- "Um Lugar do Caralho" – 4:58
- "As Tortas e as Cucas" – 4:39
- "Querida Superhist x Mr. Frog" – 5:40
- "Pictures and Paintings" – 3:09
- "Eu e Minha Ex" – 5:52
- "Walter Victor" – 3:43
- "As Outras Que Me Querem" – 2:43
- "Sociedades Humanóides Fantásticas" – 6:42
- "O Novo Namorado" – 3:12
- "Miss Lexotan 6mg Garota" – 4:57
- "The Freaking Alice (Hippie Under Groove)" – 5:09
- "Essência Interior" – 7:00
- "Canção Para Dormir" – 3:13
- "A Sétima Efervescência Intergaláctica" – 2:38
sábado, 30 de janeiro de 2016
Júpiter Maçã - “A Sétima Efervescência” (1997)
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Flávio Basso, 1968 - 2015
Flávio Basso, há duas semanas no Panama Studio Pub foto: Clarissa Daneluz |
Produziu-se, nos últimos anos, um culto mórbido em torno de Júpiter Maçã – tal como Basso, recém-falecido, tornou-se popular. Vê-lo apresentar-se bêbado, trôpego, quase inconsciente, virou esporte radical de uma certa juventude burguesa, autocentrada, sem capacidade real de empatia. Produziu-se, para alguns, um atrativo bizarro, o gozo regulado de uma desgraça alheia. O fã disfarçando-se de abutre. Pior do que isto, sempre me pareceu, era a condenação moral, a desaprovação de sua suposta “decadência” com base nos valores do “profissionalismo”, dos “bons tempos” ou do “respeito à própria obra”. O fã disfarçado então de crítico hipócrita. O que matou Flávio Basso foi tentar se equilibrar entre estes dois extremos: abutres e hipócritas.
Sempre tive a impressão de que Júpiter nos colocava permanentemente em xeque, com a exuberância de seu talento, com sua imprevisibilidade, seu nonsense desbocado. Era como se estivesse nos cobrando, de algum modo, amor e reconhecimento incondicionais. Com certeza, já me senti constrangido e abalado diante de algumas de suas vexatórias performances ao vivo (assim como também já me senti recompensado e extasiante, em seus momentos de gênio e plenitude). Mas quero crer que, para um artista como ele, estes abalos, estas pequenas decepções – o próprio alcoolismo – eram coisa mundana, eram detalhes miúdos, coisas que vêm e vão. Ele não cabia, de fato, nisto. Isto não falava sobre ele, verdadeiramente.
De resto, a morte irá libertar Flávio Basso do “rock gaúcho”. Ele será celebrado como um dos mais importantes músicos do Brasil. Será saudado como um dos principais representantes da psicodelia nacional.
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Duas semanas atrás, Júpiter Maçã apresentou-se no Panamá Studio Pub, na Cidade Baixa, perto de onde eu moro. Não poderia deixar de vê-lo, mais uma vez. Ao final do show, disse-lhe que havia sido publicado, no México, há poucos meses, um livro sobre rock e cidades na América Latina. Disse-lhe que eu havia escrito um capítulo, falando justamente sobre o trabalho dele e sobre sua relação com Porto Alegre. Júpiter resmungou alguma coisa, mostrou-se espantado, agradecido e pediu para ver o livro. Disse-lhe que mandaria um exemplar, assim que pudesse.
terça-feira, 22 de março de 2016
TNT - "TNT" (1987)
Muitos podem considerar OPORTUNISTA escrever sobre isso agora mas eu diria que a palavra correta seria OPORTUNO. Já estive diversas vezes por falar sobre esse disco mas sempre algum outro se interpunha e deixava o TNT para depois mas a morte de Flávio Basso, ex-vocalista do TNT, conhecido posteriormente como "Júpiter Maçã", no in´cio deste ano, torna inadiável o reconhecimento de uma das bandas mas legais e autênticas do rock brasileiro dos anos 80.
Conheci o TNT lá em seus primórdios na clássico álbum "Rock Grande do Sul" em 1986 e, devo admitir que embora hoje seja um replicantista de carteirinha, na época a banda que mais me impressionou numa coletânea que ainda contava com DeFalla, Garotos da Rua e Engenheiros do Hawaii foi o TNT. Um amigo que havia assistido a um show deles num Sunday da Cidade, festa tradicional dos domingos à tarde em Porto Alegre nos anos 80, já havia me falado deles com grande entusiasmo dizendo que tinham umas letras picantes, maliciosas e etc. e tal. Aí fui conhecer o som dos caras no já referido disco, um coletivo que apresentava 5 bandas gaúchas que começavam a buscar sue espaço no cenário nacional e fiquei entusiasmado com aquilo. A picardia juvenil, a linguagem direta, o rock básico e o "portoalegrês" cheio de tu sem constrangimento conquistaram imediatamente nã só a mim como ao púbico, os gaúchos em especial, transformando-se num espécie de sensação daquele momento lá pelas bandas do sul. Naquela época, rica em juventude, criatividade, com bandas surgindo e explodindo em todos os lugares do Brasil, é claro que o TNT também teve algum projeção no centro do país, alguma boa execução de uma música que outra, muito graças ao "Rock Grande do Sul" e suas consequências com o selo Plug levando as bandas gaúchas para o eixo Rio-São Paulo (que no fim das contas é onde a coisa acontece) mas o maior reconhecimento e sucesso deu-se sem dúvida em seu Estado, o Rio Grande do Sul, em grande parte pela identidade indesmentivelmente roqueira do gaúcho, mas muito também devido ao também inegável bairrismo, neste caso saudável, que faz com que o gaúcho ache sempre que o que é seu é o melhor do mundo.
Não, o TNT não era a melhor banda do mundo, mas era uma banda que fazia rock. Rock simples, sem firulas, sem inventar, um rock na essência com toda a provocação, deboche e malícia características do estilo ao longo de sua história. Seu álbum de estreia pela Plug traduzia exatamente essa honestidade e pureza. Num universo de sacanagem, garotas grávidas, cigarros, bebidas, substâncias ilícitas e rebeldia, o álbum intitulado apenas "TNT" apresentava as duas que fizeram parte da coletânea que os projetou, "Entra Nessa" e "Estou na Mão", ganhando um pouquinho mais de tratamento e capricho na produção, e outras que viriam a tornar-se grandes sucessos entre os fãs e algumas mesmo a tocar nas rádios do centro do país, como "Ana Banana", "Cachorro Louco", "Identidade Zero" e "Oh, Deby".
Tive o LP na época, por essas coisas da vida acabei perdendo em alguma festa, trocando por algum outro ou sei lá o que, e só fui voltar a ter algo do TNT ali pelo final dos anos 90 quando uma amiga me disse que tinha a coletânea "TNT: Hot 20" e gravou pra mim e depois sim vim a ter, novamente, este disco que agora finalmente, depois de muito adiar, destaco aqui nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. Pena que eu tenha adiado tanto, passado outros tantos à frente por diversos motivos ou preferências que a homenagem ao disco tenha saído póstuma mas é uma justiça necessária que deve ser feita com Flávio Basso por mais essa grande contribuição para o rock brasileiro e com uma banda que, se no Rio Grande goza ainda hoje de grande prestígio, nunca teve o devido reconhecimento fora dele. Antes tarde do que nunca.
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FAIXAS:
1. "Ana Banana" – 3:54
2. "Cachorro Louco" – 3:47
3. "Desse Jeito" – 3:04
4. "Entra Nessa" – 2:55
5. "Estou na Mão" – 3:26
6. "Febem" – 3:29
7. "Identidade Zero" – 4:12
8. "Liga essa Bomba" – 2:50
9. "Me dá o cigarro" – 3:17
10. "Não quero mais te ver" – 3:16
11. "Oh Deby" – 3:52
12. "Ratiação" – 2:55
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
Música da Cabeça - Programa #88
Se o reggae e o movimento Black Rio se tornaram oficialmente patrimônio cultural, o Música da Cabeça de hoje não fica pra trás! Além de tocar nesses dois acontecimentos históricos, vai ter muita música digna de também ser eternizada, como Júpiter Maçã, Cássia Eller, The Cure, Caetano Veloso e outros. E ainda tem a chamada para a nova promoção de camisetas personalizadas com a loja Regentag! Tudo isso e muito mais no programa de hoje, às 21h, na Rádio Elétrica. Não perde, então. Produção, apresentação e tombamento: Daniel Rodrigues.
Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/
segunda-feira, 2 de outubro de 2023
Marcelo Gross - Oktoberfest Praia de Belas Shopping - Praça Itália - Porto Alegre/RS (1º/10/2023)
Depois de dias intensos de chuva, temporais, ciclones, enchentes, alagamentos, enfim, o sol raiou em Porto Alegre. E um clima solar como este é, claro, um pedido parasse aproveitar o domingo. Após algumas voltas, fomos parar no agradável Esquenta da Oktoberfest, que o Praia de Belas Shopping, empreendimento vizinho nosso, promoveu durante a tarde. O mais legal foi que, diferentemente de outros anos, quando o shopping montava estruturas assim com food trucks, atrações e tudo mais, na área interna, desta vez o evento foi levado para a Praça Itália, ao lado do shopping, e a céu aberto e em espaço público. E que céu!
A Praça Itália, que passou por uma revitalização no início deste ano sob a gestão do Praia de Belas Shopping, sediar este preparativo para a famosa Oktoberfest, tradicional evento germânico que a cidade de Santa Cruz do Sul sedia durante o mês de outubro. Com uma programação diversificada, que reuniu jogos germânicos, personagens típicos e as soberanas do Oktoberfest, o principal, entretanto, foram as atrações musicais.
Não ficamos a tarde inteira, em que estiveram artistas como Fabrício Beck e Bando Alabama, a OktoberBand by Boris Cunha e o DJ Fábio Lopez, mas tivemos a felicidade de assistir boa parte do show do “Cachorro Grande” Marcelo Gross. Com uma formação clássica de rock, baixo, guitarra e bateria, Gross, muito à vontade e simpático, trouxe um punhado de canções que unia o seu repertório solo (“Que loucura!”, “Carnaval”), clássicos da Cachorro (“Bom Brasileiro”, “Dia Perfeito”) e outras agradáveis surpresas, como “O Novo Namorado”, do ex-parceiro Júpiter Maçã, e uma versão de “Taxman”, dos Beatles.
Aliás, Gross e sua banda fizeram jus às próprias referências no rock e na psicodelia dos anos 60, juntando The Who, Rolling Stones e Beatles e colocando todo mundo no palco. É ou não é briga de cachorro grande? Embora não seja um fã da banda, tenho o maior respeito pela honestidade de Gross e seus companheiros de estrada, bem como pela relevância deles para a cena rock gaúcha. A Cachorro abriu pros Stones em Porto Alegre em 2016, ora essa! No show, embora intimista, era visível o som profissional dos caras, e o quanto este universo do rock faz sentido para eles.
Confiram, então, algumas imagens do belo dia de sol e que a Praça Itália foi agradavelmente aquecida pelo Esquenta da Oktober.
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Show rolando no palco montado na Praça Itália |
Marcelo Gross mandando ver no bom e velho rock 'n roll |
Beatles, Sontes, Who: briga de cachorro grande, literalmente |
Leocádia e eu curtindo a tarde de sol na praça |
sábado, 8 de julho de 2023
Frank Jorge & Naipe de Sopros - Bar do Alexandre - Porto Alegre/RS (30/06/2023)
“Rock 'n' roll: amor e morte”. Com este lema, emprestado do amigo e também roqueiro gaúcho Julio Reny, o carismático e catalisador Frank Jorge subiu não ao palco, mas à calçada do badalado Bar do Alexandre, em plena Rua Saldanha Marinho, no Menino Deus, quadras da minha casa. Tão perto é que, chegando a pé e uns minutos após o começo do show, fui recebido por Frank tocando “Se Você Pensa”, de Roberto e Erasmo, ao lado de Alexandre Birck, na bateria, e Régis Sam, baixo, além de um afiado naipe de sopros: Carlos Mallmann (trombone) Joca Ribeiro (trompete) e Gustavo Muller (sax tenor e barítono). Que luxo! Combinação simples, mas suficiente para o front man entregar um show cativante e de puro rock. No set-list, temas da carreira solo de Frank, hits da sua tão lendária quanto ele Graforréia Xilarmônica, uma das bandas fundadoras do rock gaúcho e clássicos nacionais, internacionais e regionais.
A convite do próprio Frank, pude presenciar uma apresentação digna da melhor Porto Alegre roqueira. O público que cantou com ele de cabo a rabo joias do seu repertório solo como “Pode Dizer Assim”, “Não Pense Agora”, “Sensores Unilaterais”, “Elvis” e “O Prendedor” até aquelas da Graforréia que não podem faltar: "Eu", "Twist", "Nunca Diga" e "Amigo Punk", esta milonga-rock que é mais do que uma música: é um dos hinos não-oficiais da Porto Alegre alternativa.
Frank e sua banda tocando o hino "Amigo Punk"
Mas teve também covers muito legais e coerentes com a pegada rock 50/60 que sempre caracterizaram a obra e a estética de Frank. Dos parceiros de rock gaúcho, além de "Amor e Morte", de Reny, teve "Lugar do Caralho", do ex-parceiro de Cascavelletes Júpiter Maçã (à época, anos 80, ainda Flávio Basso) e "Cachorro Louco", pedrada da própria Cascavelletes. Ainda menos vaidoso, ele tocou, sob um coro geral da galera, o hit "Núcleo-Base", dos paulistas do Ira!, ato, convenhamos, raro em artistas do Rio Grande do Sul, comumente bairristas.
Mas teve mais! Frank não poupou relíquias. Outra de RC, numa emocionante "Quando"; Beatles, "Nowhere Man", rock argentino e até Ramones. Porém, claro, nada do punk grosseiro, e sim, uma versão da sessentista "Rock 'n' Roll Radio". Nada mais condizente com Frank Jorge. O clima de celebração se completou ainda com o anúncio, horas antes, da inegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. O próprio Frank puxou mais de uma vez o coro: "Ele é inelegível!" em ritmo de "Seven Nation Army", tal as torcidas organizadas, porém dentro dos acordes de "Nunca Diga", de autoria do próprio Frank (que, diga-se, foi escrita bem antes do megasucesso da White Stripes).
Um começo de noite agradabilíssimo regado àquilo que hoje se reserva a pequenos redutos porto-alegrenses, que é a cena rock. Por algumas horas, o clima da antiga Osvaldo Aranha foi recuperado e se reproduziu ali, testemunhado pelo céu nublado da noite. Um momento de resistência, de celebração. Quase litúrgico. Frank, na 'seriedade", como diz a todo tempo, trata, de fato, rock como algo sério. Empunhando sua guitarra como um padre carrega um crucifixo, São Frank Jorge conduziu sua legião de séquitos em enlevo de oração. Coisa muito séria esse rock 'n' roll, hein? Assunto de amor é morte. Amém.
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Frank e banda mandando ver no bom e velho rock 'n' roll |
Rua e bar lotados para assistir Frank Jorge |
Daniel Rodrigues