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segunda-feira, 29 de maio de 2023

CLYLIVE Especial de 15 anos do ClyBlog - Kraftwerk - C6 Fest - Vivo Rio - Rio de Janeiro/ RJ (18/05/2023)

 



Somos apenas humanos
por Cly Reis



Há 15 anos atrás tinha o privilégio de assistir a um show do Kraftwerk. Desde então, tive, para mim, a convicção de que havia presenciado o melhor show de minha vida. Até por conta disso, não  tinha a intenção de vê-los ao vivo novamente. Pra que? Já  havia me satisfeito e, provavelmente, não  seriam melhores do que foram naquela vez.

Só que o tempo passou e, dentro desses 15 anos que me separam daquele show, tive uma filha. Ela tem 11 anos hoje e, ao longo de sua formação musical, sem que eu forçasse, sem que eu influenciasse decisivamente, acabou por adorar Kraftwerk. E eis que, eu que já me dava por satisfeito por tê-los visto uma vez, descubro que os caras vêm pro Brasil de novo! Eu tinha que levar minha filha para ver. Não sei se, a essas alturas, eles vêm de novo, se vão continuar fazendo turnês, se Ralph Hütter não vai pendurar as chuteiras, ou mesmo se sua "bateria" ainda vai durar por muito mais tempo, uma vez que, brincando brincando, já são 76 anos nas costas ("toc, toc", batendo na madeira). Era agora ou, possivelmente, nunca mais.

Então fiz o "esforço" de ir ao show no C6 Fest. Sinceramente, fora o fato da oportunidade de minha filha ter essa experiência, não guardava maiores expectativas. Imaginei que, velhinhos, com a vida ganha, com um repertório incontestável, depois de várias passagens por aqui, os homens-máquina fossem entrar no palco só pra cumprir tabela: aquele showzinho burocrático, tipo entro lá, ligo a programação eletrônica, cumpro uma horinha de show, ganho minha grana vou embora...

Que nada!

Os caras tavam pilhados!

Um show dinâmico, com espontaneidades, "improvisos", uma pedrada emendando na outra e, mesmo dentro daquele tradicional comedimento dos alemães, uma certa animação e uma movimentação incomum, especialmente do líder e fundador Ralph Hütter.

"Numbers" que abriu o show, combinada com "Computer World" já foi algo espetacular, musical e visualmente, com as impressionantes projeções sincronizadas no telão. "Spacelab" a seguiu trazendo a todos a surpresa da homenagem ao Rio de Janeiro, no telão,  com a nave do Kraftwerk sobrevoando a cidade e pousando em frente ao Vivo Rio, levando o público à loucura. E teve uma "The Model" empolgante, "Autobahn" reinventada, muito mais livre e quase espontânea, "The Man-Machine emocionante, "Trans-Europe Express" arrasadora, um medley das partes de "Tour De France" e um gran-finale com uma "Music Non Stop" descontraída e cheia de pequenas variações. Senti falta, é verdade, de "Radioactivity" que podia muito bem ter entrado no lugar de "Planet of Visions", mas nada que desvalorize tudo o que acontecera lá. 

Para quem achava que já havia visto o suficiente da banda, que era dispensável assistir a outro show, que eles estariam apenas cumprindo uma formalidade, acabei saindo com a sensação de ter presenciado outro dos grandes espetáculos da minha vida. Uma banda muito a fim, quase um "show de rock" por sua dinâmica, Ralph Hütter cheio de tesão, quase elétrico naquela sua movimentação contida. Balançou a cabeça, mexeu os ombros, bateu o pezinho e, no final, naquele momento em que os integrantes vão deixando o palco, um a um, desceu de seu posto, fez uma reverência, até sorriu e bateu no peito, agradecido, me parecendo, ali, até um pouco emocionado... Será? Será que o robô está se tornando humano? A convivência com nossa espécie teria feito com que, mesmo, uma máquina como ele adquirisse a capacidade de sentir emoções? Em época de discussões sobre Inteligência Artificial, a questão bem que procede, não. Mas como diria o policial Murphy, a propósito, um homem-robô, na frase final de "Robocop 2", "Somos apenas humanos". 

trecho de "Computer Love"

trecho de "The Robots"




★★★


A revolução das máquinas
por Daniel Rodrigues

Se me perguntassem quais shows que eu ainda gostaria de ver de artistas que estejam em atividade (ou minimamente estejam vivos), listaria alguns difíceis e outros quase impossíveis. Das possibilidades, Ministry, John Cale e Pixies são um caso. Já dos improváveis, Th’ Faith Healers, Can e My Bloody Valentine encabeçam a lista. Claro: tem aqueles grandes shows que nunca fui mas que ainda são passíveis de um dia, seja no Brasil ou numa ocasião fora do país, serem presenciados por mim, como Madonna, Björk, David Byrne, Neil Young, Stevie Wonder e os Rolling Stones, que pode ser que venham à minha terra novamente como Roger Waters, que retornará a Porto Alegre por conta das memoráveis apresentações que fez na cidade para sua despedida dos palcos em novembro.

