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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Ratos de Porão - Bar Opinião - Porto Alegre/RS (11/11/13)



foto: Lucio Agacê
Nunca tinha assistido ao Ratos de Porão ao vivo. Devia isso pra mim mesmo. Do rock nacional já tinha visto shows de quase todos que considero importantes: Titãs (Arnaldo Antunes e Nando Reis, além do Marcelo Frommer ainda vivo), Camisa de VênusParalamas do Sucesso, Fausto Fawcett, De Falla, Replicantes.Até Humberto Gassinger (sem Engenheiros do Hawaii, mas tocando músicas da banda) eu vi. Legião Urbana que fazia pouco show, ainda mais aqui no Sul, não deu pra ver (quando ia fazê-lo, Renato Russo morreu). Por isso, dos grandes do rock brasileiro faltava-me, de fato, o Ratos. Os caras que inventaram (isso mesmo: sem aspas!) o que pode ser chamado de metal-core antes de qualquer outra banda gringa; o grupo criador de discos essenciais como “Crucificados pelo Sistema”, “Descanse em Paz” e “Brasil”; os desbravadores, no Brasil, de uma malvista e desvalorizada, porém riquíssima, cena juvenil chamada punk junto com Olho Seco, Cólera, Inocentes, Garotos Podres, Lobotomia e outros; os verdadeiros cronistas suburbanos de um Brasil que insiste em ser desigual e decadente desde que eles surgiram, há mais de 30 anos, e bem antes disso; a primeira banda a levar, junto com o Sepultura, o rock nacional pro exterior a custas de muito esbravejo e porrada. Faltava o Ratos a mim.
Faltava.
Depois de mais de um ano me penalizando por não estar na cidade para assisti-los em 2012, quando estiveram em Porto Alegre depois de um bom tempo sem virem, pude, enfim, presenciar João Gordo & cia. “destruírem” o Opinião no projeto 2ª Maluca, da Rei Magro Produções. Showzasso! Gordo, muito a fim de tocar e à vontade com um público verdadeiramente amante da banda, subiu no palco com a gana de realmente fazer um grande show. Com Jão, esmerilhando na guitarra, Juninho, super bem no baixo, e Boka, sempre destruidor na bateria, não foi diferente. O show teve aproximadamente 1 hora e 10 minutos, o que, para uma banda como o RDP, que tem faixas até de 17 segundos, (como “Caos”, que tive o prazer de ouvi-los tocar: “Esse mundo é um caos/ Essa vida é um caos/ Caaaaaos!"), esse tempo todo dá pra executar um monte de coisa. E foi assim, repleto de “crássicos” que incendiaram a roda de pogo.
foto: Lucio Agacê
Eles mandaram ver com “Agressão/Repressão”, “Crianças sem Futuro”, “Aids, Pop, Repressão”, “Sentir Ódio e Nada Mais”, “Realidades da Guerra”, entre outras. Só as foda! “Mad Society”, de uma fase já “madura” dos caras e das minhas preferidas, veio num arranjo super legal junto com “Morrer”, das antigonas. “Sofrer”, das mais conhecidas, claro, enlouqueceu a galera, assim como a versão deles de “Buracos Suburbanos”, da Psykóze, outra memorável do punk rock brazuca. Teve ainda as imortais “Crucificados pelo Sistema” e “Beber até Morrer” - música que, há 25 anos, nos faz pensar se não é, de fato, esta a solução num país, à época da composição, de Plano Cruzado e inflação galopante e, hoje, de Bolsa Família e Mensalão... 
Mas pra pirar mesmo o público de fé que foi lá naquela noite do dia mais chuvoso na cidade em um século (!), o Ratos presenteou-nos com uma execução do clássico do rock gaúcho (quando este ainda era bom pra caralho): “O Dotadão Deve Morrer", d’Os Cascavelletes. Ao seu estilo, tal como gravaram em 1995 no álbum “Feijoada Acidente - Brasil”, ou seja, menos rockabilly e mais hardcore, a banda fez o Opinião vir abaixo, ainda mais no refrão, entoado por toda a plateia - inclusive este que vos fala. Gordo cantava: “Hey, rapazes/ Esse cara deve morrer”, e nós respondíamos em coro: “Deve morrer, deve morrer, deve morrer!”. De arrepiar!
Pra fechar, outro clássico cantado por todos: “FMI” (“O FM’ê’ não está nem a’ê’...”). Como se não bastasse a felicidade de minha realização de, finalmente, assistir ao RDP ao vivo, ainda pude fazê-lo ao lado de meu primo-brother e colaborador deste blog, Lucio Agacê, justamente quem, em meados dos anos 80, mostrou pra mim esta que é, certamente, a maior banda brasileira em atividade hoje. E será que não foi sempre?



fotos: Lucio Agacê


quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2023

 



Rita e Sakamoto nos deixaram esse ano
mas seus ÁLBUNS permanecem e serão sempre
FUNDAMENTAIS
Chegou a hora da nossa recapitulação anual dos discos que integram nossa ilustríssima lista de ÁLBUNS FUNDAMENTAIS e dos que chegaram, este ano, para se juntar a eles.

