foto: Doris de Oliveira - fototeca Cioma Breitman
Museu Joaquim José Felizardo - Pref. mun. de Porto Alegre
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Navegante Errante
quarta-feira, 12 de maio de 2021
Música da Cabeça - Programa #214
Paulo Gustavo, Cassiano, Luis Vagner "Guitarreiro"... pra compensar tanta perda só mesmo trazendo essa gente toda no MDC. Além deles vai ter também muita coisa legal, como Black Alien, The Glove, Elis Regina, Lee Morgan, Marisa Monte e mais. Tem homenagens no "Sete-List" e no "Música de Fato" e tem até Fausto Fawcett com letra sua no "Palavra, Lê". Sobrevivendo na garra, o programa vai ao ar hoje, 21h, na vivíssima Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Maria Bethânia - "Drama - Anjo Exterminado" (1972)
capa e contracapa do álbum
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Há tempos que queria escrever sobre este disco nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, mas sempre hesitava exatamente por gostar demais dele e achar que por mais que o elogie, que lhe exalte, que lhe credite predicados, não seria o suficiente para ressaltar o quanto ele é bom, o quanto é grandioso, o quanto é excepcional. Ora, mas vamos tentar ao menos. Pra começar, Maria Bethânia é na minha opinião, nada mais nada menos que a maior cantora brasileira, a maior voz, a grande intérprete da MPB, talvez só comparável a Elis Regina. Neste disco em especial, “Drama - Anjo Exterminado” de 1972, Bethânia tem algumas de suas mais notáveis interpretações em um repertório extremamente bem selecionado que inclui Gilberto Gil, Luís Melodia, Herivelto Martins e, claro o irmão Caetano Veloso, indo do ponto de umbanda ao fado, visitando o brega e eventualmente o jazz, inveriavelmente esbanjando qualidade, emoção e versatilidade ao longo das 12 faixas.
A vinheta, canto tradicional praticamente declamado, “Ponto” abre o disco já emendando no choroso choro “Esse Cara”, cantado de forma triste e delicada por ela e encerrando com um pequeno trecho do clássico do cancioneiro romântico brasileiro, “Bodas de Prata”. O famoso samba “Volta por Cima” de Paulo Vanzolini fica vigoroso com ela, não somente pela interpretação única mas por uma linha de baixo quebrada que dá um toque sofisticado à canção; a espetacular “Anjo Exterminado” já seria admirável por si só por conta da brilhante composição de Jards Macalé e da letra de Wally Salomão, mas o jeito que ela canta, cada palavra, cada verso, cada inflexão... Nossa!!! parecendo carregar em si toda aquela angústia, aquele desespero, aquela procura, faz com que nas suas mãos, ou melhor na sua voz, torne-se algo superior e inigualável; “Estácio, Holly Estácio” de Luís Melodia ganha igualmente uma versão notável da Abelha Rainha; e a fantástica “Iansã”, oferenda musical de Caetano e Gil para a deusa dos raios no candomblé, é outra que vai da delicadeza ao vigor com uma naturalidade que somente uma grande intérprete pode conseguir.
O nome do disco não é à toa e o tom dramático, as tragédias, os abandonos estão presentes com freqüência: além das já mencionadas “Esse Cara” e “Bom Dia”, “Maldição”, por exemplo, um fado-samba com batidas altas de surdo, é extremamente dramático, quase teatral com um vocal cheio de sentimento e dor; isso sem falar na sangrenta “Drama”, tão cotidiana e praticamente novelística tal o exagero das emoções ali expostas.
A gostosa “Trampolim”, a graciosa “O Circo” e a sonoridade agradável, apesar da premissa pessimista, de “Negror dos Tempos”, suavizam o climão dolorido e sofrido da maior parte do disco. No entanto, não engane-se achando que esse conteúdo trágico, choroso, comovido venha a constituir um produto final maçante, de audição difícil, forçada. Pelo contrário: “Drama - Anjo Exterminado” com faixas bem distribuídas e minuciosamente bem produzido pelo mano Caetano, parece provocar sensações novas, diversas e surpreendentes a cada faixa compondo, ao fim, uma unidade absolutamente coerente e harmoniosa. Uma espécie de grande peça cênico-musical protagonizada por esta baiana de voz firme, potente, empostada que desfila interpretações, situações e personagens que culminam num final grandioso, um final dramático, como que ajoelhada com as mãos para o alto, com as mãos sujas de sangue das canções.