Mas de todos estes posso dizer com tranquilidade que o que mais queria ver era a Kraftwerk, desejo que foi realizado no último dia 18, no Vivo Rio. Desejo, não: sonho. Após duas vindas dos alemães ao Brasil, uma no Free Jazz Festival de 1998, quando eu nem sequer trabalhava para custear um ingresso tão caro a São Paulo, e outra, em 2009, quando estiveram no Rio de Janeiro, em plena Praça da Apoteose. Esta sim eu lamentei por não ter ido. Mesmo com os reiterados convites do meu irmão, que foi ao show, para que eu tentasse dar um jeito de ir ao Rio, onde pelo menos pouso garantido teria, as condições financeiras da época fecharam totalmente a porta. Minha lamentação foi alimentada durante estes 15 anos que se transcorreram desde aquela última apresentação da Kraftwerk em terras tupiniquins, ainda mais quando da morte de um dos cabeças do grupo neste meio tempo, Florian Schneider, em 2020. Embora já fora da banda há algum tempo, sua morte despertou o alerta de que o outro principal integrante, Ralf Hütter, já com quase 80 anos, pudesse, pelo óbvio, também ter sua “máquina desligada”.

Com a menor atividade da Kraftwerk, pensava que, para eles retornarem ao Brasil, quiçá, somente lá em 2024 ou 25, já que, ao menos, os shows estão retornando com tudo neste pós-pandemia. Considerando que os velhinhos já puseram seus sistemas em modo slow, até seria um tempo considerável um ou dois anos para que se mexessem. Mas eis que, para minha surpresa, eles são anunciados para estrelarem o C6 Fest, no Rio e em São Paulo. E agora, primeiro semestre do ano, em maio! E mais: meu irmão iria ao show com minha mãe, que aprendeu a adorá-los conosco, e minha sobrinha, Luna, fã da banda e que presenciaria seu primeiro grande show ao vivo. Num esforço coletivo, peguei uma mesa ao lado da deles e embarquei para o Rio. Todo o empenho, expectativa e lamentação foram totalmente recompensados.

Os desenhos estilo new look
em movimento em "Autobahn"
Num formato pocket ("calculator", claro), adequado ao line-up de um festival, o quarteto liderado por Ralf entregou uma apresentação empolgante e empolgada em aproximadamente 1 hora e 20 de palco. A disposição foi a de sempre: os quatro enfileirados com roupas iluminadas em led e com suas mesas mágicas com programadores, sintetizadores, computadores e outras engenhocas saídas do estúdio Kling Klang direto de um laboratório de Düsseldorf, e, ao fundo, projeções magníficas que dialogam com os sons através de imagens, luzes, grafismos e vídeoartes. Porém, o grupo estava muito a fim e deu a plateia brasileira um espetáculo cheio de vontade e musicalidade, que se percebia no manejo altamente espontâneo dos “leitmotiv” de cada música. 

Já no repertório, somente clássicos, que se emendaram uns aos outros sem pausa para respirar e, sim, para se admirar e absorver. Foi uma sequência para tirar lágrimas de qualquer fã, a começar pelo duo “Numbers/Computer World”, na abertura e com o qual eles poderiam ficar ali no palco por 1 hora inteira só brincando com os elementos de cada música, os números e os algoritmos digitais provocando sons, que jamais cairia na monotonia. Pra acabar com o coração dos kraftwekianos, mandam na sequência uma surpreendente execução de “Spacelab”, que além de ser um barato ouvi-la ao vivo e tocada de forma tão espontânea dentro dos limites do que o aparato eletrônico permite, foi uma atração à parte sua projeção, que mostrou a viagem da nave espacial (comandada por eles, obviamente) do espaço até chegar na Rio de Janeiro e pousar em frente ao próprio Vivo Rio, para delírio da galera.

“Autobahn”, com a ideia genial de animação dos carros desenhados manualmente da capa original de 1974, e a sequência “Tour de France/ Tour de France – Etape 1 e 2", com as imagens "vintage" da tradicional volta da França para a qual eles compuseram a trilha-tema em 1983, também foi de tirar o fôlego. Igualmente, o perfect pop “The Model”; a autorreferenciativa “The Robots”, com sua arte geométrica ao estilo da escola soviética; a altamente dançante “Planet of Visions”, motivando uma arte orgânico-digital-futurista; e a apoteótica “Trans-Europe Express/Metal on Metal”, cuja viagem do trem em 3D pelos trilhos europeus acompanha um desfile de execução dos quatro, mostrando que estavam se divertindo com a energia que emanava do público.

trecho de "Tour de France"

De todas as grandes performances, talvez a mais marcante tenha sido justamente a que fechou o show: a minissinfonia “Electric Cafe”: “Boing Boom Tschak/ Techno Pop/ Musik Non Stop”. As projeções, com a estrutura dos robôs e desenhos feitos em computador, mesclado arquitetura, design, música e arte, foi um digno final. Na despedida, um a um executava improvisos (sim, improvisos!) e saí do palco, até a vez do líder Ralf, ovacionado. Não à toa: Ralf Hütter é um “computer hero”, um esteta, um gênio da modernidade.

