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quarta-feira, 22 de março de 2023

Música da Cabeça - Programa #311

 

Nem tudo que brilha é joia. No MDC, por exemplo, não falta. Quem vem reluzindo com suas musicalidades hoje é Jards Macalé, Robert Wyatt, Nei Lisboa, Massive Attack, Naná Vasconcelos e mais. Quem também brilha aqui é o músico gaúcho Carlos Bolacha, no "Cabeça dos Outros". Totalmente legal, o programa de hoje passa tranquiaço pela alfândega às 21h na insuspeita Rádio Elétrica. Produção, apresentação e brilho próprio: Daniel Rodrigues.



www.radioeletrica.com

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Fotos da Minha "Casa"





"Espaçonave Barroca"






por Daniel Rodrigues



Vasculhando meus alfarrábios, deparei-me com fotos produzidas por mim, provavelmente em 2001, na Casa de Cultura Mário Quintana, um dos principais centros culturais de Porto Alegre, que, mesmo com o advento de novos espaços de cultura nos últimos tempos na cidade, não perdeu em charme nem importância. Foi anunciado recentemente, inclusive, que o espaço será totalmente revitalizado, com previsão de conclusão em março de 2014.
CCMQ fundamental na minha formação intelectual e com a qual mantenho uma relação especial desde a infância. Guardo-lhe ótimas lembranças. Das talvez centenas de filmes assistidos, entre eles “Apocalipse Now Redux” do Coppola, “Acossado” do Godard e “Verdes Anos” do Gerbase e do Giba. Lá conheci o cinema de alguns diretores que hoje admiro como Eric Rhomer, Yasujiro Ozu e Max Ophuls. Casa de exposições maravilhosas, como a das fotos panorâmicas do cineasta Win Wenders, em 1999, feitas no deserto de Paris (Texas!), e a recente do fotógrafo-artista Gui Bourdin , que tive o prazer de presenciar este ano. Os bate-papos com personalidades, como o em comemoração aos 40 anos do Tropicalismo, em 1998, com  Tom Zé, Capinam e Luiz Tatit. E shows! Aquele inesquecível de Jards Macalé cantando só Noel Rosa, em 2001, por exemplo, foi lá! Os vários encontros com amigos... ih, CCMQ de muitas histórias.
Não recordava deste meu trabalho fotográfico, feito para uma das cadeiras da faculdade de Jornalismo, e surpreendi-me positivamente com o resultado quando revi, pois me considero limitado tecnicamente para fotografia. Mas sempre acreditei no meu olho, e acho que foi isso que (reforçado pela necessidade de tirar uma boa nota) me impulsionou a produzir boas imagens deste cartão-postal da capital dos gaúchos. Devem alguma coisa em técnica às de um profissional, sei; mas que lhes há poesia, há. Confiram:

"Stalker"

"A Alma" ou "Um passa, outro para"

"Tango do Passaredo"

"Jazida"

"Olhos e Boca" ou "A CCMQ me olhando"


segunda-feira, 5 de junho de 2023

Caetano Veloso - Tim Music - Praia de Copacabana - Rio de Janeiro /RJ (27/05/2023)



Fiquei longe, leitores.
Tava com a filha e não quis adentrar a multidão.
Já tive a oportunidade de assistir a uma série de grandes artistas brasileiros, de graça, em eventos patrocinados ou iniciativas públicas de prefeituras. Em Porto Alegre, vi Gilberto Gil, Jorge Benjor, já aqui no Rio vi Jards Macalé, Erasmo Carlos, Hamilton de Hollanda, vi Paulinho da Viola lá e aqui, João  Bosco também em ambas as cidades, no entanto, nunca havia tido a ocasião de assistir a um show de Caetano Veloso. E eis que em mais um desses eventos de iniciativa privada, se afigurou a chance. Num evento promovido pela operadora Tim, na praia de Copacabana, o músico baiano foi uma das principais atrações e, como não  poderia deixar de ser, estive presente.

