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sábado, 6 de julho de 2024

The Chemical Brothers - "Further" (2010)

 



Álbuns Fundamentais - ClyBlog
"Os Chems fazem seu melhor álbum
em mais de uma década."
Pitchfork Music,
na época do lançamento


"Further" foi um álbum que tive uma certa dificuldade inicial pata assimilar. Tom Rowlands e Ed Simmons nunca ficaram estagnados numa zona de conforto mesmo já  consagrados e amplamente aclamados como sendo dos grandes expoentes da música eletrônica. Sempre ousaram, tentaram coisas diferentes e incorporaram elementos a seu som, mas em "Further" parecia que davam um passo adiante nesse experimentalismo, causando uma certa estranheza que, pelo que pude notar, na época do lançamento,  não fora exclusividade minha.

A estrutura das músicas, o formato do álbum, a disposição das faixas, as referências, parecia tudo pouco convencional. Mas audições mais frequentes, mais atentas, sem tantos juízos pré-estabelecidos, foram aos poucos me mostrando que ali estava um grande disco, mais um dos grandes trabalhos desses dois notáveis artesãos dos sons da nossa época.

Se o Kraftwerk, pai de todos da música eletrônica, foi paulatinamente construindo uma linguagem, forjando um formato, os Chemical Brothers que já encontraram a estrada pavimentada montado, parecem tentar desconstruir o processo, e em "Snow, a faixa de abertura, fragmentam a música, reduzem-na a ruídos eletrônicos, praticamente abdicam da melodia, numa peça singular sem batida, sem levada, sem um 'ritmo' lógico. É a volta ao começo da estrada. E perguntará alguém, "E funciona?". Não só funciona como "Snow" é improvavelmente linda. Um vocal doce, delicado sobre uma música sem música. Algo impressionante para começar um álbum que se mostrará não menos incrível. Até  porque na sequência, a segunda, "Escape Velocity", talvez seja uma das melhores músicas da dupla e uma das maiores coisas feitas em música eletrônica. Uma sinfonia eletrônica de mais de dez minutos construída paciente e minuciosamente, com uma estrutura que, em sua complexidade, lembra um grandioso concerto clássico. Mais uma grande ousadia do Brothers.

"Another World", que se segue, é uma canção suave e quase lenta; "Dissolve" é  um "rock psicodélico" que lembra particularmente The Who... E o ouvinte pode ficar perguntando, "Cadê a música eletrônica, propriamente dita, repetições, loops, BPM's aceleradas...?". Tudo isso chega finalmente na quinta faixa. Só que não de uma maneira simples e superficial. Por trás de um bate-estaca tipicamente de pistas de dança, elétrico, percussivo, repetitivo e alucinante, esconde-se uma faixa conceitual que remete aos primórdios das máquinas, à revolução industrial, à potência de um animal, à potência de uma máquina, o torque, o Jaule, o Cavalo Vapor. A máquina a serviço do homem, a tecnologia que evolui e hoje nos dá. Coisas como as que os Chemical Brothers fazem.

"Swoon", o primeiro single do álbum é um pop radiante, ensolarado, colorido, com cara de dia de primavera. Apaixonante! Tambores e ritmos tribais dão o tom em "K.D.B" que, ao contrário do que se possa imaginar não torna-se pesada ou agressiva pela ênfase percussiva. Os Chems encontram mais uma vez o ponto de equilíbrio entre o conceito, o primitivismo, as raízes negras da música eletrônica, e a palatabilidade comercial, produzindo aqui uma peça musical suave de atmosfera crescente e grandiosa.

Depois de toda essa viagem, "Wonder of Deep" retorna ao Kraftwerk, que no fim das contas, é como voltar ao início de tudo, a origem do universo do eletrônico.

"Further" é provavelmente o disco mais 'filosofal' dos Chemical Brothers. Nele Ed e Tom parecem se perguntar, "Por que estamos aqui?", "Do que somos feitos?", "De onde viemos, para onde vamos?", "E se...?". Talvez por isso eu tenha demorado um pouco para valorizar a obra. Não é todo dia que um álbum, da tão subestimada e desvalorizada música eletrônica, nos traz tanta informação.

Eles podiam ter ficado no conforto de sua reputação já consolidada, produzindo mais um hit certeiro aqui outro ali, mais uma febre das pistas, mas aqui se arriscaram. Mergulharam fundo e foram além. Além.

******************

FAIXAS:
  1. Snow (5:07)
  2. Escape Velocity (11:57)
  3. Another World (5:40)
  4. Dissolve (6:22)
  5. Horse Power (5:51)
  6. Swoon (6:05)
  7. K+D+B (5:40)
  8. Wonders Of The Deep (5:13)

