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quarta-feira, 13 de julho de 2022

Música da Cabeça - Programa #275

 

Tá certo: não vamos competir com as lindas imagens espaciais do telescópio James Webb divulgadas esta semana. Mas que a gente pode aproveitar essa beleza pra anunciar nosso programa de hoje, pode. Neste Dia do Rock, vai ter além de Morcheeba, Nervosa, U2 o jazz muito rocker de Herbie Hancock  e mais. Além disso, Cabeça dos Outros rodando o saudoso Belchior. O  MDC entra às 21h, na estelar Rádio Elétrica. Produção, apresentação e fotos em alta definição: Daniel Rodrigues.



Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

Rock HQ

 




Ramones - arte inspirada na canção "Pet Sematary"

Nirvana - arte inspirada na canção
"Francis Farmer Will Take Her Revenge on Seattle"

Guns 'n Roses - arte inspirada na canção
"Welcome to the Jungle", com menção 
à canção "Paradise City"


Queen - arte inspirada na canção 
"Who Wants to Live Forever" com
menção à canção "Killer Queen"

U2 - arte inspirada na canção "The Fly"

Jimi Hendrix - arte inspirada na canção "Fire".
com menção à canção "Foxy Lady"

David Bowie - arte inspirada nas canções
"Starman", "Blackstar" e "The Man Who Fell on Earth",
com menção à canção "Five Years"




Rock HQ
ilustrações digitais de Cly Reis


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Simple Minds - "Sparkle in the Rain" (1984)




"["Sparkle in the Rain"] 
é um registro de arte
- arte sem lágrimas
e com massa muscular"
Jim Kerr,
vocalista do Simple Minds



O Simple Minds não é exatamente aquele tipo de banda de repertório fraco, limitado e que baseou sua carreira em um hit, mas, embora tenham feito relativo sucesso em sua época, não há  como negar que a banda inglesa é lembrada, especialmente, por duas músicas:
"Don't You (Forget About Me)", trilha sonora do filme "O Clube dos Cinco", um dos marcos culturais dos anos 80, e "Alive and Kicking", uma canção pop inspiradíssima de tom grandioso, integrante do álbum "Once Upon a Time" que, ainda que tivesse um dos grandes momentos do grupo, era um trabalho um tanto irregular e um tanto sem personalidade.
O grande trabalho da banda, no entanto, para mim, é seu antecessor, "Sparkle in the Rain", de 1984, um disco criativo e impetuoso no qual a banda parece ainda não comprometida com o modelo de banda de estádio, com aquela efígie evocativa que viria a acompanhá-la dali para diante.
"Sparkle..." traz um synth-pop vibrante, com linhas agressivas, vocais intensos,  e uma banda integrada, completa, afiada, onde tudo funciona perfeitamente.
A contagem inicial, com a marcação de baquetas, ao melhor estilo punk, em "Up on the Catwalk", seguida da tempestade sonora da introdução dos demais instrumentos, já acena para essa atitude arrojada. Sob o suporte de um piano marcante, uma bateria potente, Jim Kerr exibe um trabalho vocal preciso, dando a tônica do que seria o disco a partir dali.
Uma linha de teclados agressiva mas ao mesmo tempo encantadora introduz a ótima "Book of Billiant Things", uma das melhores do álbum; em "Speed Your Love to Me" o destaque é  para a potente bateria; e em "Waterfront" é um baixo insistente e repetido na mesma nota que faz iniciar mais uma das boas faixas do disco.
"East at Easter", crescente, vai ganhando instrumentos e força até atingir um clímax sonoro quando tudo se une num final belíssimo. "Street Hassle", cover de Lou Reed é, provavelmente, o melhor momento do álbum numa versão grandiosa (ainda que não tão grande quanto a original, com metade de sua duração), apoiada em um arranjo majestoso e uma interpretação emocionante de Kerr.
"White Hot Day" e "'C' Moon Cry Like a Baby" são duas belas canções pop elegantes e sofisticadas; "Kick Inside of Me", com sua introdução pesada de baixo, é um pós-punk intenso e vigoroso; e "Shake of Ghosts", uma instrumental leve e quase relaxante fecha o disco de maneira perfeita.
Os Simple Minds, ironicamente, por conta, de seus dois grandes sucessos, acabou, sendo subvalorizado em seu papel no pop dos anos 80. Como se só tivessem tido a capacidade de produzir aqueles hits e pronto. Sem falar na comparação com o U2 que, no peso da ascendência, da projeção, do apelo, foi prejudicial para o grupo de Jim Kerr, chegando ao ponto de ser considerada uma espécie de "U2 com teclados", maldosamente apelidado, até mesmo, de "U3". Injustiça! O Simple Minds passava longe de ser uma difusa sombra do grupo de Bono Vox, especialmente nos primeiros discos ainda com uma boa pegada pós-punk, com linhas melódicas criativas, pungência e originalidade, como fica bem demonstrado nesse grande álbum, "Sparkle in the Rain".
*****************