Foi o ano em que nosso blog soprou 15 velinhas e por isso, tivemos uma série de participações especiais que abrilhantaram ainda mais nossa seção e trouxeram algumas novidades para nossa lista de honra, como o ingresso do primeiro argentino na nossa seleção, Charly Garcia, lembrado na resenha do convidado Roberto Sulzbach. Já o convidado João Marcelo Heinz, não quis nem saber e, por conta dos 15 anos, tascou logo 15 álbuns de uma vez só, no Super-ÁLBUNS FUNDAMENTAIS de aniversário. Mas como cereja do bolo dos nossos 15 anos, tivemos a participação especialíssima do incrível André Abujamra, músico, ator, produtor, multi-instrumentista, que nos deu a honra de uma resenha sua sobre um álbum não menos especial, "Simple Pleasures", de Bobby McFerrin.

Esse aniversário foi demais, hein!

Na nossa contagem, entre os países, os Estados Unidos continuam folgados à frente, enquanto na segunda posição, os brasileiros mantém boa distância dos ingleses; entre os artistas, a ordem das coisas se reestabelece e os dois nomes mais influentes da música mundial voltam a ocupar as primeiras posições: Beatles e Kraftwerk, lá na frente, respectivamente. Enquanto isso, no Brasil, os baianos Caetano e Gil, seguem firmes na primeira e segunda colocação, mesmo com Chico tendo marcado mais um numa tabelinha mística com o grande Edu Lobo. Entre os anos que mais nos proporcionaram grandes obras, o ano de 1986 continua à frente, embora os anos 70 permaneçam inabaláveis em sua liderança entre as décadas.

No ano em que perdemos o Ryuichi Sakamoto e Rita Lee, não podiam faltar mais discos deles na nossa lista e a rainha do rock brasuca, não deixou por menos e mandou logo dois. Se temos perdas, por outro lado, celebramos a vida e a genialidade de grandes nomes como Jards Macalé que completou 80 anos e, por sinal, colocou mais um disco entre os nossos grandes. E falando em datas, se "Let's Get It On", de Marvin Gaye entra na nossa listagem ostentando seus marcantes 50 anos de lançamento, o estreante Xande de Pilares, coloca um disco entre os fundamentais logo no seu ano de lançamento. Pode isso? Claro que pode! Discos não tem data, música não tem idade, artistas não morrem... É por isso que nos entregam álbuns que são verdadeiramente fundamentais.
Vamos ver, então, como foram as coisas, em números, em 2023, o ano dos 15 anos do clyblog:


*************


PLACAR POR ARTISTA (INTERNACIONAL)

  • The Beatles: 7 álbuns
  • Kraftwerk: 6 álbuns
  • David Bowie, Rolling Sones, Pink Floyd, Miles Davis, John Coltrane, John Cale*  **, e Wayne Shorter***: 5 álbuns cada
  • Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Bob Dylan e Lee Morgan: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, Van Morrison, R.E.M., Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden , U2, Philip Glass, Lou Reed**, e Herbie Hancock***: 3 álbuns cada
  • Björk, Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Dexter Gordon, Philip Glass, PJ Harvey, Rage Against Machine, Body Count, Suzanne Vega, Beastie Boys, Ride, Faith No More, McCoy Tyner, Vince Guaraldi, Grant Green, Santana, Ryuichi Sakamoto, Marvin Gaye e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"

**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"

*** contando o álbum "Five Star', do V.S.O.P.



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 7 álbuns*
  • Gilberto Gil: * **: 6 álbuns
  • Jorge Ben e Chico Buarque ++: 5 álbuns **
  • Tim Maia, Rita Lee, Legião Urbana, Chico Buarque,  e João Gilberto*  ****, e Milton Nascimento*****: 4 álbuns
  • Gal Costa, Titãs, Paulinho da Viola, Engenheiros do Hawaii e Tom Jobim +: 3 álbuns cada
  • João Bosco, Lobão, João Donato, Emílio Santiago, Jards Macalé, Elis Regina, Edu Lobo+, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Ratos de Porão, Roberto Carlos, Sepultura e Baden Powell*** : todos com 2 álbuns 


*contando com o álbum "Brasil", com João Gilberto, Maria Bethânia e Gilberto Gil

**contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"

*** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"

**** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto"

***** contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"

+ contando com o álbum "Edu & Tom/ Tom & Edu"

++ contando com o álbum "O Grande Circo Místico"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 121
  • anos 60: 100
  • anos 70: 160
  • anos 80: 139
  • anos 90: 102
  • anos 2000: 18
  • anos 2010: 16
  • anos 2020: 3


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 24 álbuns
  • 1977 e 1972: 20 álbuns
  • 1969 e 1976: 19 álbuns
  • 1970: 18 álbuns
  • 1968, 1971, 1973, 1979, 1985 e 1992: 17 álbuns
  • 1967, 1971 e 1975: 16 álbuns cada
  • 1980, 1983 e 1991: 15 álbuns cada
  • 1965 e 1988: 14 álbuns
  • 1987, 1989 e 1994: 13 álbuns
  • 1990: 12 álbuns
  • 1964, 1966, 1978: 11 álbuns cada