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Ouça:



por Cly Reis

sábado, 28 de novembro de 2015

Chemical Brothers no Vivo Rio



Sempre tive muita vontade de ver esses caras que surpreenderam e conquistaram o mundo do pop-rock pela criatividade, versatilidade e musicalidade, e agora terei finalmente a oportunidade amanhã, no Vivo Rio, aqui no Rio de Janeiro. Da primeira vez que os Chemical Brothers, Tom Rowlands e Ed Simons, vieram, em 1999, eu ainda morava em Porto Alegre e, embora já os admirasse, nem cogitei me deslocar de tão longe até o centro do país por uma dupla de DJ's. Má avaliação a minha. Da última vez, em 2011, estava mais que preparado para ir a São Paulo assistir a um festival do qual eles seriama grande atração mas os rapazes suspenderam sua participação e por consequência, o evento que os teria como carro-chefe, foi cancelado. Mas agora sim! Não tem erro. Amanhã no Vivo Rio embarcarei na viagem psicodélica de sons, cores e luzes do universo dos Chemical Brothers nesta turnê de divulgação de seu mais recente álbum, "Born in Echoes", para mim o menos acessível e comercial de todos até então, mas não menos legal e interessante. Mas mesmo que, inevitavelmente, venham a executar músicas de seu novo trabalho, é certo que não faltarão hits que os consagraram como "Setting Sun", "Believe", "Do It Again" e outras, se bem que a que eu gostaria mesmo de ver e ouvir ao vivo é a vigorosa e dançante "Horse Power" do álbum anterior, "Further", que você vê aqui, como 'gostinho" pro show, emendada com "Chemical Beats", em trecho do filme "Don't Think", gravado no Japão em 2011.
Nos falamos mais depois do show.
Até lá.

The Chemical Brothers - "Horse Power" / "Chemical Beats"
do filme "Don't Think",
gravado ao vivo no Fuji Festival 2011, no Japão



Cly Reis

sábado, 31 de julho de 2010

The Chemical Brothers - "Dig Your Own Hole" (1997)




“Os eletrônicos que todo roqueiro deveria ouvir”


Quem disse que música eletrônica é só tunsch-tunsch?
Os Chemical Brothers, juntamente com um pequeno grupo de artistas criativos da cena eletrônica britânica, tratou de mostrar que não era bem assim.
Depois de uma interessante estreia com o elogiado álbum "Exit Planet Dust", a dupla de DJ's Tom Rowlands e Ed Simons, simplesmente concebeu um ÁLBUM com música eletrônica e não apenas uma série de repetições, samples e batidas para tocar em festas.
"Dig Your Own Hole" tem conceito, convicção, intenção, sonoridades variadas e influências diversas. É trabalhado faixa a faixa como se fosse um álbum de uma banda de rock com muitos instrumentisatas. Tudo tem seu lugar  e seu detalhe.
O início é destruidor com "Block Rockin' Beats" e seu sampler empolgante - só um cartão de visitas do que está por vir. "Elektrobank", outro ponto alto, é um funk cheio de ritmo com um vocal alucinado, tudo isso num ritmo de tirar o fôlego.
Em "It Doesn't  Matter", sim, eles fazem uma daquelas músicas bem pra pista de dança mesmo; legítimo trabalho de DJ; com batida básica e sampler repetido, mas não por isso menos bacana e interessante. É uma das minhas favoritas do disco, a propósito.
Com "Setting Sun" eles reinventam "Tomorrow Never Knows" dos Beatles, com uma composição (propositalmente) muito semelhante à original porém mais agressiva, contando com os vocais de Noel Gallagher do Oasis, exatamente o cara que supõe ser a reencarnação de John Lennon (o que, neste caso, ficou até bem apropriado, não?).
"Lost in the K-Hole" tem uma base envolvente e um sample-vocal sensual quase sussurado; "Where Do I Begin" começa com um sampler genial e extremamente bem trabalhado levemente chegado ao country até explodir logo adiante e dar uma reviravolta; e "Private Psychedelic Reel" que fecha o disco, é um épico chapado de 10 minutos com tons árabes, hindus, orientais, que faz mesmo quem não tenha tomado nada, ter a impressão de estar curtindo a maior viagem. Um final monumental para um álbum fantástico.
*******************

FAIXAS:
  1. "Block Rockin' Beats" (Rowlands, Simons e Jesse Weaver) – 5:14
  2. "Dig Your Own Hole" – 5:27
  3. "Elektrobank" – 8:18
  4. "Piku" – 4:54
  5. "Setting Sun" (Rowlands, Simons e Noel Gallagher) – 5:29
  6. "It Doesn't Matter" (Rowlands, Simons, Conly, Emelin, Slye, Ford e King) – 6:14
  7. "Don't Stop the Rock" – 4:48
  8. "Get Up on It Like This" (Rowlands, Simons e Jones) – 2:48
  9. "Lost in the K-Hole" – 3:51
  10. "Where Do I Begin" – 6:51
  11. "The Private Psychedelic Reel" (Rowlands, Simons e Jonathan Donahue) – 9:28 
 todas as músicas, Rowlands/Simons, exceto as indicadas
******************************
Ouça:
Chemical Brothers Dig Your Own Hole

Cly Reis

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

The Chemical Brothers - "Further" (2010)