FAIXAS:
1. "Up on the Catwalk" (4:45)
2. "Book of Brilliant Things" (4:21)
3. "Speed Your Love to Me" (4:24)
4. "Waterfront" (4:49)
5. "East at Easter" (3:32)
6. "Street Hassle" / Lou Reed (5:14)
7. "White Hot Day" (4:32)
8. "'C' Moon Cry Like a Baby" (4:19)
9. "The Kick Inside of Me" (4:48)
10. "Shake Off the Ghosts" (3:57)

******************
Ouça:






por Cly Reis

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

30 grandes músicas dos anos 80 (não necessariamente as melhores)

Os irlandeses da U2, no topo da lista, em foto de
Anton Corbjin da época de "Bad"
Sabe aquela música de um artista pop que você escuta e se assombra? E o assombro ainda só aumenta a cada nova audição? “Caramba, que som é esse?!”, você se diz. Pois bem: todas as décadas do rock – principalmente a partir dos anos 60, quando as variações melódico-harmônicas se multiplicaram na reelaboração do rock seminal de Chuck Berry, Little Richard e contemporâneos – são repletas de músicas assim: clássicos imediatos. Mas por uma questão de autorreconhecimento, aquelas produzidas nos anos 80 me chamam bastante a atenção. É desta década que mais facilmente consigo enumerar obras desta característica, as que deixam o ouvinte boquiaberto ou, se não tanto, admirado.

Conseguiu entender de que tipo de música estou falando? Creio que talvez precise de maior elucidação. Bem, vamos pela didática das duas maiores bandas rock de todos os tempos: sabe “You Can´t Always Get What You Want”, dos Rolling Stones, ou “A Day in the Life”, dos Beatles? É esta espécie a que me refiro: podem não ser necessariamente as músicas mais consagradas de seus artistas, nem grandes hits, mas são, inegavelmente, temas grandiosos, emocionantes, que elevam. Você pode dizer: “mas têm outras músicas de Stones ou Beatles que também emocionam, também são grandes, também provocam elevação”. Sim, concordo. Porém, estas, além de terem essa característica, parecem conter em sua gênese a ideia de uma “grande obra”. Dá pra imaginar Jagger e Richards ou Lennon e McCartney – pra ficar no exemplo da tabelinha Beatles/Stones – dizendo-se um para o outro quando compunham igual Aldo, O Apache em "Bastardos Inglórios": “Olha, acho que fizemos nossa obra-prima!”

Quer mais exemplos? “Lola”, da The Kinks; “Heroin”, da Velvet Underground; “Marquee Moon”, da Television; "We Are Not Helpless", do Stephen Stills; "Kashmir", da Led Zeppelin. Sacou? Todas elas têm uma integridade especial, uma alma mágica, algo de circunspectas, quase que um selo de "clássica". 

Pois bem: para ficar claro de vez, selecionamos, mais ou menos em ordem de preferência/relevância, as 30 músicas do pop-rock internacional dos anos 80 as quais reconhecemos esse caráter. Para modo de poder abarcar o maior número de artistas, achamos por bem não os repeti, contemplando uma música de cada - embora alguns, evidentemente, merecessem mais do que apenas uma única indicada, como The Cure, U2 e The Smiths. Haverá as que são mais conhecidas ou mais obscuras; as que, justamente por conterem certo tom épico, se estendem mais que o normal e fogem do padrão de tempo de uma "música de trabalho"; artistas de maior sucesso e outros de menor alcance popular; músicas que inspiraram outros artistas e outras que, simplesmente, são belas. 