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FAIXAS:
01 - Ponto (Tradicional)
02 - Esse Cara / Bodas de Prata (Caetano Veloso - Bodas de Prata de Roberto Martins e Mário Rossi)
03 - Volta Por Cima (Paulo Vanzolini)
04 - Bom Dia (Herivelto Martins/ Aldo Cabral)
05 - Anjo Exterminado (Jards Macalé/Waly Salomão)
06 – Maldição (Alfredo Duarte/ Armando Vieira Pinto)
07 – Iansã (Gilberto Gil / Caetano Veloso)
08 – Trampolim (Caetano Veloso / Maria Bethânia)
09 - Negror dos Tempos (Caetano Veloso)
10 - O Circo (Batatinha)
11 - Estácio, Holly Estácio (Luís Melodia)
12 – Drama (Caetano Veloso)
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Ouça;
Maria Bethânia Drama / Anjo Exterminado
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
Música da Cabeça - Programa #286
Hoje vamos te dar 13 motivos pra ouvir o MDC. E você vai ver que motivos não faltam, porque tem do rock de Beck e Frank Zappa, ao rap da Racionais Mc's, passando pela MPB de Elis Regina e Alceu Valença e várias outras razões. E pra virar de vez, ainda tem o jazz de Pharoah Sanders no Cabeção. Dedicado a decidir no 1º turno, o programa vai ao ar hoje, às 21h, na utilíssima Rádio Elétrica. Produção, apresentação e voto mais do que voto útil, necessário: Daniel Rodrigues.
Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Música da Cabeça - Programa #59
Quem são esses homens e mulheres que cantam sempre esse lamento? Revelados recentemente documentos secretos do Governo Militar no Brasil, o Música da Cabeça vem para entoar o mesmo coro das centenas de vítimas do Regime. O programa de hoje também contará com as vozes ativas de Smashing Pumpkins, Elis Regina, Suzanne Vega e Caetano Veloso, para ficar em algumas delas. Ainda, “Palavra, Lê” e mais uma edição do quadro “Cabeção”. Então, para não cantar sempre o mesmo arranjo, sintoniza na Rádio Elétrica às 21h e escuta o Música da Cabeça! A produção e a apresentação são de Daniel Rodrigues.
Rádio Elétrica:
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
"Bom Dia, Manhã - Poemas", de Grande Othelo - Ed. Topbooks (1993)
Há determinados artistas brasileiros que deixam um vácuo quando morrem. Aqueles que vão inesperadamente como foi com Elis Regina, Chico Science, Raphael Rabello, Cássia Eller e, mais recentemente, com Gal Costa. Eles provocam essa sensação de um buraco que se abre e que nunca mais será preenchido. Tanto quanto aqueles que, comum mais antigamente, despediam-se com menos idade do que seria normal à atual expectativa de vida, casos de Tom Jobim (67), Emílio Santiago (66), Mussum (53) e Tim Maia (55).
Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Othelo é um desses vazios. Aliás, fazem 30 anos deste vazio, tão grande que parece contradizer com a diminuta estatura deste homem de apenas 1m50cm de altura. Mesmo que menos prematuro como os já citados (morreu aos 78 anos), sua vida marcada pela infância dura e pela vida adulta boêmia, não o poupou de roubar-lhe, quiçá, uma década cheia. Mas o que este brasileiro deixou como legado se reflete (ao contrário dos citados acima, músicos por natureza) em mais de um campo artístico. Grande Othelo foi um gênio na arte de atuar, mas deixou marcas indeléveis na música popular e na poesia.
"Bom Dia, Manhã" cristaliza essa magnitude de Grande Othelo, o homem das palavras, sejam as da dramaturgia, as dos sambas ou as dos poemas. Lançado em 1993 e com organização de Luiz Carlos Prestes Filho, o livro reúne um bom compêndio de mais de 100 textos poéticos do artista que eternizou em seu nome o ícone shakesperiano. Não haveria o livro, por óbvio, ser menos do que isso. Com sua inteligência incomum e fluência natural de escrita, Grande Othelo alterna da mais singela confissão existencial ao romantismo sentimental, a malandragem e a alta literatura, os sambas e o parnasianismo, passando pelas homenagens aos amigos e as observâncias da vida e das mazelas do mundo. Tudo numa linguagem de "puras palavras", como definiu o escritor José Olinto, sem cerebralismos e dotados de cadências existenciais.
Em “Nada”, o poeta escreve: “Na saga das tuas solidões/ Vão surgindo outras/ Em outros corações”. A compreensão do amor “desromantizado” de “Homem e Mulher” é também digna de escrita, assim como “Estrada”, que narra o descompasso de um homem velho e uma mulher mais jovem. Os sambas, no entanto, são uma delícia à parte. Como os que coescreveu com Herivelto Martins “Fala Claudionor” ou o clássico “Bom dia Avenida”, de 1944, feito quando a Prefeitura do Rio de Janeiro resolveu acabar com o Carnaval na referencial Praça Onze, a Sapucaí do início do século XX: “Vão acabar com a Praça Onze/ Não vai haver mais escola de samba/ Não vai/ Chora tamborim/ Chora o morro inteiro”. Mas há ainda o samba-fantasia “Penha Circular”, o samba-crônica “Rio, Zona Oeste”, o samba inacabado “A boemia cantou”, o samba não-cantado por Elizeth Cardoso “Ao som de um violão”.