Comprei no último sábado, finalmente, o último Chemical Brothers, o "Further" . Demorei um pouco pra comprar desde o lançamento pois tinha lido algumas coisas que davam conta de uma certa mudança de comportamento, variações de sonoridade, viagens transcedentais e tal, e levei um pouco de medo.
(E pensar que eu hesitei...)
Cara, é chover no molhado dizer que Tom Rowlands e Ed Simons não são apenas DJ's, que não são apenas uma dupla de eletrônico, que são músicos, compositores criativos, artistas, mas neste, "Further", eles vão um pouco além de onde já chegaram.
Cada faixa é construída com paciência, com cuidado, com requinte, com arte. O álbum tem um quê de rock progressivo até, psicodélico, com a maior parte das faixas apenas instrumentais e quase todas bem longas e trabalhadas, mas contraditoriamente é mais eletrônico e futurista de todos que já fizeram até então.
"Escape Velocity", que foi a primeira faixa de divulgação do álbum, por exemplo, é uma longa sinfonia eletrônica de 12 minutos, montada, moldada aos poucos, depois caprichosamente desmoldada, ganhando então outra cara, outra nuance a todo instante. Assim como incorpora elementos os perde, assim como acelera, desacelera, num jogo longo e envolvente.
Em "Snow" que abre o disco, o início maquinal, eletrônico quase que desordenado, não parece que possa trazer dali a diante, assim que a faixa toma corpo, uma das canções mais doces da dupla. Um primor. Uma sonoridade leve como neve.
"Dissolve" namora o hard-rock com suas explosões sonoras que chegam a lembrar as guitarras do The Who; em "K+D+B" o legal é aquela percussão e bruta, pesada; e "Swoon", uma house embalada e contagiante, que remete um pouco mais os trabalhos anteriores dos caras, é uma das melhores do disco.
Mas o melhor ainda não é isso: "Horse Power", a minha favorita do disco, é um petardo eletrônico que justifica plenamente o nome que leva: é pura potência. Pronta pras pistas! Daquelas de fechar os olhos e dançar, dançar, dançar até não se saber mais onde se está nem quem é. Tem pelo menos uns 2500CV!
Posso afirmar sem medo que "Further" junta-se a "Dig Your Own Hole" e a "Surrender" como um dos melhores trabalhos dos caras.
(E pensar que eu hesitei...)

FAIXAS:
1. "Snow" 5:07
2. "Escape Velocity" 11:57
3. "Another World" 5:40
4. "Dissolve" 6:21
5. "Horse Power" 5:51
6. "Swoon" 6:05
7. "K+D+B" 5:39
8. "Wonders of the Deep" 5:12


Clipe de "Swoon" , uma das melhores na minha opinião
The Chemical Brothers - Swoon

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

The Chemical Brothers - Vivo Rio - Rio de Janeiro /RJ (29/11/2015)



Tom Howlands e Ed Simons mandando ver nas pick-ups.
Caraaaaaaiiii!!!!
Valeu a pena esperar.
Eu que tinha perdido quando estava em Porto Alegre, que tinha me decepcionado com o cancelamento na outra vez, finalmente matei a vontade e em grande estilo.
Sempre quis ver os Chemical Brothers e eles fizeram valer cada minuto de espera pela volta deles ao Brasil.
No alto, os robôs e seus olhos luninosos,
abaixo, o cenário para a monumental
"Private Psychedelic Reel".
Parece que sabendo da minha ânsia em querer vê-los ao vivo, fizeram um show para mim. Ah, deve ter sido porque abrir com "Hey Boy, Hey Girl", não somente uma das minhas preferidas como a música que escolhi para receber o diploma na faculdade, tem que ter sido pra mim.
Mas aí, como se não bastasse isso, fecham a primeira parte com um mix "Belive"/ "Out of Control"; depois de abrir o segundo trecho com com "Sunshine Underground" só pra acalmar a gaera e dizer "voltamos, estamos aqui", emendam "Escape Velocity", possivelmente a grande obra-prima da dupla; aí terminam a segunda parte com "Block Rockin' Beats" matadora quebrando tudo; e voltam pra um final apoteótico com "Private Psychedelic Reel". Cara, só podia ter sido pra mim!!!
Tenho problemas de joelho, estava com ambos doendo mas, olha, quer saber, não tinha como parar de pular e  dançar e, por sinal, acho que, a bem da verdade, se não devia estar parecendo muito "puro" mesmo para outros fãs tão empolgados quanto eu (mas fora algumas cervejas, estava).
Com um repertório bem escolhido, elaborado e planejado a dupla equilibrou hits com músicas do novo álbum "Born in Echoes", sem deixar cair a peteca, sempre mantendo a energia alta, tirando uma releitura um pouco infeliz do hit "Setting Sun" que claramente desagradou a alguns fãs. Além das já mencionadas, destaques também para "Do It Again" que empolgou o público; para a ótima "Swoon" do álbum anterior "Further"; para para os robozinhos que se ergueram no palco lançando laser pelos olhos na mix de "Under the Influence" com "The Test"; e para a excelente combinação imagem/música em "Galvanize". Das novas, "EML Ritual", estrategicamente colocada entre dois hits, funcionou muito bem, mas o destaque mesmo vai para "Go" que também fez a galera pular e levantar as mãos entoando o refrão.
Ficou faltando "Horse Power" que eu queria mas sabia que não era item obrigatório de show e que era bem possível que não rolasse. Não rolou. Mas tem como reclamar alguma coisa de um show desses? Não tem. Perfeito! Incrível. Os caras devem ter se informado, fuçaram no meu Facebook, viram minhas músicas preferidas, a ordem que seria mais emocionante e foram lá e fizeram o show pra mim. Só pode.

A projeção, muito bacana, em "Galvanize"


vídeo de "Swoon" - Chemical Brothers - Vivo Rio (29/11/2015)



Cly Reis




sexta-feira, 1 de abril de 2011

Chemical Music Festival 2011

Não sei se já estava sendo divulgado e eu que estava desinformado mas só agora fiquei sabendo do Chemical Music Festival que vai acontecer em abril em Itu, São Paulo, com os Chemical Brothers como principal atração. Eu que já perdi de ver os caras em duas oportunidades, desta vez não vou deixar escapar.
E parece que veio de presente pra mim, pois vai acontecer um dia após meu aniversário, dia 30 de abril.
Outras atraçoes serão os brazucas Life is a Loop, Gui Borato, Leo Janeiro e The Twelves, o uruguaio Gustavo Bravetti e o sueco Christian Smith. Mas o que importa mesmo é ver  e ouvir os Bródi que  lançaram no ano passado seu último álbum, "Further" e recentemente compuseram a trilha do filme "Hanna"
Bom, agora é providenciar o ingresso que em abril tem Chemical Brothers ao vivo.
Grande expectativa!



CHEMICAL MUSIC FESTIVAL
Dia 30 de abril, a partir das 22 horas
Local: Arena Maeda, Itu, SãoPaulo
Acesso pelo km 78 da Rod. Castelo Branco, sentido interior
A apenas 30 minutos de Alphaville.

*****************

Ingressos:
  • PISTA
Lote promocional R$75,00 - até 9 de abril ou enquanto durar o lote*
2º Lote R$95,00 - até 29 de abril ou enquanto durar o lote*
3º Lote R$115,00 - após o dia 30 de abril e enquanto durar o lote*

  • PISTA PREMIUM 
Lote promocional R$145,00 – até 9 de abril ou enquanto durar o lote*
2° Lote R$185,00- até 29 de abril ou enquanto durar o lote*
3° Lote R$215,00 - após o dia 30 de abril e enquanto durar o lote*

  • venda aqui no Rio de Janeiro:
Óticas Carol - Barra Shopping
Óticas Carol - Copacabana (Av. Nossa Senhora De Copacabana, 683 Letra A Box 2)


Mais informações no site do evento:
http://www.chemicalmusic.com.br/2011/

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Chemical Brothers cancelado

Acabo de ver, infelizmente, na página do Chemical Music Festival do Facebook, que as datas brasileiras do duo britânico Chemical Brothers estão canceladas, tanto a do festival em Itu do dia 30 de abril, como a de BH, que seria no dia 29. Em uma nota publicada nas redes sociais e no blog oficial da dupla, não explicam exatamente os motivos mas se desculpam e garantem que voltarão ao Brasil o mais breve possível.
Uma pena. Eu que estava tão mobilizado vou deixar de vê-los pela terceira vez. O lado bom da história, pra mim, é só o fato de que ainda não tinha comprado ingresso e para as demais atrações não vale a pena eu me mexer daqui pra Itu.
Fica pra próxima.


A nota publicada no site oficial da banda:
http://www.thechemicalbrothers.com/blog/

sábado, 5 de dezembro de 2015

Chemical Brothers - As Imagens








Não costumo fazer postagens de shows pra seção Click do blog mas neste, em especial, eu tive bons ângulos, as projeções eram bárbaras, as luzes ajudaram e as fotos ficaram tão bacanas que eu achei que merecia uma publicação dedicada ao ótimo show dos Chemical Brothers que aconteceu aqui no Rio no último domingo, dia 29/11. Sendo assim, aí vão mais algumas imagens e momentos do show:

O belíssimo Museu de arte Moderna do Rio, ao lado do palco do show

Aquecendo a pista

Todos prontos?

A dupla química

Em 'EML Ritual'

'Do It Again"
Em "I'll See You There"

Canhões de luz

"Escape Velocity"

We are the robots

Luzes, cores e sons
O dançarino de "Galvanize"

O templo iluminado de "Private Psychedelic Reel"



fotos: Cly Reis



quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Música da Cabeça - Programa #133


O óleo pode ser venezuelano, mas a incompetência é toda brasileira. Enquanto a poluição avança sobre o litoral sem contenção, nós do Música da Cabeça montamos uma força-tarefa de boas vibrações sonoras. Estão nessa conosco Morcheeba, Kraftwerk, Kleiton & Kledir, The Chemical Brothers, Meirelles e os Copa 5, Chic, Cid Campos, Echo & The Bunnymen e mais. Ainda, "Música de Fato", "Palavra, Lê" e um "Cabeção" bem avant-garde pra não aliviar mesmo. Arregaça as mangas, que o programa de hoje vem pra conter qualquer vazamento. É às 21h, na Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues (e não: não tá tudo azul).


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Música da Cabeça - Programa #199

 

Bernie Sanders passou a semana esperando sentado só pra ouvir o MDC. Então, chegou a hora, senador! Hoje teremos conterrâneos seus como Tracy Chapman, Beck e Angelo Badalamenti, mas também os britânicos da Chemical Brothers e Cocteau Twins e brasileiros, representados por Ronnie Von, Milton Nascimento e Gilberto Gil. Além disso, tem "Cabeça dos Outros" e "Palavra, Lê" com letra de Djavan - que prometemos compreendê-la. Isso às 21h, na paciente Rádio Elétrica. Produção, apresentação e toneladas de leite condensado: Daniel Rodrigues (#BolsonaroGenocida)


Rádio Elétrica:

http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Leftfield - "Leftism" (1995)



"Queime, Hollywood,
queime!"
de "Open Up"



