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sábado, 18 de outubro de 2014

Ride - "Going Blank Again" (1992)





"As pessoas estavam muito apaixonadas pela forma como fazíamos as coisas no início,

mas o fato que tudo é que tinha mudado bastante durante esse processo,
assim como as próprias pessoas.
Acho que “Goin Blank Again” refletiu isso.
Acho que para um monte de gente foi um certo choque.
Talvez eles esperassem algo mais obscuro ao estilo de “Nowhere”. 
Mark Gardener
vocalista e guitarrista




" 'Going Blank Again' estava à frente de seu tempo para as pessoas que queriam grunge e shoegaze.
Ou ele não associava-se claramente com um movimento especial na música na época,

ou simplesmente não havia um movimento na música naquele momento,
o que é a verdade. Aconteceu por conta própria. "

Loz Colbert,
baterista


Muita gente prefere o cultuado “Nowhere”, álbum de estreia dos ingleses do Ride, mas, particularmente, tenho um carinho todo especial e uma grande admiração pelo ótimo “Going Blank Again” de 1989. Embora seu antecessor seja inegavelmente bom, um clássico do shoegaze britânico, “Going Blank Again” soa mais radiante, mais luminoso, mais aberto.

Um órgão ecoando, uma virada de bateria, uma linha de baixo sinuosa e as guitarras rasgando estridentes apresentam a maravilhosa “Leave Them All Behind”. O vocal em coro de Andy Bell e Mark Gardener se encarrega de dar toda uma monumentalidade à canção, enquanto os solos psicodélicos, os rolos e as pratadas constantes conferem um gostoso ar de jam session à faixa de abertura que, de cara, já se apresenta como uma das grandes do álbum.

Provavelmente pelo efeito extasiante da faixa inicial, as seguintes “Twisterella” e “Not Fazed” e “Chrome Waves” podem dar a falsa impressão de serem menos interessantes, mas assim que o ouvinte se recupera da sensação estonteante da abertura e depois de algumas audições um pouco mais atentas a impressão facilmente é rechaçada, especialmente em relação a “Not Fazed”, faixa elétrica, cheia de energia, conduzida por um riff cativante. Mas se mesmo com uma observação mais cuidadosa, de alguma forma o sentimento persistir, com certeza será desfeito logo em seguida pela empolgante “Mousetrap”, uma adorável canção delineada por uma belíssima melodia vocal em coro da dupla Bell e Gardener; e pela espetacular “Cool Your Boots”, outra que justifica a grandeza do álbum, com uma inspirada linha de guitarras ruidosas e rascantes, incrementada por pedais wah-wah, mas cujo ponto alto, no entanto, se dá no seu trecho final quando a bateria alterna o ritmo cadenciado da canção com breves acelerações ao estilo punk, culmina num final apoteótico.

A simpática “Making Judy Smile” é uma daquelas canções de transição como todo grande disco tem, fazendo uma espécie de ponte para o segmento final quando outros dois grandes momentos se afiguram: as espetaculares “Time Machine”, e “OX4”. A primeira, surgindo com uma introdução de teclado viajante, algo meio “espacial”, seguido por uma linha de baixo dub, que quebrada por uma marcação no aro da bateria, irrompe agora sim, em um baixão com distorção, contrapondo com guitarras que desta vez aparecem puras e limpas, acompanhadas por uma programação de teclado contínua que pontua com magia e levez toda a canção. E se a difícil tarefa de finalizar bem um álbum de qualidade como “Going Blank Again” ficaria a cargo de “OX4” ela não decepciona e o faz de forma perfeita numa das canções mais belas e inspiradas do disco. Com uma introdução de teclados bem psicodélica, uma levada apaixonante e outra linha de baixo muito envolvente, a faixa conta com um trabalho de guitarras excepcional, dobrando e soando como bandolins em alguns momentos assumindo assim um certo tom de grandiosidade e, por fim, desfazendo-se num belíssimo solo de guitarra que some silenciando aos poucos, já deixando vontade de ouvir de novo.

À parte qualquer questão pessoal por ser “Going Blank Again” um dos meus xodós, ele não entra nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS por uma questão meramente pessoal. Ride é um dos grandes representantes do rock inglês produzido no final dos anos 80 e o álbum um dos melhores exemplares do britpop, deixando um pouco de lado o ranço de alguns de seus colegas e compatriotas, e jogando um pouco de luz na obscura cena musical britânica daquele momento.
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FAIXAS:
1. Leave Them All Behind (Ride, Gardener) 8:18
2. Twisterella (Ride, Gardener) 3:43
3. Not Fazed (Ride, Bell) 4:25
4. Chrome Waves (Ride, Bell) 3:55
5. Mouse Trap (Ride, Gardener) 5:15
6. Time Of Her Time (Ride, Bell) 3:17
7. Cool Your Boots (Ride, Bell) 6:04
8. Making Jody Smile (Ride, Bell) 2:39
9. Time Machine (Ride, Gardener) 5:55
10. OX4 (Ride, Gardener) 7:04

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Ouça:
Ride Going Blank Again


Cly Reis


sábado, 21 de outubro de 2023

Ride - "Nowhere" (1990)

 




"...encontramos uma foto 
[a onda da capa do álbum]. 
Na minha cabeça, 
sabíamos o clima que estávamos buscando
 – que era essa coisa de escapismo, 
meio do nada
 – e tínhamos essa imagem 
para basear essa ideia."
Andy Bell, guitarrista