E desculpe aos fãs, mas, claro, muita gente ficou de fora, inclusive figurões que emplacaram superbem nos anos 80, como Michael Jackson, Elton John, Bruce Springsteen e Queen. Até coisas que adoraria incluir não couberam, como “Hollow Hills”, da Bauhaus, “Hymn (for America)”, da The Mission, "51st State", da New Model Army, "Time Ater Time", da Cyndi Lauper, "Byko", do Peter Gabriel, "Up the Beach", da Jane's Addiction, "Pandora", da Cocteau Twins, "I Wanna Be Adored", da Stone Roses... Mas não se ofendam: tendo em vista a despretensão dessa listagem, a ideia é mais propositiva do que definidora. Mas uma coisa une todos eles: criaram ao menos uma música diferenciada, daquelas que, quando se ouve, são admiradas de pronto. Aquelas músicas que se diz: “cara, que musicão! Respeitei”. 


1 – “Bad” - U2 ("The Unforgatable Fire", 1984) OUÇA
2 – “Alive and Kicking” - Simple Minds (Single "Alive and Kickin'", 1985) OUÇA
3 –
Capa do compacto de
"How...", dos Smiths
“How Soon is Now?”
- The Smiths 
("Hatful of Hollow", 1984) OUÇA








4 – “Nocturnal Me” - Echo & The Bunnymen ("Ocean Rain", 1984) OUÇA
5 – “A Forest” - The Cure ("Seventeen Seconds", 1980) OUÇA
6 – “World Leader Pretend” - R.E.M. ("Green", 1988) OUÇA
7 – “Ashes to Ashes” - David Bowie ("Scary Monsters (and Super Creeps)", 1980) OUÇA
8 – “Vienna” - Ultravox ("Vienna", 1980)

Videoclipe de "Vienna", da Ultarvox, tão 
clássico quanto a música


9 – “Road to Nowhere” - Talking Heads ("Little Creatures", 1985) OUÇA
10 – “All Day Long” - New Order ("Brotherhood", 1986) OUÇA
11  “Armageddon Days Are Here (Again)” - The The ("Mind Bomb", 1989) OUÇA
12 – “The Cross” - Prince ("Sign' O' the Times", 1986) OUÇA
13 – “Live to Tell” - Madonna ("True Blue", 1986) OUÇA

Madonna estilo diva, no clipe de "Live..."

14 – “Hunting High and Low” - A-Ha ("Hunting High and Low", 1985) OUÇA
15 – “Save a Prayer” - Duran Duran ("Rio", 1982) OUÇA
16 – “Hey!” - Pixies ("Doolitle", 1989) OUÇA
17 – “Libertango (I've Seen That Face Before) - Grace Jones ("Nightclubbing", 1981) OUÇA
18 – “Black Angel” - The Cult ("Love", 1985) OUÇA
19 – “Children of Revolution” - Violent Fammes ("The Blind Leading the Naked", 1986) OUÇA
Os pouco afamados
Alternative Radio
emplacam a fantástica
"Valley..."
20 – “Valley of Evergreen” - Alternative Radio 
("First Night", 1984) OUÇA









21  “USA” - The Pogues ("Peace and Love'", 1989) OUÇA
22  “Decades” - Joy Division ("Closer", 1980) OUÇA
23 – “Easy” - Public Image Ltd. ("Album", 1986) OUÇA
24  “Teen Age Riot” - Sonic Youth ("Daydream Nation", 1988) OUÇA
25 – “One” - Metallica ("...And Justice for All", 1988) OUÇA
26 – “Little 15” - Depeche Mode ("Music for the Masses", 1987) OUÇA
27 – "Never Tear Us Apart" - INXS ("Kick", 1987)

Hits também têm seu lugar: 
"Never Tear Us Apart", da INXS


28 – “Lands End” - Siouxsie & The Banshees ("Tinderbox", 1986) OUÇA
29 – “US 80's–90's” - The Fall ("Bend Sinister", 1986) OUÇA
30 – “Brothers in Arms” Dire Straits ("Brothers in Arms", 1985) OUÇA


Daniel Rodrigues

domingo, 9 de janeiro de 2022

DOSSIÊ ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2021




O velho Wayne de olho no trono dos Beatles
Chegou a hora da verdade! A hora dos número. Mais um ano se foi e é chegada a hora de fazer aquele habitual levantamento dos álbuns que entraram para a seleta galeria dos Fundamentais do Clyblog. Lembrando sempre que, na verdade, a seção não tem por objetivo promover disputa ou qualquer tipo de comparação entre artistas e obras, mas a gente mesmo fica curioso para saber quais as marcas e quantitativos e aí, então, levantamos e, em forma de ranking, passamos para vocês. 