Eu estava no lendário Bar Ocidente em Porto alegre, numa festa de música eletrônica, quando tocou aquilo... Era a voz de John Lydon esmerilhando sobre uma base eletrônica feroz e alucinante. "Demais!", pensei. Ali, assim, na loucura da noite, com álccol na cabeça, sem a devida concentração para ouvir bem, com atenção, parecia ser uma versão dance de "Under The House" do PIL do disco "Flowers of Romance", e durante muito tempo acreditei que fosse. Fiquei enlouquecido e a partir do dia seguinte já fui, como podia, em busca da tal versão. Na época a internet não era o que é hoje e não havia todas as facilidades de busca, downloads, informação, compras, etc., então recorri a amigos que pudessem ter ouvido a música em questão ou algo a respeito sobre um remix, consultei donos das lojas alternativas que frequentava, procurei alguma menção na revista Bizz, na rádio Ipanema ou qualquer meio que pudesse me dizer o que era aquilo e onde conseguir. Não encontrei. Desisti de procurar, não sem, no entanto, permanecer atento. Eis que anos depois, nem lembro como, a tal música veio pousar nos meus ouvidos de novo e aí descobri o que era. Tratava-se de uma participação de John Lydon com o duo britânico de música eletrônica Leftfield, e o objeto da minha busca chamava-se "Open Up", um petardo dançante no qual a voz do ex-Pistol parece fazer reviver o punk em uma linguagem atualizada, tal a fúria e contundência de sua interpretação.
"Leftism", o disco de estreia da dupla britânica, como pude constatar logo em seguida assim que  minha curiosidade aguçada por "Open Up" não se resume a ela e muito menos se justifica meramente pela participação de um grande nome. O álbum pode ser considerado um dos grandes registros da música eletrônica nos anos 90 e por extensão, naquela época de afirmação do gênero com nomes relevantes se sobressaindo à massa "tush-tunsh", um dos melhores nesta linguagem desde então.
Num meio termo entre a introspecção do Massive Attack e a violência do Prodigy, o Leftfield  impregnava seu som de elementos rítmicos variados evidenciando influências reggae e afro, numa fusão com ambient music, hip-hop, dub, que conferiam toda uma autenticidade à sua música.
Assim é "Afro-Left": capoeira, macumba, energia, numa peça musical contagiante conduzida por um sampler de berimbau e cantada num suposto dialeto africano, constituindo-se num dos momentos mais incríveis do álbum.
"Release the Pressure" como primeira música parece ser o catalisador de todos os elementos propostos no trabalho, a ambient-music, o raggae, o dance e a raiz cultural negra; "Melt" é uma adorável viagem sensorial; "Song of Life" transita entre diversas variações e possibilidades; e "Storm 3000" desconstrói o drum'n bass desacelerando-o em nome  de uma atmosfera mais esparsa.
"Original" é um pop que carrega nas sonoridades reggae; "Black Flute" e "Space Shanty" são daquelas pra se acabar na pista de dança; a excelente "Inspection (Check One)" outra das grandes do disco, traz  mais uma vez bem acentuado o apelo étnico-sonoro com os vocais carregando no sotaque dos guetos; e a viajante "21st. Century Poem" acaba o disco baixando a rotação definitivamente para um clima mais reflexivo em mais um transe sonoro proporcionado pela dupla londrina.
"Leftism" por sua ousadia e incorporação de elementos exóticos e étnicos e inclui-se num seleto grupo de uns 5 ou 10 álbuns que mudaram  e qualificaram a música eletrônica a partir dos anos 90, do qual também fazem parte obras como "Dig Your Own Hole" dos Chemical Brothers, "Homework" do Daft Punk, "Mezzanine" do Massive Attack, "Fat of The Land" do Prodigy, só para citar alguns. Sem dúvida um dos mais importantes álbuns de música eletrônica já feitos e um dos grandes definidores de linguagem, ainda hoje extremamente influente e relevante.
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FAIXAS:
  1. Release The Pressure 7:39
  2. Afro-Left 7:32
  3. Cut For Life 7:09
  4. Melt 5:15
  5. Black Flute 3:56
  6. Original 6:22
  7. Inspection (Check One) 6:29
  8. Space Shanty 7:14
  9. Storm 3000 5:45
  10. Half Past Dub 3:38
  11. Open Up 8:44
  12. 21st Century Poem 4:39
**************************
Leftfield - "Open Up"



Cly Reis

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Música da Cabeça - Programa #242

 

Já pensou se a Nasa erra o alvo e não pega o asteroide vindo pra Terra? Melhor nem pensar e ouvir o MDC, onde vai chover não meteoro, mas música boa! Tem Legião Urbana, Minnie Riperton, Primus, Milton Nascimento, The Chemical Brothers, Talking Heads e mais. Ainda, um "Cabeção" MPB cheio de classe e alma negra. Para-raios de coisa ruim, o MDC de hoje vai ao ar às 21h, na precavida Rádio Elétrica. Produção, apresentação e missão espacial: Daniel Rodrigues.#consciencianegra #semanaconsciencianegra #20denovembro #mesdaconsciencianegra


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Chemical Brothers "Escape Velocity"

Saiu nova música dos Bródi!
É!
O novo álbum, que se chamará "Further", e que terá um curta-metragem para cada uma das suas 8 faixas, só sai mesmo em junho, mas por enquanto, nós fãs já podemos ir curtindo uma palhinha do que será o novo disco.
Não trata-se de um clipe, exatamente; é apenas o áudio com um gráfico. Mas o que importa é o som mesmo, não?
Então, saca aí:

terça-feira, 4 de junho de 2019

Música da Cabeça - Programa #113


Imagina você ser a Rainha da Inglaterra e ter que receber o mala do Donald Trump em plena quarta-feira à noite. Imaginou? Agora imagina que você não só se livrou dessa bomba como ainda terá o prazer de ouvir o Música da Cabeça de hoje tranquilo e no aconchego do seu lar. Confere só o que vai rolar: The Chemical Brothers, Alice in Chains, Demônios da Garoa, John Cage, New Order e mais. E pra completar, os quadros "Música de Fato" e "Palavra, Lê". Trilha sonora mais do que especial que vai deixar você ainda mais contente por não ser dona Elizabeth. O MDC não é jantar diplomático, mas tem hora marcada: 21h, nos salões nobres da Rádio Elétrica. Produção, apresentação e protocolo: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quinta-feira, 9 de maio de 2019