Representativo da raça negra em uma época de inúmeras dificuldades para o exercício deste ativismo, Grande Othelo mesmo assim posiciona-se por meio de suas palavras. Semelhante ao que ocorrera com outro ícone preto made in Brazil, Pelé, Othelo (que bem pode ser considerado um Pelé dos palcos, pois possivelmente o maior da sua área) bastava existir para representar resistência. Mas faz mais. “Sou no momento que passa/ A expressão mais forte/ De uma raça”, escreveu em “Neste momento: eu!”. Leu, com o olhar de menino sábio, a lenda gaúcha do Negrinho do Pastoreio, que ele mesmo representou no cinema em 1973, dirigido pelo tradicionalista Nico Fagundes:
“O negrinho descerá e subirá cañadasEm correrias desenfreadas...Beberá a água das sangasE sempre sozinho, pois ninguém o vê.Mas quando voltar há de trazerA felicidade procurada por você.”
Não é uma delicadeza de apreciação? Estas e muitas mais delicadezas estão em "Bom Dia, Manhã", cuja leitura se dá com o prazer de quem ouve um samba, de quem lê uma crônica, de quem reflexiona a própria condição humana. É difícil imaginar o que Grande Othelo teria feito se tivesse vivido, quem sabe, mais 10 anos – nada alarmante nos tempos de hoje em que senhores da faixa dos 87-88 anos são Tom Zé ou Roberto Menescal, ativos e joviais. Mas é impossível não sentir falta dele vivo, aqui presente. Pensar que aquele Macunaíma, aquele Espírito de Luz, aquele parceiro de Carmen Miranda, aquele Cachaça, aquele farol do povo brasileiro não está mais é reconhecer o vazio que isso provoca. Um vazio grande, como o que este pequeno Othelo carregava no nome.
quinta-feira, 28 de maio de 2020
Milton Nascimento & Criolo - "Existe Amor" (2020)
"Criolo é um dos artistas mais criativos com quem já convivi na vida. Conheço poucas pessoas que conseguem fazer letra e música do jeito que ele faz."
Milton Nascimento
“Milton é um ser de luz. Isso não se explica, apenas, se sente.”
Criolo
Encontro de gerações e de almas |
A começar pela sensibilidade inequívoca do pianista pernambucano Amaro Freitas, um dos maiores talentos da MPB/Jazz brasileira dos últimos anos, convidado para tocar e assinar o arranjo de duas das quatro do projeto: a clássica “Cais” (de Milton e Ronaldo, escrita em 1971) e a música a qual se tira sabiamente o controverso título, “Não Existe Amor em SP” (esta, de Criolo, do seu “Nó na Orelha”, de 2011). Amaro dá uma coloração que une nitidez e abstratismo, mas em tons introspectivos, oníricos, que reinventam canções já eternizadas no cancioneiro brasileiro. Mais do que regravações, tomam caráter de ressignificação, principalmente, “Não Existe...”, cuja mensagem deliberadamente crítica de Criolo à sociedade e ao mundo materialista é endossada pelo canto incomparável de Milton.
Não apenas estas duas, mas existe ainda mais amor em “Existe Amor”. Além das duas gravadas com o toque virtuoso de Amaro Freitas, o disco apresenta duas gravações feitas pelos artistas em 2018 com regência de Arthur Verocai, outra lenda da música brasileira, compositor, arranjador e maestro carioca presente em obras memoráveis da MPB como “Por que é Proibido Pisar na Grama”, de Jorge Ben (1971), e “Pra Aquietar”, de Luiz Melodia (1973), além de seus próprios trabalhos solo, considerados cult no Brasil e no exterior. Dessa safra, Milton e Criolo regravam com a fineza dos arranjos de Verocai a já citada “Dez Anjos” e “O Tambor”, esta, parceria dos dois últimos, originalmente registada no último álbum de Verocai, “No Voo do Urubu”, de 2016. Se com Criolo a relação é mais recente, com Milton os caminhos de Verocai se cruzaram já no final dos anos 60, quando participaram do movimento Músicanossa junto de outros compositores como Roberto Menescal e Marcos Valle. Ou seja: tudo em casa, conexões certas em todos os pontos. Outras duas preciosidades que, embora difiram do arranjo contemplativo e da textura pianística das primeiras, em nada destoam no conjunto da obra, formando um disco curto, mas 100% assertivo. Um novo clássico da música brasileira.
