O que é?
Você driblando as atrocidades,
as condições impróprias que a gente tem."
Falcão, vocalista



O rock nacional dos anos 80 já começava a dar sinais de desgaste. Cazuza já tinha morrido, Renato Russo agonizava em público e sua doença refletia nos discos da Legião, Lobão começava a perder o rumo, os Titãs perdiam integrantes e a identidade, os Engenheiros se afastavam do grande público e, só os Paralamas, mesmo com discos um tanto irregulares, tenham conseguido sustentar o sucesso comercial e o interesse do público. Nesse ínterim, naquele início de anos 90, um bom time de novas bandas nacionais começava a dar as caras vindas de diferentes lugares do Brasil e trazendo sonoridades e propostas interessantes: os calangos do Raimundos e seu hardcore irreverente e desbocado; os mineiros do Pato Fu com seu bom humor e criatividade; o pessoal do Skank, também de Minas, apresentando com um pop gostoso e contagiante; também das Gerais o Jota Quest com seu pop-soul, estes já um pouco mais apelativos comercialmente; os recifenses do Mangue-Beat misturando sons regionais com peso e tecnologia; e no Rio, O Rappa, um pessoal que fundia reggae, com hip-hop, com soul, com MPB, utilizando-se de peso de guitarras distorcidas e elementos eletrônicos como samples e batidas programadas. A banda já havia aparecido bem com seu álbum de estreia, de mesmo nome, de 1994, chamando atenção, além da sonoridade, pelas ótimas letras com abordagens de questões sociais de forma lúcida e consciente, veio a conquistar definitivamente público e crítica com seu segundo álbum, "Rappa Mundi" de 1996.
Produzido pelo mestre dos estúdios no Brasil, Liminha, "Rappa Mundi" teve uma série de grandes sucessos com suas faixas sendo executadas incansavelmente nas rádios e na MTV. Contando com as letras sempre críticas e engajadas do então baterista Marcelo Yuka e com o vocal poderoso e versátil do carismático vocalista Falcão, a banda discorria sobre temas como drogas, violência urbana, trabalho infantil, religião, racismo e pobreza, das formas mais criativas, desde a maneira mais incisiva à mais bem-humorada.
Em "A Feira", por exemplo, faixa que abre o disco, num raggae-pop descontraído e embalado, falam sobre a venda de "substâncias ilícitas" e a facilidade de se encontrar os produtos em qualquer esquina; em "Miséria S.A." Falcão interpreta como se recitasse um texto decorado a criativa letra do cantor e compositor Pedro Luís, que imita aqueles bilhetinhos que pedintes entregam aos passageiros nos ônibus, escancarando a realidade da pobreza no Brasil e as situações a que se sujeitam homens, mulheres e muitas vezes crianças; "Vapor Barato", clássico multi-regravado da música brasileira, ganha uma versão competentíssima, mais embalada e de interpretação marcante de Marcelo Falcão, incluindo-se entre as grandes versões que a canção de Waly Salomão e Jards Macalé já recebeu. "Ilê Ayê", conhecida na voz de Gilberto Gil no álbum "Refavela", vai perfeitamente ao encontro do discurso e da proposta dO Rappa e com uma pegada mais elétrica e vibrante, é outra cover que não decepciona. Assim como "Hey Joe", outra versão, esta da canção imortalizada por Jimi Hendrix, que, embora não tenha o brilho daquela do gênio da guitarra, garante uma boa releitura em português e completamente carregada no reggae.
Grande sucesso, a inspiradora "Pescador de Ilusões" é aquele trunfo radiofônico perfeito; "Uma Ajuda" juntamente com "Lei da Sobrevivência" talvez sejam as menos empolgantes do disco; já "O Homem Bomba" e "Tumulto", por sua vez são incendiárias, ambas abordando a indignação do home  comum, do cidadão tão desrespeitado no dia a dia. "Tumulto", em especial, muito a calhar, fala sobre manifestações populares, povo, não o povo da Paulista, mas o povo de comunidades, indo à rua por justiça, por igualdade, por necessidades básicas ou por conta da violência cotidiana. Mais uma porrada dO Raapa!
Altamente ligados a futebol, torcedores e frequentadores de estádios, tendo inclusive participado da coletânea de hinos de clubes brasileiros, da revista Placar, gravando o hino do Flamengo, o esporte, que segundo eles mesmos tem tudo a ver com a música e com a vida do brasileiro, aparece em vários momentos no disco. A ótima "Eu Não Sei Mentir Direito", por exemplo, começa com os versos "No país do futebol/ Eu nunca joguei bem..." revelando alguém que, numa terra de onda a malandragem é a lei, não consegue se adaptar à conduta dominante enraizada na cultura do brasileiro; "O Homem Bomba", fala em "tocar bumbo na garganta do Maracanã"; "Óia o Rappa", música que fecha o disco e que também fala sobre o jeito do cidadão se virar, refere-se a "pênalti" quando a situação fica crítica numa batida da polícia num negócio informal um tanto suspeito. Mas é em "Eu Quero Ver Gol" que a verve futebolística fica totalmente exposta retratando a realidade de um torcedor que enfrenta os perrengues do dia a dia, dá duro durante a manhã na praia, mas que não quer perder de jeito nenhum o jogo do fim da tarde e, mais do que qualquer coisa, ver seu time ganhar ("Tô no rango desdas duas e a lombra bateu/ O jogo é as cinco e eu sou mais o meu/ Tô com a geral no bolso, garanti meu lugar/ Vou torcer, vou xingar pro meu time ganhar"). A versão do especial acústico gravado para a MTV, que posteriormente viraria CD e DVD, gravada em 2005 é ainda mais "boleira" e tem mencionados, em seu final, os nomes de vários jogadores da Seleção Brasileira que estavam prestes a disputar a Copa de 2006, num final apoteótico para aquela apresentação.
Depois de "Rappa Mundi" a banda ainda apresentaria o bom "Lado B, Lado A" mas após um incidente urbano em 2001, infelizmente cada vez mais familiar a todos nós, uma tentativa de assalto que vira a deixar Marcelo Yuka, baterista e principal compositor da banda paraplégico, O Rappa, com sua saída, perdia bastante em qualidade de letras e criatividade mostrando-se irregular e inconsistente, embora ainda conseguisse sustentar um relativo sucesso comercial. Mas "Rappa Mundi" com toda sua atitude, gingado, irreverência e sonoridade já havia garantido o nome dO Rappa em destaque entre os grandes discos da música brasileira e por extensão, para nós, na galeria dos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS do ClyBlog.
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FAIXAS:
1. "A Feira" - Marcelo Yuka (3:59)
2. "Miséria S.A." - Pedro Luís (4:01)
3. "Vapor Barato" - Waly Salomão, Jards Macalé 4:23)
4. "Ilê Ayê" - Paulinho Camafeu (3:50)
5. "Hey Joe" (participação de Marcelo D2)  - Bill Roberts, versão: Ivo Meirelles, Marcelo Yuka (4:25)
6. "Pescador de Ilusões" -  Marcelo Yuka (4:29)
7. "Uma Ajuda" - Marcelo Yuka (4:29)
8. "Eu Quero Ver Gol" - Falcão, Xandão (3:41)
9. "Eu Não Sei Mentir Direito" -  Marcelo Yuka 4:03
10. "O Homem Bomba" - Marcelo Yuka (3:14)
11. "Tumulto" - Marcelo Yuka (3:14)
12. "Lei Da Sobrevivência (Palha de Cana)" - Falcão (3:05)
13. "Óia O Rapa" - Lenine, Sérgio Natureza (6:00)