A expressão cult, às vezes meio vulgarizada, atribuída a qualquer obra ou artista de valor duvidoso, ou a elementos excessivamente populares para se destacarem como algo diferenciado, tem em uma de suas origens a definição de algo que tem, sim, determinado valor reconhecível, embora, evidentemente, não seja o melhor de sua categoria. Costumo classificar para mim alguns itens como cult, de forma muito pessoal e independente da avaliação geral ou da unanimidade dos entendidos. É o meu cult! Por ser subestimado, por ser underground, por ser maldito, pela raridade, enfim, pelo meu critério de reverência.
É o caso do álbum "Nowhere", do Ride. Embora para muitos ele seja o clássico absoluto da banda inglesa, um dos ícones da cena britânica do início dos anos 90, para mim "Nowhere" é o álbum cult. Tenho por sua obra maior, mais completa, seu sucessor, o excelente "Going Blank Again", de 1992, um trabalho, na minha opinião, mais maduro, mais bem lapidado, mais aperfeiçoado tecnicamente, no entanto, além de entender toda a idolatria dos fãs pelo disco de estreia, tenho por ele um enorme respeito e carinho. Em parte é isso: "Nowhere" ainda é meio tosco, meio cru, muito raiz, mas está  ali uma banda vigorosa, pura, cheia de coração. "Seagull" que abre o disco é  exatamente isso: é energia pura, numa linha de baixo alucinante com uma tempestade de guitarras e uma linha vocal celestial.

" 'Seagull' pode ser visto como a música tema do álbum, na medida em que tem a imagem do oceano, e é uma espécie de declaração de intenções com uma letra forte – parece a primeira faixa de um álbum. Além disso, faz referência a "Revolver", dos Beatles, que abre com "Taxman"Gaivota tem a mesma linha de baixo, então parecia que havia algumas coisas apontando para ela como a abertura."
Andy Bell

Mas o ímpeto não se resume à abertura e pode ser encontrada também em "Kaleidoscope" e "Decay",
Há também aquelas que são doces, adoráveis, e no entanto, não menos cruas, como "In a Different Place" e sua encantadora melodia, "Polar Bear", com sua guitarra suja e sua batida estrondosa, e "Drums Burn Boom", que equilibra leveza e beleza com peso e barulho. A versão original do álbum,  em LP, se encerrava com a delicada "Vapour Trail", embora a versão em CD ainda trouxesse mais três faixas, "Taste", com toda sua energia psicodélica, a boa "Here and Now", e a música que batiza o álbum, "Nowhere", soturna e misteriosa, como um mergulho num pântano.

"Esta tornou-se uma das nossas favoritas, mas naquele momento era apenas mais uma melodia. "Vapour Trail" parecia apenas uma música simples de quatro acordes. Não foi preciso muito esforço para gravar – foi uma sorte incrível que tenha ficado tão boa quanto ficou. Agora eu ouço as músicas e concordo que "Vapour Trail" saiu um dos melhores."
Andy Bell


Mas o ponto alto, que une precisamente essa pureza sonora, com leveza e intensidade, é a espetacular "Paralyzed". Sua sonoridade oca, suas guitarras hipnóticas, o vocal arrastado, seguem lentamente, numa batida seca, marcada, fazendo com que o ouvinte seja absorvido num inevitável transe mágico. A parada, a pausa no meio da música, retornando com a batida marcada e sons de vozes de uma multidão ao fundo é, simplesmente de arrepiar!

"Durante os tumultos eleitorais, estávamos gravando em Oxford Street, em Londres. Abrimos a janela do estúdio quando estávamos fazendo a linha de piano, e havia uma multidão se rebelando do lado de fora. Parecia tão bom, e nos lembrou de uma música dos Smiths, então decidimos usar aquilo em "Paralyzed". Você tem que estar aberto a esses acidentes afortunados, a esse processo orgânico, porque ele agrega. Tornou-se outra coisa no estúdio porque a segunda metade da música virou esse trecho atmosférico de bateria, baixo e piano que não teria feito parte de nenhuma demo caseira - e nós sequer teríamos ensaiado."
Andy Bell

Imagino que para a maioria dos fãs  e críticos seja exatamente o contrário: "Nowhere" seja o melhor disco do Ride e "Going Blank Again" mereça, se tanto, algum respeito. Mas até essa possível divergência reforça a condição de "Nowhere" dentro da minha concepção: é o preferido de muitos mas para mim, embora não seja o número um, é, indubitavelmente, um grande disco. Enfim, para bem ou para o mal, é um disco cult.

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FAIXAS:
1 Seagull (6:10)
2 Kaleidoscope (3:02)
3 In A Different Place (5:29)
4 Polar Bear (4:46)
5 Dreams Burn Down (6:06)
6 Decay (3:36)
7 Paralysed (5:34)
8 Vapour Trail (4:18)
9 Taste (3:17)
10 Here And Now (4:27)
11 Nowhere (5:23)

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Ouça:
Ride - "Nowhere"




por Cly Reis

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

The Troggs - "From Nowhere" (1966)


Trogg: abreviação chula em inglês para
"troglodita".