O maior show que já vi. Um dos maiores espetáculos da Terra. Uma das mais importantes bandas da música de todos os tempos, e não apenas da música pop, isso digo com certeza. Tanto quanto obras de Bach, Mozart, Wagner, Cage, Beatles, Dylan, ColtraneJoão, a Kraftwerk é importante para a evolução da humanidade como espécie, pois que excede o patamar simplesmente artístico. Toda a parafernália tecnológica, como nossos smartphones ou aparelhos digitais que nos rodeiam, não teriam a comunicabilidade sonora que têm hoje não fosse os "homens-máquina" terem inventado esta linguagem. Somente robôs como eles teriam esta sensibilidade: a de saber como seus pares se comunicam conosco, humanos. E se a tecnologia é reflexo de nossa capacidade de criação, talvez ser robô seja o verdadeiro sentido de ser humano.

PS: De quebra, ainda levamos um showzaço da Underworld para fechar a noite, que não deixou nada a desejar para os mestres da eletrônica.

Hino autorreferente: "The Man-Machine"

Brincando com os teclados em "The Model"


Trecho da emplogante "Planet of Visions"


Um trem eletrônico passou pelo Rio: "TEE" + "Metal on Metal"


terça-feira, 21 de março de 2023

C6 Fest - São Paulo e Rio de Janeiro (18 a 20/05)




Kraftwerk - C6 Fest - Rio de Janeiro - 18 de maio 2023

O estreante C6 Fest, que chega para ocupar o espaço deixado pelos extintos Free Jazz e Tim Festival, numa linha de jazz, propostas criativas e estilos alternativos, apresentou há pouco menos de um mês, seu line-up que, entre interessantes revelações como a talentosa Samara Joy, o gênio Caetano Veloso, a jovem promessa da MPB, Tim Bernardes, e os loops inventivos dos galeses da Underworld, traz, de volta ao Brasil, os veteranos da Kraftwerk. Hoje, apenas, com Ralph Hütter remanescente da formação original, os alemães desta que é uma das bandas mais influentes de todos os tempos, retornam aos palcos brasileiros depois de quinze anos, trazendo seu espetáculo sonoro-visual singular que combina revolucionária música eletrônica com imagens e composições gráficas sincronizadas que dialogam e complementam a música, proporcionando uma experiência única, incrível e fascinante para o espectador do show.

Eu que já tivera a oportunidade de vê-los em sua última passagem, em 2008, no Just a Fest!, terei a felicidade de assistir a este verdadeiro espetáculo, novamente. A apresentação, aqui no Rio, está marcada para o dia 18 de maio mas para não correr riscos, não marcar bobeira, já garanti o meu ingresso e já estou com ele na mão.
Até lá, muita expectativa para esta que, provavelmente, considerando a idade do integrante-fundador Ralph Hütter, e a produtividade do grupo, deva ser a última visita deles por essas bandas.
Confira também as outras atrações do evento e os dias das apresentações, no Rio e em São Paulo:


programação São Paulo

19 de maio (sexta)


Tenda Heineken

• 17h00 - Xênia França

• 18h05 - Dry Cleaning

• 19h25 - Arlo Parks

• 20h45 - Christine and the Queens

Auditório Ibirapuera (Plateia Interna)

• 20h00 - Tributo ao Zuza

• 21h00 - Nubya Garcia

• 22h00 - Julian Lage

• 23h00 - Tigran Hamasyan

Pacubra (Subsolo)

• 22h00 - Disco Tehran

• 0h00 - Gop Tun DJs


20 de maio (sábado)

Tenda Heineken

• 17h00 - Blick Bassy

• 18h00 - Russo Passapusso & Nômade Orquestra com BNegão e Kaê Guajajara

• 19h00 - Mdou Moctar

• 20h30 - Jon Batiste

Auditório Ibirapuera (Plateia Externa)

• 18h00 - Model 500

• 19h20 - Kraftwerk

• 20h55 - Underworld

Pacubra (Subsolo)

• 20h00 - Feminine Hi-Fi

• 22h00 – Festa Luna

• 0h00 – Pista Quente


21 de maio (domingo)

Tenda Heineken

• 18h00 - Black Country, New Road

• 19h10 - Weyes Blood

• 20h40 - The War on Drugs

Auditório Ibirapuera (Plateia Interna)

• 21h00 – Samara Joy

• 22h15 – Domi & JD Beck

• 23h30 – The Comet is Coming

Auditório Ibirapuera (Plateia Externa)

• 16h00 – 1973

• 17h05 - Tim Bernardes canta Gal Costa

• 18h15 – Caetano Veloso

Pacubra (Subsolo)

• 20h00 – Cremosa Vinil

• 22h00 – Selvagem

• 0h00 – Deekapz


Ingressos São Paulo

• Passaporte para os três palcos nos três dias de evento: R$ 3.500,00 (inteira) / R$ 1.750 (meia)

• Combo Tenda Heineken (dá acesso aos três dias de shows na tenda): R$ 1.460,00 (inteira) / R$ 730,00 (meia)

• Combo Jazz (dá acesso aos dois dias de shows na plateia interna do Auditório Ibirapuera): R$ 1.000,00 (inteira) / R$ 500,00 (meia)

• Combo Plateia Externa (dá acesso aos dois dias de shows na plateia externa do Auditório Ibirapuera

• ): R$ 960,00 (inteira) / R$ 480,00 (meia)

Preços por palco (por dia, com direito a acesso ao Pacubra/Village):