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 211 obras de artistas*
  • Brasil: 159 obras
  • Inglaterra: 126 obras
  • Alemanha: 11 obras
  • Irlanda: 7 obras
  • Canadá: 5 obras
  • Escócia: 4 obras
  • Islândia, País de Gales, Jamaica, México: 3 obras
  • Austrália e Japão: 2 cada
  • Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola, Nigéria, Argentina e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de países diferentes, conta um para cada)

domingo, 9 de janeiro de 2022

DOSSIÊ ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2021




O velho Wayne de olho no trono dos Beatles
Chegou a hora da verdade! A hora dos número. Mais um ano se foi e é chegada a hora de fazer aquele habitual levantamento dos álbuns que entraram para a seleta galeria dos Fundamentais do Clyblog. Lembrando sempre que, na verdade, a seção não tem por objetivo promover disputa ou qualquer tipo de comparação entre artistas e obras, mas a gente mesmo fica curioso para saber quais as marcas e quantitativos e aí, então, levantamos e, em forma de ranking, passamos para vocês. 

2021 foi o ano do jazz nos ÁLBUNS FUNDAMENTAISÁLBUNS. Das 29 obras destacas na nossa seção de discos, 11 foram do refinado estilo norte-americano. Se aproveitando desse predomínio, neste período, o craque Wayne Shorter encostou definitivamente no pessoal de cima. Ainda não alcançou os Beatles, que continuam liderando, mas, junto com seu companheiro de sopro, Miles Davis, que também chegou nas cabeças, já começam a botar uma certa pressão nos rapazes de Liverpool. A propósito da Terra da Rainha, curiosamente no último ano, não tivemos NENHUM artista britânico teve discos incluídos na nossa seção. as ações ficaram basicamente divididas entre norte-americanos e brasileiros, com destaque para o primeiro japonês na lista, o versátil Ryuichi Sakamoto.

No que diz respeito aos brasileiros, Caetano Veloso que dividia a liderança com Jorge Ben, agora toma a frente isoladamente por conta pela participação no disco "Brasil", com João Gilberto, Bethânia e Gilberto Gil. Mas  a disputa está tão apertada quanto no internacional e qualquer disco aqui, disco ali, no ano que chega, pode mudar o panorama.

Entre as décadas com mais obras mencionadas, os anos 70 continuam imbatíveis, embora o ano que aparece mais vezes seja o de 1986. Chama atenção que cada vez mais é inevitável que seja reconhecida a qualidade e se projete a relevância de trabalhos recentes, o que faz com que venham aparecendo com mais frequência, em maior número e cada vez mais fresquinhos, como foi o caso do recém lançado "Carnivore", do Body Count, que mal nasceu  e já figura entre os melhores.

Então, vamos aos números que é o que interessa. Chegou a hora da verdade!


  • The Beatles: 6 álbuns
  • David Bowie, Kraftwerk, Rolling Sones, Pink Floyd, Miles Davis e Wayne Shorter: 5 álbuns cada
  • Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Bob Dylan, John Coltrane e John Cale*  **: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, Van Morrison, R.E.M., Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden, Lee Morgan e Lou Reed**: 3 álbuns cada
  • Björk, Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Herbie Hancock, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, U2, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Dexter Gordon, Philip Glass, Body Count, Faith No More, McCoy Tyner, Vince Guaraldi, Grant Green e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"
**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 6 álbuns*
  • Jorge Ben: 5 álbuns **
  • Gilberto Gil*  **: 5 álbuns
  • Tim Maia e Chico Buarque: 4 álbuns
  • Gal Costa, Legião Urbana, Titãs, Engenheiros do Hawaii e João Gilberto*  ****: 3 álbuns cada
  • Baden Powell**, João Bosco, Lobão, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Paulinho da Viola, Ratos de Porão, Roberto Carlos, Sepultura e Milton Nascimento**** : todos com 2 álbuns 

*contando com o álbum "Brasil", com João Gilberto, Maria Bethânia e Gilberto Gil
**contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"
*** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"
**** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto"
**** contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 19
  • anos 60: 96
  • anos 70: 138
  • anos 80: 116
  • anos 90: 89
  • anos 2000: 13
  • anos 2010: 15
  • anos 2020: 2


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 22 álbuns
  • 1977: 19 álbuns
  • 1969 e 1985: 17 álbuns
  • 1967, 1972, 1973 e 1976: 16 álbuns cada
  • 1968 ,1970 e 1991: 15 álbuns cada
  • 1971, 1979, 1980 e 1991: 14 álbuns
  • 1965, 1975 : 13 álbuns
  • 1965 e 1992: 12 álbuns cada
  • 1964, 1966, 1987,1989, 1990 e 1994: 11 álbuns cada
  • 1978: 10 álbuns



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 192 obras de artistas*
  • Brasil: 139 obras
  • Inglaterra: 114 obras
  • Alemanha: 9 obras
  • Irlanda: 6 obras
  • Canadá: 4 obras
  • Escócia: 4 obras
  • México, Austrália, Jamaica, Islândia, País de Gales: 2 cada
  • Japão, País de Gales, Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de páises diferentes, conta um para cada)

sábado, 19 de agosto de 2017

Kid Abelha e Os Abóboras Selvagens - "Educação Sentimental" (1985)


"A marca fundamental do nosso trabalho é a sinceridade.
Para mim o sucesso é ser perene."
Paula Toller



O Kid Abelha costuma ser uma banda pouco valorizada diante do papel importante que teve na música pop nacional dos anos 80 e que vem desempenhando desde então.
"Educação Sentimental " de 1985 pode ser colocado, sem medo, entre os grandes discos daquela rica safra oitentista brasileira que teve ali naquele mesmo momento obras como "Dois", "Cabeça Dinossauro", "Selvagem?", "O Rock Errou", entre outros.
Ainda com Leoni na banda, cantor, guitarrista e principal compositor, a banda, que na época ainda carregava o sobrenome de Os Abóboras Selvagens, evoluía daquele new wave incauto de seu primeiro trabalho, "Seu Espião" para algo mais maduro e consistente. Aliás, a trajetória da banda parece correr numa linha de tempo evolutiva na qual suas 'personagens' parecem ir amadurecendo com as relações, saindo das cartinhas de amor ("Alice..."), passando pela descoberta de como funcionam verdadeiramente os relacionamentos ("E agora você vai embora e eu não sei o que fazer..." ou "já conheci muita gente/ gostei de alguns garotos/ mas depois de você os outros são os outros"); entendendo o fim da puberdade e o salto para novas responsabilidades ("acabou a puberdade/ essa é a nossa casa e não a dos nossos pais"); chegando à triste realidade do desmoronamento da relação ("o nosso amor se transformou num 'bom dia"); e por fim, relaxando e deixando as coisas rolarem com discursos mais descontraídos a partir do disco "Iê, Iê, Iê". Assim, se as composições perdiam em qualidade após a saída de Leoni a partir do disco "Tomate", a perda era compensada com uma espécie de autenticidade conferida pelas interpretações de Paula Toller que incorporava aquela espécie de biografia musical traçada a pela banda.
"Educação Sentimental", embora não represente o auge da maturidade emocional dessa personagem feminina vivida pela voz de Paula Toller, configura-se no momento em que sua música encontra a melhor fórmula que, com mudanças, adequações e progressos, veio a tornar-se característica e marca do Kid Abelha. O título ainda que carregue a referência literária à obra de Gustave Flaubert, pode traduzir-se efetivamente muito no aprendizado que a vida traz para qualquer relacionamento afetivo que vivemos, e sua abordagem, às vezes um tanto inocente, parecendo mesmo até situar-se dentro de uma fase colegial, justificando ainda mais a sugestão de "didática" reforçada por títulos como "Garotos", "Uniformes" e as duas "Educação Sentimental".
Com um pop sem grandes arroubos ou virtuosismos mas muito limpo, bem produzido e preciso, o Kid Abelha e seus Abóboras Selvagens apresentavam um disco simples, enxuto porém com grande alcance popular, o que se confirmaria com o estouro de músicas como "Os Outros", "Lágrimas e Chuva", "Garotos" e "Fórmula do Amor".
 Produzido pelo mago dos estúdios no Brasil, Liminha, o disco conta com uma série de participações especiais qualificadas como a de Leo Gandelman que reforça a linha de metais; a de Roberto de Carvalho no piano; e de Léo Jaime, que dá uma canja em "Fórmula do Amor" devolvendo a gentileza da banda que participara em seu disco "Sessão da Tarde" na mesma canção.
"Lágrimas e Chuva" é um pop poderoso no qual a delicadeza da voz de Paula contrasta com a linha de metais impetuosa de Gandelman e George Israel; a romântica "Os Outros" chega a ser comovente na confissão da importância do ex-namorado na vida daquela garota; e a balada "Uniformes" é taciturna com seu saxofone choroso, letra tristonha e uma interpretação copiosa. A outra grande balada do disco "Garotos" expõe as fraquezas, defeitos e limitações dos rapazes nos relacionamentos, tendo merecido posteriormente de Leoni, em sua carreira solo, uma espécie de justificativa masculina. Ambas as partes de "Educação Sentimental" sendo a primeira cantada por Leoni, têm seu valor, mas a parte dois, composta em parceria com Herbert Vianna, é a que praticamente define o álbum com seus questionamentos e descobertas e um produto musical final mais bem acabado. Já "Conspiração Internacional", outra com vocal de Leoni, "Amor por Retribuição" e "Um Dia em Cem" destoam um pouco do restante mas não conseguem diminuir as virtudes do álbum como um todo.
Longe da capacidade aglutinadora de uma Legião, da revolução formal dos Titãs, da exploração sonora dos Paralamas, da irreverência do Ultraje, o Kid Abelha mesmo com um disco indiscutivelmente menor do que os mencionados escrevia com "Educação Sentimental" seu nome na página dos grandes discos brasileiros dos anos 80.
************************