Caetano é muito carisma, é muita doçura, muita poesia e entregou um show à altura de sua grandeza. Embora não tão conhecida do grande público, "Meu Coco", que abriu a apresentação, não decepcionou ninguém, provocando uma calorosa recepção e uma entusiasmada reação do grande público espalhado pela areia da praia. Para minha agradável surpresa, o músico executou a fantástica "You Don't Know Me", de seu lendário álbum "Transa", de 1972. Os trabalhos seguiram com diversos sucessos que cativaram o público e fizeram todo mundo cantar: "Qualquer Coisa", "Um Índio", "Tigresa", "Baby", "Cajuína"... A escolha por tocar Sampa, homenagem tão reverencial à cidade "rival" foi, na minha opinião, algo de um gosto um tanto duvidoso em meio a uma festa tão carioca, mas, em meio à  praia, em plena Cidade Maravilhosa, Caetano compensou a "gafe" com a carioquíssima "Menino do Rio".
"Reconvexo" agitou a galera e fez todo mundo cantar junto, "Odara" pareceu passar uma energia toda especial e fez o corpo de todo mundo ficar meio odara, e Caetano se despediu com vibrante "A Luz de Tieta" deixando, ao final, somente as vozes do público entoando o refrão.
Belíssima apresentação. Emocionada e emocionante. Em tempo consegui vê-lo ao vivo! Brincando, brincando,  o cara já  tem 80 anos e... sem querer secar ninguém (Deus me livre!) Ninguém vive pra sempre.
Mas o que tínhamos lá era um " de 80 anos mas ainda cheio de energia e vivacidade Já  posso dizer, com toda a satisfação e orgulho: eu vi, ao vivo, Caetano Veloso.

Um dos momentos mais marcantes e emocionantes do show.
"A Luz de Tieta" só na voz da galera.



Cly Reis

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Música da Cabeça - Programa #70


Chegar nos sete-ponto-zero não é pra qualquer um. Mas pra nós, é! Chegamos ao programa nº 70 do Música da Cabeça! E a gente comemora sabe como? Falando dos setentões da música nacional e internacional, como Odair José, Grace Jones e Ozzy Osbourne. Além disso, tem sons do calibre de Jards Macalé, Stevie Wonder e Os Replicantes. Não precisa nem carregar 70% pra que vocês não percam o programa de hoje, que começa às 21h, aqui pela Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues. 



Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

terça-feira, 26 de abril de 2011

cotidianas #79 - Cidade Lagoa


 Já havia publicado uma vez a letra de "Cidade Lagoa" aqui no blog quando falei sobre o disco "O Q Faço é Música" de Jards Macalé, mas dada a contínua reincidência de alagamentos aqui no Rio, a ver-se este último acontecido no Rio nesta última madrugada, aí vai ela de novo... cada vez mais cotidiana
O que é impressionante é a atualidade da letra, os mesmos problemas, os mesmos locais; e digo impressionante, porque incrivelmente, este gostoso samba de breque data dos anos 50. Mas o mais curioso, se forem notar, é que os autores reclamam que o problema já viria de longe.
E a situação continua igualzinha.
Unf! Acho que nunca vai melhorar...

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foto da enchente de 1966 no Rio de Janeiro.
Essa cidade que ainda é maravilhosa
Tão cantada em verso e prosa
Desde o tempo da vovó
Tem um problema vitalício e renitente
Qualquer chuva causa enchente
Não precisa ser toró

Basta que chova mais ou menos meia hora
É batata, não demora
Enche tudo por aí
Toda cidade é uma enorme cachoeira
Que da praça da Bandeira
Vou de lancha a Catumbi

Que maravilha nossa linda Guanabara
Tudo enguiça, tudo para
Todo trânsito engarrafa
Quem tiver pressa seja velho ou seja moço
Entre n'água até o pescoço
E peça a deus pra ser girafa

Por isso agora já comprei minha canoa
Pra remar nessa lagoa
Cada vez que a chuva cai
E se uma boa me pedir uma carona
Com prazer eu levo a dona
Na canoa do papai


(breque)
Ai meu Deus,. Mas que toró...
Vou meter uma roupa de escafandro
pra atravessar essa lagoa.

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"Cidade Lagoa"
(Sebastião Fonseca e Cícero Nunes)

Ouça:
Moreira da Silva - "Cidade Lagoa"

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Caetano Veloso - "Transa" (1972)

"Chamei os amigos para gravar em Londres(...) "Transa" foi  meu primeiro disco de grupo, gravado quase como um show ao vivo".
Caetano Veloso