Além da qualidade musical, a reunião também tem méritos humanistas. A venda do EP pretende arrecadar projeto R$ 1 milhão para um projeto em conjunto com a agência AKQA e o Coala.Lab para ajudar pessoas durante a pandemia do Coronavírus. Milton, em depoimento sobre a atual situação do país e o desafio cidadão deste momento, falou: “E, diante desse cenário que se mostra cada dia mais absurdo, precisamos fazer a nossa parte, urgente.” O parceiro, por sua vez, engrossa o coro: “'Arte cria energia para a luta contra quem fomenta o mal”. Ao que depender dos dois, a chama da elaboração crítica fará com que os justos sobrevivam a tamanho obscurantismo e perversidade do Brasil atual. Ao contrário de todo o mar de negatividade que se impõem, eles nos dão um lugar - de fala e de escuta. Essa "SP" real e imaginária que representa a todos. A rebeldia, a não aceitação, a insubmissão como maior prova de amor. É a negação dos versos originais ("Não existe amor") como um chamado positivo de salvamento ("Existe Amor"). Por sorte, ele ainda existe em todas as “SP’s” simbólicas a que Milton e Criolo nos loteiam.
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FAIXAS:
1. "Cais" (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos) - participação: Amaro Freitas - 6:03
2. "Dez Anjos" (Milton/Criolo) - 4:53
3. "Não Existe Amor em SP" (Criolo) - participação: Amaro Freitas - 5:48
4. "O Tambor" (Arthur Verocai/Criolo) - 3:25
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Björk - "Post" (1995)
Depois daquele majestoso primeiro álbum solo, quase ninguém tinha dúvidas de que o que viria em seguida seria ainda melhor. Não que decepções no mundo da música, baseadas na expectativa que uma estreia brilhante promete não aconteçam. Pelo contrário, acontecem toda hora. Não é raro ver-se um surgimento espetacular prenunciando uma carreira altamente promissora e vir então um segundo trabalho insosso, sem graça, sem criatividade ou uma mera caricatura do anterior. Mas no caso de Björk a evolução era muito evidente e apontava para algo inevitavelmente positivo. O primeiro álbum de sua banda Sugarcubes, interessante mas um tanto tosco; o segundo com um pop mais lapidado, aprimorado, mas sofrendo de problemas de produção; o terceiro mais bem produzido e com uma Björk mais solta e tendo seu devido destaque em relação a uma banda limitada; e a estreia solo com um pop de qualidade, ritmo, ousadia, experimentação e referências. O caminho indicava que as alternativas escolhidas e exploradas por Björk fossem ainda mais aprofundadas, que ela fosse ainda mais ousada, que suas referências ficassem mais evidentes e que uma produção, aperfeiçoada, proporcionasse isso. Não deu outra! "Post" (1995), o segundo disco de carreira solo da cantora islandesa é ainda melhor que o ótimo "Debut" que a lançara para o mundo.
Os ritmos eletrônicos e dançantes que em "Debut" soavam mais óbvios e quase festivos, em "Post" soam experimentais, atuais, agressivos, minimalistas e inusitados. A poderosa "Army of Me", um metal-punk-eletrônico de ritmo intenso, pesado e repetido é uma das provas dessa releitura de linguagem, abrindo o álbum já de maneira acachapante. A espetacular "Enjoy', agrega às características referidas a influência de ritmos brasileiros, provavelmente fruto da proximidade da artista com o produtor brasileiro Eumir Deodato, retumbando como uma superbatucada trip-hop que apesar de valer-se da percussão de maneira fundamental, garante o ritmo sem fazer uso de tambores ou de uma percussão mais pesada.
A influência brasileira está presente também na monumental "Isobel", um épico orquestrado de interpretação envolvente e emocionante da cantora, que segundo ela mesmo, tem como inspiração a cantora brasileira Elis Regina.
"I Miss You" aproxima-se a linha dance mais convencional, assemelhando-se um pouco mais com canções do primeiro disco como "Violently Happy","There's More to Life Than This" e "Bigtime Sensuality", por exemplo. Bem como a dançante "Hyper-Ballad", outra bem eletrônica, esta porém, diferenciando-se de maneira mais significativa das antigas por conta de sua composição mais complexa e estrutura crescente.
Com um genial sampler daquelas antigas conexões de linha de internet que tanto nos irritavam, uma batida lenta e com o gostoso chiadinho de vinil, cuidadosamente audível, a sensual "Possibly Maybe" é outra que merece grande destaque, assim como a boa "The Modern Things" de início gracioso, minimalista, lúdico, brincando com elementos eletrônicos até ganhar corpo e intensidade em seguida tomando uma forma monumental pelos ímpetos instrumental e vocal.
"Cover Me", que explora ritmos japoneses; e "Headphones", onde a voz de Björk, brincando com sílabas e palavras, é acompanhada minimamente por sons eletrônicos e uma percussão muito leve, são responsáveis pela parte mais experimental do disco, em canções menos embaladas mas que se trabalham possibilidades musicais e rítmicas.
A teatralidade de canções como "Isobel" e "The Modern Things" já seriam suficientes para mostras do gosto de Björk pelo cinema, mas isto fica mais evidente em canções como "You've Been Flirting Again" e especialmente na adorável "It's Oh So Quiet" de performance excepcional da cantora, que ao estilo dos antigos musicais de Hollywood, alterna vocais sussurrados e cochichos com gritos histéricos no refrão, fazendo este jogo com incrível domínio da interpretação.
Coisas como estas ousadias de interpretação, a inventividade e a singular voz de timbre infantil fazem de Björk uma das artistas mais interessantes que apareceram no meio musical nos últimos tempos. Particularmente, apesar de achá-la extremamente talentosa, às vezes acho que ela abusa um pouco da criatividade e acaba tendo um resultado final duvidoso, mas não há como negar que, mesmo quando produz algo muito fora dos padrões, não deixa de ser algo no mínimo instigante musicalmente. Mas "Post" tem o mérito de estar no meio do caminho de tudo isso, sendo criativo, acessível, dançante, arrojado, forte, artístico e inspirado, e por isso tudo um dos melhores álbuns dos anos 90 e sem dúvidas um ÁLBUM FUNDAMENTAL.
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- "Army of Me" (Björk/Graham Massey) – 3:54
- "Hyper-Ballad" (Björk) – 5:21
- "The Modern Things" (Björk/Graham Massey) – 4:10
- "It's Oh So Quiet" (Hanslang/Reisfeld) – 3:38
- "Enjoy" (Björk/Tricky) – 3:56
- "You've Been Flirting Again" (Björk) – 2:29
- "Isobel" (Björk/Nellee Hooper/Marius de Vries/Sjón) – 5:47
- "Possibly Maybe" (Björk/Nellee Hooper/Marius de Vries) – 5:06
- "I Miss You" (Björk/Howie B) – 4:03
- "Cover Me" (Björk) – 2:06
- "Headphones" (Björk/Tricky) – 5:40
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
Milton Nascimento - "Geraes" (1976)
Tom Jobim e o desenho sinuoso e sensual da Rio de Janeiro.
Dorival Caymmi e a Bahia dos pescadores e santos do candomblé.
Moondog e as pradarias inóspitas do Wyoming.
Robert Johnson e as infinitas plantações de algodão do Mississipi.
Violeta Parra e a imensidão das cordilheiras andinas.
É sublime
quando um músico consegue atingir tamanha simbiose entre ele e seu espaço, a
ponto de passar a representar, através de sua arte, uma paisagem física. É como
se ele fosse, por intermédio dos sons, não originário deste lugar, mas, sim, o
próprio lugar.
Milton Nascimento é um destes seres que, como o próprio nome indica, nasce e gera a própria terra, Minas Gerais. O homem que integra a seu próprio nome um estado inteiro, o seu mundo. E não digam que Mi(lton) Nas(cimento) é mera coincidência linguística! Mais correto é afirmar que os Deuses - os do candomblé, da Igreja, muçulmanos, indígenas, todos aqueles que perfazem a cultura mineira - assim quiseram a este carioca desgarrado abraçado como um filho pelos morros de cor ferrosa das Gerais, os quais, junto à lúdica maria fumaça, ele mesmo representa na icônica capa em desenho a próprio punho. Como um ser pertencente àquela terra a qual se homogeiniza.
Em meados dos anos 70, Milton já havia percorrido muita estrada de terra na boleia de um caminhão. Na faixa dos 35 anos, pai, casado, consagrado no Brasil e no exterior, idolatrado e gravado por Elis Regina, mentor do movimento musical mais cult da modernidade brasileira, autor de algumas das obras mais icônicas do cancioneiro MPB. O reconhecido talento como compositor, cantor, arranjador e agente catalisador misturava-se, agora, com a sabedoria da maturidade - como se ainda coubesse mais sabedoria a este ser nascido gênio. Quase que naturalmente a quem já havia ganhado o centro do País e desbravado o principal mercado fonográfico do mundo, o norte-americano, Milton, então, volta-se à sua própria essência: a terra que lhe é e a qual pertence.
Mas Milton, carinhosamente chamado de Bituca por quem o ama, não faz isso sozinho, visto que convoca seu talentoso Clube da Esquina, reforçando o time de amigos, inclusive. Se "Minas", a primeira parte deste duo de álbuns gêmeos, explora a grandiosidade das geraes Guimarães Rosa de Drummond, seja em sons e letras, "Geraes" solidifica essa ideia quase que como um milagre: um homem torna-se seu próprio som. Ou melhor: transforma-se em montanha para, do alto de topografia, emitir a sonoridade da natureza. Samba, rock, soul, folk, jazz, toada, sertanejo, candombe, trova, oratório... world music, não só por acepção, mas por intuição, é o termo mais adequado para classificar.
A ligação entre uma palavra e outra, entre um título e outro, entre um disco e outro, se dá pelo mesmo acorde que desfecha “Simples”, última faixa de "Minas", e abre, em ritmo de toada mineira, a linda "Fazenda" (“Água de beber/ Bica no quintal/ Sede de viver tudo/ E o esquecer/ Era tão normal que o tempo parava"). A religiosidade católica do povo, traço cabal da cultura mineira, transborda tanto em "Cálix Bento", com a marca do violão universal de Milton e o emocionante arranjo de Tavinho Moura sobre tema da Folia de Reis do norte de Minas, quanto em "Lua Girou", outro tema do folclore popular – este da região de Beira-Rio, na Bahia – vertida para o repertório pela habilidosa mão do próprio Bituca.
O lado político, claro, está presente. Milton, consciente da situação do País e jamais acovardado, não havia esquecido das recentes retaliações da censura que quase prejudicaram seu "Milagre dos Peixes", de 3 anos antes, um verdadeiro milagre de ter sido gestado com tamanha qualidade. O parceiro e produtor Ronaldo Bastos, além da concepção da capa, é quem pega junto em "O Menino", escrita anos antes pelos dois em homenagem ao estudante Edson Luís, assassinado em 1968 em um confronto com a polícia no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, episódio que uniu a sociedade em protestos que culminaram com a famosa Passeata dos Cem Mil contra a Ditadura Militar. E que luxo a banda que o acompanha: João Donato (órgão), Nelson Angelo (guitarra), Toninho Horta (guitarra), Novelli (baixo), e Robertinho Silva (bateria). Com a mira militares a outros artistas naquele momento, como Chico Buarque, Milton pode, enfim, lançar a música e não se calar diante da barbárie.
Quem também garante o grito de resistência é um recente e igualmente genial amigo, com quem tanto e tão bem Milton produziria a partir de então. Justamente o então visado Chico Buarque. É com ele que Milton canta a canção-tema do filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de Bruno Barreto, um sucesso de bilheteria no Brasil à época, "O que Será (À Flor da Pele)". Fortemente política, a letra, cantada com melancolia e até tristeza, reflete os tempos de iniquidade humana: "O que será que será/ Que dá dentro da gente que não devia/ Que desacata a gente, que é revelia/ Que é feito uma aguardente que não sacia/ Que é feito estar doente duma folia/ Que nem dez mandamentos vão conciliar/ Nem todos os unguentos vão aliviar/ Nem todos os quebrantos, toda alquimia/ Que nem todos os santos, será que será...". Gêmea de "O que Será (À Flor da Terra)", Milton retribui o convite e divide com Chico os microfones desta última no álbum dele naquele mesmo ano, o não coincidentemente intitulado “Meus Caros Amigos”.
Milton e Chico: encontro mágico promovido à época de "Geraes" e que deu maravilha à música brasileira |
A maturidade filosófico-artística de Milton era tão grande, que as dimensões do que é grande ou pequeno, do que é parte ou geral, se reconfiguram numa consciência elevada de humanidade. A ligação universal de Milton com sua terra passa a significar o ligar-se a América Latina. Afinal, sua Minas é, como toda a latinoamérica, dos povos originários. “San Vicente” e "Dos Cruces", de "Clube da Esquina”, já traziam essa semente que “Geraes”, mais do que “Minas”, solidificaria, que é essa visão ampla do território, dos povos. Primeiro, na realização do sonho de cantar Violeta Parra com Mercedes Sosa. Apresentada a Milton por Vinícius de Moraes, La Negra divide com Milton os microfones da clássica “Volver a los 17”. Igualmente, vê-se o encontro dos rios do Prata e São Francisco, que não poderiam deixar de fazer brotar aquilo que os perfaz e lhes dá sentido: água. É com o conjunto de jovens chilenos deste nome, amigos recém conhecidos, que Milton instaura de vez, na acachapante “Caldera”, a alma castelhana dos hermanos na música popular brasileira – convenhamos, muito mais do que os músicos da MPG, cuja proximidade regional do Rio Grande do Sul propiciaria tal fusão mais naturalmente. É o canto dos Andes – mas também de Minas – sem filtro.
As amizades, aliás, estão presentes em todos os momentos, e o território de Milton é como uma grande aldeia onde ele, consciente de seu papel de pajé, mantém a egrégora sob a força do amor. Fernando Brant, parceiro desde os primeiros tempos, coassina aquela que talvez seja a música mais sintética de todo o disco: “Promessas De Sol”. A sonoridade latina das flautas andinas, a percussão marcada pelo tambor leguero, o violão sincrético de Milton e os coros constantes e tensos dão à canção a atmosfera perfeita para um os mais fortes discursos políticos que a Ditadura presenciou em música. “Você me quer belo/ E eu não sou belo mais/ Me levaram tudo que um homem precisa ter”. Épica, como uma ópera guarani, a melodia vai escalando de um tom baixo para, ao final, se encerrar com intensos vocais de Milton bradando, denunciativo: “Que tragédia é essa que cai sobre todos nós?”
Parece que não cabe mais emoção num álbum como este. Mas cabe. A brejeira “Carro De Boi”, de Cacaso e Maurício Tapajós (“Que vontade eu tenho de sair/ Num carro de boi ir por aí/ Estrada de terra que/ Só me leva, só me leva/ Nunca mais me traz”) casa-se com a inicial “Fazenda” seja na ludicidade ou na sonoridade ao estilo de cantiga sertaneja. Mas tem também a jazzística e comovente “Viver de Amor”, em que novamente Ronaldo, desta vez em parceria com o excepcional Toninho Horta, compõem para a voz cristalina de Milton uma das canções românticas mais marcantes de toda a discografia brasileira. Ronaldo, múltiplo, também tira da cartola mais uma vez com Milton outra joia do disco, que é o samba-jongo “Circo Marimbondo”. Assim como Milton, de ouvido tão absoluto quanto sensível, fizera ao contar com a voz de Alaíde Costa para cantar com ele "Me Deixa em Paz" em “Clube da Esquina”, aqui ele vai na fonte mais inequívoca para este tipo de proposta musical que une África e Brasil: Clementina de Jesus. Na percussão, além de Robertinho no tamborim e surdo, também outros craques da “cozinha”: Chico Batera, no agogô; Mestre Marçal, cuíca; Elizeu e Lima, repique; e Georgiana de Moraes, afochê. E que delícia ouvir o canto anasalado e potente da deusa Quelé acompanhada pelo coro de Tavinho, Miúcha, Chico, Georgiana, Cafi, Fernando, Bebel, Ronaldo, Bituca, Vitória, Toninho e toda a patota!
Para encerrar? A música que conjuga o primeiro e o segundo disco, o corpo e o espírito: “Minas Geraes”. O violão carregado de traços étnico-culturais de Milton, sua voz que escapa do peito emoldurando-se ao vento, a docilidade das madeiras, a singeleza do toque do bandolim. Clementina, em melismas, embeleza ainda mais a canção, lindamente orquestrada por Francis Hime – outro novo amigo cooptado por Milton da turma de Chico. Tudo converge para um final emocionante, que, como os próprios versos dizem, saem do “coração aberto em vento”: “Por toda a eternidade/ Com o coração doendo/ De tanta felicidade/ Todas as canções inutilmente/ Todas as canções eternamente/ Jogos de criar sorte e azar”.
Ouvindo-se “Minas” e “Gerais”, duas obras não somente maduras como altamente densas, simbólicas e encarnadas, é impossível não ser fisgado pelo mistério da música de Milton Nascimento. Encantamento que remete ao mistério da criação, o mistério da vida. Wayne Shorter, parceiro de Milton e mutuamente admirador, quando perguntado sobre esta esfinge que é a obra do amigo, diz: “Bem, ouça você mesmo, pois não há palavras para descrever. Apenas sinta”. Milton, que completa 80 anos de vida sobre o mundo, o seu mundo, é tudo isso: uma força da natureza. Ele é mais do que música: é som em estado puro. É mais que tempo: é a harmonia do espaço.
Milton é mais
do que homem: é pedra. Eterna.
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É impressionante perceber hoje, em retrospectiva, que o encontro de dois gênios da música brasileira se deu exatamente na época deste trabalho. Depois de aberta a porteira da fazenda de Milton para Chico, só vieram coisas lindas. Além de parcerias nos anos subsequentes - inclusive no célebre "Clube da Esquina 2", de 1978 - naquele mesmo ano de 1976 os dois se reuniriam para gravar o compacto "Milton & Chico", lançado oficialmente um ano depois. Incluído em "Geraes" na versão para CD, esta gravação clássica dos dois traz duas faixas: a melancólica "Primeiro de Maio", que denuncia a vida oprimida do trabalhador brasileiro no feriado dedicado a ele, e "O Cio da Terra", também combativa e ligada ao trabalhador, mas do campo, que se tornaria uma das canções emblemáticas do repertório tanto de Chico quanto de Milton.
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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
Os Paralamas do Sucesso - "D" (1987)
Desde muito cedo tive uma ligação especial com Os Paralamas do Sucesso. Quando comecei a gostar de música, nos anos 80, ali pelos 7, 8 anos, era o Paralamas, entre os grupos surgidos no rock brazuca da época, que mais me faziam a cabeça. Gostava, claro, da Legião Urbana, dos Titãs, do RPM, do Capital Inicial e de outras. Mas o power trio formado por Herbert Vianna (guitarra e vocais), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) me transmitia algo a mais. Talvez já antevisse o meu gosto – que mais crescido passaria a tomar lugar igualmente especial em meu imaginário musical – pelos ritmos latinos e brasileiros, aos quais cedo souberam mesclar a seu rock potente e melódico. Tanto é fato essa ligação forte com a banda que o meu primeiro disco que ganhei, no Natal de 1986, foi um cassete de “Selvagem?”, daquele ano, disco no qual o Paralamas consolidava o discurso social e seu estilo de rock tomado de reggae e ska jamaicanos, mas também conectado com os ritmos Brasil e a América Latina.
Sucesso nas rádios, uma apresentação histórica no primeiro Rock in Rio e três discos lançados deram ao grupo a maturidade suficiente para os levar ao Festival de Jazz de Montreux, na Suíça. Acompanhada do hoje “quarto Paralama”, o não à toa chamado João Fera, que estreava com eles nos teclados, a banda desembarcava no festival mais democrático e amplo do jazz mundial, repetindo o feito de outros brasileiros que marcaram época por lá, como Elis Regina, Gilberto Gil e João Gilberto. Se no passado estes foram os responsáveis por difundir a MPB na Europa, agora era a vez da mais completa banda do rock brasileiro dos anos 80 mostrar o que esta geração tinha de melhor. O resultado disso é o brilhante disco “D”, registro ao vivo que está completando 30 anos.
Com os quatro tocando tudo e mais um pouco sobre o palco, “D” tem repertório muito bem escolhido, valorizando, obviamente, a safra do último trabalho em estúdio, mas também incluindo hits, material novo e até surpresas. De “Selvagem?”, há as versões irrepreensíveis da filosófica “O Homem” (“O homem traz em si a santidade e o pecado/ Lutando no seu íntimo/ Sem que nenhum dos dois prevaleça...”) e do reggae-punk “Selvagem”, tão político e cru que poderia muito bem ser uma canção dos Titãs – tanto tem semelhança, que Herbert canta incidentalmente durante a execução "Polícia", clássico deles.
Ainda referentes à turnê do recente álbum, outras duas: "A Novidade", que reproduz o reggae suingado da original, imbatível diante das outras duas versões ao vivo que a música ganhou anos depois: uma, com o coautor, Gil, em 1994, num reggae arrastado, e a meio ragga, que os Paralamas gravariam em “Vâmo Batè Lata”, de 1995. Além disso, o primor da letra de Gil - com quem a parceria já denotava a intencionalidade de maior diversidade sonora da banda - merece sempre destaque: lírica, reflexiva, surrealista: “A novidade era o máximo/ Do paradoxo estendido na areia/ Alguns a desejar seus beijos de deusa/ Outros a desejar seu rabo pra ceia”. A segunda é a salsa pop "Alagados", um dos hits da época que, na esteira da MPB de protesto dos anos 70, denunciava as condições indignas de vida dos miseráveis, seja da vila dos Alagados, em Salvador, das favelas cariocas ("a cidade que tem braços abertos num cartão-postal") ou de Trenchtown, na Jamaica, tão próxima do Brasil em cultura e miséria. Não por acaso, neste número, Herbert cita versos de "De Frente Pro Crime", um dos sambas-denúncia de João Bosco e Aldir Blanc escritos nos anos 70.
“D”, porém, guarda também surpresas. Uma delas é a que abre o disco: o arrasador reggae "Será Que Vai Chover?” em sua primeira execução pública e cuja inspiração em Jorge Benjor é inequívoca, seja em “Chove Chuva” ou “Que Maravilha”. A presença espiritual do Babulina se confirma mais adiante durante o show, quando o trio manda uma interpretação histórica de "Charles, Anjo 45", comprovando o que a banda já sabia muito bem fazer desde seu primeiro disco: versar outros artistas.
Não faltaram, igualmente, os sucessos, como uma matadora "Ska" (com a participação do “abóbora selvagem” e amigo George Israel no sax), "Óculos" e "Meu Erro", esta última, que fecha este memorável show d'Os Paralamas do Sucesso em solo suíço. A banda lançaria ainda mais sete álbuns ao vivo ao logo da carreira. Porém, mesmo três décadas decorridas, nenhum se equipara à qualidade, pegada e espírito de “D”. Com os rapazes no auge, esta apresentação simbolizou o merecido reconhecimento à geração do rock brasileiro dos anos 80 no mundo. Em uma época de alta efervescência no universo do pop-rock, com gente do calibre de U2, The Cure, Sting, Madonna, Duran Duran, Bon Jovi, Prince, entre outros, em plena forma, o BRock mostrava que também merecia atenção pela originalidade inimitável da música feita no Brasil.
Os Paralamas do Sucesso - "Ska"
(ao vivo em Montreux, 1987)
quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
Música da Cabeça - Programa #247
Hoje tem o último MDC do ano, sim, e vai ter muita coisa legal pra fechar 2021 de boas. Stevie Wonder, Love, Engenheiros do Hawai, Elis Regina e Lucas Arruda estão na nossa lista de desejos realizados. Ainda, no "Cabeção", a obra do compositor argentino Maurício Kagel. Não precisa ficar bolado igual o Chico: é só sintonizar na Rádio Elétrica às 21h e aproveitar o programa de hoje - até porque em 2022 a gente tá aí de novo. Produção, apresentação e show da virada particular: Daniel Rodrigues
Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/