FAIXAS:
1. Lágrimas e Chuva (4:33)
2. Educação Sentimental II (4:51)
3. Conspiração Internacional (3:55)
4. Os Outros (3:25)
5. Amor por Retribuíção (3:35)
6. Educação Sentimental (4:03)
7. Garotos (4:24)
8. Um Dia em Cem (3:23)
9. Uniformes (4:08)
10. A Fórmula do Amor (5:00)

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Ouça:


Cly Reis

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Legião Urbana - "Dois" (1986)


“Eu não falo porque quero salvar alguém. Eu falo porque gosto. Quem sou eu para salvar alguém? Eu é que tenho que me salvar!”

“Minha geração sempre foi tachada de vazia e idiota. Eu não podia fazer uma besteira.”
Renato Russo


Lembro que ganhei o “Dois” em cassete num Natal. O rock Brasil estava em plena efervescência, “Tempo Perdido” tinha estourado havia pouco tempo e todo mundo queria ter discos de Titãs, RPM, Legião. Pedimos de presente então, eu, o novo do Legião Urbana, e meu irmão, o “Selvagem?” dos Paralamas. Lembro que botamos a fita pra tocar, ali, ainda naquela noite. Iniciava com um ruído de sintonia radiofônica que passava brevemente por “Será”, como que anunciasse exatamente que ali estava uma continuação melhorada do bom álbum de estréia. E “Daniel na Cova dos Leões”, começava então, confirmando bem o refinamento e aperfeiçoamento em relação ao que haviam feito anteriormente, num rock preciso, intenso, numa composição forte claramente mais elaborada que os punks quase crus do disco anterior, com um final clássico com um piano cheio de dramaticidade.
“Quase sem Querer” que a seguia, apresentava uma faceta meio cancioneira que o público não conhecia até então dada a característica do disco anterior. Com um rock acústico de letra introspectiva e intimista Renato expunha sentimentos de tal forma que músicas como esta seriam fundamentais para consolidar a proximidade que o público viria a assumir a partir dali cada vez mais com a banda.
A terceira, “Acrilic On Canvas” tinha um arranjo duro, baixo, com vocal forçado nos graves. Tem como maior mérito o interessante paralelo, cheio de matáforas, entre uma desilusão amorosa e a concepção e pintura de um quadro. Talvez seja a mais amarga e dolorosa do disco.
Já a seguinte, “Eduardo e Mônica”, com sua levada acústica, foi sucesso imediato apesar de sua letra longa, sem refrão e sua historinha de amor. Meio piegas, meio breguinha, é verdade, mas provavelmente fora exatamente isto o que cativara tanto as pessoas. Uma história contada de forma objetiva e direta cheia de ternura e bom humor versando sobre pessoas comuns; comuns como nós.
“Central do Brasil” era um pequeno interlúdio; um lamento acústico, meio sertenejo, breve, servindo praticamente de entrada para um dos grandes hits da banda, “Tempo Perdido”, esta por sua vez, um dos maiores ‘hinos’ da Legião. Talvez seja a que tenha conquistado o público de vez e que tenha efetivamente impulsionado o disco e a popularidade do quarteto de Brasília. Forte, intensa, cheia de sentimento, “Tempo Perdido” mostrava uma levada bem próxima ao som do The Smiths, que na época era influência forte de Renato Russo, desde a sonoridade, passando pelo jeito de dançar no palco e pelas flores que carregava em shows e fotos, assim como Morrissey. Mas “Tempo Perdido” era mais que uma “imitação” de Smiths, era algo como um grito desesperado da juventude e Renato Russo aparecia como uma espécie de representante. Todos nos identificamos na época com Renato porque ele se colocava no nosso mesmo barco e lamentava o fato de que ainda éramos tão jovens e já havíamos perdido tanta coisa.
A seqüência do disco era destruidora com duas pancadas sonoras, “Metrópole” e “Plantas Embaixo do Aquário”, especialmente a primeira, um punk-rock agressivo no melhor estilo Aborto Elétrico.
Seguia então com “Música Urbana 2”, um blues acústico lamentoso e amargo que a seu modo resumia o dia-a-dia nas cidades grandes; e “Andréa Doria”, que vinha em seguida, funcionava como uma de gêmea de “Acrilic On Canvas”, apenas um pouco mais leve sonoramente mas tão triste, infeliz e com o coração tão partido quanto na outra.
“Fábrica”, a seguinte, também lembrava Smiths no som - mais de leve, mas lembrava -, e era uma das mais belas e emocionantes do disco com Renato novamente se colocando junto com a massa, exigindo justiça e elevando valores como honestidade, bondade, igualdade. Era uma espécie de Messias?
Mas seu 'messianismo' ainda estava por mostrar-se mesmo na última faixa, “Índios”, uma letra longa, difícil, construída a partir de uma anáfora cujo verso repetido passaria a ser emblemático para a banda: “quem me dera ao menos uma vez”. “Índios” era um canto de esperança e desesperança ao mesmo tempo, uma demonstração de inocência traída, um clamor de justiça, uma declaração de amor ao país e um pedido de algo em troca. E nós nos sentíamos aqueles índios. Nós éramos a partir de então os índios, e todos sabíamos disso.
Não à toa, a partir daí passou-se a chamar, informalmente e extraoficialmente, os fãs do Legião Urbana de “tribo” e a banda de A legião, como se aquilo tudo do que fazíamos parte fosse uma espécie de seita, de religião.
E era mais ou menos isso, e por incrível que pareça, hoje exatamente 14 anos depois da morte de Renato Russo, não é muito diferente. Já não somos mais crianças, já não somos mais tão jovens quanto o próprio Renato cantou, sabemos que não somos fiéis de ninguém e que essa coisa de líder messiânico é bobagem, mas, independentemente disso, A Legião Urbana, sobretudo na figura de seu líder, ainda preserva essa aura de ascendência sobre uma geração. A geração Coca-Cola.