2021 foi o ano do jazz nos ÁLBUNS FUNDAMENTAISÁLBUNS. Das 29 obras destacas na nossa seção de discos, 11 foram do refinado estilo norte-americano. Se aproveitando desse predomínio, neste período, o craque Wayne Shorter encostou definitivamente no pessoal de cima. Ainda não alcançou os Beatles, que continuam liderando, mas, junto com seu companheiro de sopro, Miles Davis, que também chegou nas cabeças, já começam a botar uma certa pressão nos rapazes de Liverpool. A propósito da Terra da Rainha, curiosamente no último ano, não tivemos NENHUM artista britânico teve discos incluídos na nossa seção. as ações ficaram basicamente divididas entre norte-americanos e brasileiros, com destaque para o primeiro japonês na lista, o versátil Ryuichi Sakamoto.

No que diz respeito aos brasileiros, Caetano Veloso que dividia a liderança com Jorge Ben, agora toma a frente isoladamente por conta pela participação no disco "Brasil", com João Gilberto, Bethânia e Gilberto Gil. Mas  a disputa está tão apertada quanto no internacional e qualquer disco aqui, disco ali, no ano que chega, pode mudar o panorama.

Entre as décadas com mais obras mencionadas, os anos 70 continuam imbatíveis, embora o ano que aparece mais vezes seja o de 1986. Chama atenção que cada vez mais é inevitável que seja reconhecida a qualidade e se projete a relevância de trabalhos recentes, o que faz com que venham aparecendo com mais frequência, em maior número e cada vez mais fresquinhos, como foi o caso do recém lançado "Carnivore", do Body Count, que mal nasceu  e já figura entre os melhores.

Então, vamos aos números que é o que interessa. Chegou a hora da verdade!


  • The Beatles: 6 álbuns
  • David Bowie, Kraftwerk, Rolling Sones, Pink Floyd, Miles Davis e Wayne Shorter: 5 álbuns cada
  • Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Bob Dylan, John Coltrane e John Cale*  **: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, Van Morrison, R.E.M., Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden, Lee Morgan e Lou Reed**: 3 álbuns cada
  • Björk, Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Herbie Hancock, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, U2, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Dexter Gordon, Philip Glass, Body Count, Faith No More, McCoy Tyner, Vince Guaraldi, Grant Green e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"
**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 6 álbuns*
  • Jorge Ben: 5 álbuns **
  • Gilberto Gil*  **: 5 álbuns
  • Tim Maia e Chico Buarque: 4 álbuns
  • Gal Costa, Legião Urbana, Titãs, Engenheiros do Hawaii e João Gilberto*  ****: 3 álbuns cada
  • Baden Powell**, João Bosco, Lobão, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Paulinho da Viola, Ratos de Porão, Roberto Carlos, Sepultura e Milton Nascimento**** : todos com 2 álbuns 

*contando com o álbum "Brasil", com João Gilberto, Maria Bethânia e Gilberto Gil
**contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"
*** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"
**** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto"
**** contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 19
  • anos 60: 96
  • anos 70: 138
  • anos 80: 116
  • anos 90: 89
  • anos 2000: 13
  • anos 2010: 15
  • anos 2020: 2


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 22 álbuns
  • 1977: 19 álbuns
  • 1969 e 1985: 17 álbuns
  • 1967, 1972, 1973 e 1976: 16 álbuns cada
  • 1968 ,1970 e 1991: 15 álbuns cada
  • 1971, 1979, 1980 e 1991: 14 álbuns
  • 1965, 1975 : 13 álbuns
  • 1965 e 1992: 12 álbuns cada
  • 1964, 1966, 1987,1989, 1990 e 1994: 11 álbuns cada
  • 1978: 10 álbuns



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 192 obras de artistas*
  • Brasil: 139 obras
  • Inglaterra: 114 obras
  • Alemanha: 9 obras
  • Irlanda: 6 obras
  • Canadá: 4 obras
  • Escócia: 4 obras
  • México, Austrália, Jamaica, Islândia, País de Gales: 2 cada
  • Japão, País de Gales, Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de páises diferentes, conta um para cada)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Música da Cabeça - Programa #248

 

