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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

R.E.M. - "Green" (1988)


"Quem poderia imaginar que
uma compra impulsiva de [Peter]Buck,
de um velho bandolim italiano
em uma lojinha de Nova Iorque
poderia ter tamanho impacto na carreira da banda?"
Alan Jones
editor da revista Uncut



A grande explosão do R.E.M. em termos de público, aconteceu com o bom "Out of Time" de 1991, mas "Green" seu antecessor, de 1988, é na verdade seu inspirador e embrião em vários aspectos, desde a semelhança das capas, passando pelas características de cada canção, e até mesmo uma certa semelhança no formato e na distribuição das faixas. Sim, "Out of Time" foi um grande sucesso nas paradas e impulsionou o R.E.M. ao status de grande nome do pop-rock mundial, mas na minha opinião "Green", é infinitamente melhor e, este sim, verdadeiramente um ÁLBUM FUNDAMENTAL.
"Green" marca uma mudança interessante no som do R.E.M.: ao mesmo tempo que a banda mantinha características que a haviam consagrado no universo alternativo até a metade dos anos 80 e começaram a aparecer para o grande público a partir do álbum "Document", neste trabalho começavam a inserir instrumentos alternativos, pouco usuais em sua trajetória até então, como o acordeão, o violoncelo e principalmente, e com grande destaque em uma série de faixas, o bandolim, instrumento que o guitarrista Peter Buck havia recém adquirido e acabara de aprender a tocar.
O álbum começa, como anuncia o nome, com um pop de primeira qualidade, de riff repetido meio oriental e ritmo quebrado, "Pop Song 89". Título aliás bem característico da banda com uma espécie de brincadeira com 'a música pra tocar no rádio', como "Finest Worksong", "Radio Free Europe" e "Radio Song", que viria no álbum seguinte, "Out of Time", coincidentemente, também abrindo o disco.
"Get Up" que a segue é um pop alegre, pra cima; "You are the Everything" é uma belíssima canção folk (seria a "Half a World Away" do "Green"?) que marca bem a característica já salientada da tilização do acordeão e do bandolim, instrumento que seria utilizado também de forma fundamental no trabalho sucessor, como no mega-sucesso "Losing My Religion".
"Stand", outro daqueles pops extremamente gostosos, seria uma espécie de antecipação de "Shinny Happy People", até pelo sonzinho de 'carrosel' comum às duas; e a excelente "World Leader Pretend", com seu tom sério, quase dramático, a predecessora do clássico "Losing My Religion". Forte, grave, engajada, "World Leader Pretend" é, para mim a melhor faixa e o coração do álbum.
O álbum segue com a acústica "The Wrong Child", conduzida pelo bandolim e com um interessantíssimo vocal duplicado cantado de formas diferentes pelo próprio Michael Stipe; com "Orange Crush" e "Turn You Inside-Out" que fazem a dobradinha elétrica do álbum, no momento provavelmente mais vibrante do disco, com duas faixas relativamente pesadas, cheias de guitarras, pedais, distorção e energia; e com "Hairshirt", linda faixa acústica, também pautada pelo bandolim.
"I Remember California", outra das grandes do disco, também pesada, densa, com guitarras e interpretação marcantes e que seria o final original do álbum, certamente cumpriria o papel de encerrar um grande álbum de forma competente, mas a banda ainda nos revelaria uma espécie de surpresa com uma última faixa simplesmente... sem nome. Uma linda canção com um belíssimo trabalho de vocais e bateria, num manifesto pelo amor e pela vida que, de tal forma dá sentido ao nome do álbum que seu próprio título chega a ser dispensável. Daquelas faixas adoráveis que servem pra fechar um álbum de maneira perfeita. 
Como eu já disse, depois viria "Out of Time", muito bom álbum, consagrado e tudo mais, mas que é na verdade, nada mais que uma boa sequência do ótimo "Green".
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FAIXAS:
  1. "Pop Song 89"
  2. "Get Up"
  3. "You Are the Everything"
  4. "Stand"
  5. "World Leader Pretend"
  6. "The Wrong Child"
  7. "Orange Crush"
  8. "Turn You Inside-Out"
  9. "Hairshirt"
  10. "I Remember California" 
  11.   

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Ouça:
R.E.M. Green


Cly Reis

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