Nos anos 60, muitos jovens, motivados pelo boom Beatles / Stones, montaram seu próprio conjunto para fazer versões de standards do blues e inventar canções próprias. Algumas alcançaram status e sucesso, como Yardbirds, Monkees e Byrds. Mas tinha a turma mais obscura em meio a toda aquela luminosidade estelar. Uma galera que, com pouca grana tanto para comprar bons instrumentos quanto para vestir os caros terninhos mods, juntava-se para ensaiar na garagem da casa de algum dos integrantes (provavelmente, quando os pais iam ao cinema) e, com muita vontade de tocar e criar, produzia alguns dos melhores sons que o rock já ouviu. É o caso do The Troggs, banda britânica que, com seu álbum de estreia, “From Nowhere”, influenciou, em música e postura, do punk ao metal.
Formada por Reg Presley (vocais), Chris Britton (guitarra), Pete Staples (baixo) e Ronnie Bond (bateria), a banda saiu da pacata cidade sulista de Andover para gravar seus primeiros compactos pelas mãos do empresário Larry Page, o mesmo do The Kinks. E não foi coincidência, afinal, tanto um grupo quanto outro fazia a linha rebelde, uma resposta às carinhas de bons moços dos Fab Four. A afronta já começava pelos nomes: um, selvagem e irreverente (The Troggs: “Os Trogloditas”); o outro, insinuante e debochado (The Kinks: “Os Pervertidos”). Faziam, além disso, um rock sujo, guitarrado, de bases simples e compasso acelerado. Quase punk.
Assim são, em “From Nowhere”, as versões de “Ride Your Pony”, “Jaguar and Thunderbird” e do clássico pré-punk “Louie Louie” – que, para uma garage band que se prestasse, não podia faltar! O vocalista, nascido Reginald Ball, autor da maioria do repertório e um grande blueser, pegou emprestado o sobrenome de Elvis com merecimento. É ele que dá o tom criativo de cada faixa, apresentando um cardápio variado do melhor blues-rock. São dele as melhores, como “Our Love Will Still Be There”, marcada no baixo e com frases de guitarra superdistorcida, “Lost Girl”, intensa e bruta, e “I Just Sing”, de ritmo tribal e um moog psicodélico na medida certa.
Entre blues quentes (“Evil”, "The Yella In Me") e boas baladas para conquistar as gatinhas (When I’m With You”), o Troggs manda ver na incrível “Your Love”, com uma bateria impressionantemente possante (algo raríssimo para os limitados recursos técnicos dos estúdios da época) e um matador riff de guitarra de apenas quatro notas. Estava ali uma fórmula diferente do rock de então, mais tosco, mais direto, mais agressivo. Quase punk.
“From Nowere” traz, porém, duas joias. A primeira delas é a marcante faixa de abertura: “Wild Thing”, versão para a música de Chip Taylor que virou a tradução do espírito rebelde e rocker da banda (“Wild thing/ You make my heart sing”). Maior sucesso comercial do grupo, abre com um acorde alto e distorcido de guitarra que se esvanece feito uma serpentina, mostrando de cara que eles não vinham pra brincadeira. Combinação de notas simples e um ritmo forte e marcado que já prenunciava o rock pogueado dos punks. Daquelas de ouvir balançando a cabeça. Detalhe interessante é o inventivo solo de flauta doce, que lhe dá um interessante exotismo medieval.
A outra grande do disco é mais uma de Presley: “From Home”. Se a música “Peaches en Regalia”, do Frank Zappa, foi capaz de, sozinha, motivar a criação de uma das duas mais importantes bandas de hard rock de todos os tempos, o Deep Purple, esse petardo do Troggs foi responsável por originar, nada mais, nada menos, do que a outra grande banda do rock pesado mundial: o Black Sabbath. Com o mesmo clima ritualístico de “Lost Girl”, mas adicionando agora um vocal rasgado e guitarras BEM distorcidas flutuando sobre tudo (igual ao que o heavy metal usaria largamente anos depois), “From Home”, confessadamente inspiração para a formação do Sabbath, traz aquela atmosfera macabra do som feito por Ozzy Osbourne e Cia. – e isso quatro anos antes de lançarem seu primeiro LP!
Se o Black Sabbath bebeu na fonte do Troggs, o que dizer, então, de StoogesDr. Feelgood, Modern Lovers? Junto com outras importantes bandas de garagem da época, como The Sonics, The Seeds e The Chocolate Watch Band, eles deram, com seu rock visceral, como que vindo das cavernas, as bases para aquilo que explodiria em Nova York e Londres nos anos 70 com o movimento punk, influenciando toda uma geração. Ah, se não fosse esses abençoados trogloditas!...

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FAIXAS:
1. "Wild Thing" (Taylor) - 2:34
2. "The Yella In Me" (Presley) - 2:38
3. "I Just Sing" (Presley) - 2:09
4. "Hi Hi Hazel" (Martin/Coulter) - 2:43
5. "Lost Girl" (Presley) - 2:31
6. "The Jaguar And The Thunderbird" (Berry) - 2:01
7. "Your Love" (Page/Julien) - 1:52
8. "Our Love Will Still Be There" (Presley) - 3:08
9. "Jingle Jangle" (Presley) - 2:26
10. "When I'm With You" (Presley) - 2:23
11. "From Home" (Presley) - 2:20
12. "Louie Louie" (Berry) - 3:01
13. "The Kitty Cat Song" (Roach/Spendel) - 2:11
14. "Ride Your Pony" (Neville) - 2:24
15. "Evil" (Singleton) - 3:13
16. "With A Girl Like You" (Presley) - 2:05*
17. "I Want You" (Page/Frechter) - 2:13*
18. "I Can't Control Myself" (Presley) - 3:03*
19. "Gonna Make You" (Page/Frechter) - 2:46*
20. "As I Ride By" (Bond) - 2:02*
    * Faixas bônus
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Ouça:
The Troggs From Nowhere