• Tenda Heineken – R$ 540,00 (inteira) / R$ 270,00 (meia)

• Auditório Ibirapuera (plateia interna) – R$ 560,00 / R$ 280,00 (meia)

• Auditório Ibirapuera (plateia externa, sábado, dia 20/05) – R$ 680,00 (inteira) / R$ 340,00 (meia)

• Auditório Ibirapuera (plateia externa, domingo, dia 21/05) – R$ 380,00 (inteira) / R$ 190,00 (meia)

• Pacubra / Village (área de convivência e subsolo com Djs) R$ 180,00 (inteira) / R$ 90,00 (meia)



programação por dia Rio de Janeiro
(Vivo Rio)

Quinta, 18 de maio

• 21h00 - Kraftwerk

• 22h30 - Underworld

Sexta, 19 de maio

• 20h00 - Domi & JD Beck

• 21h10 - Samara Joy

• 22h25 - Jon Batiste

Sábado, 20 de maio

• 19h00 - Terno Rei

• 20h15 – Black Country, New Road

• 21h45 – The War on Drugs


Ingressos Rio


Combo Rio (acesso de pista aos três dias de show): R$ 1.400,00 (inteira) / R$ 700,00 (meia)


Preços por dia:

• Pista – 520,00 (inteira) /260,00 (meia)

• Camarote A (sentado) – R$ 620,00 (inteira) / R$ 310,00 (meia)

• Camarote B (sentado) – R$ 580,00 (inteira) / R$ 290,00 (meia)

• Balcão (sentado) – R$ 520,00 (inteira) / 260,00 (meia)

• Frisa (sentado) – R$ 500,00 (inteira) / 250,00 (meia)

quinta-feira, 2 de março de 2023

Festival Paulo Moreira - Café Fon Fon, Espaço 373, Gravador Pub e Sala Jazz Geraldo Flach (Porto Alegre/RS)

 

Diminutivo, aumentativo

Falar de Paulo Moreira requer o exercício de se contemplar coisas grandes e pequenas. Ao menos, aparentemente pequenas. Desde que nos conhecemos e naturalmente nos amigamos, ouso chamá-lo de Paulinho, assim, no diminutivo. Taí a aparente coisa pequena, mas diminutivo este que, travestido de carinho, só faz representar o gigante espaço que esta querida figura ocupa em minha vida. Jornalista admirável, amigo generoso.

Desde antes de conhecê-lo pessoalmente, ainda adolescente, fui, assim como muito porto-alegrense que conheço, ouvinte assíduo do Cultura Jazz, apresentado por ele anos 90 e 2000 adentro. Nem sei quantas vezes me peguei embasbacado por tamanhos conhecimento e paixão de Paulinho a tudo que nos apresentava. E sempre com muita generosidade. Jovem admirador do gênero, foi no Cultura Jazz que meu gosto se expandiu. Não fosse, o coração abarcador do professor Paulinho, jamais haveria mais este fã de jazz que aqui vos fala.

Mas não só isso. O jazz e a música, por maior que seja, é uma fração de tudo isso que ele representa. Os trânsitos entre nós pelo cinema, literatura e futebol vieram em decorrência. Lembro da alegria dele ao encontrar a minha esposa Leocádia, a meu irmão Cly Reis e a mim no Vivo Rio para o show de Wayne Shorter e Herbie Hancock, em 2016, a qual ele, em razão de outros conterrâneos também presentes, de "caravana jazzística gaúcha". Ou quando, ano passado, na última vez que o vi pessoalmente, mesmo sem ter participado da edição como autor, foi (generosamente) prestigiar a mim e aos outros colegas de ACCIRS no lançamento do livro “50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho”. O comentário elogioso dele para minha mãe, que também prestigiava, referindo-se a mim e a meu irmão denota essa nobreza pauliniana.

Paulinho entre eu irmão e eu: generosidade e amizade

E tudo isso invariavelmente sob este olhar atencioso, principalmente o dele, que afetuosamente me apelidou, em virtude das “esquisitices” ouvidas por mim e compartilhadas nas redes sociais, de “cabeção”. Assumi relativamente o título, que virou inclusive nome de um quadro do meu programa Música da Cabeça, na Rádio Elétrica, justamente com esta ideia (e obviamente, dedicado a ele). Por outro lado, a alcunha, dita neste escancarado aumentativo, é grande demais para eu comportar. Afinal, como sempre lhe retruquei, o “cabeção” é ele. Ora: quem me apresentou a rebuscamentos como Toshiko Akiyoshi, a Anthony Braxton, a Carla Bley, a John Zorn ou a Sun Ra é, este sim, o verdadeiro “cabeção”!

Comigo no lançamento do
livro da ACCIRS
Chegou a hora, então, de retribuir ao menos um pouco todas estas camadas de generosidade de Paulinho para comigo e para com a combalida cultura de Porto Alegre. De quinta a domingo (2, 3, 4 e 5 de março), a cidade será agitada pelo I Festival Paulo Moreira, evento coletivo totalmente dedicado a ele, que está precisando de recursos para tratamento de saúde. A primeira edição vai reunir mais de 15 grupos de música instrumental do Rio Grande do Sul, com apresentações no Café Fon Fon, Espaço 373, Gravador Pub e Sala Jazz Geraldo Flach. Toda a renda será revertida ao tratamento de saúde do jornalista. Criado por um grupo de amigos, o projeto foi prontamente abraçado por espaços culturais e artistas da cena gaúcha e contará também com o apoio do cartunista Fraga, que doará obras para venda; dos fotógrafos Daisson Flach, Douglas Fischer e NiltonSantolin, da Atmosfera Produtora; de Texo Cabral e da Reverber Produtora, que farão as captações de áudio e vídeo das apresentações no Gravador, e do Person Piano.

