Com vocês...
OS 10 MELHORES dELE
2. Rolling Stones "Beggars Banquet"
O termo se originou no documentário “Afro-Punk”, de 2003, dirigido por James Spooner. No início do século XXI, os afro-punks compunham uma minoria na cena punk norte-americana. Notáveis bandas que podem ser ligadas à comunidade afropunk, como Death, Pure Hell, Bad Brains, Suicidal Tendencies, Dead Kennedys, Wesley Willis Fiasco, Suffrajett, The Templars, Unlocking the Truth, Fishbone e Rough Francis. No Reino Unido, foram músicos negros influentes associados à cena punk do final da década de 1970 tal Poly Styrene da X-Ray Spex, Don Letts e Basement 5. O afro-punk se tornou um movimento comparável ao início do movimento hip hop dos anos 80. O Afropunk Music Festival foi fundado em 2005 por James Spooner e Matthew Morgan e recentemente teve sua segunda edição no Brasil realizada em Salvador, na Bahia.
No Brasil, assim como no mundo, houve nos últimos anos uma certa ascensão da extrema direita racista e supremacista causando uma divisão popular jamais vista na história da humanidade. Diante de toda essa situação atípica, faz-se natural alguns seguimentos da sociedade se juntarem para combater um inimigo em comum. Após o fatídico caso George Floyd nos Estados Unidos essa luta antirracista se tornou mais do que nunca necessária. Um combate à extrema direita ultraconservadora e os seus claros flertes com o fascismo fez com que cada vez mais jovens negros encontrassem na arte e na cultura, mais uma vez, seu refúgio.
Mês passado, no bar Ocidente, em Porto Alegre, rolou o espetáculo. Sim, senhores: um espetáculo!!! Era a Black Pantera, banda mineira composta por negros de atitude e com uma sonoridade monstruosa!
Fiquei sabendo do show através de um amigo e começamos uma verdadeira saga para conseguir ingressos ou por sorteio ou pelos solidários. Até que, pasmem: a banda, com seu engajamento social, libera 50 ingressos para cidadãos negros de baixa renda. Bastava enviar um e-mail e confirmar presença.
Pronto: ingressos na mão. Fomos ao show, que começou às 21 horas em ponto, mas não antes daquela boa tietagem, troca de ideias, fotos e tudo mais, com direito a autógrafos no cartaz. Isso tudo numa segunda-feira, dia 14 de novembro...
O show da Black Pantera (formada por Charles Gama, guitarra e vocal; Chaene da Gama, baixo; e Rodrigo "Pancho" Augusto, bateria) começou com uma patada chamada “Abre a Roda e Senta o Pé”, seguida de mais alguns petardos, que até então eram novidades pra mim. Teve direito a cover do ídolo pop Michael Jackson, “A Carne”, de Elza Soares, e um belo momento onde a banda chama as garotas pra um samba-de-roda punk. Inacreditável!!
Eu quero exaltar aqui não apenas um, mas três discos da Black Pantera: “Project Black Pantera”, de 2015, “Agressão”, de 2018, e “Ascensão”, de 2022. Ouçam!
Senhores: o movimento Afropunk existe e está vivo. Vários artistas brasileiros estão nessa barca e merecem atenção!
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Confira mais fotos do show e dos bastidores:
BP no palco do Ocidente detonando |
Lucio com a galera da BP após o show |
Batendo aquele papo... |
A música pop do século XXI, cá entre nós, não é nada, assim, de entusiasmar, não é mesmo? Tirando quem pintou da metade para o final dos anos 90 e entrou no novo século ainda com qualidade, como Björk, Beck, Daft Punk, por exemplo; o pessoal dos anos 80 que tinha uma fórmula eficiente edificada a partir do punk e da ascensão dos sintetizadores, como Depeche Mode, Pet Shop Boys e New Order, que sobreviveram, persistiram e continuaram sendo relevantes; os consagrados, os símbolos, ícones do pop, Prince, Michael Jackson e Madonna, que, influentes e insubstituíveis, continuaram dando as cartas mesmo tempo depois de seus respectivos auges; e gênios, como David Bowie, que conseguiam se reinventar e ainda dar grande contribuição para uma cena pouco inspirada; os anos 2000, de um modo geral, não nos apresentavam nada de especial. De vez em quando até aparecia uma coisa boa, uma Amy Winehouse, por exemplo, mas foi só. E para piorar, mal nos deu o gostinho do seu talento e nos deixou cedo. De resto, muita bunda, muita repetição de fórmula, batidas eletrônicas sempre muito parecidas, muito autotune, rappers mal-encarados, mas nada de novo ou de original.