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Pink Floyd - "The Dark Side of the Moon" (1973)




"Na verdade,
não há lado escuro da lua.
De fato, ela é toda negra."
 do porteiro do estúdio Abbey Road,
onde a banda gravou o álbum



Um álbum clássico!
Uma obra mágica.
Um disco legendário.
Um trabalho genial envolto em lendas, mitos e polêmicas.
Uma brilhante resenha musical sobre o cotidiano e as loucuras da vida moderna: angústia, pressa, dinheiro, comportamento... Tudo traduzido magistralmente em música sob variadas formas e possibilidades.
“The Dark Side of the Moon” de 1973 não é apenas um grande álbum, é um marco na música contemporânea. Não só pelo sucesso alcançado, pela dimensão que assumiu no mundo desde seu lançamento, mas pela influência musical que exerce até hoje, pelas temáticas extremamente atuais e pertinentes, veja-se “Money” ou “Time”, por exemplo; pela ousadia de experimentação, como no caso de “On the Run”; pela qualidade técnica; pela concepção gráfica e estética vanguardista; e por tudo mais, ora bolas!
“Speak to Me”, a vinheta que introduz a obra, antecipa todos os elementos que serão apresentados ao longo da obra, partindo do som da batida de um coração que se mistura a rápidos recortes de cada uma das músicas que se seguirão, numa espécie de trailer musical; e estes pequenos flashes, subitamente, desembocam então em“Breathe”, uma canção leve que, então, majestosamente abre efetivamente o disco.
Sem pausa, na seqüência, vem “On the Run” uma alucinante faixa instrumental eletrônica cheia de ruídos e experimentações de estúdio. “Time” que a segue, começa com seus estridentes sons de relógios, despertadores, campainhas e badalos, dando início a um dos maiores clássicos da banda com aquela entrada inconfundível e marcante na voz de David Gilmour e seu solo espetacular na segunda parte. Aí "Time" desacelera, e com uma passagem, que não é mais que uma breve repetição de “Breathe”, traz consigo a magnífica “The Great Gig in the Sky”, uma base instrumental que sustenta uma improvisação vocal memorável e emocionante da cantora convidada Clare Tory.
Ao som de outra introdução inconfundível, como a de “Time”, mas esta com sons de moedas e caixas registradoras, Roger Waters nos apresenta um blues embalado e bem marcado no baixo e com uma série de variantes interessantíssimas, como acelerações, ênfases, solos de guitarra e saxofone, nesta que é para mim a grande música do álbum: "Money".
Depois vem a longa “Us and Them” com sua melodia lenta e emocional e, assim como na anterior, com um belíssimo solo de saxofone.
A instrumental “Any Colour You Like” é outra bem experimental com sua série de efeitos sobrepostos com guitarras e vice-versa.
A belíssima “Brain Damage”, que carrega em sua carne o nome do disco, começa a encaminhar o final da obra, e praticamente como sua continuação, com uma separação muito sutil, a emocionante “Eclipse” fecha a obra-prima de forma majestosa , inclusive, diz a lenda, com um trechinho de "Ticket to Ride" dos Beatles podendo ser ouvido lá ao fundo, no final, quando o som já está abaixando, depois das batidas de coração... as mesmas que começaram o disco lá em "Speak to Me". E ele brilhantemente acaba como começou, ou começa onde acaba, ou mesmo... não tem fim.
Além da misteriosa "Ticket to Ride" que, oficialmente, teria sobrado de uma fita mal apagada, o que não falta são lendas e estórias a respeito deste disco, tais como as alusões codificadas a Syd Barret em diversas faixas; a afirmação de que a versão CD da época não teria sido copiada das fitas originais e Gilmour indignado teria mandado refazer; ou que os temas das músicas, como dinheiro, tempo, angústia, etc., teriam sido feitos quase aleatoriamente num banheiro; e a mais famosa delas, aquela que supõe haver uma estranha e impressionante sincronia do disco com cenas do filme "O Mágico de Oz". Verdade? Mentira? Concidência? Não interessa. Como se não bastasse a qualidade musical superior, coisas como esta só aumentam a aura mística de uma obra absolutamente magistral como esta. Enfim, um álbum fundamental, senhores.
Um disco legendário.
Uma obra mágica.
Um álbum clássico!

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FAIXAS:
1.Speak to Me
2.Breathe
3.On the Run
4.Time
5.The Great Gig in the Sky
6.Money
7.Us and Them
8.Any Colour You Like
9.Brain Damage
10.Eclipse
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Ouça:
Pink Floyd The Dark Side of the Moon



Cly Reis

sábado, 16 de agosto de 2014

Dire Straits - "Brothers in Arms" (1985)





"Eu quero 
a minha MTV"
"Money for Nothing"