Tentaremos Leocádia e eu estarmos presentes, mas tanto nós quanto qualquer um pode fazer doações de qualquer valor mesmo que não compareça aos shows. Independentemente, é muito bom ter a oportunidade de ajudar este amigo e de poder falar dele desta forma, em vida. Tudo o que em aniversários a gente fica meio intimidado de dizer para não soar demasiado cerimonioso, esta oportunidade abre espaço para extravasar. Afinal, o gigante Paulinho merece tudo, das grandes às pequenas coisas. E aumenta o som aí!

******

I Festival Paulo Moreira
Os ingressos por noite custam o preço único de R$ 35,00. Confira os links para comprar no link da bio.
Quem não for aos shows e quiser doar qualquer valor, o PIX é 01510705040 (CPF/ Roberta Brezezinski Moreira).

PROGRAMAÇÃO

2 de março | Quinta-feira | ESGOTADO!
Café Fon Fon (Rua Vieira de Castro, 22 – Bairro Farroupilha)
21h – Thiago Colombo
21h30 – Paulo Dorfman
22h – Júlio "Chumbinho" Herrlein
22h30 – El Trio
23h30 – Quarteto Fon Fon

***
3 de março | Sexta-feira | ESGOTADO!
Espaço 373 (Rua Comendador Coruja, 373 – Bairro Floresta)
19h40 – Nico Bueno Café Trio com participação de Bernardo Zubaran
20h30 – Marmota com participação de Nicola Spolidoro e Ronaldo Pereira
22h10 – James Liberato
22h20 – Pedro Tagliani Quarteto

***
4 de março | Sábado
Gravador PUB (Rua Conde de Porto Alegre, 22 – Bairro São Geraldo)
Abertura da casa: 14h
Grupos musicais:
15h00 - Paulinho Fagundes, Miguel Tejera e Rafa Marques
15h45 - Instrumental Picumã + Pirisca Grecco
16h45 - Corujazz
17h30 - Rodrigo Nassif Trio
18h15 - Quartchêto
19h00 - Marcelo Corsetti Trio
19h45 - Funkalister
20h30 - Conjunto Bluegrass Porto-Alegrense
21h00 - Hard Blues Trio
21h45 Antonio Flores

***
5 de março | Domingo | ESGOTADO!
Sala Jazz Geraldo Flach
18h00 – João Maldonado Trio, com a participação especial de Ayres Potthoff
19h00 – Nicola Spolidoro, Caio Maurente e Luke Faro
20h00 – Luciano Leães, Cristian Sperandir, Paulinho Cardoso, Fernando do Ó e Ronie Martinez


texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Black Pantera - Bar Ocidente - Porto Alegre/RS (14/11/2022)

 

Por Lucio Agacê

Afro-punk - História

O termo se originou no documentário “Afro-Punk”, de 2003, dirigido por James Spooner. No início do século XXI, os afro-punks compunham uma minoria na cena punk norte-americana. Notáveis bandas que podem ser ligadas à comunidade afropunk, como Death, Pure Hell, Bad Brains, Suicidal Tendencies, Dead Kennedys, Wesley Willis Fiasco, Suffrajett, The Templars, Unlocking the Truth, Fishbone e Rough Francis. No Reino Unido, foram músicos negros influentes associados à cena punk do final da década de 1970 tal Poly Styrene da X-Ray Spex, Don Letts e Basement 5. O afro-punk se tornou um movimento comparável ao início do movimento hip hop dos anos 80. O Afropunk Music Festival foi fundado em 2005 por James Spooner e Matthew Morgan e recentemente teve sua segunda edição no Brasil realizada em Salvador, na Bahia.


Então: abri com esse texto para poder introduzir o tema a uma banda que pra mim é o grande destaque do momento e que eu tive o prazer de conhecer pessoalmente e fiz questão de dizer a eles que essa era a oportunidade, porque depois disso eles alçariam voos ainda maiores.

No Brasil, assim como no mundo, houve nos últimos anos uma certa ascensão da extrema direita racista e supremacista causando uma divisão popular jamais vista na história da humanidade. Diante de toda essa situação atípica, faz-se natural alguns seguimentos da sociedade se juntarem para combater um inimigo em comum. Após o fatídico caso George Floyd nos Estados Unidos essa luta antirracista se tornou mais do que nunca necessária. Um combate à extrema direita ultraconservadora e os seus claros flertes com o fascismo fez com que cada vez mais jovens negros encontrassem na arte e na cultura, mais uma vez, seu refúgio.

Mês passado, no bar Ocidente, em Porto Alegre, rolou o espetáculo. Sim, senhores: um espetáculo!!! Era a Black Pantera, banda mineira composta por negros de atitude e com uma sonoridade monstruosa! 