Renato Russo era soropositivo desde 1989 e morreu em virtude complicações causadas pela AIDS em 11/10/1996.
***********************************
FAIXAS:
  1. "Daniel na Cova dos Leões" (Renato Russo/Renato Rocha) – 4:04
  2. "Quase Sem Querer" (Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha) – 4:42
  3. "Acrilic on Canvas" (Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/Marcelo Bonfá) – 4:43
  4. "Eduardo e Mônica" (Renato Russo) – 4:31
  5. "Central do Brasil" (Renato Russo) – 1:34
  6. "Tempo Perdido" (Renato Russo) – 5:03
  7. "Metrópole" (Renato Russo) – 2:42
  8. "Plantas Embaixo do Aquário" (Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/Marcelo Bonfá) – 2:53
  9. "Música Urbana 2" (Renato Russo) – 2:40
  10. "Andrea Doria" (Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá) – 4:53
  11. "Fábrica" (Renato Russo) – 4:55
  12. ""Índios"" (Renato Russo) – 4:17
* o formato cassete trazia ainda a faixa "Química" que depois vira a fazer parte do álbum seguinte, "Que País é Este".
*********************************
Ouça:
Legião Urbana Dois



Cly Reis

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

“Poesia Total”, de Waly Salomão – Ed. Companhia das Letras (2013)


Where's Waly?
por Leocádia Costa




“Nascer não é antes, não é ficar a ver navios,
Nascer é depois, é nadar após se afundar e se afogar...” 
Waly Salomão,
trecho do poema “Sargaços”


“Que o leitor, livre dos lugares-comuns, possa agora,
perambular livremente entre as falanges das máscaras que povoam
os libanos de sonho da mente régia de Waly Salomão,
um dos poetas mais originais e vigorosos do nosso tempo.” 
Antonio Cícero