Com um rock qualificado, trabalhado e técnico mas altamente acessível, os Dire Straits, liderados por Mark Knofler, conquistavam o público e registravam um dos discos mais importantes e marcantes dos anos 80: “Brothers in Arms” (1985). Recheado de sucessos, o álbum reafirmava as influências de country e blues no som daqueles britânicos, com um apelo pop eficientíssimo e certeiro.
Embora seja um dos álbuns marcantes da era digital, do início da era do CD, é mais um daqueles que vale a pena ser lido e entendido como LP, uma vez que cada lado do bolachão tem suas diferentes características. O lado 1 extremamente pop, trazia todas as músicas que tocaram à exaustão nas rádios e na então incipiente MTV, à qual, curiosamente, numa crítica bem-humorada, com o clássico “Money for Nothing”, ajudaram a consolidar pela menção à emissora na letra da música e pelo emblemático videoclipe, que hoje pode parecer um tanto primário e tosco no que diz respeito a recursos técnicos, mas que, pela linguagem, permanece sendo ainda hoje, um dos exemplares mais importantes do formato. Já na segunda metade, o lado B, encontramos um trabalho mais autoral, um pouco mais experimental e até, por assim dizer, mais introspectivo, com exploração de diferentes estilos.
Uma sequência de grandes sucessos encaminha o início do álbum: “So Far Away” é a que faz a s honras de abertura confirmando o gosto de Knofler pela música americana, num adorável country conduzido por uma suave slide-guitar; a já citada “Money for Nothing”, um empolgante rock de guitarra distorcida e riff alucinante é o grande destaque do álbum, uma das melhores canções dos anos 80 e por certo um dos clássicos definitivos da história do rock; a segue “Walk of Life” um pop alegrinho de teclado grudento; vem a romântica e melosa “Your Latest Trick” com um sax de motel ao estilo Kenny G, mas que ao contrário do que se pode pensar pela descrição, é bastante interessante; e o lado fecha com a longa balada “Why Worry”, uma delicada canção de amor que muito embalou as reuniões dançantes da década de oitenta.
Virando o bolachão, a embalada “Ride Across the River” abre os trabalhos flertando com o reggae numa canção que demonstra toda a capacidade compositiva diversificada da banda. “The Man Too Strong”, que a segue, é um exemplar country mais característico que “So Far Away” ou mesmo “Money For Nothing”, onde tal sonoridade aparece mesclada numa linguagem pop. “One World”é um blues com um colorido todo pop, abrilhantado por toda a qualidade técnica da guitarra de Knofkler; bem como “Brother in Arms”, outro blues, este grandioso, com ares de progressivo, uma balada melancólica, que também teve algum sucesso e encerra a o disco como uma grande obra merece ser finalizada.
Por conta da insistente execução pública de mais de 60% das músicas do álbum, em rádios, TV's, festinhas juvenis ou onde quer que fosse, o disco se tornou um clássico dos anos 80 e “Money For Nothing”, especialmente, um de seus maiores símbolos, sonoros e visuais. Mas o álbum é mais do que um amontoado de mega-hits. Muitas vezes, considerando grande parte das coisas que caem no gosto popular costuma ser de qualidade duvidosa, somos levados a desconfiar que alguns trabalhos que agradam ao grande público sejam mero produto de entretenimento descartável. Assim, pode-se imaginar que um disco como este, com tantos sucessos, seja uma baba, um disco empurrado goela abaixo do público abaixo de uma irritante insistência videoclípica. Neste caso penso que foi ao contrário: embora admitindo que tivesse um apelo pop superior aos álbuns antecessores da banda, no caso de “Brothers in Arms”, a qualidade do álbum prevaleceu chegando ao grande público e se impondo em forma de grandes sucessos. Sem falar que o público daquele momento, filho do pós-punk, era um pouco diferente do de hoje, mais preparado e mais sequioso por ouvir coisas interessantes, o que fazia com que trabalhos bem concebidos, executados com boas influências tivesses um aceitação e acolhimento imediato.
E, ironicamente, a brincadeira com a emissora e com o mundo pop em geral, que poderia vir a ser gol contra, um tiro no pé, acabou por tornar-se um grande trunfo da banda. Por acaso? Não, é claro! Sem propósito não foi, não sejamos inocentes. Mas que mal há de se utilizar dos recursos que o próprio universo pop oferece.
Que bom.
Antes outros grandes discos como este fizessem tanto sucesso.
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vídeo de "Money for Nothing" - Dire Straits


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FAIXAS:
  1. So Far Away
  2. Money for Nothing
  3. Walk of Life
  4. Your Latest Trick
  5. Why Worry
  6. Ride Across the River
  7. The Man's Too Strong
  8. One World
  9. Brothers in Arms  

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Ouça:


Cly Reis


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

The La's - "The La's" (1990)

Os (outros) quatro rapazes de Liverpool


“A The La’s é a [banda] que está mais próxima do sublime.” 
Liam Gallagher

O mais puro e original som saído diretamente de Liverpool e que marcou as gerações futuras de roqueiros. Quatro jovens rapazes, que, por um curto espaço de tempo, promoveram uma revolução na música pop. Não, não estamos falando dos Beatles. Outra banda da mesma cidade do noroeste da Inglaterra, guardadas as devidas proporções de abrangência e profusão, também teve papel fundamental para a linha evolutiva do rock feito na Terra da Rainha: a The La's

Se Paul, John, George e Ringo transformaram a música mundial em menos de 10 anos, a atuação deste outro quarteto, liderados por Lee Mavers (voz e guitarra), mais Peter "Cammy" Cammell (guitarra), Neil Mavers (bateria) e John Power (baixo, vocais), foi ainda mais meteórica. Tanto que, diferentemente dos primeiros, autores de 13 discos de estúdio nos libertários anos 60, a The La’s registrou apenas um histórico e irreparável álbum no início da instável e inconstante última década do século passado. Tempo suficiente, contudo, para seu rock sintético, melodioso e inspirado influenciar toda a geração do rock britânico dos anos 90, a qual teria na figura da Oasis a sua maior representação. Aliás, tanto a banda dos irmãos Gallagher quanto outras como Blur, Ride, Lemonheads e Supergrass, que, juntamente com a leva do grunge norte-americano, dominaram a cena rock noventista. O self-titled da The La’s, o qual completa 30 anos de lançamento, ao lado do igualmente estreante da Stone Roses, de um ano antes, ajudariam a formatar a estrutura que o britpop passaria a ter a partir de então. 