Fiquei sabendo do show através de um amigo e começamos uma verdadeira saga para conseguir ingressos ou por sorteio ou pelos solidários. Até que, pasmem: a banda, com seu engajamento social, libera 50 ingressos para cidadãos negros de baixa renda. Bastava enviar um e-mail e confirmar presença.

trecho do show da Black Pantera 
no Ocidente, em Porto Alegre

Pronto: ingressos na mão. Fomos ao show, que começou às 21 horas em ponto, mas não antes daquela boa tietagem, troca de ideias, fotos e tudo mais, com direito a autógrafos no cartaz. Isso tudo numa segunda-feira, dia 14 de novembro...

O show da Black Pantera (formada por Charles Gama, guitarra e vocal; Chaene da Gama, baixo; e Rodrigo "Pancho" Augusto, bateria) começou com uma patada chamada “Abre a Roda e Senta o Pé”, seguida de mais alguns petardos, que até então eram novidades pra mim. Teve direito a cover do ídolo pop Michael Jackson, “A Carne”, de Elza Soares, e um belo momento onde a banda chama as garotas pra um samba-de-roda punk. Inacreditável!!

Eu quero exaltar aqui não apenas um, mas três discos da Black Pantera: “Project Black Pantera”, de 2015, “Agressão”, de 2018, e “Ascensão”, de 2022. Ouçam!

Senhores: o movimento Afropunk existe e está vivo. Vários artistas brasileiros estão nessa barca e merecem atenção!

***********

Confira mais fotos do show e dos bastidores:

BP no palco do Ocidente detonando


Lucio com a galera da BP após o show


Batendo aquele papo...


... sobre afropunk 


Mais câmbios entre Porto Alegre e BH


Foto afudê com a galera no camarim


No camarim trocando altas idieas com o pessoal da BP


sábado, 29 de outubro de 2022

The Mission e Gene Loves Jezebel - Espaço Sacadura 154 - Rio de Janeiro / RJ (23/10/2022)



Noite de rock oitentista
no Rio de Janeiro.
Fui ao show do The Mission, no último domingo, dia 23 de outubro, aqui no Rio, muito mais pelo fato de uma banda internacional dos 80's, do pós-punk, pintar por aqui, do que propriamente por ser um fã fervoroso. Gosto dos caras e tal, legal... Mas nada de mais.

No palco, bom show, competente, mas, também, nada empolgante. Devo admitir que fiquei mais impressionado com a energia e a performance do Gene Loves Jezebel, que fez a abertura, do que a banda de Wayne Russey que até se esforça, se contorce, se esgoela, mas não consegue tirar muito mais do que tem pra dar.
Destaque para "Beyond The Pale", "Dance on Glass", "Butterfly  on a Wheel", o hit "Severina" e a ótima "Tower of Strenght", que fechou a apresentação. Particularmente, senti falta de "Sacrilege" e "Bridges Burning" que, acredito, teriam incendiado a galera nos momentos mais mornos, mas infelizmente não rolaram e a galera, em alguns momentos, ficou esperando que rolasse alguma das badaladas pra reacender.
Não conhecia o espaço Sacadura 154, na antiga zona portuária do Rio, hoje revitalizada e gostei bastante do espaço amplo, organizado, com boa infraestrutura, mas, como é costumeiro nesse tipo de instalações, antigos galões ou armazéns, com problemas de acústica. Mas tudo bem. Devo voltar lá mais vezes.
Quanto ao The Mission, não vou dizer que não valeu a pena, até pela minha carência de shows internacionais, sobretudo depois de todo o período de pandemia, mas posso afirmar que eles só confirmaram porque serão sempre os dissidentes do Sisters of Mercyy e a segunda linha do gótico, quilômetros e quilômetros atrás de deuses como Teh Cure, Siouxsie, BauhausJoy Division.

Dá uma olhada, aí, na sequência, em um trecho dos hits "Desire", do Gene Loves Jezebel e "Severina" do The Mission, e imagens do evento.

Gene Loves Jezebel - "Desire"


The Mission - "Severina"



O Gene Loves Jezebel, e mdois momentos, aqui,
 não decepcionou e agitou a galera.

Aqui o The Mission, acabando de entrar no palco,
na primeira música da noite.

Wayne Russey e sua turma, em ação.


Mais uma dos caras, mandando ver.

The Mission fez um bom show, só não conseguiu ser empolgante
e não tinha um repertório tão cativante para sustentar o público o tempo inteiro.





por Cly Reis

domingo, 18 de setembro de 2022

AC/DCover e Blues Etílicos - Expo Rio Cervejeiro - Praça Paris - Rio de Janeiro /RJ (17/09/22)



Nem a lama, da chuva do dia anterior, atrapalhou
os fãs de rock e amantes da cerveja.
Estive, ontem, na Expo Rio Cervejeiro, festival de expositores, cervejaria, gastronomia e cultura, realizado na Praça Paris, no Rio de Janeiro, onde tive o prazer de assistir a dois ótimos shows: da AC/DCover, grupo de músicos-fãs, obviamente, inspirados nos australianos da AC/DC, que não decepcionam na homenagem e na interpretação, satisfazendo o público com uma falsa, mas agradável sensação, de quase aquilo é quase tão bom quanto o original. Muita energia, músicos competentes, entrosados, bem ensaiados, lição de casa bem feita e um Angus (Flávio) Young que sola, rola no chão, faz o passinho característico e ainda paga um strip-tease exibindo uma cueca com o logo da banda (Impagável!). Baita show! Muito valeu! Destaque para"Thunderstuck", em que puxaram o coro naquele clássico "Thunder!!!", e "Highway to Hell", cantado junto pela galera no refrão.