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Ouça:
O Rappa - Rappa Mundi


Cly Reis

sábado, 21 de novembro de 2015

Pearl Jam no Rio



Eddie Vedder com Marky Ramone ao fundo.

Nem era grande fã do Pearl Jam mas, em 2005, na falta de grandes shows aterrissando naquele momento lá pelas bandas de Porto Alegre, onde morava na época, resolvi dar aquela conferida no show dos caras. Não podia ter tomado decisão mais correta! A apresentação da banda de Seattle na capital gaúcha foi simplesmente catártica com direito a canja de Marky Ramone na batera para que Eddie Vedder interpretasse visceralmente o clássico dos Ramones, "I Believe in Miracles". Ainda agora, aqui escrevendo, me arrepio só de lembrar.
Mas eis que terei a oportunidade de rever esta banda que me impressionou tanto no palco e que depois daquilo só cresceu no meu conceito, desta vez aqui no Rio de Janeiro, no estádio do Maracanã, no próximo domingo, 22 de novembro. Diante das notícias dos shows realizados até então em Porto Alegre, São Paulo, Brasília e BH nesta presente turnê, tenho a impressão que a minha sensação de êxtase se renovará com esta nova apresentação.
Bom, então é aguardar com grande expectativa e com certeza o clyblog trará detalhes, opiniões, sensações, fotos e o que mais for possível depois do show.
Por enquanto fiquem aí com um gostinho provando o quanto os caras mandam bem ao vivo, exatamente com "I Believe in Miracles", na turnê de 2005, só que da apresentação de São Paulo.



vídeo Pearl Jam - "I Believe in Miracles" - São Paulo (2005)



Cly Reis

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Conhecendo o "Novo" Maracanã

Rio, Maracana - 21:10 - Botafogo x Internacional - Primeira inpressao bastante positiva do estadio reformado. Bons acessos, cuidados com seguranca e internamente, conforto e vista privilegiada independente do ponto que se esteja. Sensacao de teatro. De uma casa de espetaculos dedicada ao futebol. Em breve sera o Beira- Rio que ficara asim. Mas enquanto assisto o jogo na casa do inimigo vou me concentrar em torcer.
Boa sorte, Colorado.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

“Futebol no País da Música", de Beto Xavier – Ed. Panda Books (2009)


"Uma coisa é certa: no Brasil a música brota em todas as partes, como o futebol. Basta ter uma caixa de fósforos ou uma bola de meia, que dá samba ou dá jogo."
Beto Xavier