Esta perspectiva sonora passa, como não poderia deixar de ser, pelos originais rapazes de Liverpool. Melodias vocais apuradas, riffs criativos, reelaboração das bases do blues e a energia da Swingin’ London que remetem inevitavelmente a Fab Four. No entanto, o trunfo da The La’s vai além disso, uma vez que captam tudo aquilo que veio antes deles em termos de rock, como o glam, o punk, o pós-punk, o collage, o shoegaze e o indie. Isso faz com que o som do grupo, muito bem produzido pelo craque Steve Lillywhite junto com Mark Wallis, soe certeiro, objetivo, sem rodeios. Psicodélico na medida certa e com tudo no lugar: timbres, vocais, arranjos e instrumentação.

O quarteto liderado por L. Mavers: inconstância 
que lhes rendeu apenas um álbum

Rock, aliás, quando é bom, não tem muito o que se falar. Basta curtir. É o que faixas como a de abertura, “Son of a Gun” (rock no melhor estilo Buffalo Springfield), “I Can't Sleep” (cujo riff já ouvi de uma dita original banda brasileira...) e ”Timeless Melody” (mais Oasis, impossível) fazem: deixar quem as escuta sem palavras – porém, altamente empolgado. Que riffs grandiosos! A postura propositiva típica de um rock puro com seu saudável grau de afetação, mas despido de egocentrismo desnecessário. É rock bom e pronto! “Liberty Ship”, “Doledrum” e “Feelin'” são aulas de como fazer um country-rock. Igual pedagogia são as bluesers “I.O.U.” e “Failure”, esta última, com uma pegada do psychobilly da The Cramps. Nesta linha também, mas retrazendo a atmosfera picaresca de Syd Barrett, “Freedom Song”, outra excelente. Ainda, a balada “Looking Glass”, que encerra dignamente o álbum sob de uma melodiosa base de violão e os vocais saborosamente insolentes de Lee Mavers.

O conceito da The La's foi seguido, naqueles anos 90 de ascensão do tecno e da acid house, por outros artistas que não deixaram a música pop degringolar e repuseram o rock no seu lugar de destaque. Repetindo a "volta às raízes" que os Bealtes propuseram em “Let It Be”, os tarimbados R.E.M. (“Monster”, 1993) e Titãs (“Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, 1991) seguiram a linha da The La’s de reencontrar a “pureza perdida”. Para novas bandas de então, como The Strokes, The Killers e Kings of Leon, pode-se dizer ainda mais fundamental a proposta desses irmãos dos Beatles. Seja de maneira mais conceitual ou por influência direta, o fato e que seu único e exemplar disco relembrou ao gênero rock, o qual recorrentemente se desvirtua demais de si mesmo, que “menos é mais”, que o “certo é o fácil”. Ter entendido este ensinamento talvez tenha sido o grande mérito da Oasis, cujo sucesso mundial provavelmente seria ameaçado caso a própria The La’s não ficasse somente no primeiro tiro, o que, mesmo cultuados, inegavelmente lhes limitou ao meio underground

Tá certo: é exagero comparar a The La’s aos autores de "Yesterday", afinal, esta disputa talvez seja somente cabível quando se fala em Rolling Stones. Mas que a The La’s é a segunda melhor banda de Liverpool (junto com a Echo & the Bunnymen, claro), isso é bem provável. Rankings como dos 40 grandes álbuns únicos de um artista/banda da Rolling Stone, em que o disco aparece em 13º, e da Pitchfork, no qual é apontado como um dos principais álbuns do britpop de todos os tempos, não deixam mentir. Por motivos pouco explicados, logo após lançá-lo, Mavers encheu-se e quebrou os pratos com os parceiros. A cara dos anos 90: instável e inconstante. Mesmo tendo havido esporádicos retornos posteriormente, o principal resultado daquilo que produziram fez com que virassem lenda, que é este incrível álbum. O primeiro e, como o próprio nome da banda sugere, “último”. E se não fosse o azar de terem nascido na mesma terra dos Beatles, eles seriam certamente os primeiros.

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The La's - Clipe de "There She Goes"


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FAIXAS:
1."Son Of A Gun" - 1:56
2. "I Can't Sleep" - 2:37
3. "Timeless Melody" - 3:01
4. "Liberty Ship" - 2:30
5. "There She Goes" - 2:42
6. "Doledrum" - 2:50
7. "Feelin'" - 1:44
8. "Way Out" - 2:32
9. "I.O.U." - 2:08
10. "Freedom Song" - 2:23
11. "Failure" - 2:54
12. "Looking Glass" - 7:52
Todas as composições de autoria de Lee Mavers

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OUÇA O DISCO:

Daniel Rodrigues

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2023

 



Rita e Sakamoto nos deixaram esse ano
mas seus ÁLBUNS permanecem e serão sempre
FUNDAMENTAIS
Chegou a hora da nossa recapitulação anual dos discos que integram nossa ilustríssima lista de ÁLBUNS FUNDAMENTAIS e dos que chegaram, este ano, para se juntar a eles.