AC/DCover - "Back in Black"


O outro foi da excelente Bles Etílicos, meio desfalcada, é verdade, do vocalista Greg Wilson , com problemas de saúde, do baterista titular, licenciado em ano sabático na Europa, mas não menos competente e impressionante pelas ausências. Aquele blues cheio de tradição norte-americana mas com um pé nas raízes do Brasil e, é claro, sempre muito inspirada no álcool, nos drinks e nos "birinaites", com duas grandes odes à cerveja, a grande homenageada do evento, uma, parceria da banda com Fauto Fawcett, é outra, com o saudoso Celso Blues Boy.
Enfim, rock roll, blues e cerveja... O que é que alguém pode querer mais?
Noite de sábado perfeita.
Fique, aí, com algumas imagens do evento:


O AC/DCover no palco


O cover de Angus Young foi um show à parte.

Aqui, a Blues Etílicos quebrando tudo no blues.


O lendário Flávio Guimarães mandando ver na harmônica





Cly Reis

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Som Imaginário - Blues Jazz Brasil Festival - Parque da Redenção - Porto Alegre/RS (30/07/2022)

 

Tudo que é programação cultural neste pós-pandemia tem tido um gosto especial, seja uma ida a um museu, um passeio no parque ou assistir um filme no cinema. Outro tipo de programa que Leocádia e eu vínhamos evitando – embora muita gente por aí já viesse se permitindo – eram os shows. Em maio, vimos Djavan no teatro numa oportunidade única, mas show em local aberto, com multidão e tudo, fazia mais do que o tempo de pandemia que não curtíamos. 

Mas o avanço do controle da Covid somado a uma linda (embora fria) tarde de sol em Porto Alegre nos fez comparecer ao Blues Jazz Brasil Festival, ocorrido no Parque da Redenção no último dia 30. Nos moldes do antigo Festival BB Seguridade, o qual ocorreu com este nome até ano passado e que estivemos em 2016 no mesmo lugar, este evento traz sempre uma programação musical bem interessante, intercalando artistas brasileiros e estrangeiros e em um horário, das 11h às 20h30, bom tanto para quem passeia pelo parque quanto para quem vai conferir os shows ou apenas algo específico. Foi o nosso caso. Embora tenhamos dado uma passeada no famoso Brick da Redenção, feira de rua que ocorre tradicionalmente numa das avenidas que ladeiam o parque, nossa intenção maior no festival era mesmo assistir à lendária Som Imaginário, a banda mineira que, além de ser a mais célebre de apoio de Milton Nascimento mas também de Gal CostaErasmo Carlos e outros, tem um trabalho autoral digno dos maiores da discografia instrumental brasileira. Banda que tem como cabeça o mestre Wagner Tiso e que teve ninguém menos que Zé Rodrix, Tavito, Naná Vasconcelos e Laudir de Oliveira na formação! 

Com Tiso ao piano; Luiz Alves, no baixo; Nivaldo Ornelas, nos saxofones; Robertinho Silva, na bateria; e o inglês radicado no Brasil David Chew, no violoncelo, a Som Imaginário trouxe uma hora de apresentação à altura de sua lenda. A inequívoca química de música clássica, com jazz, rock progressivo e música brasileira, uma das mais originais de toda a MPB. Eles começaram o show com a música que dá título ao seu memorável álbum de 1973, “Matança do Porco”, um jazz psicodélico e melancólico que, na ausência da guitarra original de Frederiko, ganhou no cello de Chew e no sax barítono os elementos solistas perfeitos. Até o final da música, depois de vários minutos de um crescendo, originalmente executada por uma grande orquestra, encontro no som coeso dos cinco músicos no palco força suficiente. 

A lendária Som Imaginário no palco: Tiso, Robertinho, Chew, Nivaldo e Luiz

Na sequência, outra clássica: “Armina”. Também do repertório de “Matança...”, é talvez o mais célebre tema da Som Imaginário, que traz aquela emocionante melodia valseada de piano de Tiso, que a toca ao piano com uma graça imensurável. Aliás, não apenas ele mas toda a banda, visto que a música está longe de se reduzir a estes acordes. Teve também outras clássicas do repertório da banda; o jazz fusion “A3”, a prog-jazz “Banda da Capital” e o baião-rock “Os Cafezais sem Fim”, do repertório solo de Tiso.

Teve, no entanto, para além do repertório da banda, outras quatro justamente do autor que lhes motivou a formação: ninguém menos que Milton. Tiso & cia. tocaram “Maria Maria”, “Travessia”, “Vera Cruz” e uma arrasadora versão de "Cravo e Canela” como bis para desfechar. 