The Beatles - "Abbey Road" (1969)




"Com 'Abbey Road', os Beatles 
tocaram a glória 
pela primeira vez (...)
Todos os quatro brilharam: 
as composições 
e trabalho vocal de John,
o ofício musical supremo 
de Paul nos medleys,
a habilidade musical de George
em duas canções maravilhosas 
e o toque de bateria 
excelente de Ringo."
Mark Lewisohn,
historiador considerado
uma das maiores autoridades
sobre Beatles

Minha relação com os Beatles é curiosa... É interessante que, até algum tempo atrás, eu sequer gostava de Beatles. Gostava naquelas... uma aqui, outra ali. "Twist and Shout", por causa do filme "Curtindo a Vida Adoidado""Can't Buy Me Love" por causa do "Namorada de Aluguel", "Dear Prudence" por causa da versão da Siouxsie, "Helter Skelter" por causa dos Banshees também e pela versão do U2 no "Rattle and Hum" sendo que a original eu sequer conhecia... Na boa, achava Beatles, aquela coisa dos arranjos de orquestra, dos vocais em coro, daquela levada tipo bandinha alemã, tudo muito perfeitinho demais. Não tinha como negar a qualidade, mas pra mim parecia pouco rock'n roll. Tanto que, naquela tradicional disputa Beatles ou Stones, eu sempre fui mais Stones. Ainda sou, tenho que admitir. Acho Stones mais visceral, mais rock no sentido mais sujo da coisa, sabe. Mas o meu respeito e minha admiração pelos Beatles tornou-se uma realidade e uma vez consolidada, só foi crescendo.
Eu já ficava intrigado pelo fato que uma porção de ídolos meus, vários artistas que eu admiro sempre diziam que tinha começado a tocar por causa dos Beatles, que quando ouviram Beatles resolveram ter uma banda, que fizeram tal música  porque queriam fazer que nem os Beatles... "Cara ... Mas será possível?", pensava eu. Aí  comecei a ouvir com mais carinho, com mais atenção e, quando se OUVE, ouve mesmo, não  como não reconhecer que os caras eram absurdos! Toda a técnica de estúdio, a criatividade, o talento, a inovação e tal, tudo isso eu entendia mas não tinha dado aquela liga. Não tinha acendido a chama. Ela foi acendendo aos poucos: aí o cara vê que uma música que gosta da sua banda preferida é muito Beatles, percebe onde tá aquela influenciazinha, vê coisas que os caras fizeram sem recurso nenhum e hoje em dia com tudo a favor, não se consegue fazer igual e, aí ficha cai. Foi o caso de "Tomorrow Never Knows" que fui conhecer por causa de "Setting Sun" dos Chemical Brothers, e que me estimulou a comprar o "Revolver". A dupla eletrônica de Manchester chegou a responder processo por plágio mas foi inocentada, uma vez que não negavam a inspiração, apenas negavam a cópia. É bem o caso do que os caras conseguiam fazer em 1966, com recursos técnicos escassos e algo parecido só é conseguido com a parafernália eletrônica dos dias de hoje.
Mas antes do "Revolver", o primeiro  que tive dos Beatles foi o "Magical Mystery Tour", que no meu mode de ver era mais "anárquico", menos certinho. Tem aquela 'desordem' da música titulo, "Magical Mystery Tour", tem "I'm The Walrus que também é mais atípica, mais louca, enfim, aquilo me agradava mais num primeiro momento. Depois veio o "Revolver" e depois o 
"Rubber Soul", que devo admitir que, apesar de não retirar nenhum mérito, não sou dos mais apaixonados.
O "Abbey Road" (1969) chegou a mim de uma forma interessante. É lógico que eu já conhecia "Come Together", e essa eu já gostava muito e na minha cabeça essa era uma exceção a tudo aquilo que eu colocara acima sobre rockzinho comportado, arranjos rebuscados e coisas assim, só não ligava uma coisa a outra e com meu conhecimento parco da obra dos caras, não sabia que era exatamente a primeira do "Abbey Road". Mas o que me instigou pra ouvir o disco, conhecer a obra foi o fato que, certa vez, na noite por aí, uma banda dessas de clássicos do rock, tocou "I Want You (She's So Heavy)" e, cara..., eu fiquei louco com aquilo. Aí eu quis saber de onde era aquilo e descobri que era do tal do "Abbey Road". Eu já tava numas de curtir mais Beatles e resolvi conhecer melhor o disco. Pedi pro meu irmão, meu parceiro de blog, Daniel Rodrigues, que já apreciava a banda havia mais tempo, pra me passar o MP3 do disco pra eu ouvir no computador, no I-Pod e tal, e fui gostando cada vez mais. Até que, sabendo que eu tava ficando fissuradão, o meu irmão de novo, desta vez, me deu o CD.
E se um cara tem restrição a Beatles, o "Abbey Road" é pra acabar com qualquer frescura! Tem baixo estourando, tem vocal gritado, tem solinho de bateria, tem música curta, música quilométrica, tem música  pra todos os gostos, tem música de todo mundo, tem vocal de quase todo mundo...  e que disco bem produzido, hein! Tudo perfeito, tudo no seu devido lugar. Era o desejo da banda, mesmo já um tanto fragmentada, já dando sinais de desgaste, fazer um grande disco depois de uma certa decepção com as gravações de "Let It Be", que acabou saindo depois mas que na verdade fora gravado antes e ficou ali, meio que engavetado. Pois é, na verdade o "Abbey Road" é o último álbum dos Beatles. E tem cara de último disco. Tem a grandiosidade, a estrutura, a maturidade, o total controle sobre o objeto final, tem cara de gran finale. Algo espetacular!