Foi o ano em que nosso blog soprou 15 velinhas e por isso, tivemos uma série de participações especiais que abrilhantaram ainda mais nossa seção e trouxeram algumas novidades para nossa lista de honra, como o ingresso do primeiro argentino na nossa seleção, Charly Garcia, lembrado na resenha do convidado Roberto Sulzbach. Já o convidado João Marcelo Heinz, não quis nem saber e, por conta dos 15 anos, tascou logo 15 álbuns de uma vez só, no Super-ÁLBUNS FUNDAMENTAIS de aniversário. Mas como cereja do bolo dos nossos 15 anos, tivemos a participação especialíssima do incrível André Abujamra, músico, ator, produtor, multi-instrumentista, que nos deu a honra de uma resenha sua sobre um álbum não menos especial, "Simple Pleasures", de Bobby McFerrin.

Esse aniversário foi demais, hein!

Na nossa contagem, entre os países, os Estados Unidos continuam folgados à frente, enquanto na segunda posição, os brasileiros mantém boa distância dos ingleses; entre os artistas, a ordem das coisas se reestabelece e os dois nomes mais influentes da música mundial voltam a ocupar as primeiras posições: Beatles e Kraftwerk, lá na frente, respectivamente. Enquanto isso, no Brasil, os baianos Caetano e Gil, seguem firmes na primeira e segunda colocação, mesmo com Chico tendo marcado mais um numa tabelinha mística com o grande Edu Lobo. Entre os anos que mais nos proporcionaram grandes obras, o ano de 1986 continua à frente, embora os anos 70 permaneçam inabaláveis em sua liderança entre as décadas.

No ano em que perdemos o Ryuichi Sakamoto e Rita Lee, não podiam faltar mais discos deles na nossa lista e a rainha do rock brasuca, não deixou por menos e mandou logo dois. Se temos perdas, por outro lado, celebramos a vida e a genialidade de grandes nomes como Jards Macalé que completou 80 anos e, por sinal, colocou mais um disco entre os nossos grandes. E falando em datas, se "Let's Get It On", de Marvin Gaye entra na nossa listagem ostentando seus marcantes 50 anos de lançamento, o estreante Xande de Pilares, coloca um disco entre os fundamentais logo no seu ano de lançamento. Pode isso? Claro que pode! Discos não tem data, música não tem idade, artistas não morrem... É por isso que nos entregam álbuns que são verdadeiramente fundamentais.
Vamos ver, então, como foram as coisas, em números, em 2023, o ano dos 15 anos do clyblog:


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PLACAR POR ARTISTA (INTERNACIONAL)

  • The Beatles: 7 álbuns
  • Kraftwerk: 6 álbuns
  • David Bowie, Rolling Sones, Pink Floyd, Miles Davis, John Coltrane, John Cale*  **, e Wayne Shorter***: 5 álbuns cada
  • Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Bob Dylan e Lee Morgan: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, Van Morrison, R.E.M., Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden , U2, Philip Glass, Lou Reed**, e Herbie Hancock***: 3 álbuns cada
  • Björk, Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Dexter Gordon, Philip Glass, PJ Harvey, Rage Against Machine, Body Count, Suzanne Vega, Beastie Boys, Ride, Faith No More, McCoy Tyner, Vince Guaraldi, Grant Green, Santana, Ryuichi Sakamoto, Marvin Gaye e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"

**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"

*** contando o álbum "Five Star', do V.S.O.P.



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 7 álbuns*
  • Gilberto Gil: * **: 6 álbuns
  • Jorge Ben e Chico Buarque ++: 5 álbuns **
  • Tim Maia, Rita Lee, Legião Urbana, Chico Buarque,  e João Gilberto*  ****, e Milton Nascimento*****: 4 álbuns
  • Gal Costa, Titãs, Paulinho da Viola, Engenheiros do Hawaii e Tom Jobim +: 3 álbuns cada
  • João Bosco, Lobão, João Donato, Emílio Santiago, Jards Macalé, Elis Regina, Edu Lobo+, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Ratos de Porão, Roberto Carlos, Sepultura e Baden Powell*** : todos com 2 álbuns 


*contando com o álbum "Brasil", com João Gilberto, Maria Bethânia e Gilberto Gil

**contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"

*** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"

**** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto"

***** contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"

+ contando com o álbum "Edu & Tom/ Tom & Edu"

++ contando com o álbum "O Grande Circo Místico"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 121
  • anos 60: 100
  • anos 70: 160
  • anos 80: 139
  • anos 90: 102
  • anos 2000: 18
  • anos 2010: 16
  • anos 2020: 3


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 24 álbuns
  • 1977 e 1972: 20 álbuns
  • 1969 e 1976: 19 álbuns
  • 1970: 18 álbuns
  • 1968, 1971, 1973, 1979, 1985 e 1992: 17 álbuns
  • 1967, 1971 e 1975: 16 álbuns cada
  • 1980, 1983 e 1991: 15 álbuns cada
  • 1965 e 1988: 14 álbuns
  • 1987, 1989 e 1994: 13 álbuns
  • 1990: 12 álbuns
  • 1964, 1966, 1978: 11 álbuns cada