            Cada vez que escuto uma canção ou sua voz falando verborragicamente sobre algum tema, paro. Ler não é a mesma coisa. Parece que a voz de Waly Salomão ou a sua poesia transformada em canção tem que estar no volume máximo. Assim, daquele jeito que o coração dispara, os olhos se fixam no interlocutor e a mente divaga.
         Sempre uma cena mágica abre-se com sua presença. Ora pela risada estrondosa, ora pelo seu porte de Rei Salomão. Lá de cima, com o limite cacheado dos cabelos, observa com muita acidez o que ocorre nas entrelinhas da sociedade. E não perdoa. Solta as palavras como leões ferozes, coreografados como se fossem um cardume infindável de peixes dançarinos em nossa frente, chamando a atenção, hipnotizando.
Waly sempre intenso,
escrevendo ou falando
       Confesso que o conheci por vias tortas. Explico. Custo a perceber as autorias, e olha que minha desatenção já foi pior. Só quando alguma composição me toca é que mergulho nos créditos, senão deixo um espaço livre para que as informações que valem a pena se fixem. Talvez uma forma de backup saudável em tempos que tudo interessa, tudo é cool, tudo deve ser fixado, aprendido numa mente que não pode ser ampliada com acréscimos de memória eletrônica. Afinal “A memória é uma ilha de edição”, não?
            Não soube da existência e paradeiro de Waly por muitos anos. Tempo demais, mas que me permitiu escutá-lo numa palestra em Porto Alegre na Usina do Gasômetro, junto com a minha irmã, em 1998. E lá estava Waly, ocupando um dos lugares na mesa, o homem das Artes múltiplas, dos dizeres não-óbvios, das filosofias vãs e das frases sem comprometimento com o dever de dizermos o que deve ser dito. Diga você o que quiser, mas escute também o que vier. Dali em diante prestei atenção nele. E descobri muito lentamente onde ele estava morando. Em quais espaços estava presente. Desde então sempre quis saber por “Onde estava o nosso Waly?” como se um mapa sinônimo da personagem Wally criado pelo ilustrador americano Martin Handford pudesse avistá-lo, numa terra à vista, em meio a tantos cacarecos desnecessários à essência humana. Afinal é fundamental selecionar o que queremos receber, privilegiar aquelas produções que sejam sintonizadas conosco, abrir espaço para aquilo que nos desacomoda. A vida sem desafios torna-se muito tediosa e improdutiva.
Waly era assim, desafiava a todos, começando por si próprio. Não poupava os seus compatriotas, não poupava sua nação de escutá-lo. Baiano, filho de Xangô e virginiano (“Eu deliro, mas tenho os pés no chão porque sou de virgem”) sempre esteve ligado aos coletivos.  Gostava de dizer: “Chega do papo furado de que o sonho acabou: A Vida é Sonho. A Vida é Sonho. A Vida é Sonho.” como um cale-se a quem dizia que o sonho havia acabado, gerando uma onda de baixa estima a tudo que fosse revolucionário. Irreverente, sempre. Múltiplo também. Porque dizer algo que não tenha um pouco de poesia, humor e sarcasmo misturados? De origem síria, não escondia suas raízes “estrangeiras”, mas também sua relação com essa pátria em que todos vivemos paridos pelo caos. Isso não o assombrava: o que seria diferença para outros, para ele era semelhança.
            Lemisnki dizia que Waly “se não chegou a se tornar tudo, foi muitas coisas”. Isso, claro, para a nossa sorte que bebemos um pouco de lucidez através da sua poesia. Entre 1970 e 2000, Waly atuou como poeta, ensaísta, letrista, articulador cultural, diretor de espetáculos, artista visual e homem público. Dirigiu entre outros o espetáculo “FA-TAL – Gal a todo vapor”; de Gal Costa, esteve na Direção da Fundação Gregório de Matos de Salvador e coordenou o Carnaval da Bahia. Seus poemas foram musicados por muitos artistas, entre eles: Caetano VelosoGilberto GilJards MacaléJoão Bosco e Adriana Calcanhoto.
            Depois de 11 anos da sua passagem, em 2003, a editora Companhia da Letras lançou com a bênção dos herdeiros a poesia completa de Waly, “Poesia Total”. Cada vez que a família de algum artista faz essa ação de compartilhar de forma organizada e acessível à obra de quem não pode mais decidir sobre publicações, sinto-me esperançosa. As publicações são formas de perpetuar a obra de um artista, daí meu agradecimento pela reunião da produção do artista.
            Ali estão os poemas e as reflexões de Waly. Minhas prediletas são os poemas que viraram canções: “Vapor Barato” com Gal; “Mal Secreto” com Jards; “Mel” e “Cobra Coral”, ambas na voz de Caetano Veloso; “Fábrica do Poema”, em homenagem à arquiteta italiana Lina Bo Bardi, a hipnótica “Pista de Dança” e a recente “Teu nome mais secreto”, todas na voz de Adriana Calcanhoto; “Zumbi (A Felicidade Guerreira)” e “Ganga Zumba (O Poder da Bugiganga)”, que encantam no filme “Quilombo”, na voz de Gil; a descontraída e pontual “Assaltaram a Gramática”, musicada por Lulu Santos e gravada por Paralamas do Sucesso; “Memória da Pele”, musicada e gravada por João Bosco e outros poemas dedicados em pura palavra-sentimento a Solange Farkas, in memoriam à Lygia Clarck e a Luiz Zerbini, além do amoroso poema “Mãe dos Filhos Peixes” a sua Yemanjá: Martha.
            Waly, diferente da personagem americana que tem em seu protagonista um jovem adolescente, cresceu. Ele que diz: “Tenho fome de me tornar em tudo que não sou”, porém soube ser muitos sendo um só. Amadureceu cedo demais. O poeta Alexei Bueno comenta uma obra de Waly, “Lábia, 1998”, sua retomada cortante e límpida com as palavras, mais adiante na resenha diz que está na sintaxe sua mais poderosa característica. Senão isso, talvez a clareza e a assertividade de pensamento fazem de Waly um poeta que nos deixa suspensos numa ponte pênsil a cada palavra dita. Em Desejo&Ecolalia, de 1995, ele diz: “O que é que você quer ser quando crescer? Poeta polifônico”. E foi assim que ele nos alcançou em meio ao caos pertinentes da mesma pátria em que vivemos.




O "Pocket Waly", apresentado na
60ª Feira do Livro de POA
            Ainda no ano passado, uma dupla de músicos, Thiago Pirajira e Ricardo Pavão, levaram sua poesia em canção em plena Feira do Livro de Porto Alegre – 60ª edição no “Pocket Waly”. A performance sonora misturava canções e dizeres de Waly e lotou a Tenda de Pasárgada, tradicional palco para apresentações montado durante a Feira. Waly estava ali cintilando de dourado e negro em meio aos violões e vozes. Podia ver-se Waly vestido num parangolé pamplona junto com Oiticica, enfeitado de muita sensibilidade e delicadezas que ele possuía igualmente a sua capa de devaneio concreto. Vivo.
           Se você nunca esbarrou na obra de Waly Salomão ou nem pensou em procurá-lo, mude de rota. Estabeleça uma meta e persiga-o incessantemente. Se conseguir alcançá-lo não desista nas primeiras leituras: siga sereno, mas constante. Leia, cante e diga em voz alta sua poesia. Aos brados retumbando suas frases você sentirá o que ele tinha internamente. Um vulcão prestes a explodir! E sabemos que as terras próximas aos vulcões são sempre as mais férteis, mas suas lavas podem queimar. Mesmo assim siga em frente, rompa essa fronteira. Se necessário queime-se, transforme-se. Vale a pena. 


Adriana Calcanhoto canta Waly






quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2020

 


Corre pro abraçaço, Caetano!
Você tá na liderança.

Como de costume, todo início de ano, organizamos os dados, ordenamos as informações e conferimos como vai indo a contagem dos nossos  ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, quem tem mais discos indicados, que país se destaca e tudo mais. Se 2020 não foi lá um grande ano, nós do Clyblog não podemos reclamar no que diz repsito a grandes discos que apareceram por aqui, ótimos textos e colaborações importantes. O mês do nosso aniversário por exemplo, agosto, teve um convidado para cada semana, destacando um disco diferente, fechando as comemorações com a primeira participação internacional no nosso blog, da escritora angolana Marta Santos, que nos apresentou o excelente disco de Elias Dya Kymuezu, "Elia", de 1969
A propósito de país estreante nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, no ano que passou tivemos também a inclusão de belgas (Front 242) e russos (Sergei Prokofiev) na nossa seleta lista que, por sinal, continua com a inabalável liderança dos norte-americanos, seguidos por brasileiros e ingleses. 
Também não há mudanças nas décadas, em que os anos 70 continuam mandando no pedaço; nem no que diz respeito aos anos, onde o de 1986 continua na frente mesmo sem ter marcado nenhum disco nessa última temporada, embora haja alguma movimentação na segunda colocação.
A principal modificação que se dá é na ponta da lista de discos nacionais, onde, pela primeira vez em muito tempo, Jorge Ben é desbancado da primeira posição por Caetano Veloso. Jorge até tem o mesmo número de álbuns que o baiano, mas leva a desvantagem de um deles ser em parceria com Gil e todos os de Caetano, serem "solo". Sinto, muito, Babulina. São as regras.
Na lista internacional, a liderança continua nas mãos dos Beatles, mas temos novidade na vice-liderança onde Pink Floyd se junta a David Bowie, Kraftwerk e Rolling Stones no segundo degrau do pódio. Mas é bom a galera da frente começar a ficar esperta porque Wayne Shorter vem correndo por fora e se aproxima perigosamente.
Destaques, de um modo geral, para Milton Nascimento que, até este ano não tinha nenhum disco na nossa lista e que, de uma hora para outra já tem dois, embora ambos sejam de parcerias, e falando em parcerias, destaque também para John Cale, que com dois solos, uma parceria aqui, outra ali, também já chega a quatro discos indicados nos nossos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS.

Dá uma olhada , então, na nossa atualização de discos pra fechar o ano de 2020:



PLACAR POR ARTISTA INTERNACIONAL (GERAL)

  • The Beatles: 6 álbuns
  • David Bowie, Kraftwerk, Rolling Sones e Pink Floyd: 5 álbuns cada
  • Miles Davis, Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Wayne Shorter e John Cale*  **: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, John Coltrane, Van Morrison, Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden, Bob Dylan e Lou Reed**: 3 álbuns cada
  • Björk, The Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Herbie Hancock, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Lee Morgan, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, R.E.M., Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, U2, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Grant Green e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"
**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 5 álbuns
  • Jorge Ben: 5 álbuns *
  • Gilberto Gil*, Tim Maia e Chico Buarque: 4 álbuns
  • Gal Costa, Legião Urbana, Titãs e Engenheiros do Hawaii: 3 álbuns cada
  • Baden Powell**,, João Bosco, João Gilberto***, Lobão, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Paulinho da Viola, Ratos de Porão, Sepultura e Milton Nascimento**** : todos com 2 álbuns 
*contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"
** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"
*** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto" ****
contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 15
  • anos 60: 90
  • anos 70: 132
  • anos 80: 110
  • anos 90: 86
  • anos 2000: 13
  • anos 2010: 13
  • anos 2020: 1


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 21 álbuns
  • 1985, 1969 e 1977: 17 álbuns
  • 1967, 1973 e 1976: 16 álbuns cada
  • 1968 e 1972: 15 álbuns cada
  • 1970, 1971, 1979 e 1991: 14 álbuns
  • 1975, e 1980: 13 álbuns
  • 1965 e 1992: 12 álbuns cada
  • 1964, 1987,1989 e 1994: 11 álbuns cada
  • 1966, 1978 e 1990: 10 álbuns cada



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 171 obras de artistas*
  • Brasil: 131 obras
  • Inglaterra: 114 obras
  • Alemanha: 9 obras
  • Irlanda: 6 obras
  • Canadá: 4 obras
  • Escócia: 4 obras
  • México, Austrália, Jamaica, Islândia, País de Gales: 2 cada
  • País de Gales, Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de páises diferentes, conta um para cada)