"Come Together", como eu disse, eu já conhecia e admirava e é daquelas aberturas de álbum matadoras. Aliás os Beatles abriam muito bem seus discos, não é mesmo? Vide "Taxman", "Back um The U.S.S.R.", "Sgt. Peppers...", "Drive My Car". "Come Together" é uma música que vai crescendo em intensidade e mudando a cada parte, ganhando um novo elemento. É fantástica! Lembra, não por acaso, aquele tipo de composição que marcou Pixies, Nirvana, com ênfase na linha de baixo no corpo principal da música, e uma certa explosão, com as guitarras e os vocais entrando de forma mais intensa no refrão. Pode-se dizer, de certa forma que, lá em 1969, foi um pré-grunge. "Something" sempre me arrepia com aquela guitarra chorosa, melancólica, aquele vocal doce... É considerada por muitos a melhor música dos Beatles e a própria  banda manifestou, na época, uma certa preferência por ela dentre as gravadas para o disco. "Maxwell's Silver Hammer" é daquelas que eu falei, com cara de bandinha de coreto de praça, e apesar de ser uma boa música, no fim das contas, e funcionar como um ponto de equilíbrio no lado A do disco, nem a banda gostava muito dela na época do lançamento.  Atribuo a ela este papel de fiel da balança, até porque na sequência vem "Oh, Darling", uma das minhas preferidas com aquele vocal rasgado, gritado. Um balada típica dos anos 50 com o vocal do Paul calculadamente descontrolado. Tipo da coisa que, no meu desconhecimento, sentia falta nos Beatles e que encontrei no "Abbey Road". Sei que tem "Helter Skelter", até mais furiosa por sinal, mas, nesse caso específico, como confessei acima, conhecia mais as covers do que a original.
O disco segue com "Octopuss Garden", que é do Ringo, e normalmente é um pouco subestimada mas que é um country-rock muito gostoso. Num disco muito bem planejado, a leveza da composição de Ringo Starr serve meio que como preparação para a pesada, longa, extensa, "I Want You (She's So Heavy)". Uma amarração quase improvável de duas melodias bem distintas mas que juntas acabaram funcionando como uma especie de peça épica, algo grandioso. Aquele início, e final também, dramático, solene, combinado a um blues meio rumba em que a guitarra ora dialoga, ora imita, ora disputa com a voz de Lennon. E, apoteoticamente, tudo se encaminha pr'aquele final, como eu disse, dramático, que se repete, repete e corta... abruptamente como se a música, que já é gigantesca, nunca fosse acabar. É de arrepiar.
Depois vem a ensolarada "Here Comes The Sun", que seria a primeira do lado B, na versão original em LP. Sempre que o dia está feio e abre, que vem aquele solzinho depois de uma chuva, eu lembro dela. Sempre iluminada. Na sequência vem a linda "Because" uma balada cheia de inspiração e melancolia. Uma das mais belas melodias dos Beatles e um trabalho vocal excepcional. Segue com a mutante e imprevisível "You Never Gove Me Your Money", cheia de variações: começa de um jeito dando a pinta que vai ser uma doce balada ao piano, de repente vira um rock descontraído, modifica a voz, ganha intensidade, ganha uma guitarra bem incisiva, lá pelo final ganha um coro fazendo uma contagem e acaba num ruído que vai introduzir para o genial medley de músicas "inacabadas" concebido por Paul McCartney que é simplesmente de tirar o fôlego. Trechinhos, praticamente vinhetas, mas que são de deixar o cidadão de boca aberta, não só pelas qualidade de cada uma, mas também pela diversidade entre elas, pelo papel dentro do álbum, pela sequência em que estão dispostas.
"Sun King", de John Lennon, uma delicada baladinha, uma pequena piração com uma letra que mistura inglês, italiano e francês, é a primeira da sequência mágica  e lembra um pouco "Something", com alguma semelhança também com "Because" embora sempre me remeta um pouco a "Don't Let Me Down"; segue o rock gostoso de "Mean Mr. Mustard"; depois "Polithene Pam", bem "yeah-yeah-yeah', uma espécie de uma voltá às raízes só que mais sofisticada; vem "She Came Through The Bathroom" outro rock cativante; e então o epílogo grandioso se aproxima com a beleza de "Golden Slumbers" que é misturada/invadida com/por "Carry That Weight" que, por sua vez, em grande estilo, encaminha o encerramento do disco para nada mais apropriado que o FIM. "The End", mais uma "criatura mutante", cheia de variações, é um rock direto e certeiro com direito a solo de bateria de Ringo e tudo. É o fim, como anuncia o título da canção? A última do disco? A última da discografia dos Beatles? Errado. O disco acaba mas não acaba. Antecipando um conceito de faixa-oculta que só viria a se consolidar na era CD, segundos depois da "última música" aparece "Her Majesty", um trechinho curto acústico, mais uma vinheta, uma brincadeira por assim dizer "comemorativa" ao título de Membros do Império Britânico concedido pela coroa inglesa, que o grupo então acabara de receber. Típico dos Beatles. A inversão da lógica, o improvável, a surpresa, o que mais ninguém faria. E "The End" que seria também a última música do último lado de um disco deles, acabou não sendo pois o "Let It Be", o antecessor, acabou sucedendo "Abbey Road".
Aí o cara acaba de ouvir um disco desses e fica se perguntando "por que que eu fiquei de nhem-nhem-nhem com os Beatles por tanto tempo?"
Se você também tem um ranço, nhem-nhem-nhem, mi-mi-mi com Beatles, e sei que muito gente tem, recomendo veementemente que você ouça o "Abbey Road". Talvez os Beatles tenham discos melhores, muitos preferem o "Branco", muitos o "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", mas o "Abbey Road" este trabalho brilhante que completa 50 anos neste 2019, é tão perfeito, tão impecável, tão bem produzido, tão diversificado que eu acho que até o mais resistente anti-Beatles vai acabar se rendendo. Eu me rendi.

