Entre as gravadoras, o nome
Blue Note é certamente
o mais mencionado entre todos aqui no blog quando falamos de música. Mais do que qualquer outro selo do
jazz, como Atlantic, Impulse!, Columbia ou ECM, ou mesmo da música pop, como
Motown,
Chess, Factory e DefJam, a
Blue Note Records já foi destacada em nossas postagens em pelo menos um cem número de vezes, aparecendo em diversos de nossos
ÁLBUNS FUNDAMENTAIS como informação essencial para, inclusive, a essencialidade das próprias obras. Não à toa. O selo nova-iorquino, que completou
83 anos de fundação esta semana, feito encabeçado pelos produtores musicais
Alfred Lion e Max Margulis nos idos de 1939, transformou-se, no transcorrer das
décadas, num sinônimo de jazz moderno de alta qualidade e bom gosto.
O conceito, aliás, já está impregnado nas caprichadas e conceituais artes dos
discos, como nas capas emblemáticas de
Reid Miles, as fotos de Francis Wolff e,
por vezes, a participação de designers convidados, como Burt Goldblatt, Jerome Kuhl e, nos anos
50, um então jovem artista visual de Pittsburgh chamado
Andy Wahrol. Tudo encapsulado
pela mais fina qualidade sonora e técnica, geralmente gerenciada pelas hábeis
mãos do engenheiro de som
Rudy Van Gelder em seus mágicos estúdios Englewood
Cliffs, em New Jersey, outro emblema de qualidade associado à marca Blue Noite.
Mas, claro, o principal é a música em si. Musicalmente falando, a gravadora em diferentes épocas
reuniu em seu elenco nomes como
Horace Silver, Herbie Nichols, Lou Donaldson,
Clifford Brown,
Jimmy Smith, Kenny Burrell, Jackie McLean,
Freddie Hubbard,
Donald Byrd,
Wynton Marsalis, Andrew Hill, Eric Dolphy, Cecil Taylor, Hank Mobley,
Lee Morgan,
Sonny Clark,
Kenny Dorham,
Sonny Rollins e tantos outros. Há, inclusive, os que lhe tiveram passagem rápida, mas que, mesmo assim, não passaram despercebidos, como
Miles Davis, nos primeiros anos de vida do selo, ou
Cannonball Adderley e
John Coltrane, que em seus únicos exemplares Blue Note, no final dos anos 50, deixaram marcas indeléveis na história do jazz.
Pode-se dizer sem medo que pela Blue Note passaram bem dizer
todos os maiores músicos do jazz. Se escapou um que outro –
Charles Mingus,
Chet Baker, Albert Ayler,
Ahmad Jamal – é muito. Outros, mesmo que tenham andando
por outras editoras musicais, tiveram, inegavelmente, alguns de seus melhores
anos sob essa assinatura, tal
Wayne Shorter,
Dexter Gordon e
McCoyTyner.
Tanta riqueza que a gente não poderia deixar passar a data
sem, ao menos, destacar alguma lista como gostamos de fazer aqui. Melhor, então: destacamos cinco delas! Para isso, chamamos nossos amigos jornalistas – e profundos conhecedores de jazz –
Márcio Pinheiro e
Paulo Moreira, contumazes colaboradores do blog, para darem, juntamente conosco, Cly e eu, suas listagens de
10 discos preferidos da Blue Note Records.
Ainda, para completar, puxamos uma seleção feita pelo site de música britânico JazzFuel,
em matéria escrita pelo jornalista especializado em jazz Charles Waring no ano passado. A recomendação, então, é a seguinte:
não compare uma lista com outra e, sim, aproveite para ouvir ou reouvir o máximo
possível de tudo que cada uma traz. Garantia de que as mais harmoniosas notas azuis
vão entrar em sua cabeça.
Márcio Pinheiro
Jornalista
2 - Eric Dolphy - "Out to Lunch" (1964)
3 - Grant Green - "The Latin Bit" (1962)
4 - Herbie Hancock - "Takin' Off" (1962)
6 - Joe Henderson - "Mode for Joe" (1966)
7 - John Coltrane - "Blue Train" (1958)
9 - Ron Carter - "The Golden Striker" (2002)
10 - Sonny Rollins - "Newk's Time" (1959)
Paulo Moreira
Jornalista
1 - Thelonious Monk -
"Genius Of Modern Music Vols. 1 e 2" (1951/52)
3 - Eric Dolphy - "Out to Lunch"
4 - John Coltrane - "Blue Train"
5 - Bud Powell - "The Amazing Bud Powell Vol. 1 e 2" (1949/51)
6 - Art Blakey And The Jazz Messengers - "Moanin'" (1959)
8 - Sonny Clark - "Cool Struttin'" (1958)
10 - Grant Green - "The Complete Quartets With Sonny Clark" (1997)
Mais Três Discos Bônus:
11 - Freddie Hubbard & Woody Shaw - "The Freddie Hubbard And Woody Shaw Sessions" (1995)
12 - Hank Mobley - "The Turnaround" (1965)
13 - James Newton - "The African Flower" (1985)
Cly Reis
Arquiteto, cartunista e blogueiro
1. Cannonball Aderley -
"Sonethin' Else"3. Horace Silver - "Song for My Father"
4. Lee Morgan - "The Sidewinder"
8. Wayne Shorter - "Speak No Evil"
9. Herbie Hancock - "Maiden Voyage"
Daniel Rodrigues
Jornalista, radialista e blogueiro
1 - Herbie Hancock –
"Maiden Voyage" (foto)2 - Cannonball Adderley - "Somethin Else"
3 - Lee Morgan - "The Sidewinder"
4 - Wayne Shorter - "Night Dreamer"
5 - Grant Green - "Matador"
6 - McCoy Tyner - "Extensions"
7 - Horace Silver - "Song for my Father"
8 - John Coltrane - "Blue Train"
9 - Dexter Gordon - "Go"
10 - Cecil Taylor - "Unit Structures" (1965)
Charles Waring
Jornalista da JazzFuel
1 - Bud Powell –
"The Amazing Bud Powell (Vol 1)" (1949)
2 - Clifford Brown – "Memorial Album" (1956)
3 - Sonny Rollins – "A Night At The Village Vanguard" (1957)
4 - John Coltrane – "Blue Train"
5 - Art Blakey and The Jazz Massangers – "Moanin’"
6 - Kenny Burrell – "Midnight Blue" (1963)
7 - Horace Silver – "Song For My Father"
8 - Lee Morgan – "The Sidewinder"
9 - Eric Dolphy – "Out to Lunch"
10 - Herbie Hancock – "Maiden Voyage"
Daniel Rodrigues