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 211 obras de artistas*
  • Brasil: 159 obras
  • Inglaterra: 126 obras
  • Alemanha: 11 obras
  • Irlanda: 7 obras
  • Canadá: 5 obras
  • Escócia: 4 obras
  • Islândia, País de Gales, Jamaica, México: 3 obras
  • Austrália e Japão: 2 cada
  • Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola, Nigéria, Argentina e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de países diferentes, conta um para cada)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

The Stone Roses - "The Stone Roses" (1989)





"I'm the Ressurection
and I'm the life"



Adquiri sábado, irresponsavelmente , a edição de 20 anos aniversário do álbum “The Stone Roses”. Digo irresponsavelmente por que uma edição dessas com o álbum original, mais um de demos, mais o DVD, foi uma verdadeira facada no rim ($$$). Mas e daí? Que se dane!
O grande disco dos Stone Roses, um dos marcos da cena chamada Madchester, daquela renovada onda de psicodélicos ingleses do final dos 80 acabou por ser na verdade um dos discos mais importantes da década seguinte que já estava ali às portas. Muitos como Charlatans, Ride, An Emotional Fish, Inspiral Carpets, já estavam na estrada e tinham o seu som, mas os Roses, certamente ajudaram a direcionar e abrir novas possibilidades.
Novas possibilidades como em “Warerfall” com sua melodia hipnótica que lá pelas tantas parece acabar e começa a tocar invertida mas continua sendo cantada normalmente. Já vimos isso com Hendrix em “Are You Experienced”? Já. Certamente. Mas aquela sonoridade da Grâ-Bretanha no final dos 80 precisava destas reinjeções, destas reexperimentações.
É lógico que nada se cria. Muito do disco é Beatles puro. Puro, não, aliás. Quase puro. Quase impuro. Sempre entendi que os Beatles deram os passos que ninguém havia dado até então, mas quando chegou a hora de seus discípulos (inesgotávies) os darem, o fizeram com um resultado melhor porque o caminho já estava trilhado. Por isso algumas coisas são totalmente influenciadas pelos Fabfour mas acabam, aquelas alturas, em 1989, tendo um resultado mais conciso. “I Wanna Be Adored” é um exemplo disso, “Bye Bye Badman” é outra muito próxima daquela sonoridade mas soa bem contemporânea e “Elizabeth My Dear” também não deixa de ter esta característica, mas tem aquela tocada mais melancólica, num breve acústico que funciona quase como uma ponte dentro do álbum.
Pontos altos na minha opinião são “Made of Stone”, que foge um pouco da característica do resto do disco, com uma pegada mais forte, e a clássica “I’m the Ressurrection” que é uma metamorfose contínua ao longo de seus quase 9 minutos.
A edição ainda tem uma bônus no disco principal que é a ótima “Fools Gold”, também totalmente psicodélica e mutável, que sem sofrer variações bruscas, vai indo, indo e termina bastante diferente de como começou.
O segundo disco é praticamente só de versões demo, sendo a maior parte de músicas daquele álbum mesmo, além de uma faixa inédita até então, “Pearl Bastard”; e o DVD traz parte de uma apresentação ao vivo em Blackpool com 6 músicas.
“The Stone Roses” com certeza é um dos meus álbuns preferidos e por certo, também, um dos mais influentes e importantes de todos os tempos, freqüentador assíduo de listas de melhores álbuns de todos os tempos e apontado, por exemplo, pela New Musical Express como o “maior álbum britânico de todos os tempos”.
Entre os 10, deve estar, sim.

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FAIXAS "The Stone Roses" 2009 20th. Aniversary Release:
  • disco 1
The Stone Roses album
1."I Wanna Be Adored" 4:52
2."She Bangs the Drums" 3:42
3."Waterfall" 4:37
4."Don't Stop" 5:17
5."Bye Bye Badman" 4:00
6."Elizabeth My Dear" 0:59
7."(Song for My) Sugar Spun Sister" 3:25
8."Made of Stone" 4:10
9."Shoot You Down" 4:10
10."This Is the One" 4:58
11."I Am the Resurrection" 8:12
12."Fools Gold" (UK 12" single version; bonus track) 9:53

  • disco 2
The Lost Demos
1."I Wanna Be Adored" (Demo) 3:42
2."She Bangs the Drums" (Demo) 3:46
3."Waterfall" (Demo) 4:45
4."Bye Bye Badman" (Demo) 4:03
5."(Song for My) Sugar Spun Sister" (Demo) 3:30
6."Shoot You Down" (Demo) 4:25
7."This Is the One" (Demo) 4:00
8. "I Am the Resurrection" (Demo) 6:38
9."Elephant Stone" (Demo) 3:13
10."Going Down" (Demo) 2:40
11."Mersey Paradise" (Demo) 2:47
12."Where Angels Play" (Demo) 3:16
13."Something's Burning" (Demo) 3:03
14."One Love" (Demo) 6:22
15."Pearl Bastard" (Demo; previously unreleased track) 3:42

  • disco 3
Music videos
1."Waterfall" (Video) 3:36
2."Fools Gold" (Video) 4:14
3."I Wanna Be Adored" (Video) 4:33
4."One Love" (Video) 3:47
5."She Bangs the Drums" (Video) 3:41
6."Standing Here" (Video) 3:15

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Ouça: