Nem a lama, da chuva do dia anterior, atrapalhou os fãs de rock e amantes da cerveja.
Estive, ontem, na Expo Rio Cervejeiro, festival de expositores, cervejaria, gastronomia e cultura, realizado na Praça Paris, no Rio de Janeiro, onde tive o prazer de assistir a dois ótimos shows: da AC/DCover, grupo de músicos-fãs, obviamente, inspirados nos australianos da AC/DC, que não decepcionam na homenagem e na interpretação, satisfazendo o público com uma falsa, mas agradável sensação, de quase aquilo é quase tão bom quanto o original. Muita energia, músicos competentes, entrosados, bem ensaiados, lição de casa bem feita e um Angus (Flávio) Young que sola, rola no chão, faz o passinho característico e ainda paga um strip-tease exibindo uma cueca com o logo da banda (Impagável!). Baita show! Muito valeu! Destaque para"Thunderstuck", em que puxaram o coro naquele clássico "Thunder!!!", e "Highway to Hell", cantado junto pela galera no refrão.
AC/DCover - "Back in Black"
O outro foi da excelente Bles Etílicos, meio desfalcada, é verdade, do vocalista Greg Wilson , com problemas de saúde, do baterista titular, licenciado em ano sabático na Europa, mas não menos competente e impressionante pelas ausências. Aquele blues cheio de tradição norte-americana mas com um pé nas raízes do Brasil e, é claro, sempre muito inspirada no álcool, nos drinks e nos "birinaites", com duas grandes odes à cerveja, a grande homenageada do evento, uma, parceria da banda com Fauto Fawcett, é outra, com o saudoso Celso Blues Boy.
Enfim, rock roll, blues e cerveja... O que é que alguém pode querer mais? Noite de sábado perfeita.
Fique, aí, com algumas imagens do evento:
O AC/DCover no palco
O cover de Angus Young foi um show à parte.
Aqui, a Blues Etílicos quebrando tudo no blues.
O lendário Flávio Guimarães mandando ver na harmônica
“O disco solo do Lincoln Olivetti
e do Robson Jorge é uma referência de que é possível fazer um disco bem gravado
MESMO, em qualquer condição, basta dedicação e talento”.
Ed Motta
Alegria imensa em poder falar um pouco deste álbum! Pessoalmente, é o
disco que mais influenciou em termos de arranjo, sonoridade, composição. Minha
bíblia! Um registro magistral da parceria do Robson e Lincoln, dupla
de músicos e produtores que dominou a produção musical no Brasil durante a
década de 80.
Este disco representa toda a perfeição técnica que os dois sempre
buscaram em suas produções e traz um time incrível de músicos, os melhores
daquela geração! Paulo Cezar Barros, Jamil Joanes, Picolé, Paulo Braga, Mamão, Oberdan Magalhães, Leo Gandelman, Márcio Montarroyos, Bidinho, Serginho do
Trombone, Zé Carlos Bigorna e outros brilhantes músicos. Um supertime!
São 12 faixas que trazem a mais perfeita simbiose entre a black music norte-americana e a música
brasileira. Os arranjos de sintetizadores explicam porque Lincoln é chamado de
mago, e o Robson é sem dúvida um dos maiores músicos que este país viu, embora
incrivelmente pouco citado!
A primeira música que ouvi deste álbum foi a balada "Eva".
Destaque para o trabalho rítmico das guitarras do Robson nesse disco, assim
como a melodia tocada em uníssono com a voz. Aliás, essa é uma característica
forte do álbum. Canções instrumentais, com os vocalises do Robson às vezes
cantando pequenos trechos de letra, outras vezes a melodia. Tomo a liberdade de
dizer que isso me influencia muito.
Tem algo de muito incrível nesse disco! A capacidade de criar hits sem letras, ou com apenas uma
palavra, como o clássico “Aleluia!”. Esta é a faixa mais conhecida deste disco,
e traz ecos do Earth, Wind and Fire. Ninguém no Brasil conseguiu traduzir essa
sonoridade como os dois fizeram. Nota-se também a influência da música latina (“Raton”
e o medley “Baila Comigo/Festa Brava”).
Outra canção que evidencia a habilidade do Robson como guitarrista é o funk "Pret a Porter". Aliás,
ouso dizer que este disco pode ser muito mais classificado como um disco de
música norte-americana influenciado por música brasileira do que o contrário. É
um disco que realmente pode ser equiparado às produções norte-americanas da
época em termos de sonoridade e qualidade técnica.
O disco abre com “Jorgea Corisco”, segue para a balada “No Bom Sentido”
e logo após “Aleluia!”. Depois a latina “Raton” e a genial “Pret a Porter”. “Squash”,
com lindas dobras de synth e
guitarras e a canção “Eva”, com um clima quase blaxploitation. “Fá Sustenido” apresenta quase um acento reggae nas guitarras e lindo arranjo de vocoder. Passamos pelo samba do morro no
interlúdio “Zé Piolho” e seguimos pro medley
“Baila Comigo/Festa Brava”. Finalizando: o samba funk “Ginga” com um poderoso naipe de metais e a última faixa do
disco: “Alegrias!”.
Mas na verdade não consigo ser muito teórico ao falar deste trabalho.
Eu amo este disco! É um álbum que abriu muitos caminhos musicais na minha
cabeça, e sou eternamente grato por esse trabalho existir. Recentemente,
durante as gravações do meu terceiro disco, tive o prazer de trabalhar com o
grande Edu Costa, engenheiro de som e braço direito do Lincoln em suas
produções. Pude ouvir muitas histórias incríveis e absorver um pouco do
universo dos dois.
Recomendo muito! E pra quem ainda não ouviu com atenção, ouça! É uma
obra-prima! Felizmente este disco vem sendo cada vez mais cultuado. E assim
como outros clássicos é um trabalho sempre presente na minha vida. Referência
forte, sempre!
Robson Jorge & Lincoln Olivetti-"Pret-à-Porter"
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FAIXAS:
1-Jorgea Corisco
2-No bom sentido
3-Aleluia
4-Raton (Contesini)
5-Pret-à-porter
6-Squash
7-Eva (Ronaldo, Olivetti, Jorge)
8-Fã sustenido
9-Zé Piolho
10-Baila comigo (Roberto de Carvalho, Rita Lee)/Festa braba (Olivetti,
Jorge)
11-Ginga
12-Alegrias
todas as composições de autoria
de Lincoln Olivetti e Robson Jorge, exceto indicadas
Natural do Espírito Santo, Lucas Arruda é um jovem compositor, cantor, arranjador, produtor e multi-instrumentista. Um dos maiores talentos da música brasileira dos últimos anos, leva suas influências de soul, funk, MPB, jazz, rock e blues ao mundo, principalmente a Europa e ao Japão, onde é reverenciado. Em fase de conclusão de seu mais novo trabalho, tem dois discos: "Sambadi", de 2013, integrante da lista dos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS do ClyBlog, e o igualmente elogiado “Solar”, de 2015. Um digno representante da linhagem dos músicos do jazz-soul brasileiro, que passa por Azymuth, Black Rio, Marcos Valle, Robson, Lincoln e Ed Motta. Lucas foi especialmente convidado pelo Clyblog para falar sobre um disco de sua predileção em razão das comemorações pelos 8 anos do blog. www.facebook.com/lucasarrudaofficial/?fref=ts
O Música da Cabeça de hoje age em legítima defesa da dignidade da população negra, em legítima defesa do homem pobre, em legítima defesa de quem se indigna com o errado. E as canções, nosso melhor instrumento, não precisa dar nenhum disparo para chegar aos corações. P.I.L., Public Enemy, Banda Black Rio, Sean Lennon e R.E.M. são algumas das munições pacíficas que trazemos. Tem também “Música de Fato”, falando, obviamente, do crime cometido pelo Exército no Rio, o tradicional “Palavra, Lê” e um “Cabeça dos Outros” no quadro móvel, trazendo a dobradinha O Rappa e Sepultura. Ponha as mãos para o alto, mas não para se render, e, sim, para reverenciar a boa música conosco no programa, na Rádio Elétrica, às 21h. Produção, apresentação e legitíssima defesa: Daniel Rodrigues.
Feriado pra gauchada? Aqui a gente não faz feriado, pois nossas músicas não tiram folga. No Música da Cabeça de hoje, às 21h, na Rádio Elétrica, tem um montão delas e com a variedade de estilos e referências de sempre. Vamos ter Chico Buarque, Banda Black Rio, Jorge Benjor, Lenny Kravitz e Fernanda Abreu por exemplo. Ainda, o 'Música de Fato', o 'Palavra, Lê' e um 'Sete-List' especial Rock in Rio. Não te micha pro feriado e escuta o programa de hoje, tchê! Produção, apresentação e pilcha: Daniel Rodrigues.
"Monteiro Lobato e aquele mundo louco da minha infância, minha avó na cozinha e a gente lendo aquilo. Dori, esbocei alguma coisa. Fala de cada um, mas é o sítio, aquele lugar mítico, aquela música saltitante". Gilberto Gil, na ligação que fez a Dori Caymmi logo após compor a música-tema da série
"Indo dali a pouco ao rio com a trouxa de roupa suja, ao passar pela jabuticabeira parou para ouvir a música de sempre — tloc! pluf! nhoc..." - Trecho de "Reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato
Parece mentira de adulto pra valorizar a própria infância, mas foi a 40 anos que a música feita para crianças mudou completamente o rumo da música popular feita no Brasil. A Rede Globo, percebendo um filão pouco explorado, o público televisivo infantil, resolveu investir em teledramaturgia para este e, na esteira, numa “ferramenta” que atingia as mentes e corações dos baixinhos: a música. Da cabeça de Guto Graça Melo, diretor musical da emissora à época, e do talentosíssimo compositor e arranjador Dori Caymmi, veio a missão de musicar um especial baseado no universo de Monteiro Lobato que começaria a ser rodado. Mas não apenas dar sonoridade ao vídeo como, principalmente, criar uma atmosfera que transmitisse aquilo que a mágica obra literária oferecia. Assim, surgiu a trilha sonora de “Sítio do Picapau Amarelo”, um sucesso nas telas e nas vitrolas que inspiraria artistas de todas as gerações seguintes.
A fórmula parecia óbvia: chamar os talentos da MPB da época para ilustrarem musicalmente os elementos narrativos. Entre estes, João Bosco, Jards Macalé, Ivan Lins, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Sérgio Ricardo, entre outros. Entretanto, muitas vezes o resultado saía – saudavelmente – complexo e até intrincado. E assim ficava. Afinal, Guto e Dori partiam do pressuposto de não subestimar a inteligência do público, mesmo sendo o infantil, postura que, por si, foi uma revolução de linguagem. Caso claro da dissonante “Peixe”, dos Doces Bárbaros, e da mística e intensa “Tio Barnabé”, em que Jards divide autoria e microfones com a talentosíssima Marlui Miranda (“Oi, nessa mata tem flores/ Os olhos do Saci/ Pula com suas dores/ Gentis com seus amores/ Os cantos da caapora/ Os orixás que nos acudam e nos valham nessa hora”). Ambas as faixas aparentemente jamais poderiam integrar uma seleção de músicas para crianças. Mas, aqui, entraram e fizeram muito significado.
O desbunde, contudo, já se dá na faixa que intitula a série. Mais do que isso: o tema passou a representar a já antiga obra de Lobato (datada dos anos 20) não só através das letras e ilustrações das páginas dos livros, mas também pelos sons. A canção que Gil cria sobre a simples sinopse dada a ele por Dori para se inspirar se transforma numa lúdica e colorida canção – e com referência a Beatles, como Caetano bem identificou no livro “Verdade Tropical”. Leitor dos contos fantasiosos de Lobato na infância, Gil resgata sua memória afetiva e praticamente a sintetiza em poucos versos, demonstrando uma familiaridade ímpar com o mundo lobatiano. “Marmelada de banana, bananada de goiaba/ Goiabada de marmelo [...]/ Boneca de pano é gente, sabugo de milho é gente/ O sol nascente é tão belo [...]/ Rios de prata, pirata, voo sideral na mata/ Universo paralelo [...]/ No país da fantasia, num estado de euforia/ Cidade polichinelo”. A estrutura melódica faz com que tudo termine rimando com aquilo que lhe é originário e inequívoco: “Sítio do Picapau Amarelo”. Genial.
Mesmo as canções mais palatáveis são de uma complexidade harmônica invejável – muito pela mão de Dori nos arranjos e orquestrações. “Narizinho”, doce canção de Ivan Lins cantada por sua então esposa, Lucinha, mostra bem isso. Outro mestre da MPB chamado para dar sua contribuição é Paulo César Pinheiro. Ele não economiza na carga poética e brasilianismo, o que faz em duas faixas, ambas parcerias com Dori: a divertida “Ploquet Pluft Nhoque" (“Jaboticaba”), cantada pelo grupo vocal Papo de Anjo (“Olha o bando/ que acode com o baque/ que bate no galho/ que faz pinque ploque...”), e “Pedrinho”, tema do corajoso personagem Pedro Encerrabodes de Oliveira, lindamente interpretada pelo grupo Aquarius.
O capricho desta trilha passa também por excelentes instrumentais, caso de “Saci”, autoria de Guto e brilhantemente arranjada por Dori e com as vozes da Aquarius fazendo vocalizes. Tema denso como a mitologia que tematiza, porém muito bem equilibrado harmonicamente pela instrumentalização utilizada, que dá “alívios” à tensão. É a primeira canção dedicada à lenda do Saci-Pererê de um especial infantil. Depois desta, vieram outras semelhantes cujo tema central é a alegoria de origens indígenas e africanas que representa o folclore brasileiro: duas diferentes assinadas por Jorge Ben (uma delas para o também especial infantil “Pirilimpimpim”, de 1982), e uma de Gil para a Black Rio (de 1980).
O elenco da série da Globo estreada em 1977: um marco na tevê brasileira
Ivan Lins, em ótima fase, vem com outra, agora para a querida “Dona Benta” (vivida pela atriz Zilka Salaberry), cantada por Zé Luiz Mazziotti. Melodia jobiniana e jazzística comandada no Fender Rhodes. Ronaldo Malta interpreta outra bela composição, “Arraial dos Tucanos”, de Geraldo Azevedo e Carlos Fernando. O início melodioso dá lugar, logo em seguida, a um baião de notas abertas, expansivo como os pássaros cantados na letra: “Arraial dos tucanos/ Até quando o homem/ Que da terra vive/ E que da vida arranca/ O pão diário/ Vai ter tua paz/ Paz/ Aparentemente paz”. Igual questionamento faz a também “ecológica” (termo que ainda não era moda naqueles idos) “Passaredo”, de Chico Buarque e Francis Hime. Entoada com absoluta perfeição pela MPB-4, a clássica canção, após enumerar diversos nomes da abundante variedade de espécies da fauna brasileira, avisa: “Bico calado/Toma cuidado/ O homem vem aí” – seja este o caçador sem escrúpulos ou o soldado daquele Brasil de Ditadura Militar. Duas faixas lúdicas, mas altamente reflexivas, que chamavam os baixinhos a pensar.
Cabe ao inventivo Sérgio Ricardo o tema de uma das personagens mais queridas da história, a boneca de pano “Emília”. Habilidoso, ele elabora uma melodia que remete aos violeiros do sertão e que em alguns momentos lembra a musicalidade e o fraseado de Geraldo Vandré, Dorival Caymmi e Alceu Valença. Igualmente hábeis são João Bosco e Aldir Blanc, a parceria clássica de tantos hinos da MPB daquela época. Aqui, os autores de “O Bêbado e a Equilibrista” e “O Cavaleiro e os Moinhos” valem-se de suas mentes privilegiadas para dar mote a Visconde de Sabugosa, o fascinante boneco feito de sabugo de milho, cuja sabedoria obteve através dos livros da estante de Dona Benta. Samba sincopado típico da dupla e com as características tiradas vocais de Bosco a la Clementina de Jesus. Na letra, Aldir dá um show: “Sábio sabugo/ Filho de ninguém/ Espiga de milho/ Bobo sabido/ Doido varrido/ Nobre de vintém”.
Como se não bastasse, para arrematar, Dori, com o acesso que somente ele podia ter, chama ninguém menos que o pai, o gênio Dorival Caymmi. Este, por sua vez, escreve uma joia para “Tia Nastácia”. E não podia ser para outra personagem, haja vista a identificação do velho Caymmi com a cultura afro-brasileira: ela, uma preta velha bondosa e sábia, típica negra filha recente da abolição da escravatura. Traduzida em versos pelo mestre baiano, Tia Nastácia, interpretada pela atriz Jacyra Sampaio na série, sai assim: “Na hora em que o sol se esconde/ E o sono chega/ O sinhôzinho vai procurar/ A velha de colo quente/ Que canta quadras e conta histórias/ Para ninar”.
Esta histórica trilha sonora abriu portas para uma série de outras semelhantes de especiais infantis da tevê nos anos seguintes, como “A Arca de Noé I e II”, “Pirilimpimpim”, “Plunct-Plact Zum”, "Casa de Brinquedos" e “O Grande Circo Místico”, todas bastante baseadas na questão musical. Havia dado certo a fórmula. Juntamente com a peça “Os Saltimbancos”, que Chico Buarque escrevera junto com Sergio Bardotti e Luis Bacalov também em 1977, “Sítio...”, assim, inaugura a entrada dos grandes talentos da música brasileira no universo sonoro e afetivo das crianças. Em tempos de pré-abertura, impossibilidade de diálogo e de esgotamento das ideologias, os artistas pensaram: “Já que os adultos estão tão saturados, por que não produzirmos para os pequenos?”. Pensaram certo e o fizeram muito bem, abrindo um paradigma na cultura de massas no Brasil sem precedente no mundo da música.
Aí, quando os pais de hoje dizem que o conteúdo do que eles tinham nas suas infâncias era muito melhor do que o de hoje, não se trata de mentira e nem de saudosismo. É a mais pura verdade.
Vídeo de abertura de"Sítio do Picapau Amarelo" (1977)
Se o reggae e o movimento Black Rio se tornaram oficialmente patrimônio cultural, o Música da Cabeça de hoje não fica pra trás! Além de tocar nesses dois acontecimentos históricos, vai ter muita música digna de também ser eternizada, como Júpiter Maçã, Cássia Eller, The Cure, Caetano Veloso e outros. E ainda tem a chamada para a nova promoção de camisetas personalizadas com a loja Regentag! Tudo isso e muito mais no programa de hoje, às 21h, na Rádio Elétrica. Não perde, então. Produção, apresentação e tombamento: Daniel Rodrigues.
Nessas
brincadeiras diletantes de criar listas sobre os mais diferentes
temas musicais nas redes sociais (10 melhores show assistido no
Teatro da Ospa, 10 melhores discos de jazz da ECM, 10 melhores
músicas contra a ditadura militar, 10
músicas chatas do Chico Buarque, 10 melhores discos de soul
music, e por aí
vai)fui
instigado a montar uma que, num primeiro momento, titubeei. “Será
que eu saberia compor uma com esse tema?”, pensei. Tratava-se
do “Melhor Disco Instrumental de Música Brasileira”. Mesmo com
meu conhecimento musical, que não é pouco, teria eu embasamento
suficiente para criar uma lista interessante e, além disso,
suficientemente informada a esse respeito? Pois, para minha própria
surpresa, a lista saiu, e bem simpática, diga-se de passagem. Além
de não se prender a um estilo musical específico (o que se chamaria
burramente de “música instrumental brasileira” pura), típico de
minha forma de enxergar a música e a arte, acredito que minha
listagem não ficou pra trás em comparação a de outros que se
empolgaram e publicaram as suas também.
Claro
que tem muita coisa que não consta na minha lista que vi na de
outros, pois certamente ainda tem muito o que se conhecer dentro do
mar de maravilhas sonoras que existe. Raul de Souza, Barrosinho, Os
Cobras, Victor Assis Brasil, Djalma Correa e Edison Machado, por
exemplo, nem cito, pois não tive o prazer ainda de conhecer seus
trabalhos a fundo ou ponto de saber selecionar-lhes um disco
representativo. Mas acho que, afora o gostoso dessa prática quase
infantil de elencar preferências, tais lacunas são justamente o
papel dessas listas: abrir novos paradigmas para que novas revelações
se deem e se passe a conhecer aquele artista ou banda que, quando se
ouve pela primeira vez, se pensa com surpresa e excitação: “Cara,
como que eu nunca tinha ouvido isso?!” Se algum dos títulos
que enumero causar essa sensação nos leitores, já cumpri meu
papel.
Aí
vão, então os meus 15 discos preferidos da música brasileira
instrumental, mais ou menos em ordem:
1 –
“Maria Fumaça”, da Banda Black Rio (1977)
2 –
“Coisas“, do Moacir Santos (1965)
3 –
“A Bed Donato”, do João Donato (1970)
4 –
“Wave”, do Tom Jobim (1967)
5 –
“Em Som Maior”, da Sambrasa Trio (1965)
6 –
“Revivendo”, do Pixinguinha e os Oito Batutas (1919-1923 –
coletânea de 1895)
7 –
“O Som”, da Meirelles e os Copa 5 (1964)
8 –
“Donato/Deodato”, do João Donato e Eumir Deodato (1973)
Halloween? Que nada! Aqui a gente vai é de Saci! É ele quem dá as caras no programa de hoje em um "Sete-List" especial. Além disso, tem também Beastie Boys, Cassiano, U2, Cocteau Twins, BANDA Black Rio, Carlinhos Brown e mais. Ainda, a reunião do G20 e letra de Nelson Cavaquinho, que faria 110 anos. Pulando numa perna só, o MDCsurge da mata às 21h na lendária Rádio Elétrica. Produção, apresentação e carapuça vermelha: Daniel Rodrigues
Se você é dos que jamais confundiria o "Pequeno Príncipe" de Saint-Exupéry com "O Príncipe" de Maquiavel, sinta-se em casa. O MDC não só não comete crimes como este, como ainda ajuda a expandir as mentes. Pra nos ajudar nessa missão pedagógica, estão conosco Banda Black Rio, Patife Band, Caetano Veloso, The Glove e mais. No Sete-List, outra aula, mas essa de musicalidade, com o oitentão Marcos Valle. Com responsabilidade naquilo que está dizendo, o programa abre a boca às 21h na maquiavélica Rádio Elétrica. Produção, apresentação e alto-falantes até no B612: Daniel Rodrigues.
Não sei porque, mas o Música da Cabeça hoje está interrogativo, sabe? Afinal, quem não gostaria de ter num mesmo programa Banda Black Rio, The Pilgrim, Iggy Pop, Portishead, Anthrax, Marina Lima e mais? E ainda por cima com direito a "Música de Fato", "Palavra, Lê" e "Sete-List"? Impossível desgostar, não acham? As respostas para essas perguntas estarão todas no MDC, às 21h, na questionadora Rádio Elétrica, conhece? A produção e a apresentação, afirmamos, são de Daniel Rodrigues, viu? Ah: antes que esqueça, presidente: por que Michelle recebeu R$ 89 mil do Queiroz?
Ações da Petrobrás lá embaixo? Fica tranqs, que aqui no MDC a gente dá um jeito de manter todas as ações em alta! E atividade musical é o que não nos falta com muita coisa diferente e legal pra hoje. Sente só: The Ambitious Lovers, Teenage Funclub, Walter Franco, The Beatles, Beck e Banda Black Rio estão nessa verdadeira bolsa de valores que vamos ofertar hoje. Agindo do jeito que tem que ser, o pregão de hoje abre as 21h, na sempre elevada Rádio Elétrica. Produção, apresentação e papeis valiosos: Daniel Rodrigues. (pra não perder o costume: #ForaBolsonaro)
Prontos para o feriado? Segura aí, porque tem MDC pra ouvir ainda! Começando o seu fim de semana prolongado, o programa desta quarta traz David Byrne, Elis Regina, Stephen Stills, Titãs, Banda Black Rio, Marinae mais. No quadro móvel, Cabeça dos Outros com música de Jonathan Silva. A gente pega a estrada às 21h na folgante Rádio Elétrica. Produção, apresentação e malas prontas: Daniel Rodrigues.
Não apostei muito na exposição "Construções Sensíveis" logo que soube da sua abertura no CCBB, aqui do Rio de Janeiro, mas minha visita, por mera curiosidade e uma circunstância favorável de agenda, me provou o quento eu estava equivocado em subestimá-la. A mostra que faz um apanhado da obra geométrica produzida na América Latina a partir dos anos '30 contempla trabalhos desde os mais conhecidos e consagrados como Lygia Clark e Alfredo Volpi como contemporâneos cheios de talento e ideias, apontando para novas tendências.
Dá só uma olhada, abaixo, no que eu estava perdendo:
"Número Uno", de Hector Ragni,
de 1936
Geometria em três dimensões no
"Red, Blue and Black", de Cesar Paternosto,
de clara influência da De Sti
A escultura articulada da uruguaia Maria Freire
"El Gran Ritmo" de Martín Blaszko
lembra as guitarras de Pablo Picasso
Esculturas em metal e acrílico
A geometria salta da tela
"Otra versión de la noche",
da venezuelana Mercedes Pardo
Composição em preto e branco do brasileiro Alfredo Volpi (1950)
O jogo de preto e branco, cheios e vazios da cubana Dolores Soldevilla
As lentes de acrílico do argentino
Rogelio Polesello
Colagem do cubano Sandu Duarte, de 1950
Conjunto da brasileira Lygia Clark
Pendente em metal
A ilusão óptica na obra de Luís Sacilotto
A fotografia também tem seu espaço na exposição
A geometria na arquitetura
"Symphonie Chromatique", de Gregório Vardanega (1970)
Painéis estreitos com cores e luz
na obra do venezualano Alejandro Otero
"Vibration", de Jesús Rafael Soto (VEN - 1961)
"Graphisme Kaleidoscopique", de Martha Boto
"Multiplication Eletronique", de Gregório Vardanega
"Element Mouvement Surprise", de Julio Le Parc
A teia da brasileira Lygia Pape
E o blogueiro em meio à toda essa trama artística
Cly Reis
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Exposição "Construções Sensíveis:
A experiência geométrica latino-americana na coleção Ella Fontanals-Cisneros" local:Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
endereço:Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
visitação:de quarta a segunda, das 9h às 21 horas. período: até 17/09