 No embalo do meu retorno a Londres, deu vontade de falar de um dos grandes discos brasileiros de todos os tempos, intimamente ligado à capital inglesa: “Transa” de Caetano Veloso, de 1972.
Gravado no exílio do cantor na época da ditadura militar, álbum é uma fantástica mistura de sons, tendências, línguas e costumes. Tem regionalismos junto com rock’n roll, inglês com português, gíria com poesia, berimbau com guitarra... Tudo resultado de uma criatividade que estava prenhe, precisando ser expelida, manifestada. Uma vontade de ser brasileiro mesmo estando fora. E parece que é exatamente isto que Caetano consegue transmitir quando mistura as línguas e linguagens: assimilar, experimentar, sem perder suas raízes.
O início, com “You Don’t Know Me”, uma balada que vai se encorpando aos poucos, tem sua letra em inglês toda “invadida” por pedaços em português, como o trecho de “A Hora do Adeus” de Luiz Gonzaga, e ‘Saudosismo” do próprio Caetano, com a voz de Bebel Gilberto.
“Nine Out of Ten” que a segue, é espetacular em sua sonoridade toda cheia de embalo e ritmo. Caetano mesmo afirma ser esta sua melhor letra em inglês. Em inglês, sim, mas, assim como na anterior, com incursões em português, mas nesta, genialmente mais integradas na letra (“I’m Alive and VIVO, MUITO VIVO, VIVO, VIVO”). Caetano diz sobre esta música: “Tem a Nine out of Ten, a minha melhor música em inglês. É histórica. É a primeira vez que uma música brasileira toca alguns compassos de reggae, uma vinheta no começo e no fim. Muito antes de John Lennon, de Mick Jagger e até de Paul McCartney. Eu e o Péricles Cavalcanti descobrimos o reggae em Portobelo Road e me encantou logo. Bob Marley e The Wailers foram a melhor coisa dos anos 70.”
Caetano utiliza-se da poesia barroca de Gregório de Mattos para compor “Triste Bahia”, a mais experimental do disco, repleta de idas e vindas sonoras, regionalismos, linguagem coloquial, versos de folclore e cantigas populares.
Em “It’s a Long Way”, uma doce e melancólica canção, minha favorita do disco aliás, volta a se utilizar muito fortemente do recurso bilíngüe, depois dos primeiros versos totalmente em inglês, passa para a língua natal novamente com linguagem coloquial, dísticos populares e jogos de roda (“os olhos da cobra verde/ hoje foi que ARREPAREI/ se ARREPARASSE a mais tempo/ não amava quem amei”)
Sobre “Mora na Filosofia”, de Monsueto Menezes, um samba lento, marcado no violão, Caetano diz: “Mora na Filosofia, que é um grande samba, uma grande letra e o Monsueto é um gênio. Me orgulho imensamente deste som que a gente tirou em grupo".
Segue “Neolithic Man”, que é a que gosto menos no disco e fecha com o ótimo e embalado rock’n roll acústico e curtinho "Nostalgia (That's What Rock'n Roll Is All About)".
O álbum contou com arranjos e participações especialíssimas de amigos que estavam em Londres na época, entre eles Jards Macalé e Péricles Cavalcanti, mas que, curiosamente, por negligência no acabamento gráfico, não foram creditados no encarte original. O fato é que o próprio Caetano faz questão de lembrar estas participações e salientar que elas foram extremamente estimulantes para o trabalho em torno do álbum naquelas circunstâncias de exílio, saudades, solidão; e, ouvindo “Transa”, não é difícil notar o quanto as companhias contribuíram para a qualidade e resultado final da obra.

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FAIXAS:
  1. "You Don't Know Me" (Caetano Veloso) – 3:49
  2. "Nine Out of Ten" (Caetano Veloso) – 4:57
  3. "Triste Bahia" (Gregório de Matos Guerra, Caetano Veloso) – 9:47
  4. "It's a Long Way" (Caetano Veloso) – 6:07
  5. "Mora na Filosofia" (Monsueto Menezes, Arnaldo Passos) – 6:16
  6. "Neolithic Man" (Caetano Veloso) – 4:55
  7. "Nostalgia (That's What Rock'n Roll Is All About)" (Caetano Veloso) – 1:22
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Ouça:
Caetano Veloso Transa


Cly Reis

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

A arte do Clyblog em 2023

 

No ano que passou, o clyblog completou 15 Anos e por isso mesmo, como de  costume nosso logo ganhou um desenho especial de aniversário e as seções do blog incorporaram a nova marca. Mas também foi ano de Copa do Mundo feminina e,à parte do logo oficial, criamos uma marca para nossas publicações e homenageamos as nossas craques da bola com ilustrações de gols marcantes, no ClyArt.

Por falar em ClyArt, ao longo do ano tivemos, como sempre, dividindo espaço com dicas, mostras e exposições, nossa produção artística individual, fosse em tinta, grafite, digital, fotografia ou vídeo. Também tivemos as artes produzidas para publicações da seção Cotidianas, ilustrando contos, crônicas ou poemas e as tradicionais chamadas para as mídias sociais, sempre criativas e muito visuais, divulgando o blog e suas atrações.

Querem relembrar como foi? Dêem uma olhada aí abaixo e confiram o que rolou aqui, visualmente, no ano que passou:

 

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Daniel Rodrigues com o brilhante vídeopoema,"poeminverso"

O ClyArt continua abrigando todo tipo de possibilidades artísticas:
aqui, a ilustração a grafite "City Fog", de Cly Reis


Teve Copa do Mundo feminina em 2023!
Nosssas meninas não foram tão bem mas relembramos dois grandes momentos
delas no ClyARt em ilustrações digitais.

A música brasileira homenageada com ilustrações digitais
que imaginam como seria se nossos artistas de MPB fossem herois, personagens de cinema,
se as músicas fossem HQ's, filmes...

Astros pop também lembrados no nosso ClyArt.

A primeira imagem feita a partir de I.A. no ClyBlog,
produzida para o conto "Dulce", nas nossas Cotidianas


Ilustração digital para a música "Bebeto Loteria",
no cotidianas do ClyBlog



Mais uma feita para o Cotidianas:
arte produzida para o conto "Aberração"

Arte inspirada na canção Gothan City, de Jards Macalé,
que, na imagem, controla, impávido, a cidade, lá do alto.

No Dia da Consciência Negra, homenageamos
esses sambistas maravilhosos que 
levam a música negra para todos so brasileiros


As chamadas para a seção Ábuns Fundamentais, produzidas no ano passado.

E duas novas chamadas para a seção Lido

Campanha de aniversário do ClyBlog.
Aqui, alguns dos banners



Em 2022, depois de muito tempo criamos nosso logo para seção de tirinhas.
Tirinhas qualquer um tem, mas clytOOn, só o ClyBlog.

No ano que passou, chegamos à octagésima centésima publicação da seção Cotidianas e
para a ocasião especial, "roupa" especial.

Logo do ClyBlog para a Copa do Mundo feminina, disputada na Autrália e  Nova Zelândia,
usado nas postagens relacionadas a futebol e ao torneio.

Dentro do Clyblog, se tem um logo que está sempre mudando é o do ClyArt.
Ele se molda conforme a arte, o artista, a exposição,
e aí vão algumas mostras dessa constante mutação.


O próprio logo do blog é inquieto, dinâmico, variável e, volta e meia,
apresenta um visual diferente.

Ano anos dos nossos 15, não poderíamos deixar de ter um logo especial de aniversário que, 
é claro, também adquiriu variações e se incorporou às marcas das seções do blog.


Por fim, o vídeo comemorativo dos 15 anos do ClyBlog,
repassando todos os logos de aniversário já feitos até então.
Vamos firmes para os dezesseis!



C.R. e D.R.




terça-feira, 31 de agosto de 2010

cotidianas #45 - Favela



Numa vasta extensão
Onde não há plantação
Nem ninguém morando lá
Cada um pobre que passa por ali
Só pensa em construir ser lar
E quando o primeiro começa
Os outros, depressa, procuram marcar
Seu pedacinho de terra pra morar


E assim a região sofre modificação
Fica sendo chamada de nova aquarela
E aí que o lugar então passa a se chamar
Favela.

******************
Favela
(Padeirinho da Mangueira e Jorginho Pessanha)

Ouça:
Jards Macalé Favela

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Música da Cabeça - PROGRAMA ESPECIAL Nº 200

 

O q ele faz é música, mas é também arte visual, performance, cinema e teatro. "Tudo" é o que melhor define um dos artistas mais criativos e inquietos da nossa cultura: Jards Macalé, que é o entrevista do MDC ESPECIAL nº 200. No quadro "Uma Palavra", Macau nos fala sobre sua arte, suas memórias, suas percepções e sua postura diante do Brasil e do mundo. Imperdível o programa hoje, 21h, na maldita Rádio Elétrica. Produção, apresentação e negras melodias: Daniel Rodrigues. (E sem esquecer: #ForaBolsonaro)


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Música da Cabeça - Programa #118


O violão de João se calou, mas no Música da Cabeça a nossa obrigação é manter as notas em constante vibração. E vai ter muita música de qualidade para dignificar o mestre no programa. Confere só: Renato Russo, The Breeders, Jards Macalé, Led Zeppelin, Tom Jobim e mais. Além dos quadros fixos “Música de Fato” e “Palavra, Lê”, ainda o móvel “Cabeça dos Outros”, que vai destacar a clássica banda Jethro Tull. Tudo isso no MDC de hoje, às 21h, pelos acordes dissonantes da Rádio Elétrica. Produção, apresentação, cantinho e violão: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Cauby Peixoto e Ângela Maria - Teatro do SESI - Porto Alegre/RS (30/05/2014)


Duas lendas vivas da música brasileira,
juntas no palco
Dos grandes artistas nacionais, já vi quase todos ao vivo. Caetano VelosoGilberto GilJorge BenChico BuarqueJards MacaléMilton NascimentoPaulinho da ViolaTom ZéRoberto Carlos, Naná Vasconcelos. Faltam-me ainda João Bosco, Luiz Melodia, Gal CostaErasmo CarlosMaria Bethânia, Edu Lobo e, claro, o confinado João Gilberto. Tendo em vista que estão em carreira desde os anos 50 e 60 a maioria, bem como pelo avançado de suas idades, minha lógica é: “não posso deixar de vê-los, pois em breve não estarão mais aqui para cantar”. Tom Jobim foi-me um caso. É fato, infelizmente.

Então, o que dizer de Cauby Peixoto e Ângela Maria? Ela, 85 anos; ele, avançadíssimos 87. Ambos surgidos na era da Rádio Nacional, anos 40, talhados nos cabarés da vida, ícones de uma época que, em breve, vai morrer com eles. Quer dizer: a oportunidade de vê-los, e juntos, fosse como fosse o espetáculo, valia a pena. Pois estávamos lá, para não perder essa chance, Leocádia Costa e eu, talvez os mais novos da plateia, visto que quase ninguém tinha menos de 50 primaveras ali – uma triste mas natural constatação.

A observação de “fosse como fosse” é proposital, pois há uma semana o show havia sido adiado por conta de problemas de saúde de Cauby. Até por conta disso, confesso que não esperava grandes performances. Imaginava, sim, ver Ângela, na minha ideia, um pouco melhor, segurando as pontas, enquanto a ele caberia apenas uma participação “meia-boca”, mais para justificar que estava ali, que o mito ainda existia. Já serviria. Mas, para minha surpresa, abrem-se as cortinas vermelho-rubro do teatro e quem começa cantando? Cauby Peixoto. Os movimentos elegantemente bregas e insinuantes que o Brasil se acostumou a ver nos shows e na TV, esqueça. Quem aparece no palco é um idoso vestido a seu estilo: blazer de linho branco, camisa de sede, calças pretas perfeitamente cortadas, sapatos lustrosíssimos, gravata borboleta e peruca cacheada. Mas sentado, sem forças para levantar um instante sequer, certamente colocado ali com ajuda de outros. Mas e a voz? Igual. Impressionantemente igual. E mais impressionante ainda: bem projetada, principalmente considerando que estava cantando sentado! O mesmo timbre grave e aveludado, a mesma interpretação sensual e treinadamente variante. Um fenômeno e ao mesmo tempo um contraste imenso com aquela figura decrépita cuja bizarrice se adensava pela tradicional pinta de dândi andrógeno.

Outra surpresa: por incrível que pareça era Ângela Maria quem, mesmo de pé (e sem precisar ler nenhuma letra, bem me observou Leocádia), mais sofrera com o tempo e a idade, tendo em vista que fraquejou em alguns lances nos tons médios, prejudicados pela falta de alcance das cordas vocais e pela rouquidão característica (peculiaridade que, entretanto, continua lhe emprestando charme e estilo). O que não quer dizer que também não tenha dado um verdadeiro espetáculo. Nossa, que cantora ela ainda é! Em “Babalu”, clássico de Lecuonda imortalizado em sua voz, ela solta um agudo que se estende por uns bons 40 segundos sem baixar a frequência! Intérprete na mais correta acepção, ela cantou lindamente obras que ganham força e expressividade especial em sua boca, como “Se Não for Amor” (Benito Di Paula) e “O Portão”, de Roberto e Erasmo, que emocionou a todos. Uma verdadeira diva.
Cauby sentado, debilitado fisicamente mas com a voz impecável,.
Já a voz de ângela começa a sofrer os efeitos do tempo.

Os duos e “tabelinhas” foram outro ponto alto. A abertura traz Cauby lamentando “Chove lá fora”, logo emendada por “Noite chuvosa”, com Ângela nos vocais. Como veteranos acostumados a entreter as plateias, conquistaram o coração do público com standarts como Vida de Bailarina”, “A Pérola e o Rubi”, “De Volta Pro Aconchego e “Tres Palabras”. Quando já estavam todos contagiados, eles, sem deixar a bola cair, vieram com uma homenagem a Lupicínio Rodrigues. Aí a gauchada bairrista veio abaixo! Não precisa nem dizer que as interpretações carregadas de emoção e teatralidade de Ângela para “Nunca” e “Vingança” foram de dar dor de cotovelo em qualquer um.

Não faltaram os clássicos, obviamente. Ângela sensibilizou os viventes com um duo de “Gente Humilde” e, em seguida, na mesma vibe, “Ave Maria no Morro”. Cauby, por sua vez, mandou ver com “Granada”, “You’ll never know” (num inglês indefectível) e numa curta mas competente execução de seu maior sucesso, “Conceição”. Porém ele arrepiou este que vos fala em “Bastidores”, verdadeira tradução da alma mundano-boêmia desse artista feita por Chico Buarque em homenagem ao ídolo. E que emocionante ouvi-lo dizer ali, naquela situação, sentado, provavelmente em seus últimos dias de palco: “Cantei, cantei/ Como é cruel cantar assim...”. Os versos parecem ter uma significância ainda mais ampla a quem, como Cauby e Ângela, artistas de verdade, morrerão ali, junto do público, pois suas vidas foram desde sempre dedicadas à arte.

O bis foi ainda mais emocionante, quando a dupla trouxe “Carinhoso”, fazendo toda a plateia cantar. O desfecho foi com outra de Roberto, “Como é grande o meu amor por você”. E por falar em plateia, um registro que considero importantíssimo: um público nota 10. Vibrante com o show, calado durante as execuções, pedindo músicas, cantando quando chamado, mandando mensagens de carinho nos intervalos entre os números. Eu, que assisti ano passado neste mesmo teatro aos shows de Milton e Gil, constato que o proto-cult público jovem-adulto porto-alegrense, blasé e entojado, não é capaz de fazer isso. Pois, por incrível que pareça, é a terceira idade que se permite a essa a interação e, mais do que isso, demonstração pública de sentimento. Emocionei-me várias vezes junto com eles, como um bom velhinho de 75, 85, 95 anos (pois é: tinha uma senhora perto de nós com essa idade...).

Ao final, 3 minutos de aplausos. Chico estava certo quando disse que todo o cabaré aplaudira de pé quando chegaram ao fim. Eu vi – e aplaudi junto. Muito provável que esse tenha sido o último show tanto de um quanto de outro em Porto Alegre. Quiçá, a última turnê. Mas as palmas seguirão ecoando na boa acústica das casas de espetáculo ou na péssima dos night clubs da zona. Não importa, continuarão ecoando. Permito-me a uma leve correção ao que outro compositor disse ao também homenagear o cantor: “Cauby, Cauby!”. Estendo, com todas as honras, as salvas de Caetano a ela também: “Ângela, Ângela!”.

Os mitos nunca morrerão.






quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Gal Costa - "Cantar" (1974)


Canto, Recanto

"Gal é uma das grandes
personalidades da nossa história.
As Dunas da Gal, o Vapor Barato, ‘a mulher mais elegante do Brasil’
(no dizer de Danuza Leão na época),
Baby, Divino Maravilhoso, Índia:
todo um mundo brasileiro do qual
não podemos abrir mão
se quisermos ser o que devemos ser."
Caetano Veloso



Caetano Veloso é, como todos sabem, irmão de Maria Bethânia. Mas sua ligação e sinergia musicais com Gal Costa talvez sejam até maiores do que com a cosanguínea. Baiana como ele, poucos anos mais nova mas da mesma geração, foi com Gal que o cantor e compositor gravou seu primeiro disco, “Domingo”, de 1966 – embora o elo, inclusive familiar, já viesse de antes. Além disso, no entanto, foi Gal quem, embarcada com os dois pés no Tropicalismo liderado por ele e Gilberto Gil na segunda metade dos anos 60, manteve acesa a explosão transgressora e criativa aberta pelos tropicalistas quando do exílio da dupla em Londres de 1969 a 1972. Ao contrário de Bethânia – que sempre soube seguir o seu caminho fugindo ao máximo das rotulações e estereótipos –, Gal por escolha não só segurou a barra enquanto única remanescente da formação original da Tropicália durante os anos de chumbo da Ditadura como, mais ainda, avançou a MPB em todos os sentidos, da confluência de estilos e referências (objetivo-fim tropicalista) a, obviamente, sua própria arte maior: a técnica do canto.

Não se começou a falar em Caetano Veloso num texto sobre Gal Costa à toa. Como aconteceria no espetacular "Recanto" – disco de 2012 cujo diálogo estreito com este forma um díptico de 38 anos de ínterim –, é o quase-irmão Caetano quem dá o tom do “cantar” de Gal. Produzido por ele em parceria com outro mestre da retaguarda tropicalista, Perinho Albuquerque, é um disco totalmente maduro da talentosa cantora, já deixando a extravagante e raivosa Gal do início da Tropicália um pouco para trás. Aqui, ela está dona de si, de seu conceito como artista e do posto de maior cantora de seu tempo ao lado de Elis Regina, também no auge à época. E Caetano, dirigindo um projeto para ela pela primeira vez (até então haviam exercido tal função Wally Salomão, Jards MacaléRogério Duprat e Guilherme Araújo), é um pouco responsável por esse amadurecimento.

Desfilam pelo disco músicos de primeira linha, como o genial João Donato, o mestre da raça Gil, o “Clube da Esquina” Noveli, o baterista Tuty Moreno e, claro, os próprios Perinho e Caetano. O resultado é um álbum resplandecente, florido como sugere a belíssima arte forjada pelo artista visual Rogério Duarte. A contestação de “Divino, maravilhoso”, a fúria de “Eu sou terrível”, a psicodelia de “Dê um role” ou a estridência de “Meu nome é Gal”, agora, refazem-se, remolduram-se. Estão ali, porém sob outro olhar. Um sopro de pólen colorido no negror dos anos de chumbo.

O começo não é nem um desabroche: é a flor já em pleno estado de vida. “Barato Total”, hit do álbum, é das melhores músicas de Gilberto Gil cujo presente não se encerra somente no fato de este tê-la dado especialmente para a amiga. Gil também empunha o violão durante a faixa, e Gil ao violão sabe-se como é, né? Além de sua altíssima técnica que une a batida de João Gilberto ao ritmo frenético do rock – e mais o congado, o maxixe, o jazz e o baião –, o grande compositor simplesmente arrasa nas cordas, sustentando a melodia num toque swingado e cheio. É tão intenso que, na regravação feita por Gal com a Nação Zumbi, em 2004 (também produzida por Caetano), bastou à banda traduzir para os tambores pernambucanos a batida de violão de Gil. A letra traz, já na abertura do disco, a mesma ideia de ressaltar a beleza da vida para além de toda a situação política e moral do país: “Quando a gente tá contente/ Tanto faz o quente, tanto faz o frio, tanto faz”. E finaliza, numa exclamação: “Quando a gente tá contente/ Nem pensar que está contente a gente quer/ Nem pensar a gente quer, a gente quer/ A gente quer, a gente quer é viver”.

Como todo grande disco, “Cantar” larga com uma de encher os olhos. O que virá a seguir superará ou se equiparará? Pois o lirismo da cantora estava realmente germinado. Ela arrebenta na interpretação da clássica “A Rã”. É a primeira das quatro de autoria de Caetano no disco, e justo uma em parceria com outro personagem fundamental desta obra: João Donato. Ele, além desta, assina o arranjo da canção de ninar que finaliza o disco, “Chululu” (de autoria da mãe de Gal, Mariah Costa, que costumava cantá-la para a filha na infância), e de outras duas: “Até quem Sabe”, só piano e voz, lindíssima e altamente erudita; e “Flor de Maracujá”, um soul funkeado ao estilo de “A Bed Donato” (referencial álbum gravado pelo acreano nos Estados Unidos em 1970). Esta, última do lado A do vinil, dialoga maravilhosamente com a primeira da segunda face: “Flor do Cerrado”, que, assim como “Barato Total” é das melhores composições de Gil não gravadas por si próprio, também é das mais belas de Caetano nunca registradas por ele mesmo. Letra de poesia caetaneana, vocal cristalino de Gal e uma rica incursão do autor contracantando “Garota de Ipanema”, de Tom e Vinícius. No refrão, ainda, Gal, afinadíssima, executa um portamento de notas muito bonito e técnico, subindo gradualmente até finalizar lá em cima da escala na última palavra: “Mas da próxima vez que eu for a Brasília/ Eu trago uma flor do cerrado pra você”.

Antes, entretanto, o primeiro lado ainda guarda duas ótimas faixas. Lua, lua, lua, lua”, mais uma de Caê, que, junto com outra que vem mais adiante, “Joia” (um espetacular trabalho de percussões africanas e piano monotonal que antecipa trabalhos de Caetano de 1997 e 2000, “Livro” e “Noites do Norte”, respectivamente, quando ele aproxima a vanguarda erudita às raízes da África), foram gravadas por Gal um ano antes do próprio usá-las no seu disco – por sinal, intitulado “Joia”. E diferentemente da versão barroca que gravaria para si, “Lua...” traz um elemento interessantíssimo: sob a voz dela, Caetano exercita uma espécie de beat-box, expediente que o mesmo se valera na concepção da trilha sonora do filme “São Bernardo”, dois anos antes, encomendada pelo cineasta Leon Hirszman a ele quando ainda no exílio.

A outra maravilha que completa a primeira parte de “Cantar” é “Canção que morre no ar”, clássico da bossa-nova de Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli, somente com a voz e um apaixonante e ornado arranjo de cordas de Perinho e regência de Mário Tavares. Aqui, Gal encarna Billi Holliday acompanhada da orquestra de Ray Ellis em "Lady in Satin"; Ella Fitzgerald conduzida pela batuta de Nelson Riddle em “Sings the George and Ira Gershwin Songbook”; ou Dalva de Oliveira com o conjunto sinfônico de Roberto Inglez. Gal está jazzística e lírica em seu timbre de soprano. A letra faz uma fusão entre as atmosferas lunar e flórea do disco como um todo: “O mundo é sempre amor/ O pranto que desliza/ No seio de uma flor/ É a luz lá do céu”.

Também síntese do álbum é “O Céu e o Som”, do cantor, compositor e poeta Péricles Cavalcanti. Ritmada e gostosa, contrapõe cantos entre ela e um coro masculino (que desconfio seriamente serem Os Golden Boys, embora não haja crédito disso). “Cantar, cantar/ Há uma asa na alma no ar/ Me ensina a cantar, amor”. E, lá pelas tantas, perguntam retoricamente: “Quem foi que disse que a mulher não voa?” Voa, sim.

Tanto voa que, antes de terminar o disco, Gal faz o ouvinte levitar no sensualíssimo jazz “Lágrimas Negras”, composição de Jorge Mautner e Nelson Jacobina. Das melhores do álbum, sua cadência suave remete (e serve muito bem para isso, diga-se de passagem) ao momento de uma transa embalada ao ritmo da guitarra-ponto dedilhada por Perinho. E quando Gal, diz, num compasso hiper sexy: “E você, baby, vai, vem, vai...”, é de arrepiar até o tal “astronauta da saudade” mencionado na letra!

“Cantar” gerou um show que não foi bem recebido pelo público por ser taxado de “muito suave”, contrastando com a imagem forte que a cantora criara a partir do movimento tropicalista. À época, bom que se lembre, artistas de sucesso como ela eram exigidos pela opinião pública burra de permanente e abertamente lutarem contra a Ditadura na concepção de suas obras. Queriam canções de protesto, não arte. Uma bobagem tamanha, uma vez que a premissa do artista é exatamente a liberdade tão desejada por estes que os retalhavam. Afora isso, visto noutro enfoque, há formas distintas de se lutar e se engajar sem necessariamente bater de frente com a força bruta – e sair perdendo, como geralmente acontece. Foi o que Gil e Caetano, enquanto tropicalistas como ela, fizeram a seu modo. E venceram. Hoje, completando 40 anos de seu lançamento, “Cantar” é um trabalho de uma riqueza descomunal que tem ainda muito a se revelar e cuja participação destes protagonistas foi fundamental. Uma flor que não morreu e ainda colore o jardim de quem entende que “o caminho do céu” está “no caminho do som”. Gal nos ensina a cantar e voar.

"Barato Total" - Gal Costa



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FAIXAS:

1. Barato Total (Gilberto Gil) - 3:48
2. A Rã (Caetano Veloso, João Donato) - 3:52
3. Lua, Lua, Lua, Lua (Veloso) - 3:02
4. Canção que Morre no Ar (Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli) - 1:50
5. Flor de Maracujá (Veloso/Lysias Ênio) - 2:56
6. Flor do Cerrado (Veloso – música incidental: “Garota de Ipanema”, Tom/Vinicius) - 3:13
7. Joia (Veloso) - 3:24
8. Até Quem Sabe (Ênio/Donato) - 3:39
9. O Céu e o Som (Péricles Cavalcanti) - 3:00
10. Lágrimas Negras (Jorge Mautner/Nelson Jacobina) - 3:31
11. Chululu (Mariah Costa) - 0:56
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Ouça: