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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

David Bowie - "Low" (1977)



“David passava por um período de grande depressão."
Tony Visconti, produtor



Em época de lançamento de biografia do cara, aí vai mais um Bowie fundamental pra discoteca:
"Low", álbum de 1977, o primeiro do que se costuma chamar de 'fase berlinesne', compondo com "Lodger, Heroes" e "Stage" uma curiosa "trilogia" de 4 álbuns onde "Stage" funciona como releitura ao vivo dos dois primeiros.
"Low" é um daqueles álbuns que foi feitos para ser LP, mesmo. Disco com lado A e lado B literalmente. Duas coisas completamente diferentes: o primeiro, todo cheio daquele pop-rock brilhante e sofisticado que só David Bowie sabe fazer, com canções bem objetivas, curtas, soltas, ritmadas, a maioria delas cantadas, mas com destaque especial para a instrumental que abre o disco "Speed of Life". Destaque também para a excelente "Sound and Vision" e para o pop gostoso de "Be My Wife". Só que virando o disco, a atmosfera é completamente outra. Músicas densas, introspectivas, soturnas, longas, quase todas instrumentais, cheias de experimentalismos e sonoridades estranhas, lembrando muito os trabalhos solo do colaborador e mentor Brian Eno e a fase inicial do Kraftwerk, banda que Bowie tinha grande admiração. Destaque para "Warszawa", minha preferida do lado 2.
Em comum, os dois momentos deste trabalho tem o tratamento fino e detalhado da produção, que é creditada a Tony Visconti e Bowie, mas que tem inegavelemente o dedo de Brian Eno; além de uma estranha e incrível coerência musical que fazem de um álbum como este com faces tão distintas, uma obra que consegue manter uma genial e singular unidade mesmo com características tão antagônicas.
Neste Bowie consegui se superar superou e não foi camaleão apenas de uma década pra outra, de um disco para o outro como estamos acostumados a ver. Foi mutante de um lado para o outro do mesmo disco. Em parte resultado de seus problemas psicológicos da época, do uso de drogas, da dificuldade de compor letras naquele momento, mas de tudo isso tirar um disco como este, é só para um David Bowie.
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FAIXAS:
Lado A
  1. "Speed of Life" – 2:46
  2. "Breaking Glass" (Bowie, Dennis Davis, George Murray) – 1:52
  3. "What in the World" – 2:23
  4. "Sound and Vision" – 3:05
  5. "Always Crashing in the Same Car" – 3:33
  6. "Be My Wife" – 2:58
  7. "A New Career in a New Town" – 2:53
Lado B
  1. "Warszawa" (Bowie, Brian Eno) – 6:23
  2. "Art Decade" – 3:46
  3. "Weeping Wall" – 3:28
  4. "Subterraneans" – 5:39

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Ouça:
David Bowie Low




Cly Reis

sexta-feira, 8 de abril de 2011

U2 - "The Joshua Tree" (1987)



"Eu adoro estar lá, eu amo a América, eu adoro a sensação de espaços abertos, eu amo os desertos, eu amo as montanhas, eu ainda amo as cidades."
Bono


Depois de um início terrível com seus dois primeiros álbuns, “Boy” e “October”, muito ruins, ainda influenciados pelo punk, e de um considerável ganho em qualidade com seu terceiro, “War”, ainda um tanto tosco e mal-resolvido mas através do qual já obtinham grande sucesso com “Sunday Bloody Sunday” e “New Years Day”, o U2, finalmente conseguia com “The Unforgettable Fire” e com o hit “Pride (In the Name of Love)”, uma condição de megaestrelato, liderando festivais pelo mundo com seu carismático vocalista, Bono Vox, como porta voz do que quer que fosse que necessitasse de boas ações.
Já empossado embaixador das causas nobres do mundo e dono de uma popularidade estrondosa, o U2 tinha agora que ganhar definitivamente o mercado americano, mas não bastava vender bem, serem reconhecidos lá e tal: teria que ser uma espécie de dominação.
Bom, para isso então, nada melhor que fazer um disquinho bem à americana: cheio de blues, country, gospel, falando sobre paisagens desérticas, orgulho yankee, bombardeios, invasões e tudo mais. Ajudados por um visual bem apropriado com chapéus de cowboy, roupas de caipira e uma presença mais constante em solo norte-americano, alcançaram vendagens astronômicas, ganharam inúmeros Grammy’s, e lotaram turnês por todos os EUA. A América estava conquistada.
O interessante é que o tal do disco ‘estratégico’ era realmente muito bom! Era o que de melhor os caras tinham feito até então na sua carreira e, nessa história toda, acabaram por produzir um dos melhores álbuns de todos os tempos.
Toda a influência americana na concepção de “The Joshua Tree” de 1987 (corrigido) acabara por dar-lhe talvez a riqueza que o som do U2 não tinha conseguido alcançar, até então, soando por vezes excessivamente irlandês, católico, pós-punk ou cru, agora agregando elementos e os distribuindo melhor do que nunca.
A ótima “I Still Haven’t Found What I’m Looking For” é cheia de gospel, ‘Trip Through the Wires” cheia de blues; e “Red Hill Mining Town”, “In God’s Country”, “One Tree Hill’ e “Running to Stand Still” trazem consigo, cada uma, um pouco da sonoridade country americana. Nas que o dedo do Tio Sam não aparece tão evidentemente, o que se nota mesmo é a qualidade de um disco pop bem produzido pelo mestre Brian Eno em parceria com Daniel Lanois. “Where the Streets Have no Name”, a primeira do disco é um bom exemplo disso, num pop-rock impecável e cheio de ímpeto vocal. “With or Without You” é uma balada apaixonada com grande mérito para a produção caprichadísima de Brian Eno; “Bullet the Blue Sky” é forte, distorcida, vibrante, poderosa e uma das melhores do disco; “One Tree Hill”, já citada é outra das grandes, com mais uma interpretação inspirada de Bono; e “Exit” mostra de novo todo a qualidade de Eno na mesa de produção, levando a música de um semi-silêncio a um rompante furioso explodindo em peso e agressividade sonora. A grande obra fecha com a excelente “Mothers of the Disappeared”, uma balada triste, emocionada e sombria sobre os desaparecidos nas ditaduras latino-americanas.
Ainda viriam a repetir a dose de americanismo com “Rattle and Hum”, um disco/filme, meio ao vivo, meio de estúdio, onde exageravam ainda mais no conceito, porém depois disso, em nome de um ‘rompimento’ com tudo aquilo resolveram, como o próprio Bono mesmo dissera, ‘derrubar Joshua Tree a machadadas’ e para isso fizeram o superestimado “Achtung Baby”, gravado em Berlin e curiosamente muito bem recebido tanto por crítica quanto por público, provavelmente pela proposta, pela roupagem, experimentação, mas cujo resultado, na minha opinião foi bastante confuso e pífio.
Colocando as coisas desta forma pode parecer que não gosto do U2, mas não é verdade. Exceção feita aos primeiros que, como eu disse são fraquíssimos, e os últimos, depois do "Zooropa", tenho todos os discos dos caras. Acho sim uma banda supervalorizada cuja discografia é um tanto irregular e que não é o timaço de craques como às vezes se faz supor. Ao passo que Bono, efetivamente é um grande vocalista, a outra 'estrela' da constelação, pouco reconhecida, é na verdade o baixista Adam Clayton que segura com extrema competência as pontas para o apenas mediano, mas muito marketeiro, The Edge fazer sempre o mesmo solo (ainda mais depois do "Achtung Baby" quando os pedais de efeitos fazem quase tudo por ele) e Larry Mullen Jr., o bateirista, até que criativo, trabalhar bem ali na cozinha.
Fato é que depois da fase americana, tirando o ótimo “Zooropa” de 1993, onde aperfeiçoam o conceito mal desenvolvido em "Achtung Baby", o U2 nunca mais seria o mesmo, tentando ser pop demais, errando a mão quase sempre, se perdendo entre a ação e o discurso, exagerando nas demagogias, sempre emplacando seus hitzinhos, é verdade, mas nunca mais tendo conseguido produzir um disco tão bom quanto “The Joshua Tree”.

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FAIXAS:

1. "Where the Streets Have No Name" 5:38
2. "I Still Haven't Found What I'm Looking For" 4:38
3. "With or Without You" 4:56
4. "Bullet the Blue Sky" 4:32
5. "Running to Stand Still" 4:18
6. "Red Hill Mining Town" 4:54
7. "In God's Country" 2:57
8. "Trip Through Your Wires" 3:33
9. "One Tree Hill" 5:23
10. "Exit" 4:13
11. "Mothers of the Disappeared"

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Ouça:
U2 The Joshua Tree



Cly Reis

quinta-feira, 7 de julho de 2022

John Cale - "HoboSapiens" (2003)

 

“Eu tento encontrar coisas que me deixam desconfortável.”
John Cale

David Bowie carrega com justiça a alcunha de camaleão do rock por tudo que fez e representa. Porém, ninguém vai tão a fundo no trânsito entre o pop e o underground do que John Cale. Versátil e caleidoscópico, o ex-Velvet Underground, que chegou aos 80 anos em março, traz desde antes da formação da banda que ajudou a mudar a história da música no séc. XX as mais díspares referências musicais e artísticas, hibridizando-as seja com a naturalidade de erudito ou com a rebeldia de um roqueiro. Para além de Frank Zappa, maestro como ele mas ainda mais radical em suas fusões, Cale soube unir as duas pontas da funcionalidade humana: o orgânico e o instrumento – e ainda ser pop. O mesmo Cale que produziu discos clássicos de Patti Smith e The Stooges, que tocou viola para La Monte Young e John Cage, que embarcou na performance pop-art de Andy Wahrol e que deu as linhas para a geração punk é o mesmo que tem música em filme de “Shrek”, que faz trilhas sonoras de música renascentista e compôs baladas cantaroláveis para a voz de Nico.

Tamanha multiplicidade é tão difícil de se absorver que o próprio Cale só as conseguiu reunir todas a gosto depois de 50 anos de carreira. Após trabalhos das mais diferentes linhas – "Vintage Violence" (1969), pop barroco; "The Academy in Peril" (1972), modern classical; "Slow-Dazzle" (1975), proto-punk; “Church of Anthrax” (com Terry Riley, 1971), minimalismo; “Songs for Drella” (1989, com Lou Reed), art rock; “N'oublie Pas que Tu Vas Mourir” (1995), sonata –, "HoboSapiens", seu 13º da carreira solo, pode ser considerado o da síntese. O conceito está no próprio título: a ideia de ciência, de criação ("robô"), atrelada à uma consciência originária, aquilo que determina o saber da espécie ("sapiens"). Mas a sonoridade de “HoboSapiens” vai ainda além, visto que se vale de todas estas e outras referências anteriores e ainda as amalgama com o synth-pop e o experimental da modernidade.

A brilhante "Zen" abre com a qualidade sintética que é comum às primeiras faixas dos discos de Cale, que articula com habilidade a difícil química entre atonalismo e música pop para impactar de saída assim como fez com "Fear Is A Man's Best Friend" ("Fear"), "Child's Christmas In Wales" ("Paris 1919"), "My Maria" ("Helen of Troy") ou "Lay My Love" ("Wrong Way Up", com Brian Eno). O conceito "HoboSapiens", assim, é acertado no alvo: de cara, ouvem-se ruídos que parecem saídos da natureza. Porém, em seguida percebe-se que este som é manipulado por instrumentos eletrônicos, ou seja, não-natural. Este, por sua vez, transforma-se numa base, que mantém o clima denso e suspenso para entrar uma batida programada de acordes mínimos, suficientes para formar um ritmo funkeado.

Pop-rock de alto nível vem na sequência com "Reading My Mind" e “Things”, esta última, aliás, que Cale espelhará na segunda parte do disco com a sua versão B, “Things X”, mostrando que é incontrolável sua tendência velvetiano de “sujar’ a melodia. União de opostos. "Look Horizon", no entanto, volta a “problematizar”, injetando um clima soturno com uma percussão abafada e o tanger de seu instrumento-base, a viola, que acompanha a elegante voz do galês. Mas a criatividade transgressora de Cale não fica somente nisso. Lá pelas tantas, a música dá uma virada para um funk contagiante com lances egípcios, que dialogam com a letra: “Atravessando o Nilo/ A Terra do Faraó está desenterrando seu passado/ Os amuletos quebrados da história/ Espalhados em nosso caminho”. Assim como “Zen”, das matadoras do álbum.

O caleidoscópico Cale, que chegou aos
80 anos em março
"Magritte" novamente traz uma batida mínima, que apenas ajuda a formar a base para um cello, teclados em contraponto e um baixo escalonando, numa pegada parecida com temas já muito bem usados por Cale anteriormente, como “Faces and Names” (“Songs for Drella”) e “Cordoba” (“Wrong Way Up”). Resgatando outra figura histórica como é costumeiro (“Graham Greene”, "John Milton" e “Brahms” já lhe foram tema, por exemplo), em "Archimedes" Cale brinca com o gênero synth pop, que oferece um arranjo especial para a melodiosa canção. Mais orgânica, “Caravan” é um ótimo rock cadenciado, que antecede outra grande do álbum: "Bicycle". Com participação de Eno nos loops, os quais praticamente forjam o riff, que se forma sobre uma batida funk e um baixo pegando firme no grave. A letra? Para quê?! Apenas saborosos melismas, que acompanham o ritmo “Too-too roo-roo...” nas vozes de Cale e Daria Eno, filha do parceiro.

Cale não para, provando para os que desconfiavam à época do lançamento que o velho músico vinha com tudo após 7 anos sem um trabalho autoral. Com muita cara de Depeche Mode e da Smashing Pumpkins de “Adore”, "Twilight Zone" é um exemplo maduro do synth pop. "Letter from Abroad", a subsequente, contudo, é outra das destruidoras. Uma sonoridade típica árabe dá os primeiros acordes como que sampleados, visto que repetidos em trechos simétricos. Isso, para entrar um ritmo funkeado. Percussões, rosnados de guitarra, acordes soltos de piano, vozes que rasgam e se cruzam, coro em contracanto. Letrista de mão cheia, em “Letter...” Cale experimenta sua veia literata: “É uma pequena cidade esquálida com uma beleza tênue/ As molhadas frias manhãs são tão atraente/ Pessoas acordar de repente no meio da noite/ Muito desapontado”.

Para acabar, uma daquelas músicas que já saem grandiosas do forno: "Over Her Head". Com a amplitude sonora de outras de sua autoria, “Forever Changed”, de “Songs for Drella”, ou "Half Past France" ("Paris 1919"), prossegue com um piano bastante clássico e efeitos de guitarras até quase o final para, então, entrar a banda com tudo e terminar lá em cima sob os acordes os dissonantes da inseparável viola dos tempos de The Theatre of Eternal Music e Velvet Underground. Junção radical e inequívoca do rock com a vanguarda.

Tão versáteis como Cale? Poucos. Bowie, Byrne... Ryuichi Sakamoto talvez seja um caso, porém quase nunca como cantor front man. Quincy Jones é outro, senhor de todos os estilos da música negra norte-americana mas que, no entanto, também passa muito mais pela figura do compositor e produtor e, ademais, bem longe do indie. Os brasileiros Gilberto Gil e Caetano Veloso, idem: trânsito pelos mais diferentes gêneros, só que distantes da cena rock propriamente dita. Isso faz com que Cale seja, por todos estes motivos, único. Ele chega aos 80 anos de vida e quase 60 de carreira com uma obra tão vasta como a sua importância e seu cabedal. Como todo bom roqueiro, mantém acesa a chama do inconformismo. Por outro lado, acumula conhecimentos que circulam somente pela nobreza. Mas o que o diferencia é, justamente, a veia rocker: ao invés de harmonizar as inúmeras referências que absorve, ele as digladia, choca-as, embate-as, como que para provocar o estranhamento entre o orgânico e o instrumento, a consciência e a tecnologia, o inato e a ciência, o saber e a criação. Sua música, assim, encontra uma zona de perturbação que a torna improvável e seus métodos para evidenciar essa tese são os mais originais e transgressores. Por isso tudo, ele – e somente ele – pode ser chamado de um clacissista selvagem. Ou vice-versa.

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FAIXAS:
1. "Zen" - 6:03
2. "Reading My Mind" - 4:11
3. "Things"- 3:36
4. "Look Horizon" - 5:40
5. "Magritte" - 4:58
6. "Archimedes" - 4:40
7. "Caravan" - 6:43
8. "Bicycle" - 5:05
9. "Twilight Zone" - 3:49
10. "Letter from Abroad" - 5:10
11. "Things X" - 4:50
12. "Over Her Head" - 5:22
Faixa bônus da versão em CD:
13. "Set Me Free" - 4:32
Todas as composições de autoria de John Cale

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Daniel Rodrigues

sexta-feira, 4 de março de 2016

Talking Heads - "True Stories" (1986)




“Quando terminamos as bases e os vocais
para aquela leva de músicas,
 começamos a ensaiar um material
que poderia render ainda mais um disco,
mas que eu havia composto para o filme.
Quando ‘Little Creatures’ saiu,
 eu já estava no Texas para filmar ‘True Stories’.
Levei as fitas de multicanal com as nossas faixas-base
para as músicas do filme até o set de filmagens em Dallas
e adicionei um pouco do tempero texano”.
David Byrne,
em seu livro
“Como funciona a música”.



O ano de 1986 é especial para quem pegou o rock dos anos 80. Talvez junto apenas com o ano anterior (que viu nascerem "Meat is Murder", dos Smiths"The Head on The Door", do The Cure, e "Psycho Candy", da The Jesus and Mary Chain), tanto no Brasil quanto fora houve discos essenciais de bem dizer todas as grandes bandas e artistas da cena pop da época. No cenário internacional, em especial, muitos se superariam no sexto ano da chamada “década perdida”. Siouxsie and the Banshees poria na praça o sucesso “Tinderbox”, a P.I.L; de John Lydon chegaria ao auge com "Album" e Smiths e New Order estourariam nas rádios com “The Queen is Dead” e "Brotherhood" respectivamente, para ficar em apenas quatro exemplos. Embora de sonoridades distintas, mesmo que afim em certos aspectos, o ponto que os unia era o fato de que, já trilhados alguns anos e discos lançados, todos chegavam naquele momento mais maduros e donos de sua música. Assim, 1986 trouxe uma culminância de grandes álbuns não por coincidência, mas por que representou o desenvolvimento artístico da geração vinda do punk.

Essa onda atingiu outra grande banda do final dos 70/início dos 80: o Talking Heads. Liderados pelo talentoso esquisitão David Byrne, os Heads, surgidos na cena punk nova-iorquina, haviam largado com o referencial "77", daquele ano, passado pela brilhante trilogia com Brian Eno (“More Songs about Bouildings and Food”/"Fear of Music"/"Remain in Light") e pelo bom “Sepeaking in Tongues”, além de mais três registros ao vivo. Nesse transcorrer, atravessaram a virada dos anos 70 para os 80 avançando em estilo e personalidade. Se no começo, comandados pelo produtor Toni Bongiovi, foi o proto-punk e, logo em seguida, Eno os tenha empurrado para o experimentalismo pós-punk e para a world-music, em “Speaking...”, de 1982, passam a produzir a si próprios e mostram uma intenção pop-rock mais refinada. Afinal, a criatividade de Byrne, seu principal compositor, nunca correspondeu exatamente à tosqueira do punk-rock genuíno dos colegas de CBGB Ramones e Richard Hell. Veio, então, outra joia da safra 1985: “Little Creatures”, para muitos o melhor trabalho da banda e um dos ápices do pop-rock dos Estados Unidos. De admirável musicalidade, trazia pelo menos dois hits marcantes: “Lady Don’t Mind” e “And She Was”. Seriam Byrne & cia. capazes de superar aquele feito? A resposta veio um ano depois, no fatídico 1986, não apenas em um disco, mas num até então incomum projeto multimídia: o disco-filme-livro “True Stories”, que está completando 30 anos em 2016.

Para a época, o que hoje é comum no showbizz, em que um artista grava o CD, DVD, videoclipe e um documentário num mesmo espetáculo sem precisar gastar uma fortuna, foi bem impressionante a ousadia de Byrne, o verdadeiro “head” do projeto. Não se via uma proposta naquele formato até então, no máximo os abastados clipes-filmes de Michael Jackson. Neste, entretanto, de feições quase intimistas, Byrne, dentro de um mesmo tema, dirigiu um filme, atuou nele, lançou um livro de fotos e textos e ainda criou de cabo a rabo um disco, componto-o e produzido-o por inteiro. E mais: tudo de altíssima qualidade! Da turma que aprendeu com Andy Warhol a transformar produto em arte, Byrne e seus habilidosos companheiros de grupo – a ótima baixista Tina Weymouth, o competente baterista Chris Frantz e o versátil guitarrista e tecladista Jerry Harrison – traziam três “produtos culturais” interligados mas independentes entre si. Pode-se ver o filme e não comprar o disco ou ler o livro e por aí vão as combinações. Há quem teve o primeiro contato com a obra, por exemplo, através dos clipes da MTV (de certa forma, um quarto tipo de produto cultural) e depois ouviu o disco ou assistiu ao filme.

Para se falar sobre as músicas, no entanto, é fundamental que se comece abordando sobre o filme. Em "Histórias Reais" (tradução nos cinemas no Brasil), um narrador, encarnado pelo próprio Byrne, percorre como um repórter a pequena Virgil, no estado do Texas, em plena comemoração dos 600 anos da cidade, onde encontra diversos personagens hilários e típicos. Conforme as situações vão se apresentando, as músicas da trilha vão surgindo. Byrne, escocês radicado nos EUA, cria um filme no qual engendra com delicadeza e humor uma crônica cotidiana da vida norte-americana, tudo permeado por um olhar aparentemente infantil mas carregado de perspicácia e ligado à relação emocional do autor com o seu lugar. Lindamente poético, algo entre o documental e a fantasia, o longa sintetiza as belezas e as fragilidades do povo do país mais poderoso do mundo.

Como se vê, no filme está a razão do trabalho musical, pois este funciona como uma trilha sonora que veste a narrativa da história filmada ao mesmo tempo em que é “apenas” mais um disco de carreira do Talking Heads, seu sétimo de estúdio. Na seara de avanço de seu próprio estilo, eles repetem acertos do passado, principalmente de seu trabalho antecessor “Little Creatures”. A começar, assim como o disco anterior, um pouco por coincidência “True Stories” também tem dois hits marcantes. O primeiro deles é “Love for Sale”, que o abre. A letra já denota com humor e distanciamento crítico o caráter pueril e materialista do ser norte-americano, que põe tudo à venda, até – e principalmente – o amor. “O amor está aqui/ Venha e experimente/ Eu tenho amor pra vender”, canta, enquanto, no clipe, imagens de publicidade pulam na tela em cores vibrantes e kitch. Divertido, o clipe é a própria cena extraída do filme, numa total interação entre as obras. E que grande música! A batida lembra a de “Stay up Late”, de “Little...”, só que mais acelerada, e o riff, memorável, é daqueles que se reproduz o som com a boca. Pode-se colocá-la na classificação de perfect pop, músicas de estrutura perfeita e próprias para tocar no rádio mas que guardam qualidades genuínas de estilo e composição.

Com uma pegada bastante Brian Eno pela base no órgão, “Puzzlin' Evidence“ – no filme, a cena de um culto religioso em que se projeta um vídeo com as maravilhas da tecnologia e do poderio bélico e financeiro yankee – tem o vigor do gospel, principalmente no refrão, com o coro cantando com Byrne: “Puzzling Evidence/ Done hardened in your heart/ Hardened in your heart”. Em seu livro “Como Funciona a Música”, de 2012, ele comenta que compôs as faixas de “Little...” e “True...” praticamente ao mesmo tempo, por isso as semelhanças entre um e outro. No caso do segundo, o que já se diferenciava em sua cabeça era a aplicação: seriam músicas para o filme que ainda pretendia rodar. Assim, já no Texas para inteirar-se das locações, levou consigo as demos ainda por finalizar e lá teve a ideia de inserir os elementos mais peculiares do folk norte-americano, como o acordeom Norteño, a steel guitar e o coral de igreja protestante de “Puzzlin'...”.

Durante todo o disco, a bateria de Chris é especialmente amplificada, ótimo ensinamento pescado da faixa “Television Man”, de “Little...” – resgatada, porém, de antes, pois já nota-se isso em “Electric Guitar”, de “Fear of Music”, de 1979. Pois a caribenha “Hey Now” é marcada com essa batida forte, acompanhada de bongôs e de uma guitarrinha ukelele, a mesma que faz um solo totalmente no espírito ula-ula. Por conta de seu ritmo e melodia quase lúdicos, no filme, Byrne a arranjou diferentemente: são crianças, todas com instrumentos improvisados como pedaços de pau e latas, quem, numa das passagens mais bonitas, entoam os versos: “I wanna vídeo/ I wanna rock and roll/ Take me to the shopping mall/ Buy me a rubber ball now”.
“Papa Legba”, das melhores de “True...”, é outra que mostra como a banda aprendeu consigo própria. A programação eletrônica faz intensificar o ritmo sincopado da música africana, que começa com percussões típicas do brasileiro Paulinho da Costa, um craque, e um canto quase tribal extraído por Byrne. Visível influência dos trabalhos com Eno, principalmente do world-music “Remain in Light”. O tema em si é lindo: um canto ritualístico do vudu haitiano (“Papa Legba” significa aquele que serve como intermediário entre a loa – mundo dos espíritos – e o homem) que é usado no filme quando o personagem de John Goodman, um homem em busca de uma carreira como cantor, recorre a esta espécie de pai-de-santo – vivido pelo cantor Pops Staple, que a canta lindamente. No disco, é Byrne quem está nos microfones, esbaldando-se em seu vocal rasgado e emotivo.

O segundo lado no formato LP abre com outro hit e outro perfect pop: a sacolejante "Wild Wild Life", marco dos anos 80 e da música pop internacional. Impossível ficar parado se estiver tocando numa pista. Além da letra ácida, a canção, bem como seu clipe, também extraído do filme, é superdivertida, num convite a se assumir o “lado selvagem”. Várias pessoas, os integrantes da banda e atores, sobem num palco em um programa de tevê fazendo playback e interpretando as figuras mais exóticas. O refrão, de versos móveis, é daqueles inesquecíveis de tão naturalmente cantaroláveis: “Here on this moutain-top/ Oh oh/ I got some wild wild life/ I got some news to tell ya/ Oh oh/ About some wild wild life...”.

Alegre e ritmada, "Radio Head" lembra a levada das bandinhas folclóricas europeias (as que migraram para os EUA em várias localidades), ainda mais pelo uso da gaita-ponto. Mas, claro, com o toque todo dos Heads, desde a forte batida de Chris, as percussões de Paulinho da Costa – contribuinte costumaz da banda –, e o vocal aberto de Byrne, perito em criar refrãos pegajosos, como o desta: “Transmitter!/ Oh! Picking up something good/ Hey, radio head!/ The sound... of a brand-new world”, “Radio Head” guarda uma curiosidade: é a música em que Byrne se inspirou num verso de Chico Buarque – de “O último blues”, da trilha do filme “Ópera do Malandro” – e que, por consequência, inspirou o nome da banda inglesa, que juntou as duas palavras.

A melódica “Dream Operator” – que no filme transcorre numa engraçada sequência de um desfile, mais bizarro e brega impossível – tem uma bela letra, a qual versa sobre o eterno estado de sonho em que vivem os norte-americanos: “Todo sonho tem um nome/ E nomes contam a sua história/ Essa música é o seu sonho/ Você é o operador de sonho”. Algo nem bom nem ruim: apenas verdadeiro. Outra clássica do álbum, “People Like Us”, tema-chave do filme, é, assim como “Creatures of Love”, de Little...”, um típico country-rock, com direito a guitarra com pedal steele de Tomy Morrell. Uma verdadeira declaração de amor do estrangeiro Byrne para os EUA, reverenciando a cultura daquele país e ao mesmo tempo totalmente integrado nela. Os versos iniciais dizem tudo: “Quando nasci, em 1950/ Papai não podia comprar muita coisa para nós/ Ele disse: ‘Orgulhe-se do que você é’/ Há algo de especial em pessoas como nós”. E o refrão, dentro da mesma ideia de “Creatures...”, não deixa por menos, impelindo-nos a enxergar a alma norte-americana com um olhar mais humano: “Não queremos liberdade/ Não queremos justiça/ Só queremos alguém para amar”.

De ritmo parecido a outra faixa de “Little...”, “Walk it down”, bem como a outras daquele álbum no refrão de coro em tom entoado, como “Perfect World” e “Road to Nowhere” (a ideia vem desde o primeiro trabalho com Eno, em “The Good Thing”, de 1978), “City of Dreams” desfecha a obra com puro lirismo. A letra fala da perda de identidade provocada pelas aculturações e dizimações, algo muito presente na formação de sociedades modernas como a norte-americana: “Os índios tinham uma lenda/ Os espanhóis viviam para o ouro/ O homem branco veio e os matou/ Mas eles não sabem quem realmente foram”. Porém, artista sensível como é, Byrne joga luzes otimistas sobre o futuro daquela nação e suas gentes, tendo como metáfora a pequena Virgil: “Vivemos na cidade dos sonhos/ Nós dirigimos na estrada de fogo/ Devemos despertar/ E encontrá-la por fim/Lembre-se disso, nossa cidade favorita”.
Se “True...” deve muito a “Little...”, que lhe serviu de espelho em vários aspectos, também é fato que o disco de 1986 supera seu antecessor em completude conceitual, uma vez que conversa o tempo todo com a obra filmada e, consequentemente, com o trabalho fotográfico posto em páginas. Além do mais, o sucesso alcançado por “True...”, seja motivado pela mídia televisiva e radiofônica ou pelas telas do cinema, foi consideravelmente maior de tudo o que já jamais conseguiriam, tendo em vista que “Wild Wild Life” ficou por 72 semanas no 25º posto da Billbord, melhor posição de uma música da banda nesta parada. Comparações afora, o fato é que ambos os discos revelam um grupo no auge de sua capacidade criativa, produzindo música pop sem descuidar das próprias intenções e aspirações.

Tudo isso está ligado bastantemente à iniciativa de David Byrne que, com o passar do tempo, foi se tornando cada vez mais o principal compositor e criador da banda, a ponto de passar a ser o único. Assim, se “True...” é o ápice dos Heads, também é o começo de seu declínio. A redução paulatina mas permanente da participação de Chris, Tina e Jerry enfraqueceu-os enquanto conjunto, sufocando os companheiros de Byrne. O fim estava próximo. Ainda tentaram um sopro de comunhão, “Naked”, de 1988, mas o mais fraco álbum deles só serviria para denotar que não tinha mais saída que não a separação de uma das grandes bandas do pop-rock mundial. Os discos, porém, estão aí até hoje, longe de se datarem e donos de alguns dos melhores momentos do que se produziu nos anos 80, a tal “década perdida” – que, aliás, de “perdida” não teve nada em termos de rock. Basta uma audição de “True Stories” para se certificar de que essa história, por mais onírica que tenha sido, é real e muito especial.

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O filme “Histórias Reais” tem, aliás, uma trilha sonora própria, a qual traz temas incidentais. Apenas “Dream Operator”, em versão instrumental arranjada por Philip Glass (“Glass Operator”), se repete, além da faixa “City of Steel”, que é, na verdade, a melodia de “People Like Us”, também só com instrumentos. As outras são de artistas variados, como “Road Song”, da genial Meredith Monk, “Festa para um Rei Negro” (“Olê lê/ Olá lá? Pega no ganzê/ Pega no ganzá...”), com a banda brasileira Eclipse, e a mexicana “Soy de Tejas”, de Steve Jordan, além de seis composições do próprio Byrne que só se encontram em “Sounds From True Stories”.
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FAIXAS:
1. "Love for Sale" – 4:30
2. "Puzzlin' Evidence" – 5:23
3. "Hey Now" – 3:42
4. "Papa Legba" – 5:54
5. "Wild Wild Life" – 3:39
6. "Radio Head" – 3:14
7. "Dream Operator" – 4:39
8. "People Like Us" – 4:26
9. "City of Dreams" – 5:06

todas as canções compostas por David Byrne.

vídeo de "Wild Wild Life" - Talking Heads

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OUÇA O DISCO




quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2020

 


Corre pro abraçaço, Caetano!
Você tá na liderança.

Como de costume, todo início de ano, organizamos os dados, ordenamos as informações e conferimos como vai indo a contagem dos nossos  ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, quem tem mais discos indicados, que país se destaca e tudo mais. Se 2020 não foi lá um grande ano, nós do Clyblog não podemos reclamar no que diz repsito a grandes discos que apareceram por aqui, ótimos textos e colaborações importantes. O mês do nosso aniversário por exemplo, agosto, teve um convidado para cada semana, destacando um disco diferente, fechando as comemorações com a primeira participação internacional no nosso blog, da escritora angolana Marta Santos, que nos apresentou o excelente disco de Elias Dya Kymuezu, "Elia", de 1969
A propósito de país estreante nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, no ano que passou tivemos também a inclusão de belgas (Front 242) e russos (Sergei Prokofiev) na nossa seleta lista que, por sinal, continua com a inabalável liderança dos norte-americanos, seguidos por brasileiros e ingleses. 
Também não há mudanças nas décadas, em que os anos 70 continuam mandando no pedaço; nem no que diz respeito aos anos, onde o de 1986 continua na frente mesmo sem ter marcado nenhum disco nessa última temporada, embora haja alguma movimentação na segunda colocação.
A principal modificação que se dá é na ponta da lista de discos nacionais, onde, pela primeira vez em muito tempo, Jorge Ben é desbancado da primeira posição por Caetano Veloso. Jorge até tem o mesmo número de álbuns que o baiano, mas leva a desvantagem de um deles ser em parceria com Gil e todos os de Caetano, serem "solo". Sinto, muito, Babulina. São as regras.
Na lista internacional, a liderança continua nas mãos dos Beatles, mas temos novidade na vice-liderança onde Pink Floyd se junta a David Bowie, Kraftwerk e Rolling Stones no segundo degrau do pódio. Mas é bom a galera da frente começar a ficar esperta porque Wayne Shorter vem correndo por fora e se aproxima perigosamente.
Destaques, de um modo geral, para Milton Nascimento que, até este ano não tinha nenhum disco na nossa lista e que, de uma hora para outra já tem dois, embora ambos sejam de parcerias, e falando em parcerias, destaque também para John Cale, que com dois solos, uma parceria aqui, outra ali, também já chega a quatro discos indicados nos nossos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS.

Dá uma olhada , então, na nossa atualização de discos pra fechar o ano de 2020:



PLACAR POR ARTISTA INTERNACIONAL (GERAL)

  • The Beatles: 6 álbuns
  • David Bowie, Kraftwerk, Rolling Sones e Pink Floyd: 5 álbuns cada
  • Miles Davis, Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Wayne Shorter e John Cale*  **: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, John Coltrane, Van Morrison, Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden, Bob Dylan e Lou Reed**: 3 álbuns cada
  • Björk, The Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Herbie Hancock, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Lee Morgan, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, R.E.M., Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, U2, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Grant Green e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"
**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 5 álbuns
  • Jorge Ben: 5 álbuns *
  • Gilberto Gil*, Tim Maia e Chico Buarque: 4 álbuns
  • Gal Costa, Legião Urbana, Titãs e Engenheiros do Hawaii: 3 álbuns cada
  • Baden Powell**,, João Bosco, João Gilberto***, Lobão, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Paulinho da Viola, Ratos de Porão, Sepultura e Milton Nascimento**** : todos com 2 álbuns 
*contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"
** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"
*** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto" ****
contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 15
  • anos 60: 90
  • anos 70: 132
  • anos 80: 110
  • anos 90: 86
  • anos 2000: 13
  • anos 2010: 13
  • anos 2020: 1


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 21 álbuns
  • 1985, 1969 e 1977: 17 álbuns
  • 1967, 1973 e 1976: 16 álbuns cada
  • 1968 e 1972: 15 álbuns cada
  • 1970, 1971, 1979 e 1991: 14 álbuns
  • 1975, e 1980: 13 álbuns
  • 1965 e 1992: 12 álbuns cada
  • 1964, 1987,1989 e 1994: 11 álbuns cada
  • 1966, 1978 e 1990: 10 álbuns cada



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 171 obras de artistas*
  • Brasil: 131 obras
  • Inglaterra: 114 obras
  • Alemanha: 9 obras
  • Irlanda: 6 obras
  • Canadá: 4 obras
  • Escócia: 4 obras
  • México, Austrália, Jamaica, Islândia, País de Gales: 2 cada
  • País de Gales, Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de páises diferentes, conta um para cada)

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2023

 



Rita e Sakamoto nos deixaram esse ano
mas seus ÁLBUNS permanecem e serão sempre
FUNDAMENTAIS
Chegou a hora da nossa recapitulação anual dos discos que integram nossa ilustríssima lista de ÁLBUNS FUNDAMENTAIS e dos que chegaram, este ano, para se juntar a eles.

Foi o ano em que nosso blog soprou 15 velinhas e por isso, tivemos uma série de participações especiais que abrilhantaram ainda mais nossa seção e trouxeram algumas novidades para nossa lista de honra, como o ingresso do primeiro argentino na nossa seleção, Charly Garcia, lembrado na resenha do convidado Roberto Sulzbach. Já o convidado João Marcelo Heinz, não quis nem saber e, por conta dos 15 anos, tascou logo 15 álbuns de uma vez só, no Super-ÁLBUNS FUNDAMENTAIS de aniversário. Mas como cereja do bolo dos nossos 15 anos, tivemos a participação especialíssima do incrível André Abujamra, músico, ator, produtor, multi-instrumentista, que nos deu a honra de uma resenha sua sobre um álbum não menos especial, "Simple Pleasures", de Bobby McFerrin.

Esse aniversário foi demais, hein!

Na nossa contagem, entre os países, os Estados Unidos continuam folgados à frente, enquanto na segunda posição, os brasileiros mantém boa distância dos ingleses; entre os artistas, a ordem das coisas se reestabelece e os dois nomes mais influentes da música mundial voltam a ocupar as primeiras posições: Beatles e Kraftwerk, lá na frente, respectivamente. Enquanto isso, no Brasil, os baianos Caetano e Gil, seguem firmes na primeira e segunda colocação, mesmo com Chico tendo marcado mais um numa tabelinha mística com o grande Edu Lobo. Entre os anos que mais nos proporcionaram grandes obras, o ano de 1986 continua à frente, embora os anos 70 permaneçam inabaláveis em sua liderança entre as décadas.

No ano em que perdemos o Ryuichi Sakamoto e Rita Lee, não podiam faltar mais discos deles na nossa lista e a rainha do rock brasuca, não deixou por menos e mandou logo dois. Se temos perdas, por outro lado, celebramos a vida e a genialidade de grandes nomes como Jards Macalé que completou 80 anos e, por sinal, colocou mais um disco entre os nossos grandes. E falando em datas, se "Let's Get It On", de Marvin Gaye entra na nossa listagem ostentando seus marcantes 50 anos de lançamento, o estreante Xande de Pilares, coloca um disco entre os fundamentais logo no seu ano de lançamento. Pode isso? Claro que pode! Discos não tem data, música não tem idade, artistas não morrem... É por isso que nos entregam álbuns que são verdadeiramente fundamentais.
Vamos ver, então, como foram as coisas, em números, em 2023, o ano dos 15 anos do clyblog:


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PLACAR POR ARTISTA (INTERNACIONAL)

  • The Beatles: 7 álbuns
  • Kraftwerk: 6 álbuns
  • David Bowie, Rolling Sones, Pink Floyd, Miles Davis, John Coltrane, John Cale*  **, e Wayne Shorter***: 5 álbuns cada
  • Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Bob Dylan e Lee Morgan: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, Van Morrison, R.E.M., Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden , U2, Philip Glass, Lou Reed**, e Herbie Hancock***: 3 álbuns cada
  • Björk, Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Dexter Gordon, Philip Glass, PJ Harvey, Rage Against Machine, Body Count, Suzanne Vega, Beastie Boys, Ride, Faith No More, McCoy Tyner, Vince Guaraldi, Grant Green, Santana, Ryuichi Sakamoto, Marvin Gaye e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"

**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"

*** contando o álbum "Five Star', do V.S.O.P.



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 7 álbuns*
  • Gilberto Gil: * **: 6 álbuns
  • Jorge Ben e Chico Buarque ++: 5 álbuns **
  • Tim Maia, Rita Lee, Legião Urbana, Chico Buarque,  e João Gilberto*  ****, e Milton Nascimento*****: 4 álbuns
  • Gal Costa, Titãs, Paulinho da Viola, Engenheiros do Hawaii e Tom Jobim +: 3 álbuns cada
  • João Bosco, Lobão, João Donato, Emílio Santiago, Jards Macalé, Elis Regina, Edu Lobo+, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Ratos de Porão, Roberto Carlos, Sepultura e Baden Powell*** : todos com 2 álbuns 


*contando com o álbum "Brasil", com João Gilberto, Maria Bethânia e Gilberto Gil

**contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"

*** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"

**** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto"

***** contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"

+ contando com o álbum "Edu & Tom/ Tom & Edu"

++ contando com o álbum "O Grande Circo Místico"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 121
  • anos 60: 100
  • anos 70: 160
  • anos 80: 139
  • anos 90: 102
  • anos 2000: 18
  • anos 2010: 16
  • anos 2020: 3


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 24 álbuns
  • 1977 e 1972: 20 álbuns
  • 1969 e 1976: 19 álbuns
  • 1970: 18 álbuns
  • 1968, 1971, 1973, 1979, 1985 e 1992: 17 álbuns
  • 1967, 1971 e 1975: 16 álbuns cada
  • 1980, 1983 e 1991: 15 álbuns cada
  • 1965 e 1988: 14 álbuns
  • 1987, 1989 e 1994: 13 álbuns
  • 1990: 12 álbuns
  • 1964, 1966, 1978: 11 álbuns cada



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 211 obras de artistas*
  • Brasil: 159 obras
  • Inglaterra: 126 obras
  • Alemanha: 11 obras
  • Irlanda: 7 obras
  • Canadá: 5 obras
  • Escócia: 4 obras
  • Islândia, País de Gales, Jamaica, México: 3 obras
  • Austrália e Japão: 2 cada
  • Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola, Nigéria, Argentina e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de países diferentes, conta um para cada)