Mas de vez em quando, mesmo em meio a toda essa pobreza, o universo pop nos presenteia com alguma coisa que vale a pena. Às vezes alguém com talento, criatividade e boas influências nos surpreende e traz alguma coisa que, se não é nova, original, é, no mínimo, interessante. Santigold, multiartista norte-americana, nos apresentava ali, quase no final da primeira década do século XXI, algo um pouco mais que interessante. Seu álbum de estreia "Santogold" (2008) é uma preciosidade repleta de muito do melhor que a música negra pode oferecer. "Santogold" é rhythm'n blues, é soul, é rap, é funk, é raggae, é dub, é blues, é afro. É animado, é melancólico, é seco, é irreverente, é contagiante. Tem glamour, tem força, tem ousadia. Hip-hop, pós-punk, eletrônico, disco, rock, new-wave... Aquele tipo de disco que possui todos os atributos de uma grande obra pop!
"L.E.S. Artistes", a abertura e um dos singles do álbum, já é o cartão de visita mostrando que Santigold está disposta a frequentar todos os terrenos possíveis: inicialmente um pop minimalista bem compassado, marcado na batida, a primeira faixa, ganha força em guitarras no refrão para culminar num pop-rock poderoso. "You'll Find Away", a segunda, é uma típica new-wave elétrica e empolgante; o reggae eletrônico, repleto de elementos e nuances, "Shove It" baixa a rotação das duas anteriores com muito estilo, mas a eletrizante "Say Aha", com sua base agressiva de baixo. logo põe tudo pra cima de novo.
"Creator", o primeiro single do álbum é uma "loucura" maravilhosa! Uma percussão tribal, literalmente selvagem, grunhidos, efeitos eletrônicos alucinados, ecos, um vocal enlouquecido e, dentro de tudo isso, um refrão incrivelmente eficaz.
"My Superman", outra das joias do disco, é construída sobre, nada mais nada menos, que um sampler de "Red Light", de Siuoxsie and The Banshees, adicionado à sensualidade da nova canção, toda a atmosfera sombria do gótico oitentista.
A propósito de darkismo, "Starstruck", embora mais encaixada na linguagem sonora atual, do hip-hop e afins, também remete ao som do pós-punk dos anos 80. Mas aí, mudando radicalmente, temos "Lights Out", um pop radiofônico saborosíssimo, e a irresistível "Unstoppable, um ragga eletrônico dançante, ao ritmo do qual é impossível ficar parado. Imparável!
A elegante "I'm a Lady" encaminha o final do disco que, por fim, encerra-se com "Anne", um synth-popp sofisticado que só confirma a riqueza da experiência vivida nos últimos 40 minutos. Um baita disco!
Detalhe para a capa. Mais um destaque: uma colagem "tosca" quase ao estilo punk, com a artista expelindo purpurina dourada pela boca.
Vomitando "glamour".
Precisa dizer mais?
***************Só que, na ocasião, rádios, TV's, jornais, todo tipo de mídia, divulgaram tão insistentemente aquela turnê, enaltecendo tanto o artista, que todo mundo, mesmo quem mal conhecia, queria ir no show do cara. Por extensão, promoviam o recém lançado álbum "...Nothing Like The Sun", um disco interessante, mas nada mais que regular, um tanto cansativo em seu formato duplo, que trazia alguns hits, é verdade, mas que cativara muito a brasileirada, em especial, pelo fato de Sting cantar uma das canções em português em português, "Frágil", sem falar numa visita a uma tribo indígena, cocar na cabeça, foto com Cacique e tudo mais.
O resultado dessa forçação toda foi Sting lotando estádios pelo Brasil, inclusive o gigantesco Maracanã, sem que, grande parte do público conhecesse sequer metade de suas músicas, mesmo as do tempo de Police, e quase nenhuma de sua, então recente, carreira solo. Pra ele, no fim das contas, deu certo. O público é que ficou meio, assim, "o que é que eu tô fazendo aqui?", e depois , em casa, o "e, gora, o que é que eu faço com esse disco?".
Introduzi com tudo isso para chegar ao show do The Police, em 2007, que foi mais ou menos a mesma coisa. Tá certo que a banda fez muito mais sucesso que a carreira solo de seu líder e vocal mas, mesmo em sua melhor época, nunca foi banda de arena, nada assim de apelo tão forte, idolatria para deslocar multidões. Pra se ter uma ideia, em seu auge, em 1982, sequer encheram o Maracanãzinho.
No entanto, contra tudo isso, marcaram o evento para o Maracanã.
E, de novo, o pessoal da retaguarda fez a lição de casa: começou a divulgar meses antes, insistiu, botou outdoors, conseguiu levar de novo o Police às rádios, refrescou a memória de eventuais desinteressados que viveram na época e que resolveram reviver aquilo, e plantou uma curiosidade e uma certo estímulo em um público que sequer conhecia o grupo. De minha parte, fazia parte dos que tinham ouvido aquilo nos anos 80, gostava o suficiente para ir num revival da minha época, embora não entendesse muito bem como uma banda com um apelo nada mais que médio pudesse encher um dos grandes estádios do mundo. Mas...
Mas o fato é que o esforço da produção valeu e o Maracanã, se não encheu, não fez feio de público.
Muito bom show!
Banda competentíssima!
Lembro de ficar de olho ligado, especialmente, no baterista Stewart Copeland, que admiro demais, e em sua performance e desenvolvimento em cada canção. Mas Sting também é fera, é claro, manda muito bem no baixo e tem um dos vocais mais marcantes do rock, sem falar em Andy Summers que sempre deu conta do recado numa boa, e no show, em momentos solo, até superou minhas expectativas.
De quebra, ainda teve Paralamas do Sucesso, na abertura, uma ótima escolha considerando a conexão muito próxima entre o som deles com o do Police, e uma excelente atração e entretenimento para o público, antes do evento de fundo, ao contrário do que costuma acontecer quando a gente só quer que o show de abertura acabe logo.
Curioso desse show é que eu trabalhei nos bastidores do evento o dia inteiro e poderia tê-lo assistido sem custo e em posições mais privilegiadas do que a que fiquei no estádio. Como a empresa que eu trabalhava, na época, faria montagem de infra-estrutura, bares, divisórias, etc., eu tinha a possibilidade de ficar no grupo da manutenção. Até já tinha o ingresso, comprado com bastante antecedência, mas poderia pedir para entrar na escala da noite, venderia o ingresso e ainda faria algum lucro. Mas era tudo muito complicado. Tinha o ingresso da minha esposa também, eu teria que encontrá-la lá dentro e talvez conseguir uma credencial para ela para os setores privados sem falar que eu poderia ser chamado a qualquer momento por causa de um problema com funcionário ou um conserto qualquer ... Ah, quer saber: a melhor coisa era entrar pelo portão, passar pela roleta, sentar na arquibancada, comprar uma cerveja e desfrutar do show.
Cly Reis
Madonna em vários momentos do show que celebrou seus 40 anos de carreira. |
Um espetáculo em que toda a carreira da artista é repassado, passado a limpo, dentro de uma concepção artística, estética, visual, musical, absolutamente mágica, hipnotizante, embasbacante.
Embora esteja entre aqueles que entendem que um show dessa natureza, de um artista pop, com a dinâmica de teatralidade, troca de figurinos, cenários, etc., permita playbacks, devo admitir que fiquei um pouco incomodado e desconfiado quando soube que a apresentação não contaria com uma banda ao vivo. No entanto, ali, assistindo ao show, mostrou-se totalmente justificável a opção. "The Celebration Tour in Rio", antes de ser um concerto musical é um espetáculo artístico que envolve uma série de elementos que, para funcionarem bem, com um resultado impactante para o espectador (seja no local ou na TV), exigia tal 'sacrifício'. As performances, a ocupação de palco, a mecânica, os números musicais, a iluminação, a concepção visual, tudo me convenceu que, nós, público, só ganhamos com essa ideia de show.
Abertura do show com trecho de "Nothing Really Matters"
Dito isso, vamos ao que interessa: QUE SHOW DA PORRA!!!
Repertório bem planejado, blocos de músicas e atos divididos em uma estrutura muito precisa, mixagens e transições sempre interessantes, ótimas coreografias, iluminação incrível, e, é claro, uma estrela ousada, destemido, provocativa e de um talento que transcende a música.
O que foi aquela "Like a Prayer"??? Em uma das melhores músicas da cantora, uma atmosfera eclesiástica ritual, repleta de cruzes, sacerdotes, corpos pendurados, punições, culpa, inquisição... A hipocrisia e a opressão do catolicismo, numa dramática performance de arrepiar. Se teve gente que perguntou por que não projetaram o nome de Madonna no Cristo Redentor, como aconteceu com Taylor Swift, isso bastaria para responder perfeitamente.
Festa à brasileira em "Music". ("Music makes the people come together...") |
"Erotica", com uma performance de luta de boxe, foi outra que passou seu recado: um direto no queixo dos moralistas. "Bad Girl" com a filha da cantora, Mercy James, ao piano foi lindíssima, "Burning Up" punkzona foi simplesmente afudê, as homenagens a Prince e Michael Jackson foram especiais, "Hung Up" latinizada ficou bem interessante, "Music", surpreendentemente para mim que a adoro na versão original, ficou incrível naquela releitura batucada brasileira, com uma participação 'apimentada' de Pabblo Vittar, e a espetacular "Vogue" com um desfile de moda ímpar, inigualável, julgado com a participação de Anitta foi uma festa incrível, uma espécie de nova versão do antigo Gala Gay do Copacabana Palace, em versão século XXI.
Madonna fez história de novo!
O Brasil nunca esquecerá esse show.
O mundo sempre lembrará.
Tenho medo de passar hoje por Copacabana e não encontrar o bairro lá ou encontrá-lo em ruínas, porque, cara... Madonna colocou tudo abaixo. Tudo mesmo! Dúvidas, conceitos, preceitos, preconceitos, resistências, padrões, limites, barreiras... Enfim. ., Ave, Madonna! Estamos todos a teus pés, ó Rainha!
Uma multidão em Copacabana para ver de perto a Rainha do Pop. (No meu caso, nem tão de perto) |
Cly Reis
Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/
Os irlandeses da U2, no topo da lista, em foto de Anton Corbjin da época de "Bad" |
Conseguiu entender de que tipo de música estou falando?
Creio que talvez precise de maior elucidação. Bem, vamos pela didática das duas
maiores bandas rock de todos os tempos: sabe “You Can´t Always Get What You
Want”, dos Rolling Stones, ou “A Day in the Life”, dos Beatles? É esta
espécie a que me refiro: podem não ser necessariamente as músicas mais consagradas
de seus artistas, nem grandes hits, mas são, inegavelmente, temas grandiosos, emocionantes,
que elevam. Você pode dizer: “mas têm outras músicas de Stones ou Beatles que
também emocionam, também são grandes, também provocam elevação”. Sim, concordo.
Porém, estas, além de terem essa característica, parecem conter em sua gênese a
ideia de uma “grande obra”. Dá pra imaginar Jagger e Richards ou Lennon e
McCartney – pra ficar no exemplo da tabelinha Beatles/Stones – dizendo-se um
para o outro quando compunham igual Aldo, O Apache em "Bastardos Inglórios": “Olha, acho que fizemos nossa obra-prima!”
Quer mais exemplos? “Lola”, da The Kinks; “Heroin”, da Velvet Underground; “Marquee Moon”, da Television; "We Are Not Helpless", do Stephen Stills; "Kashmir", da Led Zeppelin. Sacou? Todas elas têm uma integridade especial, uma alma mágica, algo de circunspectas, quase que um selo de "clássica".
Pois bem: para ficar claro de vez, selecionamos, mais ou menos em ordem de preferência/relevância, as 30 músicas do pop-rock internacional dos anos 80 as quais reconhecemos esse caráter. Para modo de poder abarcar o maior número de artistas, achamos por bem não os repeti, contemplando uma música de cada - embora alguns, evidentemente, merecessem mais do que apenas uma única indicada, como The Cure, U2 e The Smiths. Haverá as que são mais conhecidas ou mais obscuras; as que, justamente por conterem certo tom épico, se estendem mais que o normal e fogem do padrão de tempo de uma "música de trabalho"; artistas de maior sucesso e outros de menor alcance popular; músicas que inspiraram outros artistas e outras que, simplesmente, são belas.
E desculpe aos fãs, mas, claro, muita gente ficou de fora, inclusive figurões que emplacaram superbem nos anos 80, como Michael Jackson, Elton John, Bruce Springsteen e Queen. Até coisas que adoraria incluir não couberam, como “Hollow Hills”, da Bauhaus, “Hymn (for America)”, da The Mission, "51st State", da New Model Army, "Time Ater Time", da Cyndi Lauper, "Byko", do Peter Gabriel, "Up the Beach", da Jane's Addiction, "Pandora", da Cocteau Twins, "I Wanna Be Adored", da Stone Roses... Mas não se ofendam: tendo em vista a despretensão dessa listagem, a ideia é mais propositiva do que definidora. Mas uma coisa une todos eles: criaram ao menos uma música diferenciada, daquelas que, quando se ouve, são admiradas de pronto. Aquelas músicas que se diz: “cara, que musicão! Respeitei”.
Capa do compacto de "How...", dos Smiths |
Os pouco afamados Alternative Radio emplacam a fantástica "Valley..." |