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FAIXAS:
1 - Come Together
2 - Something
3 - Maxwell's Silver Hammer
4 - Oh! Darling
5 - Octopus's Garden
6 - I Want You (She's So Heavy)
7 - Here Comes the Sun
8 - Because
9 - You Never Give Me Your Money
10 - Sun King
11 - Mean Mr. Mustard
12 - Polythene Pam
13 - She Came in Through the Bathroom Window
14 - Golden Slumbers
15 - Carry That Weight
16 - The End
17 - Her Majesty


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Ouça:


Cly Reis

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Música da Cabeça - Programa #53


"Podem me prender/ Que eu não mudo de opinião”. Na semana em que o ex-presidente Lula foi preso, nós abrimos as grades para deixamos as ideias livres para correr por aí. Representadas em músicas, claro, que é isso que compõe o Música da Cabeça, que hoje terá The Chemical Brothers, Violent Femmes, Arnaldo Antunes, Legião Urbana, Wire, entre outros gritos. Como não poderia deixar de ser, um “Música de Fato” sobre a prisão de Lula e mais “Sete-List” e “Palavra Lê”. Então, te desvencilha das amarras e vem escutar o programa hoje, às 21h, pela Rádio Elétrica. Produção, apresentação e indulto: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://radioeletrica.com.br/

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

The Beatles - "Revolver" (1966)

"Nós, Beatles, somos mais populares que Jesus Cristo neste momento."
John Lennon em 1966



Na eterna “briga” entre Rolling Stones e Beatles, devo admitir que sou um stoniano de carteirinha. Nem ao menos sou tão fã dos garotos de Liverpool quanto a maioria dos músicos, roqueiros, críticos, etc., mas não há como se negar que, se não se trata da melhor, trata-se induscutivelmente da maior banda de rock de todos os tempos e por certo a mais influente da história do gênero. Em qualquer coisa que se ouça de pop e rock depois do seu surgimento, há um dedinho dos caras e isto por certo não é pouca coisa. Um destes discos que pelo seu experimentalismo, tentativa, ousadia, importância e técnica é daqueles que mudaram o rumo das coisas é o ótimo “Revolver”, certamente o meu preferido. Nele temos o rock pegado de “Taxman” que abre o disco, uma das três composições de George Harrisson que desta vez ganha mais espaço colaborando muito com o grau de experimentação e psicodelismo da obra e na minha opinião com a qualidade do mesmo; outra música sua é a viagem hindu “Love You To”, que é bem legal também; temos também a bela “Eleonor Rigby” com seu precioso arranjo de cordas; a clássica “Yellow Submarine” cantada por Ringo e com uma série de recursos de estúdio, ruídos e participações especiais escondidos sob uma atmosfera infantil; e a incrível e audaciosa “Tomorrow Never Knows”, uma viagem psicodélica com uma bateria alucinante e vocais modificados, trabalhada em estúdio em todos os graus possíveis gerando um resultado extremamente inovador e com uma sonoridade ainda hoje atualíssima. Este é o clima do disco. É na minha opinião a obra mais ousada, doida, inovadora e completa dos caras.
Mesmo pra quem, como eu, não é fãzaço, é álbum fundamental.

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Como curiosidade, a propósito de “Tomorrow Never Knows”, ela foi a tal ponto inovadora e atual que serviu de inspiração e base para "Setting Sun" do duo eletrônico Chemical Brothers. A inspiração, e semelhança eram tamanhas que agentes dos Beatles chegaram a alegar plágio, porém a gravadora da dupla inglesa, convocou um especialista que conseguiu provar que a semelhança não chegava a caracterizar a irregularidade.

FAIXAS:
1. "Taxman" (Harrison) 2:39
2. "Eleanor Rigby" 2:07
3. "I'm Only Sleeping" 3:01
4. "Love You To" (Harrison) 3:01
5. "Here, There and Everywhere" 2:25
6. "Yellow Submarine" 2:40
7. "She Said She Said" 2:37
8. "Good Day Sunshine" 2:09
9. "And Your Bird Can Sing" 2:01
10. "For No One" 2:01
11. "Doctor Robert" 2:15
12. "I Want to Tell You" (Harrison) 2:29
13. "Got to Get You into My Life" 2:30
14. "Tomorrow Never Knows"


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