Mais um daqueles maravilhosos presentes que ganho dos meus irmãos. Desta vez foi minha irmã, Karine, que conhecendo-me bem, sabendo que minhas duas grandes paixões são futebol e música, tratou de me dar, no último Natal, um livro que une essas duas predileções, juntando-as com uma terceira que é a leitura. Trata-se de “Futebol no País da Música” de Beto Xavier, um gostoso passeio pela história do futebol desde sua chegada ao Brasil com Charles Miller, sempre marcando sua relação com a música mesmo que de maneira mínima ou sutil, como foi o caso do próprio Miller, introdutor do esporte no Brasil, que por sua vez tinha uma esposa pianista. A relação já começou ali.
E, convenhamos, que a idéia do autor de abordar estes dois temas em conjunto não poderia ser mais feliz, ainda mais em se tratando de Brasil onde os dois elementos tem uma ligação tão íntima, tão intrínseca, tão próxima, sobretudo quando se fala em samba. Aí sim, tem tudo a ver! O gingado, a malandragem, o dom, a malícia. Predicados típicos do brasileiro e que ele aplica com a mesma qualidade tanto nos campos quanto nos palcos, com a bola ou com o violão.
E nessas modalidades em comum, música e futebol, alguns nomes não poderiam deixar de ser mencionados e aparecem com o merecido destaque nas páginas do livro deste jornalista gaúcho, como a clássica tabelinha João Bosco e Aldir Blanc com seus nomes sugestivos alusivos a futebol (“Linha de Passe”, “De Frente pro Crime”, “Gol Anulado”); as inúmeras composições de Jorge Ben sobre o tema (“Ponta de Lança Africano”, “Zagueiro”, “Camisa 10 da Gávea”, a famosa “Fio Maravilha” e mais tantas outras); ou ainda a paixão e as freqüentes citações à bola do praticante ‘craque amador’ Chico Buarque, como “minha cabeça rolando no Maracanã” de “Pelas Tabelas”, “tem as pernas tortas e se chama Mané” de “Pivete”, ou ainda em “Deus me deu perna comprida e muita malícia prá correr atrás de bola e fugir da polícia” em “Partido Alto”, e composições belíssimas como aquela que leva, nada mais nada menos, que o nome do esporte mais amado pelos brasileiros: “O Futebol”.
Mas tem mais. Tem muito mais que isso: tem Noel querendo saber qual foi o resultado do futebol, tem a partida de futebol do Skank, tem o amor de Elza e Mané, tem as camisetas de clubes dos Engenheiros do Hawaii, as inúmeras homenagens ao rubro-negro carioca, os temas da Seleção Canarinho, os hinos de Lamartine Babo, o canal 100, o time dos Novos Baianos , Pelé cantando,... Ufff! Tem coisa que não acaba mais.
Muito legal, Karine. Adorei o presente. Livro que a gente lê cantando, ou melhor, lê jogando bola. Ou talvez, joga lendo, ou... Bom, tudo isso um pouco.
O que que eu posso falar desses irmãos? Sempre me brindando com agradáveis surpresas.
Golaço, Kaká! Golaço!



Cly Reis

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Paulinho da Viola - CentenáRIO Samba - Praça Mauá - Rio de Janeiro (06/11/2016)


Paulinho da Viola, à frente de sua banda, emocionou o público na Praça Mauá.
Sob uma brava lua crescente que teimou em se impor às turvas nuvens na noite de ontem aqui no Rio de Janeiro, nas adoráveis companhias de minha mãe e minha irmã, tive a oportunidade assistir a mais um grande show deste homem que é um dos nomes mais notáveis da música brasileira: Paulinho da Viola.
Minha mãe falava antes do show que muito do que nos levava a estarmos ali, nós três, naquele dia para assistir àquele show era nossa memória afetiva de um show que havíamos visto de Paulinho da Viola, há muitos anos atrás em Porto Alegre, e que nos marcou até hoje. Acredito que ela tivesse razão. Não que eu duvidasse do artista mas aquilo seria uma especia de confirmação. Pois tem artistas que a gente vê novamente para ter a sensação de renovação e de confirmação de que realmente a primeira não havia sido por acaso. Às vezes a segunda vez acaba desfazendo a magia como foi para mim no caso do Pearl Jam, que vi num show espetacular em Porto Alegre em 2005 e depois fez um show xoxo no Maracanã no ano passado. Também tem aqueles que frustraram, de certa forma, na primeira, como foi o caso da minha banda favorita, o The Cure, que me decepcionou no Hollywood Rock de 1996 mas que, na segunda chance, aqui no Rio, em 2014 não deixou dúvidas do porquê de minha devoção. No caso de Paulinho da Viola devo dizer que tudo se confirmou. Toda sua musicalidade, poesia, altivez, competência estavam lá de novo. Um grande show ainda que no fundo do meu coração, mantenha a sensação de que aquele, despretensioso, numa manhã de domingo em Porto Alegre, sem nenhuma grande infraestrutura de palco, cenário, iluminação nem nada, talvez pela presença do pai do cantor, o legendário violonista César Faria, tocando na banda, pelo jeito quase de "improviso"que toda a coisa tinha, pela minha descoberta do samba numa época em que minha cabeça roqueira era muito menos aberta do que hoje em dia, acredito que possivelmente continue sendo um dos melhores que eu já assisti. Mas talvez seja apenas memória afetiva.
Mas no que diz respeito à noite de domingo, Paulinho da Viola desfilou sua tradicional elegância de porte e de interpretação e com seu jeito simples e cativante emocionou o grande público presente à reformulada e hoje convidativa Praça Mauá, no centro do Rio como atração principal do evento CentenáRIO Samba, parte do Festival Villa-Lobos que acontece em diversas partes da cidade. Com uma banda competentíssima e um repertório certeiro o cantor teve a companhia das milhares de vozes lá presentes para interpretar seu grandes clássicos. A sensacional "Argumento" e sua ironia fina; a belíssima "Coração Leviano"; a exaltação ao rival "Sei lá, Mangueira" e a "retratação" com a sua comunidade, o hino "Foi um rio que passou em minha vida"; "Pecado Capital", tema inesquecível da novela que levava o mesmo nome; "Dança da Solidão", um dos momentos mais emocionantes da apresentação; e a apaixonada confirmação do ofício "Eu canto samba". O show teve ainda um curto mas marcante momento que foi quando Paulinho interpretou um samba de Moreira da Silva sobre um homem que via-se diante de uma partida de carteado com o Diabo, "Jogando com o Capeta" que levou o público à gargalhada e por fim a mais um estrondoso aplauso.
Ao final do show podia-se ver na plateia pessoas chorando, emocionadas com o que acabavam de presenciar, numa daquelas apresentações que pode-se definir como "de arrepiar". Ou seja, Paulinho da Viola conseguiu em pouco mais de duas horas nos proporcionou um festival de emoções: alegria, arrepio, gargalhada, euforia, nostalgia, paixão, choro, riso...
Minha filha pequena costuma chamar a lua crescente de "lua sorriso". Pois lá, naquele clima bom, naquela vibração gostosa, diante daquele espetáculo dava pra entender perfeitamente o porquê da lua estar sorrindo.

Paulinho da Viola - "Dança da Solidão"


Cly Reis



segunda-feira, 28 de novembro de 2022

"Barbosa", de Ana Luíza Azevedo e Jorge Furtado (1988)

 


O Medo do Goleiro Diante da Vida

por Daniel Rodrigues

"Eu já pensei naquela bola um milhão de vezes". 
Barbosa


Cult movie por excelência, o filme “O Medo do Goleiro Diante do Pênalti”, primeiro longa do genial cineasta alemão Wim Wenders (1972) tem como protagonista uma figura dificilmente destacada e, por isso, raramente observada: o arqueiro de futebol. Aquela máxima futebolística de que “goleiro só é lembrado quando acontece coisa ruim” serve de mote simbólico para a vaga trama escrita pelo jovem Wenders à época do nascente cinema novo de seu país. A invisibilidade do goleiro ante os outros 10 jogadores de seu próprio time, tão atletas quanto ele, pelo simples fato de jogar diferente e estar “lá atrás”, onde o olhar de ninguém está direcionado, funciona como uma metáfora para a saga do personagem Joseph Bloch (Arthur Brauss), um jovem alemão cético, narcisista e sem propósitos na vida. Era um reflexo de toda uma geração de artistas da terra de Goethe fruto do pós-II Guerra, que arrasou a Alemanha física e moralmente, e que vazou para todas as artes, inclusive cinema.

Claro que essa situação de angústia existencial e esvaziamento de nexos gera aquilo que o título do filme de Wenders evidencia: medo. Uma nação enganada pelo fascínio do nazismo como a alemã e que viu, após anos de destruição, suas bases morais e materiais ruírem, só poderia mesmo carregar consigo muita culpa e ilogicidade. Isso, na Alemanha, repleta de história, industrializada, rica e um dos berços da cultura ocidental. Agora imagine uma nação jovem, colonizada, pobre, fortemente rural e forjada sobre bases escravocratas como o Brasil da primeira metade do século 20! Dá para imaginar como um goleiro no futebol brasileiro era tratado. Só existem duas possibilidades: ou ele defende tudo e é um herói ou, se deixa escapar uma bola que seja, vira vilão. Caso de “Barbosa”, personagem do filme semidocumental de Ana Luíza Azevedo e Jorge Furtado (1988).

Assim foi a vida de Moacyr Barbosa Nascimento, goleiro mítico do Vasco da Gama desde 16 de julho de 1950: a de um vilão. O fatídico dia do Maracanaço, quando o Brasil perdeu a final da Copa do Mundo daquele ano para o Uruguai dentro de casa, em pleno Maracanã superlotado de todas as almas nacionais, é também o dia que se decretou a morte simbólica de um jovem de 29 anos até a sua partida material em 7 de abril de 2000. O medo do goleiro, abstrato na obra de Wenders, foi, no entanto, totalmente real para Barbosa. O medo da culpa. A responsabilidade da frustração de uma nação inteira recaiu sobre os ombros daquele jovem, não coincidentemente negro e de origem pobre.

O injustiçado Barbosa em cena do filme de Furtado

Refém de um povo imaturo e preconceituoso, Barbosa levou toda a responsabilidade pela tragédia. Haveriam de achar um “bode expiatório”, e melhor que esse fosse uma figura vulnerável: um jogador entre os 11, negro e “sem defesa” (como as palavras podem ser cruéis e certeiras em certas situações...). A opinião pública, frustrada pois pouco madura para administrar a própria expectativa, não teve nenhum preparo para absorver uma derrota que aconteceu dentro das quatro linhas. A “intelligentsia” brasileira, tão infantil quanto, não só se eximiu de ajudar como inflamou mais os ânimos. Nelson Rodrigues, em cima do lance, cunhou o termo do “complexo de vira-lata”: “entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.”

No curta-metragem (Melhor edição no Festival de Gramado e Melhor filme de ficção no Festival de Havana), o próprio Barbosa, uma figura tristemente triste, queixa-se em entrevista do estigma que o imputaram e do qual nunca mais conseguiu se livrar. Motivado pelo trauma da infância, o personagem fictício vivido por Antônio Fagundes volta ao passado numa máquina do tempo para tentar promover uma correção histórica. Mas a história é mais implacável e dura do que a consciência do herói do futuro. De certa forma, denota-se que o Brasil de 1988, quando o filme foi filmado, ainda não havia compreendido maduramente o episódio da Copa de 50 e, consequentemente, elaborado a injustiça para com Barbosa. Por autocondenação, por “síndrome de vira-lata”, por egoísmo, por imaturidade. Por racismo. Se a ressaca que acometia Arthur do filme de Wenders era por algo que sua nação havia feito, a de Barbosa, muito menos subjetiva, era por algo que a nação não havia tido condições de fazer.

Fagundão voltando no Brasil dos
anos 50 pra tentar impedir o pior
Afora isso, para quem acompanha futebol e tenta compreender sua evolução tanto tática quanto física e até aerocinética dos corpos, é ainda mais exagerada a culpabilidade de Barbosa. Ele não pegou aquele chute do uruguaio Giggia por motivos plausíveis até hoje, mesmo transcorridas mais de sete décadas. A começar, a bola foi entre a trave e o seu corpo, o que dificulta um movimento curto lateral e para baixo. O atacante Bebeto, tetracampeão pela Seleção, valia-se deste "macete" contra os goleiros, de meter na menor distância, geralmente com sucesso. Segundo, porque a bola veio rente ao gramado, rápida e na diagonal, ou seja, menos de milésimos de segundo de visualização por parte do arqueiro. E terceiro: passou rente à trave. Para pegá-la, um goleiro provavelmente precisaria se estatelar na própria goleira e talvez nem assim resolvesse. Um lance como aquele renderia uma defesa difícil até hoje, mesmo com toda a evolução técnica e física dos goleiros. Para uma época ainda primária do esporte bretão, em que muitos gols saíam de jogadas absurdas, muitas vezes dos próprios goleiros, não dá para considerar aquela jogada do segundo gol do Uruguai como uma falta grave de Barbosa e muito menos um "frango". Impossível de pegar? Hoje, não. Talvez naquela época também não, mas com certeza é aceitável tanto antes quanto agora não receptá-la. Na verdade, ocorreu o que o brasileiro dificilmente admite: mérito do adversário, e não demérito seu.

É mais forte do que qualquer raciocínio ponderado, no entanto, a depreciação de uma nação pueril que acreditou, por falta histórica de ferramentas para um auto entendimento, na falácia darwinista do evolucionismo. Povo mestiço: então, necessariamente "inferior", "incapaz", "indolente", "imprestável". Era o que se ouvia das bocas (in)cultas de Gobineau, Monteiro Lobato, Oliveira Viana, Roquette-Pinto. Interessante perceber que o filme de Furtado e Ana Luiza se dá na época da “seca” do Brasil em Copas do Mundo (o que só seria “superado” dali quase a 10 anos, em 1994, com a conquista da Copa nos Estados Unidos) e que termos como os ditos antigamente voltavam à baila. Basta ver a música “Inútil”, da Ultraje a Rigor, de 1985, que, criticando o ser brasileiro, repete o adjetivo inclusive para associá-lo ao futebol: “A gente joga bola e não consegue ganhar”.

Acontece que as razões para a autodepreciação do brasileiro para consigo mesmo é muito mais profunda do que apenas derrotas ou vitórias dentro de campo. No máximo, esses resultados do esporte são reflexos, mas nunca derrocada ou muito menos solução. Nelson Rodrigues, ingenuamente, afirmava que a “síndrome de vira-lata” se dissipara quando, oito anos depois daquele fatídico jogo no Rio de Janeiro, a Seleção Brasileira vencera a Copa do Mundo na Suécia. Mera ilusão. A valorização como povo e, principalmente, o reconhecimento de suas capacidades como nação única e indivisível ainda está longe de ser alcançado no Brasil do séc. 21. A extrema polarização política que se deflagrou no País há menos de uma década dá motivos para se pensar assim. Em 1958, Pelé e Garrincha nos deram arte, mas não resolviam quase nada. Tanto que o Brasil seria lindamente tricampeão em 1970 sob a sombra do pior momento político-social da sua história, quando as liberdades e os direitos humanos eram barbaramente infligidos pela Ditadura Militar. Isso sim é degradação moral.

A reparação história a que Barbosa fora merecedor pelo massacre público a que foi objeto nada mais é, noutra escala, do que o sistema de cotas e as políticas para corrigir as discrepâncias e erros cometidos com negros excluídos da sociedade. Barbosa morreu sem presenciar o Mineiraço, os 7 x 1 da Seleção da Alemanha sobre a do Brasil na segunda Copa do Mundo no Brasil. Talvez ele pudesse perceber que hoje em dia, um pouco mais madura 64 anos depois, a responsabilidade não é atribuída a apenas uma pessoa. Talvez tivesse ficado um pouco confortado. Mas com certeza seu olhar sofrido e perspicaz teria notado também que o goleiro, tão pouco culpado quanto ele, era branco. E aí, é bem mais fácil de lidar.

filme "Barbosa", de Ana Luíza Azevedo e Jorge Furtado (1988)



segunda-feira, 26 de agosto de 2019

ClyBlog 11 anos. Parabéns para nós!

O tempo passa... É, parece que foi ontem que começamos um blog meio sem saber o que queríamos, como fazer, o que colocaríamos nele e, hoje o nosso ClyBlog chega a seu décimo primeiro ano. Uma trajetória muito positiva que nos fez crescer junto com o blog. Crescer em conteúdo, conhecimento, ousadia, ambição, em criatividade, em qualidade. A plataforma que meramente nos propiciava a exposição de nossas produções criativas, escritas, visuais, gráficas ou quaisquer outras que pudessem se manifestar, nos possibilitou o reconhecimento destas manifestações artísticas em publicações literárias e gráficas, valorizando, sobremaneira, o conteúdo publicado no blog. Se antes utilizávamos nosso espaço para, humildemente, expormos nossas impressões pessoais sobre música, cinema e outros assuntos de nosso interesse, hoje, parceiros, amigos e convidados altamente qualificados se juntam a nós, alguns de forma constante e outros eventualmente, em ocasiões especias, dando suas colaborações nas mais diversas seções do nosso veículo, sempre demonstrando imensa satisfação em fazer parte do nosso projeto.  Além disso, as vivências e experiências de eventos, espetáculos, viagens, passeios, foram ampliadas trazendo mais variedade, informação e imagens em canais específicos para cada segmento. Ou seja, de 2008 para cá, o ClyBlog está cada vez melhor e mais interessante.
E tudo isso só se deve ao fato de que nós, as cabeças do ClyBlog, Daniel Rodrigues e eu, Cly Reis, continuamos pilhados, sempre estimulados, sempre a fim de fazer algo legal, algo diferente, acrescer qualidade, novidades, conteúdo instigante, coisas que sejam legais para o leitor, visitante ou seguidor porque seriam legais para nós. É isso que  fez com que o ClyBlog chegasse até aqui,aos 11 anos, e fará com que siga em frente, se depender de nós, ainda por muito tempo.
Nesses 11 anos tivemos um monte de coisas bacanas no ClyBlog: fomos a shows e contamos como foi, viajamos por diversos lugares e relatamos as experiências, fomos selecionados para publicações, , participamos de outros espaços em outras plataformas, tivemos convidados importantes escrevendo no ClyBlog... Enfim, foram muitos bons momentos. Não dá pra colocar todos aqui, afinal são 11 anos, mas dá pra destacar alguns. Assim, lembramos aqui um momento para cada ano desde o início do ClyBlog.



2008
Madonna no Maracanã - No ano da criação do ClyBlog, um dos momentos marcantes foi a volta da Rainha do Pop a terras brasileiras. A expectativa era grande mas o show não foi lá essas coisas. Mesmo assim, relatamos tudo, num dos primeiros ClyLive, a seção de shows do ClyBlog.

Madonna, show de constrangimentos
Vi no filme "Na Cama com Madonna" o trechos da turnê Blonde Ambition e fiquei fascinado. Quis ver aquilo! No entanto a turnê seguinte, que acabou passando pelo Brasil, foi a Girlie Show, que apesar de não ser tão boa quanto a anterior, de não ter os figurinos do Gaultier nem a performance libidinosa de "Like a Virgin" foi um belo espetáculo e me proporcionou boas surpresas.
Anos depois resolvi ir ver novamente a Madonna ao vivo pelo mero fato de ser a Madonna. Sabia já que o álbum "Hard Candy" era um horror porém guardava a expectativa de que o show, o espetáculo, o tudo, valesse a pena.
Olha, foi um circo do lamentável (...) Leia mais...




2009
Viagem ao Velho Continente: Em 2009, tive a oportunidade de ir à Europa e visitar algumas das cidades mais famosas do mundo e alguns dos destinos turísticos mais procurados. Estive em Paris, Londres, Roma, Florença e Veneza e, é claro, tudo foi para no ClyBlog, na nossa seção Arquivo de Viagem.

ARQUIVO DE VIAGEM: Europa
Aeroporto, mala, poltrona desconfortável, sono ruim, hotel, informações e é em inglês, em italiano e é em francês, e dá-lhe fotografia, fotografia, fotografia, e de novo hotel, e outro dia mais fotografia, e tome outro aeroporto, ou estação de trem, ou táxi, e outro hotel, e mais foto, foto, foto... É, isso é viajar! Mas é bom! E principalmente para a Europa que era uma antiga aspiração. O roteiro? Londres, Paris, Roma, Florença e Veneza.
A primeira parada, a terra da Rainha, que mais do que todas as outras eu tinha uma enorme vontade de conhecer por causa principalmente de toda a atmosfera rock do lugar, por causa das bandas que admiro ou mesmo por toda a influência musical e comportamental que exerce sobre grande parte do mundo, não me decepcionou (...) Leia mais...
LONDRES: Passeio por LondresFabric,  The Telegraph Pub
PARIS: Paris
ROMA: Roma
FLORENÇA: Florença
VENEZA: VenezaJazz em Veneza - Bàccaro Jazz



2010
Internacional Bicampeão da Libertadores - Neste ano, tive a felicidade de presenciar o segundo título de Libertadores da América do meu time do coração, o Sport Club Internacional, in loco, no Beira-Rio. E, como não podia deixar de ser, documentei a noite mágica do Bi da América para o ClyBlog.

Era uma vez na América (ou melhor, DUAS vezes)

Eu tinha assistido à semifinal contra o Olímpia em 89. Eu estava lá no Gigante. Não, não podia acontecer de novo.
Quando os mexicanos do Chivas fizeram o primeiro gol do jogo aquele filme de terror me veio à cabeça. E eu lá de novo. Seria EU o culpado? Teria, EU, me desbarrancado do Rio de Janeiro a Porto Alegre, sem ingresso na mão, desembarcando 4 horas antes do jogo, conseguido incrivelmente a tal entrada, tudo isso para EU dar azar pro eu time? (Torcedor pensa cada coisa, não?) Mas por certo não fui só eu. Outros devem ter pensado que aquilo estava acontecendo porque não usaram a mesma cueca, não conseguiram sentar no mesmo lugar no estádio, porque não seguiram determinados rituais, ou sabe-se lá mais o que; mas de todos estes não sei quantos ali haviam presenciado a maior "tragédia" do Beira-Rio. E eu estava lá (...) Leia mais...
Inter x Chivas
Museu do Inter




2011
"Screamadelica", do Primal Scream, ao vivo na íntegra - Enquanto na Cidade do Rock, rolava o Rock in Rio, com todas suas estrelas e nomes badalados, no Circo Voador, na Lapa, bem menos incensado, um dos discos mais importantes dos anos 90 e da história do rock era tocado na íntegra por uma das bandas mais influentes do pop rock britânico. O Primal Scream, liderado pelo dissidente do Jesus and Mary Chain, Bob Gillespie, celebrava o vigésimo aniversário de lançamento do álbum "Screamadelica" com um show sensacional que foi ainda mais especial uma vez que assisti na companhia de meu irmão, Daniel Rodrigues, que andava pelas bandas do Rio de Janeiro naquele momento. A cúpula do ClyBlog, curtindo junto um show tão especial como esse, só podia ser um dos grandes momentos de 2011.


Primal Scream - "Screamadelica 20th Anniversary Tour" - Circo Voador - Rio de Janeiro (23/09/2011)


Nesta última sexta-feira aconteceu a primeira noite de apresentações do Rock in Rio... Bom, e dai?
Azar de quem foi à tal Cidade do Rock e não estava na Lapa, como eu, delirando com o show da turnê de aniversário de 20 anos do álbum "Screamadelica" do Primal Scream.
Que Rock in Rio que nada! O verdadeiro rock no Rio de Janeiro estava acontecendo lá no Circo Voador. E se toda a cidade estava mobilizada para assistir às rihanas cláudiasleittes da vida, ali na Lapa, um pequeno grupo de fieis assistia a um show histórico, que diga-se de passagem, foi, com louvor, proporcionado por eles mesmos, que num esforço incomum fizeram trazer ao Rio uma atração que estava praticamente descartada para cá (...) 
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2012
O punk e a moda - 2012 marca o lançamento do livro "Anarquia na Passarela - A Influência do Movimento Punk nas Coleções de Moda", do irmão e parceiro de blog Daniel Rodrigues, como um dos fatos mais importantes daquele ano no ClyBlog. Um estudo profundo e criterioso sobre a música e a moda caminhando juntas, sem cair na chatice ou na mesmice com uma linguagem fácil e dinâmica. Eu posso até ser suspeito para elogiar por ser irmão, mas acho que o júri do Prêmio Açorianos, que consagrou o livro como melhor ensaio de literatura e humanidades tem isenção o suficiente.

"Anarquia na Passarela - A Influência do Movimento Punk nas Coleções de Moda", de Daniel Rodrigues (Ed. Dublinense, 2012)

(...) O livro é uma caixa de som! Sai música dele. Mas não só isso: dá vontade de usar aquela calça rasgada no joelho, de usar aquele bracelete de couro, uma camisa com dizeres desaforados...
Ele é extremamente bem fundamentado, estudado, repleto de referências, citações, com alto grau e profundidade de pesquisa mas passa longe de ser pedante e cansativo. Ele flui. Flui muitíssimo bem. 
Consegue conjugar um gosto pessoal musical, inequívoco e indesmentível, com muita informação, embasamento teórico e análise detalhada e  numa proporção perfeita e exata de modo a tornar a leitura absolutamente agradável e sempre interessante (...) Leia mais...

Anarquia em Porto Alegre - Noite de autógrafos de Daniel Rodrigues - Pinacoteca Café



2013
Álbuns Fundamentais Especial de 5 anos do ClyBlog - O quinto ano do ClyBlog foi marcado por uma série de comemorações e publicações especiais. Uma delas foi a participação especialíssima do ex-Replicante, Carlos Gerbase, na seção ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, falando sobre o cultuado disco de estreia da banda "O Futuro é Vortex". Tinha alguém mais autorizado a falar sobre o assunto?

Os Replicantes - "O Futuro é Vortex" (1986)

A palavra “Vortex” já significou muitas coisas na minha vida. Meu primeiro encontro com ela foi em meados dos anos 70, numa máquina de fliperama, aquelas antigas, de bolinha, imortalizadas no musical “Tommy”.  Os desenhos da máquina eram futuristas, misturando sexo e violência em doses perfeitas para a adolescência.  Na minha interpretação, esses desenhos representavam um planeta distante, cheio de monstros e mulheres maravilhosas. Eu jogava e, mesmo perdendo as cinco bolas rapidamente, curtia o visual (...) Leia mais...






2014
Copa do Mundo Rock - Era ano de Copa e o ClyBlog resolveu fazer a sua Copa do Mundo também. Só que a nossa foi uma Copa do Mundo Rock. Isso mesmo! Música contra música para descobrirmos qual a melhor obra de determinado artista. Em 2014 três bandas tiveram suas competições, The Cure, uma das favoritas dos donos do blog, Legião Urbana, também uma das nossas queridinhas, e, nada mais nada menos que os maiores de todos, os Beatles. "Comentaristas", jurados convidados decidiam os confrontos que eram sorteados e avançavam de fase, afunilando até a grande final. Foram copas com definições diferentes: resultado incontestável, favorito ganhando, decisão apertada... Enfim, um grande barato essa experiência músico-futebolística na qual quem ganhou, mesmo, foi quem acompanhou.

Copa do Mundo Rock

Qual a melhor maneira de escolher a melhor música de uma banda?
No clyblog a gente escolhe no mata-mata.
Vai começar a Copa do Mundo Rock (...)







2015
Tributo a Bukowski - Uma das coisas legais de 2015 foi outro acontecimento literário. Fui selecionado, com um conto, para integrar a coletânea "Big Buka", homenagem a Charles Bukoswki, escritor pelo qual tenho grande admiração, o que tornou ainda mais especial minha inclusão na publicação.

“Big Buka: para Charles Bukowski”, organização: Afobório (Vários Autores) - ed. Os Dez Melhores (2015)

A proposta nasceu ousada: homenagear o norte-americano Charles Bukowski , escritor de forte influência a vários outros, de grande apelo com o público e dono de um estilo muito peculiar, que vai da crueza de mau gosto e a putaria à mais doce beleza sentimental. Um homem que, por detrás da obscenidade e da contundência, era extremamente profundo, poético e comprometido com suas verdades. Assim, a coletânea "Big Buka: para Charles Bukowski" (ed. Os Dez Melhores, 2015), da qual soube do projeto ano passado, encarou o desafio de reunir dez textos que remetessem ao universo de Bukowski tanto em temática quanto em estilo. Para que tal funcionasse, contudo, os contos deveriam ser muito bem selecionados, uma vez que o risco de não corresponder à altura do mestre tornava-se um erro fácil de cometer (...)




2016
Juntos no mesmo livro - Eu já havia sido selecionado para algumas coletâneas de contos, Daniel já tinha seu próprio livro solo, mas em 2016, pela primeira vez integraríamos uma mesma publicação. Por meio de uma seletiva da editora Multifoco, contos nossos vieram a ser escolhidos para a antologia "Conte Uma Canção, vol. 2", que tinha como proposta a ligação do conto com determinada música. Posteriormente, naquele mesmo ano, promovemos um pequeno sarau, na sede da editora, no Rio de Janeiro, onde lemos nossos contos para convidados.

“Conte uma Canção – vol. 2”, organização Frodo Oliveira e Marla Figueiredo (Vários autores) – Ed. Multifoco (2016)

O Clyblog tem o orgulho de anunciar que mais uma vez nós, os editores-chefes deste espaço, Daniel Rodrigues e eu, Cly Reis, temos contos selecionados para publicações coletivas (...) Leia mais...

Já está nos pontos de venda a antologia “Conte uma Canção – vol. 2”, pela editora Multifoco, da qual meu irmão e editor deste blog, Cly Reis, e eu, subedidor, fazemos parte com um conto cada um. O livro teve lançamento no último dia 30, durante a 24ª Bienal do Livro de São Paulo, no Anhembi (...) Leia mais...

A ocasião era oportuna: meses após o lançamento da antologia "Conte Uma Canção - vol.2", da editora Multifoco, na qual participamos meu irmão Cly Reis e eu cada um com um conto, estaríamos juntos no Rio de Janeiro, sede da editora. Então, por que não fazermos um encontro que abordasse isso? Foi o que aconteceu no dia 16 de dezembro. A partir de uma ideia de Leocádia Costa, que nos deu o privilégio de fazer as honras, realizamos um sarau de leitura de ambos os contos no bistrô da própria Multifoco, na Lapa (...) Leia mais...





2017
Museu Nacional -O destaque de 2017 fica por conta da nostalgia, da lástima, da saudade, da falta que faz... Naquele ano eu visitava mais uma vez o Museu Nacional, recentemente devorado pelas chamas do descaso em um trágico incêndio, e o fazia, na ocasião, para o ClyBlog trazia, na ocasião o registro de seu acervo, sua beleza e importância. 

Museu Nacional / UFRJ - Rio de Janeiro / RJ

(...) Desta vez visitamos o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, prédio histórico que serviu à Família Imperial brasileira no séc. XIX, que esteve meio abandonado, meio largado mas que agora, embora não na plenitude de suas condições, apresenta boas condições de visitação e um acervo muito significativo e em bom estado. O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, é voltado à pesquisa científica, histórica e antropológica possuindo um acervo valiosíssimo em todos os seus segmentos. Possui, por exemplo, significativos fósseis de procedências diversas; registros materiais humanos de datas remotas; artefatos e relíquias de civilizações de diversos sítios; múmias de altíssimo valor histórico em ótimo estado de conservação; grande variedade de amostras animais e geológicos; e itens impressionantes como é o caso do meteorito encontrado na Bahia em 1784 exposto orgulhosamente logo na entrada do circuito (...) Leia mais...



2018
ClyBlog 10 anos - O décimo ano do ClyBlog foi comemorado com entusiasmo e durante os 12 meses do ano tivemos atrações em todos nosso segmentos, com diversos e qualificadíssimos convidados especiais em todas as áreas, como, entre outros, o diretor de teatro Cleiton Echeveste falando sobre Andrei Tarkovski, o fotógrafo Wladimyr Ungaretti apresentando-nos suas imagens que estimulam a imaginação, o ex-DeFalla Castor Daudt relatando um fato curioso com um ex-integrante do Joy Division e o músico Lucio Brancatto, inovando e destacando cinco discos de uma vez só num Super-Álbuns Fundamentais. Isso é que é aniversário. Assim vale a pena ficar mais velho.

Especiais de 10 anos no ClyBlog

Não é toda hora que se comemora dez anos, não é? E tratando-se de uma marca tão especial,conforme já adiantamos, 2018 terá uma série de atrações e participações especiais em várias seções do nosso blog. Convidados contarão histórias e desfilarão poesia nas nossas COTIDIANAS; falarão sobre seus discos preferidos e marcantes nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS; sobre grandes obras da literatura no LIDO; clássicos da sétima arte no CLAQUETE; mostrarão sua visão do mundo pelas lentes de suas câmeras na seção CLICK; e suas criações no CLYART; enfim, todos os nossos espaços estarão abertos às valiosas contribuições de nossos talentosos amigos. Então, fiquem ligados porque a partir de fevereiro, a qualquer momento poderá pintar uma das publicações especiais de 10 anos do ClyBlog. Posso garantir que vem coisa muito legal por aí.



2019
"Meia-Noite: Contos da Escuridão" -E 2019 ainda está na metade e já temos coisa boa: assim como em 2016, a pareceria se repete e Daniel e eu integraremos juntos novamente uma antologia de contos. Fomos recentemente selecionados para a coletânea "Meia-Noite: Contos da Escuridão", do selo Fantastic da editora Autografia, e teremos uma história arrepiante de cada um na publicação que será lançada daqui a alguns dias, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Além do aniversário, mais um motivo para comemorar.
Abaixo, matéria publicada no site Literatura RS sobre nossa participação na publicação.


Irmãos integram coletânea de contos de editora carioca
Dois autores gaúchos, os irmãos Daniel Rodrigues e Clayton Reis, foram selecionados para integrar a coletânea de contos de terror Meia-Noite: Contos da Escuridão, publicada pelo selo Fantastic da editora carioca Autografia. Organizada pelo editor Frodo Oliveira, a obra contou com processo seletivo no qual concorreram autores de todo o Brasil. Dentre os contos selecionados, estão Clichês, de Reis, e O Monstro do Armário, de Rodrigues. O livro será lançado em sessão de autógrafos no dia 4 de setembro, às 13h30min, durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no estande da editora (Pavilhão Verde, R32). Na ocasião, ambos os autores estarão presentes. (...) Leia mais...



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