Afora isso, algumas considerações pertinentes sobre o show e sobre o festival:

1) Embora a folclore em torno do nome de Zé Rodrix ter sido integrante da banda na primeira formação, a Som Imaginário foi, sim, melhor sem ele. Seus naturais carisma e liderança prevaleceram nos dois primeiros discos da banda, que definiu de fato seu som depois de sua saída, quando deixou de lado a marcante psicodelia e irreverência de Rodrix para assumir a sonoridade instrumental jazzística e erudita sobre as influências roqueiras e folclóricas que marcaria a Som Imaginário. Isso se percebe em “Matança do Porco”, disco ao qual, não à tona, o repertório do show foi baseado.

2) Uma semana antes, a programação do festival havia anunciado o show da “Som Imaginário & Fredera”, ou seja, o guitarrista original da banda, Frederiko. Sem a vinda dele, pelo visto de última hora chamou-se para substituir Chew, cabeça da Rio Cello Ensemble que toca há muitos com Tiso. Seria legal ver Fredera, claro, mas ficou bonita a formação com o instrumento tipicamente clássico.

3) No intervalo do show anterior, antes da Som Imaginário subir ao palco, teve apresentação da deliciosa Orleans Street Jazz Band, que sempre toca no meio da plateia. Gravamos um pedacinho do gracioso número que eles fizeram com sua sonoridade típica do sul norte-americano.

A Orleans Street Jazz Band tocando o clássico "Hello, Dolly"

4) A programação do festival terminaria com o show do célebre Stanley Jordan com Dudu Maia. Embora sejamos fãs do guitarrista norte-americano, este era, além de previsto para algumas horas mais tarde, exatamente o mesmo show que assistimos em 2016. Desta vez, então, deixamos para outra ocasião os "magic touchs" de Jordan.

5) Ainda sobre a Som Imaginário, o público em geral recebeu com a frieza de quem nem tinha noção de quem estava assistindo – se é que estavam assistindo, pois conversando e de costas pro palco a meu ver não se faz possível. Ainda mais considerando a raridade de uma apresentação como aquelas, com a banda praticamente original e reunida apenas esporadicamente. Quiçá reconheciam Tiso, mas parava por aí para a maioria. Isso explica a reação apenas mediana da maioria, que tinha a expressão de: “esses caras devem ser importantes, mas como não quero passar vergonha por não saber, vou vibrar um pouquinho”. 

6) Depois do show, apenas em casa que fomos ver pelas redes sociais que tinha um monte de amigos que também foram ao festival mas que poucos encontramos por lá. Estamos desacostumados com eventos assim. Da próxima vez, vamos estar mais ligados para promover os encontros.

7) Contudo e afora o resto, valeu muito a pena! Maravilhoso voltar aos espetáculos ao vivo.

O clima de alegria da Redenção numa ensolarada e convidativa tarde


Mais da Som Imaginário com sua formação quase original


Telões dos dois lados do palco também ajudavam a ver o show


À nossa frente, os mais atentos ao show como nós


Quanto sol! Nós curtindo o Blues Jazz Festival: de volta aos show, finalmente!


Daniel Rodrigues

domingo, 10 de julho de 2022

Pixies no Rio



Pixies vem ao Rio! Quando soube, embora já praticamente descartando, pelas questões de aglomeração em um ambiente fechado (que considero ainda não ideais), tive a curiosidade de ver os preços dos ingressos e quem sabe, fosse convencido e deixasse de lado meus temores sanitários, uma vez que o show só ocorre em outubro, diante de uma oferta ($$$) muito convidativa. Improvável, considerando que o evento acontecerá  no Vivo Rio, mas fui dar uma conferida.

Até imaginei que não fosse barato mas fiquei estarrecido com o valor dos ingressos.
Preços absurdos, ainda mais para uma banda dessa natureza, fora do mainstream, de público mais alternativo, e longe de seu apogeu. Valores integrais na casa dos R$400,00 para pista, em torno de R$500,00 para camarote! Me parece haver um erro de avaliação da produção e organização do evento que, simplesmente, vai lhes custar uma casa vazia e um grande prejuízo.
Pixies é  banda pra Circo Voador, pra Fundição Progresso, pros fãs da antiga, quem curte mesmo, pra quem tinha as fitinhas cassete do "Doolitle", "do Bossanova", gravadas, lá nos anos 80, pro fã  do subúrbio, da periferia que é,  de um modo geral, quem curte mesmo som alternativo. Não pros "toddynho" da zona sul que vão ouvir uma meia dúzia de músicas alguns meses antes, vão lembrar que conhecem "Where is My Mind" do "Clube da Luta" e só vão mesmo porque tem mais um show internacional rolando por aqui. Lógico: não são todos, tem pessoal ali que conhece, que gosta e tal, mas são exceção. Só que, de qualquer forma, só essa faixa social, fãs ou não, poderá pagar esses valores.
Uma pena. Até para a banda e para o espetáculo, que os verdadeiros admiradores não  possas estar lá. Até  acho que, mais adiante, a organização irá  flexibilizar a coisa, criar promoções,  fazer a "meia-entrada da meia-entrada", mas mesmo assim, já  terá esvaziado e desvirtuado o evento.

De todo modo, para os interessados, segue o link da venda de ingressos:
https://www.ticketsforfun.com.br/




C.R.