Tá todo mundo falando do filme do meteoro? Depois de hoje, o assunto do momento vai ser o MDC, o primeiro do ano. Também, olha só quanta coisa legal: BaianaSystem, Talking Heads, REM, Argemiro da Portela, U2 e mais. No quadro especial, ainda, um Cabeça dos Outros com a Outros Nós. Faz o seguinte: antes de olhar para cima, confere o programa de hoje, às 21h, na comentada Rádio Elétrica. Produção, apresentação e pano pra manga: Daniel Rodrigues

Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Música da Cabeça - Programa #239

 

Halloween? Que nada! Aqui a gente vai é de Saci! É ele quem dá as caras no programa de hoje em um "Sete-List" especial. Além disso, tem também Beastie Boys, Cassiano, U2, Cocteau Twins, BANDA Black Rio, Carlinhos Brown e mais. Ainda, a reunião do G20 e letra de Nelson Cavaquinho, que faria 110 anos. Pulando numa perna só, o MDC surge da mata às 21h na lendária Rádio Elétrica. Produção, apresentação e carapuça vermelha: Daniel Rodrigues


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

sábado, 31 de julho de 2021

Cantando de olhinhos puxados


 



Os alemães da Kraftwerk vestiram kimono e puxaram os olhinhos
para cantar no idioma japonês
Olimpíadas rolando em Tóquio e tá todo mundo se arriscando num "sayonara" ou num "arigatô", não é verdade? Mas falar japonês pra valer, convenhamos, é pra poucos. Dada a dificuldade de se entender a milenar língua nipônica, pode-se dizer que cantar em japonês é domínio estritamente de quem é natural de lá.

Mas será mesmo? Se depender de alguns ousados artistas, não é bem assim. Indo além do palavreado simplório, músicos de nacionalidades diferentes da japonesa também se aventuraram nessa difícil e rara empreitada. E fizeram mais do que simplesmente cantar temas originais do Japão ou versar standarts para o japonês: eles compuseram canções novas neste idioma. Seja norte-americano, brasileiro, inglês ou alemão, esses músicos, menor ou maiormente afeitos aos ideogramas hanzi, puseram a cara pra bater e fizeram obras diferentes daquilo que eles mesmos desenvolvem normalmente.

Aproveitando, então, esse clima olímpico de Jogos de Tóquio, selecionamos sete músicas de artistas não-japoneses que não só fugiram dos estereótipos como construíram bonitas obras em homenagem à cultura do país do Sol Nascente.

*******

“Ito Okashi” - The Passangers (1995)
Composta para a trilha da performance de mesmo nome da artista japonesa Rita Takashina, a canção, cantada por sua conterrânea Akiko Kobayashi, a Holi, é de autoria que ninguém menos que Bono Vox, The Edge, Adam Clayton, Larry Mullen Jr. e Brian Eno, ou seja: a U2 em parceria com seu melhor e mais celebrado produtor. A The Passangers, projeto criado para abarcar as diversas trilhas que a turma compôs junto fora do repertório da renomada banda, lançou um único disco com esta formação e nomenclatura, “Original Soundtracks 1” repleto dessas coisas inusitadas assim como o próprio grupo. “Ito Okashi” é certamente das mais representativas do repertório.

Clipe de "Ito Okashi",da The Passangers



“Ai no Sono” - Stevie Wonder (1979)
Da capacidade de Stevie Wonder não se pode duvidar de nada, nem que ele fique com olhos puxados como um oriental pode debaixo daqueles óculos escuros. A bela “Ai no Sono”, assim como a música da The Passangers, também nasceu de um projeto diferente e ligado a cinema. No caso, a trilha sonora para o filme de animação “Journey Through the Secret Life of Plants”, que o Estevão Maravilhoso não apenas compôs, como tocou, arranjou e produziu de cabo a rabo. Quem pode duvidar, então, que o homem invente uma canção em japonês? Embora irregular e extenso, o disco duplo, guarda essa joia que só poderia ter saído de uma cabeça genial como a de Stevie.
OUÇA



“Made in Japan”
- Pato Fu (1999)

O lado extrovertido da Pato Fu faz com que a banda mineira liderada por John Ulhoa e Fernanda Takai (de origem oriental), diferente de outros grupos “sérios” do rock nacional dos anos 90, não levasse tão a sério a si mesmos. Entre os benefícios disso, está o de levar a sério as próprias brincadeiras, como a de criar uma música toda em japonês. Para quem como eles, que cresceu jogando Hatari e vendo na TV Spectreman e Ultraman (e admite isso), não foi uma tarefa tão difícil. Música do disco “Isopor”, de pouco antes de Fernanda começar a se achar uma grande cantora, ou seja, a se levar a sério.
OUÇA



“Relax”
- The Glove (1983)

Tá certo que é só um refrão “sampleado” de uma voz masculina repetindo as mesmas frases durante a faixa inteira – provavelmente, chupada de algum filme japonês B muito esquisito. Junto a essa voz, outros recortes se entrecruzam com variações de velocidade e compressão, além de sons que fazem referência ao Oriente, como de um koto, de sinos e gongos. Mas, além do inusitado do idioma diferente do inglês em comparação com todos os outros temas cantados de “Blue Sunshine”, o maravilhoso e único disco do projeto de Robert Smith (The Cure) e Steven Severin (Siouxsie & The Banshees), a The Glove, fecha com esta tensa e lisérgica canção, digamos, nada “relax”
OUÇA



“I Love You, Tokyo”
- Os Incríveis (1968)

Em 1968, a banda de rock da jovem guarda Os Incríveis excursionaram pelo Japão e aproveitaram para gravar no álbum “Os Incríveis Internacionais” e, depois em “Os Incríveis no Japão”, a faixa “I Love you Tokyo”. Embora o título em inglês, a letra é, sim, toda em japonês. A sacadinha da turma de Mingo, Risonho, Nenê, Neno e Netinho foi utilizar uma música original da era Meiji, composta por volta do ano de 1700, para inventar a letra. “Vale essa, Arnaldo?” Vale, sim.
OUÇA



“Miki”
- Toninho Horta (2012)
Um dos vários músicos brasileiros admirados no Japão – às vezes, reconhecido mais ou antes lá do que aqui – é o mineiro Toninho Horta, violonista e compositor de mão cheia e um dos artífices do Clube da Esquina. No início dos anos 2010, em constante deslocamento entre o seu país natal e o outro lado do mundo, resolveu, então, solucionar esse problema lançando o disco “Minas Tokio”. Em parceria com a musicista japonesa Nubie, Horta, além de regravar clássicos como “Beijo Partido” e “Giant Steps” e de seus tradicionais e belos temas instrumentais, como a claramente oriental “Shinkansen”, ainda escreveu com ela músicas que fazem essa ponte entre Brasil e Japão não só pela música, mas pela letra também.
OUÇA



“Dentaku” - Kraftwerk (1981)
Os geniais pais da música eletrônica, além de cantarem em inglês e alemão em várias ocasiões, têm como característica a universalidade da sua música. É o que se vê nas músicas “Numbers”, que mistura diversas línguas, as faixas de “Tour de France”, todas cantadas em francês, “Sex Object”, com trechos em espanhol, ou “Electric Café”, quando até o português eles arranham. Por que, não, então, cantar em japonês. É o que fizeram nessa faixa, que é uma corruptela da clássica “Pocket Calculator”, do álbum “Computer World”, que, no final das contas, diz mais ou menos a mesma coisa que seu tema original: um convite para fazer/ouvir música usando as teclas de uma calculadora de bolso. 

"Pocket Calculator/ Dentaku" ao vivo, da Kraftwerk



“Império dos Sentidos” - Fausto Fawcett & Os Robôs Efêmeros (1989)
Não se enganem pelo título em português. Afinal, quem não liga este nome a de um dos mais famosos filmes rodados no Japão, o drama erótico de Nagisa Oshima que escandalizou o mundo nos anos 70? Pois foi com essa clara referência (e reverência), que os criativos Fausto Fawcett, Carlos Laufer e Herbert Vianna escreveram a música que intitula o segundo disco da banda carioca. Para isso, fazem o mesmo expediente que a The Glove: recortam um trecho de voz, neste caso, feminina, que repete a mesma frase em japonês, algo provavelmente extraído do próprio filme. Um clima misterioso e, claro, com elementos orientais além da própria letra, que é dita levemente por uma voz feminina, quase uma “narcotic android nissei com a bateria no fim”, como diria o próprio Fawcett.
OUÇA

cenas do filme "O Império dos Sentidos"


Daniel Rodrigues

segunda-feira, 14 de junho de 2021

R.E.M. - "Out of Time" (1991)

 

“Não esperávamos o que aconteceu com ‘Losing my Religion’. É uma música de cinco minutos sem refrão perceptível, e o bandolim é o instrumento principal. Não há absolutamente nenhuma maneira de prever que a música seria um sucesso."
Mike Mills

"Eu realmente gosto muito do disco. Na verdade, eu amo o disco.”
Michael Stipe

O início dos anos 90 foi especial para apreciadores de rock de qualquer canto do planeta, inclusive no Sul do Brasil, sempre longe demais das capitais. Surgiam ótimas e promissoras bandas tanto nas paradas de sucesso quanto na cena alternativa, despontavam alguns músicos de fina estirpe, as rádios e uma ativa MTV repercutiam muita coisa boa, festivais legais aconteciam pelo mundo. Mas aquele período foi também de confirmação de velhos conhecidos. Oriundos dos anos 60, 70 e 80, muitos artistas em plena atuação faziam alguns de seus melhores trabalhos naquele começo da última década do século XX, o mesmo que viu, nos anos 50, o rock surgir enquanto movimento jovem e cultural de massas. Foi assim com Iggy Pop, Lou Reed, The Cure, Neil Young, Metallica, U2 e vários outros. Sabendo-se de seus potenciais e história, de certa forma esperava-se deles que trouxessem novidades a cada lançamento. Porém, por incrível que pareça, não se alimentava essa expectativa quanto a R.E.M. – ou, quem sabe, temporariamente se esquecia deles.

Talvez por terem demorado três anos para lançar algo novo ou por virem de uma série de ótimos discos, desembocando no acachapante “Green”, a impressão que dava era a de que eles haviam se livrado dessa cobrança. A ausência do peso da responsabilidade foi positiva, pois fez com que a chegada de “Out of Time” fosse ainda mais impactante naquele ano de 1991. O primeiro single, "Losing My Religion", cujo videoclipe foi ao mesmo tempo um choque e um sucesso imediato, tratava-se de um perfect pop com as características que lhe são comuns: refrão pegajoso, riff fácil e inteligente, melodia envolvente, evolução com carga emotiva. Mas, mais do que isso, um tom melancólico, grave, contristado, algo entre uma balada com ares sacros e um pop rock de massas. Fora isso, o instrumento principal é um incomum bandolim. E que letra! “Aquele sou eu no canto/ Aquele sou eu sob os holofotes/ Perdendo minha religião/ Tentando te acompanhar/ E eu não sei se eu consigo fazer isso”. Sabia-se que se estava presenciando o nascimento de um clássico do rock.

Dada a primeira boa impressão, o então novo disco da R.E.M., porém, levou um pouco para chegar no ainda atrasado mercado fonográfico do Brasil daqueles idos. "Losing My Religion", por sua vez, cumpria o papel de reacender os holofotes para o quarteto Michael Stipe, Peter Buck, Mike Mills e Bill Berry. A se ver pelo primeiro hit, prenunciava-se um disco acima da média. Foi então que o dia de conhecer “Out...” chegou ao Rio Grande do Sul (provavelmente, se não o primeiro estado no Brasil, dos primeiros a ter esse privilégio) através da finada Rádio Ipanema, que aos finais de tarde geralmente rodava na íntegra alguma novidade do mundo do rock. 

E as expectativas foram todas confirmadas. “Radio Song”, que abre o álbum, assinalava que a R.E.M. vinha, sim, para engrossar a fila das bandas veteranas em plena forma naquela virada de anos 80 para os 90. Um britrock ao estilo das melhores coisas da Ride e Stone Roses, com um ritmo funkeado, riff matador e carregado das guitarras espetaculares de Buck. Ainda assim, o arranjo também comportava uma orquestra de cordas e uma boa dose de variações de andamento. Mas isso não é tudo: dividindo os vocais com Stipe está o rapper KRS-One. Primeiro, soltando frases e melismas com o sotaque das ruas norte-americanas, o que dá uma personalidade totalmente própria à música. Depois, ao final, KRS-One engata, aí sim, somente ele um rap, encerrando a canção com o provavelmente quarto ou quinto ritmo apresentado na melodia. Que cartão de visitas “Radio Song”!

A audição de “Out...” se desenrolava e, a cada nova faixa, mais se confirmava que se estava diante de um grande disco. "Low" emulava com competência The Doors, tanto no canto de Stipe a la Jim Morrison e no riff de guitarra circunspecto, que lembra temas como "When the Music's Over" e "Strange Day", quanto, principalmente, no órgão Hammond como o de Ray Manzareck. Bem ao estilo guitar melody, a R.E.M. volta à sua pegada dos discos “Document”, “Reckoning” e, principalmente, “Green”, em "Near World Heaven", outra música de trabalho do disco, esta, cantada por Mills. Conforme se avança no sulco, percebem-se semelhanças com a construção de repertório desses álbuns anteriores que tão certo havia dado, os quais intercalam temas mais alegres com outros mais melancólicos, mais agitados com lentos, mais distorcidos com melodias doces. Mérito do produtor Scott Litt.

O que “Out...” guarda também, no entanto, são mais maravilhas. A emocionante instrumental "Endgame" é um country altamente melodioso em que, além da instrumentalização caprichada com escaleta, violão, cordas e percussões delicadas, ouve-se a voz de Stipe apenas para cantarolar melismas como mais um instrumento. Após uma canção tristonha, vem mais uma pulsante. E em alto astral, por sinal. Sinônimo de música pop alegre, o segundo maior hit do disco, "Shiny Happy People", traz, além do termo "alegria" no próprio título, a esfuziante participação de Kate Pierson, da B52's, musa da divertida new wave, dividindo os microfones com Stipe, que pega emprestada a ideia tão bem executada por Iggy Pop com a cantora um ano antes noutro sucesso daquele começo de década, "Candy". Assim como “Losing...” e espelhando-se num tema de função parecida de “Green”, “Stand”, é mais um perfect pop que também marcou época por conta de sua melodia animada e de seu clipe, que trazia uma cenografia festiva e colorida como a música.

O pop rock eficiente de "Belong" completa-se com uma nova redução na rotação e mais uma bela canção: "Half a World Away", balada misto da atmosfera folk de "Endgame", o vocal anasalado típico de Stipe em "Losing...", as cordas de “Radio Song” e a levada Doors de "Low" – desta vez trocando o órgão por um cravo. Na sequência, Mills encabeça outro tema assim como fez em “Near...”. É “Texarcana”, novamente um rock com magnífico riff e complemento de cordas. A construção do repertório é tão parecida com a de “Green”, que mais uma vez as faixas se espelham. Caso de “Country Feedback”, balada que remete a “The Wrong Child” do álbum anterior. Esta prepara o terreno para o encerramento com "Me in Honey", em que se repete a dobradinha Stipe-Pierson num tema pop se não à altura de grandes faixas do próprio “Out...” e nem do gran finale de “Green” (o rockasso "I Remember California"), ao menos mantém com dignidade a boa qualidade.

Chegado ao final daquela primeira audição de “Out...”, ação se repetiria centenas de vezes nesses últimos 30 anos que o disco completa em 2021, ficava evidente que a R.E.M. se superava. E se não era melhor do que seu antecessor “Green” – difícil tarefa que a banda jamais atingiria até se dissolver, em 2011 – ao menos aperfeiçoava seu estilo e discurso. Adicionava-se às guitarradas de Buck outras formas de criar riffs; ampliava-se a instrumentalização; aprofundam-se na raiz da música norte-americana; Stipe apurava ainda mais sua poesia e canto. Presente em listas de grandes discos dos anos 90, como a dos 100 Álbuns das revistas Rolling Stone e Slant, “Out...” ganhou três Grammy Awards em 1992 (Melhor Álbum de Música Alternativa e dois para "Losing My Religion"). E se hoje o disco é considerado um clássico, à época de seu lançamento ele alçava o grupo a um novo patamar: o de banda que transpunha a fronteira do alternativo para o pop. O esquecimento temporário da R.E.M. havia feito bem tanto para poderem apresentar aquele novo trabalho quanto, principalmente, para atingirem livres de preconceitos um feito que poucos conseguem: o de tornar-se internacionalmente conhecido, mas manter o status de cult.

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FAIXAS:
1. "Radio Song" - 4:13
2. "Losing My Religion" - 4:26
3. "Low" - 4:55
4. "Near Wild Heaven" - 3:17
5. "Endgame" - 3:48
6. "Shiny Happy People" - 3:45
7. "Belong" - 4:05
8. "Half a World Away" - 3:26
9. "Texarkana" - 3:37
10. "Country Feedback" - 4:07
11. "Me in Honey" - 4:06
Todas as músicas de autoria de Berry, Buck, Mills e Stipe

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Daniel Rodrigues