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segunda-feira, 15 de abril de 2013

The Smiths Party - Bar Saloon - Rio de Janeiro (13/04/2013)



Tive o prazer de ir, no último sábado, na The Smiths Party, no Bar Saloon, em Botafogo. O lugar, muito acanhado, muito estreito não era o mais adequado, na minha opinião, para um evento tão interessante, com boa divulgação e que teve muito boa procura. Todas as (poucas) mesas estavam ocupadas desde muito cedo, o balcão não tardou a estreitar a circulação no corredor e tenho impressão que, não fosse a chuva que chegou a ser forte em determinados momentos naquele dia todo até quase na hora do show, a procura teria sido até maior e teria gente pendurada no lustre.
Mas enquanto espetáculo, as dimensões do lugar não foram empecilho para que quem estava lá dentro tivesse curtido muito. Primeiro, a apresentação da parte dos Smiths Cover que não tocou The Smiths  apresentando sucessos dos anos 80, bandas que influenciaram e foram influenciadas por Smiths, com grande competência, de um modo geral. Depois, o time completo, com meu amigo, Roberto Freitas à frente, com sua habitual performance  impecável contando com a retaguarda segura e precisa de seus novos parceiros, nesta que foi a primeira apresentação do The Smiths Cover Brasil com nova formação.
Muito bom show, mais uma vez. Já é redundância elogiar. Destaques para mim, para “Suedehead”, “Still Ill”, “Girl Afraid” e “Bigmouth Strikes Again”.
Tive ainda a honra de ter um texto meu, solicitado pelo Roberto, lido na abertura do show. A galera ansiosa pelo início, não deu muita bola, não ouviu muito ou nem percebeu que aquilo era algo relacionado com o show, mas de qualquer forma sinto-me feliz em ter feito parte daquele momento e dessa retomada do The Smiths Cover Brasil. Obrigado, Roberto, pelo show, sempre empolgante, e por me permitir participar disso tudo.

Abaixo o referido texto, lido antes do início da segunda parte do show:

The Smiths Cover Brasil mandando ver no Bar Saloon.
Naquele setembro de 1987, a cidade de Manchester ficava um pouco mais cinza, o universo particular de muitas pessoas ficava mais vazio, e muitas dessas pessoas pelo mundo afora ficavam um pouco mais sozinhas. Era como se tivessem perdido um amigo, um amor, alguém da família. Algumas delas não foram fortes o bastante e tiraram até mesmo de suas próprias vidas como se a partir daquele fato nada mais importasse. Uma banda com um nome despretensioso, como se fossem Zés-Ninguém, de melodias aparentemente simples e letras singelas acabava de anunciar sua separação. Era o fim do The Smiths.
Mas que diferença uma banda faz? Como um grupo de rock apenas é capaz de causar tamanha comoção? De fazer nos sentirmos... assim? Quem já foi preterido por alguém, já hesitou em revelar seus sentimentos a outra pessoa, já voltou sozinho de uma festa, entendia perfeitamente do que aquele carinha topetudo com jeito tímido e ao mesmo tempo impetuoso, falava e se identificava com aquilo tudo. Steven Morrissey exprimia exatamente o que a gente sentia ou já havia sentido em algum momento da vida, colocando aquelas questões com rara sensibilidade e poesia.
Mas talvez letras intimistas e inteligentes não bastassem se não contassem com um emolduramento digno daquelas palavras. Johnny Marr, guitarrista e parceiro de composições, conseguia extrair de seu instrumento melodias mágicas, supostamente modestas, porém compostas com enorme técnica e inspiração, sem apelar para exibicionismos de solos quilométricos ou distorções rascantes. E Andy Rouke e Mike Joyce, costumeiramente menos lembrados, mas não menos importantes, eram a sustentação precisa e segura para aquela dupla genial de compositores.
Mas eles haviam decidido acabar...
Contudo, felizmente, não muito tempo depois do alardeado fim, quase que como um alento, nosso querido Morrissey anunciava que seguiria nos presenteando com sua voz suave e corrosiva e sua pena doce e ácida. Embora em sua exitosa carreira solo tenha já nos brindando com músicas incríveis que nos pegam pelo coração sendo algumas canções realmente excepcionais e grandiosas, nós fãs sabemos que até hoje, ainda que tenha produzido bons trabalhos, a bem da verdade, nunca encontrou verdadeiramente um parceiro à altura do brilhantismo de Johnny Marr.
Talvez por isso, no fundo do peito da cada fã, sobreviva a esperança (quase sem esperança) de que um dia se reconciliem e voltem a fazer aquelas canções que nos fizeram chorar e que salvaram nossas vidas.
Enquanto isso, não com menos prazer, nos conformamos em ter APENAS Morrissey. Como se fosse pouco.



Cly Reis

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Meu Babaca Favorito


Em tempos de idolatrias tão efêmeras, edificadas sobre méritos mínimos, e cancelamentos quase automáticos motivados pelo primeiro deslize, posicionamento ou frase mal colocada de um ídolo que, não muito tempo atrás, era elevado à condição de semideus, pessoas com um pouco mais de critério, de apego a suas influências e referências, têm uma certa resistência em, simplesmente, adotar o tão usual procedimento vigente de CANCELAR uma personalidade que, de alguma forma sempre admirou e que fora seu referencial, por mais que este faça por merecer um belo "block" por conta de procedimentos, atitudes, declarações, que revelam uma pessoa diferente daquela que se imaginava ou que demonstrava ser.
Os caras se esforçam pra fazer merda, cagar pela boca, demonstrar o quanto são desprezíveis, pessoas que a gente não aceitaria no nosso meio social, mas aí a gente pensa no que já fizeram de fantástico na sua arte, o quanto foram (e são) importantes pr'a gente, o quanto os admiramos, e não conseguimos, meramente, virar as costas e dizer que não os admiramos mais. E aí que com muito esforço, colocamos seu trabalho, sua figura, suas músicas, suas letras, acima de tudo e, separamos o ser-humano de sua obra. Só assim mesmo pra aguentar uns, ó, que, vou te contar...
Muitos desses, os mais recentes, já tinham seu espaço para dizer o que pensavam, tiveram microfone, seus próprios álbuns, palco, livros, espaço na imprensa, mas com a ascensão das mídias sociais, uma verdadeira terra-de-ninguém, onde todo mundo tem opinião formada sobre tudo mesmo, muitas vezes, sem qualquer embasamento ou informação, pareceram encorajados a assumir posições, que não são decepcionantes por serem divergentes da minha ou de determinado segmento, mas sim por serem lamentáveis do ponto de vista humano.
Listamos, aqui, alguns dessas criaturas que a gente só não "cancela" porque não dá pra deixar de lado o que já fizeram e, cá entre nós, porque a gente adora esses caras mesmo. Mas que estão pedindo, estão...
Uns são de hoje, outros tem histórias que vem de muito tempo, uns se revelaram por conta da pandemia, outros revelaram preferências políticas bem preocupantes, enfim, tem um monte nessa barca, mas aqui vamos pegar apenas alguns desses "caraterzinhos" duvidosos, que a gente sabe que são uns idiotas, uns babacas, mas que odiamos amar.


Tá certo é esse cachorro!
Eric Clapton - "Clapton é Deus". A inscrição frequentemente vista em muros de Londres nos anos 60, quando o guitarrista inglês hipnotizava os fãs com sua técnica e habilidade, está longe de ser verdade. Ao contrário, hoje, muitos fãs preferem ver o diabo do que o gênio da guitarra.
Recentes declarações de Eric Clapton, acerca da situação da Covid-19 e do isolamento, comparando os protocolos de segurança à escravidão, reforçadas pela gravação de uma canção anti-lockdown, "Stand and Deliver", de Van Morrison, por sinal, outro que tem se revelado um grandíssimo feladaputa, provocaram indignação entre seus admiradores e de quebra ainda tiraram alguns velhos esqueletos do armário. Os atuais posicionamentos de Clapton fizeram com que pessoas lembrassem de um episódio em 1976 em que ele, durante um show em Birmingham, "convocou" os estrangeiros e imigrantes a se retirarem do país. Na ocasião, Clapton disse, se dirigindo ao público, “Vamos impedir o Reino Unido de virar uma colônia negra. Expulsem os estrangeiros, mantenham a Inglaterra branca. Os negros, árabes e jamaicanos não pertencem a este país e nós não os queremos aqui (...) “Precisamos deixar claro que eles não são bem-vindos. A Inglaterra é um país para brancos, o que está acontecendo conosco?” . Pois é... Clapton pode até ser um deus na guitarra, mas passa longe de ser um santo.
Ao que parece, até seus amigos músicos perderam a paciência e não aguentam mais tanta baboseira, uma vez que o lendário guitarrista tem reclamado de se sentir abandonado pelos colegas do meio musical.
Toma!
Mas não adianta: tem como odiar o cara que fez "Layla", "Cocaine", "Crossroads" e outras tantas maravilhas? Não, né?


Roberto sendo homenageado
pelos militares, nos anos 70
.
Roberto Carlos - Sabe aquele cara que sempre que se fala dele tem aquele asterisco ao lado do nome? Sim, esse cara é ele. As coisas que depõe contra o Rei não são de hoje e não são relacionadas com pandemia, isolamento, redes sociais nem nada tão atual, mas acompanham sua figura pública já de bastante tempo e, de certa forma, embora seja inegável sua contribuição para a música brasileira e seu talento para composições, nunca conseguimos perdoá-lo totalmente.
O problema de Roberto Carlos, na verdade, foi mais seu silêncio do que o que teria dito. Enquanto seus colegas do meio cultural, musical, das artes bradavam contra a ditadura militar no Brasil, sofrendo suas consequências de censura, prisões e exílios, Roberto, confortável e convenientemente não só não se manifestava em relação ao regime e as reprimendas sofridas pelos colegas e continuava, simplesmente, gravando suas canções alienadas com temas românticos ou de "curtição", como ainda não se esforçava em esconder uma proximidade com os generais e até mesmo era agraciado com comendas e homenagens pelos tiranos governantes brasileiros daquele nefasto período da nossa história.
Como se não bastasse, Roberto é conhecido no meio artístico por seu comportamento egoísta, mesquinho e antiético, sabotando outros artistas, reivindicando vantagens e benefícios junto a produtoras, gravadores, emissoras, etc., e, como se diz popularmente, "puxando o tapete" de colegas de profissão. Tim Maia foi um exemplo de um que, depois de ter sido parceiro de banda, ter convivido junto, foi ignorado e menosprezado por Roberto, assim que o Rei começou a estourar nas paradas de sucesso e tornar-se o fenômeno que veio a ser. O anglo-brasileiro Ritchie, sucesso nos anos 80, é outro que teria sofrido pelas mãos de Roberto que, segundo se sabe, e é confirmado por outros artistas, teria "mandado" a gravadora boicotar o sucesso de Ritchie, dificultando a distribuição do material do músico, sua participação em eventos e programas e negligenciando a divulgação em rádios do material do próprio contratado.
Mas não dá pra ignorar o tamanho desse cara na música brasileira, a qualidade de suas composições e a quantidade de grandes e inesquecíveis canções com que ele nos brindou. Se sua atividade no microfone, no estúdio, nos palcos é incontestável e proporcionou a todos nós momentos mágicos em músicas como "Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos", "Emoções", os DETALHES das suas atuações nos bastidores, de alguma forma sempre mancharão um pouco seu nome, pois, como diz aquela canção, são coisas muito grandes pra esquecer.


Não se orgulhar mais de ter usado
camiseta do MST, tudo bem, mas Bolsonaro?
Lobão - O cara foi, simplesmente, uma espécie de símbolo da democracia da geração rock dos anos 80. Tinha a Plebe Rude que era contundente, tinha a Legião que se posicionava com ênfase e inteligência, o Capital Inicial correndo por fora mas ainda assim engajado, mas o Lobão era o cara que gritava. Ele participava de comício, ele fazia música que avacalhava o Sarney, chamava a galera pra votar consciente, tocava o hino nacional na guitarra, ao melhor estilo Hendrix, em pleno Globo de Ouro, na maior emissora de TV do país... e tudo isso pra quê? Pra acabar apoiando o Bolsonaro. Putaquiuparil
Ele alega ter se decepcionado com a esquerda, se arrependido de ter votado no PT, ter perdido a confiança em quem governou o país e acabou em tribunais respondendo por corrupção... Ok, Lobão. Mas daí a apoiar a eleição de uma criatura, visivelmente, incapaz, limitada e mal-intencionada como o atual presidente brasileiro, é muita ignorância, ingenuidade ou burrice. Um cara que tinha tudo pra dar errado, não apresentou nenhuma proposta durante a campanha se apoiando somente em um montão de bravatas e, por isso mesmo fugiu dos debates como o diabo da cruz; baseou sua campanha em notícias falsas; destilou ódio e preconceitos contra negros, indígenas, homossexuais, além de manifestar contumaz desprezo pela classe artística, da qual, exatamente o senhor João Luiz Woerdenbag, mais conhecido como Lobão, faz parte, não podia dar outra coisa senão o que deu.
Faz parte do meio artístico mas, a bem da verdade, por outro lado, também faz parte de uma classe-média alta elitista, mimada que, nos anos 80, recém saída da ditadura, via seus filhos, rebeldes sem causa, lutarem sem saber bem pelo quê, por causas como diretas, igualdade social, contra a fome, muito mais pelo embalo e pela modinha, do que por qualquer convicção. Tudo uns filhinho de papai que, na hora que perceberam que estavam perdendo privilégios, deixaram cair a máscara.
Lobão até se arrependeu - pelo menos é o que ele diz. Mas agora, depois de ajudar a eleger aquele ser ignóbil que ocupa a cadeira da presidência, aí já é tarde e já condenou o país a um retrocesso vai ser duro de reverter. Quando criaturas como Lobão, Roger, do Ultraje, Paula Toller, Rodolpho do Raimundos, mostram esse tipo de atitude, de posicionamento de caráter, eu tenho que dar razão para a aquela música que um cara muito legal do rock nacional dos anos '80 compôs: O rock errou.


O cara que bradava contra o sistema...  
John Lydon - O Rei dos Punks, o cara que gritava por anarquia, que bradava contra o poder, contra a caquética monarquia britânica, quem diria..., apoia Donald Trump. Pois é. Preferências políticas à parte, de direita, esquerda, democratas, republicanos, liberais, socialistas, já estar cansado das "bobagens intelectuais" da esquerda, como o próprio Lydon afirma, tudo bem, a gente entende, mas, agora, um cara que já simbolizou a atitude contra o poder, contra o opressor, daí a se manifestar, veementemente, a favor de uma pessoa elitista, odiosa, arrogante, egoísta, megalomaníaca, racista, xenófoba, um negacionista que, por conta de sua ignorância, falta de humanismo e empatia, ignorou a presente pandemia e, por conta de seu discurso, sua falta de ações efetivas, condenou milhares de seus compatriotas (e, por tabela, outros tantos milhões, indiretamente, pelo mundo afora) à morte, é inaceitável.
Como se não bastasse apoiar abertamente um maluco egocêntrico e considerá-lo a "última esperança e o verdadeiro representante da classe operária (???), o ex-líder dos Sex Pistols, vêm dando indesculpáveis demonstrações de intolerância e racismo. Além de "passar pano" no episódio de George Floyd, dizendo que existem policiais brancos ruins mas que aquilo teria sido apenas um episódio isolado, e ter ofendido com injúrias racistas o integrante da banda Block Party, Kele Okereke, durante um festival, diante de pessoas que confirmam o incidente, Joãozinho Podre ainda vem afirmando e reafirmando que os jovens ingleses que participam de manifestações contra o racismo são uns "mimadinhos" que, segundo ele, "têm merda na cabeça". Tá certo que a simpatia nunca foi mesmo uma marca forte na vida de John Lydon, mas agora com essas ele não se ajuda a que continuemos tendo algum respeito por ele ou pelo que já representou.
"Eu posso estar certo, eu posso estar errado", era o que ele mesmo cantava, já nos tempos de PIL, e creio que, diante das últimas atitudes não é muito difícil constatar qual das alternativas prevaleceu.


Morrissey exibindo, sem pudor,
 seu apoio à direita britânica.
Morrissey - O que mais me dói ver o lixo humano que se tornou. Morrissey era uma espécie de amigo, o cara que a gente ouvia porque parecia que sentia como a gente e exprimia suas dores, seus problemas, suas angústias, da maneira como gostaríamos de manifestar, com sinceridade, sem medo de se expôr, como um ser humano que só quer ser amado. Pois bem..., como é que essa pessoa se tornou esse ser deplorável que temos acompanhado ultimamente é algo misterioso para mim. Talvez nem tanto. Se formos prestar atenção alguns sinais já vinham sendo dados mas, nós fãs, nem levávamos em consideração, tipo, "Morrissey não é assim", ou passávamos um pano, bem bonito, justificando por alguma descontextualização ou má interpretação. Achávamos graça das declarações mal-educadas do ídolo, classificando como uma acidez típica dos gênios, quando efetivamente, deveríamos estar preocupados com o que aquilo representava.
Na verdade, aquele "England is mine...", de "Still Ill", ainda da época do The Smiths, já era um indicativo e eu é que não entendia totalmente... As coisas começaram a ficar mais claras em "National Front of Disco", canção de 1998, uma evidente alusão à Frente Nacional, partido de extrema direita inglês, contestada por alguns mas que, naquele momento, muita gente (inclusive eu) preferiu interpretar como uma "figura" compositiva dentro do contexto poético da música. Só que de uns tempos pra cá, Moz resolveu confirmar publicamente o que insistíamos em negar: tornara-se (se é que em algum momento não fora) um fascista de direita, racista, xenófobo e desprezível. Depois de usar, durante a turnê de seu álbum "Low in the High School", um broche do partido For Britain (foto), de perfil excludente e xenófobo, o cantor reafirmou em um programa de TV norte americano seu apoio às plataformas do partido e ainda, durante a entrevista, minimizou, e até ridicularizou o racismo, afirmando que, atualmente, a expressão é sem sentido e que uma pessoa será acusada de racista, nos dias de hoje, simplesmente, por discordar da opinião dos outros. No balaio de disparates, Morrissey ainda comparou a suposta perseguição que a imprensa impõe a ele, e o boicote que alega sofrer de gravadoras e da mídia ao nazismo e, a propósito de Terceiro Reich, de quebra, afirmou que Hitler seria de esquerda. 
Ah, e tem a que chineses são uma "subespécie", que fronteiras são coisas maravilhosas e foram feitas para serem respeitadas" (sobre imigrantes), que Obama, na verdade, era "branco por dentro", tem a de expulsar fãs do próprio show acusando-os de terem sido mandados pela imprensa, a de sugerir que a criança assediada por Kevin Spacey sabia o que estava fazendo ao ir para o quarto com um homem adulto... Olha..., eu não sei como eu ainda ouço as músicas dê-se cara! Pra falar a verdade, hoje, sempre que eu tenho vontade de ouvir alguma coisa dos Smiths ou de sua carreira solo, eu penso, "Eu vou ouvir esse merda?". Aí eu, a muito custo, separo o homem do artista e lembro do que ele mesmo falou em uma de suas letras: "Não se esqueça das canções que lhe fizeram chorar/ e das canções que salvaram sua vida"
Aí ele me convence e eu o ouço mais uma vez.
(Por enquanto...).


Cly Reis

terça-feira, 5 de março de 2013

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS


E chegamos ao ducentésimo Álbum Fundamental aqui no clyblog .

Quem diria, não?

Quando comecei com isso ficava, exatamente, me perguntando até quantas publicações iria e hoje, pelo que eu vejo, pelos grandes discos que ainda há por destacar, acredito que essa brincadeira ainda possa ir um tanto longe.

Nesse intervalo do A.F. 100 até aqui, além, é claro, de todas as obras que foram incluídas na seção, tivemos o acréscimo de novos colaboradores que só fizeram enriquecer e abrilhantar nosso blog. Somando-se ao Daniel Rodrigues, Edu Wollf , Lucio Agacê e José Júnior, figurinhas carimbadas por essas bandas, passaram a nos brindar com seus conhecimentos e opiniões meu amigo Christian Ordoque e a querida Michele Santos, isso sem falar nas participações especiais de Guilherme Liedke, no número de Natal e de Roberto Freitas, nosso Morrissey cover no último post, o de número 200.

Fazendo uma pequena retrospectiva, desde a primeira publicação na seção, os ‘campeões’ de ÁLBUNS FUNDAMENTAIS agora são 5, todos eles com 3 discos destacados: os Beatles, os Rolling Stones, Miles Davis , Pink Floyd e David Bowie , já com 2 resenhas agora aparecem muitos, mas no caso dos brasileiros especificamente vale destacar que os únicos que tem um bicampeonato são Legião Urbana, Titãs, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben, Engenheiros do Hawaii e João Gilberto, sendo um deles com o músico americano Stan Getz. A propósito de parcerias como esta de Getz/Gilberto, no que diz respeito à nacionalidade, fica às vezes um pouco difícil estabelecer a origem do disco ou da banda. Não só por essa questão de parceiros mas muitas vezes também pelo fato do líder da banda ser de um lugar e o resto do time de outro, de cada um dos integrantes ser de um canto do mundo ou coisas do tipo. Neste ínterim, nem sempre adotei o mesmo critério para identificar o país de um disco/artista, como no caso do Jimmi Hendrix Experience, banda inglesa do guitarrista norte-americano, em que preferi escolher a importância do membro principal que dá inclusive nome ao projeto; ou do Talking Heads, banda americana com vocalista escocês, David Byrne, que por mais que fosse a cabeça pensante do grupo, não se sobrepunha ao fato da banda ser uma das mais importantes do cenário nova-iorquino. Assim, analisando desta forma e fazendo o levantamento, artistas (bandas/cantores) norte-americanos apareceram por 73 vezes nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, os ingleses vem em segundo com 53 aparições e os brasileiros em, 3º pintaram 36 vezes por aqui.
Como curiosidade, embora aqueles cinco destacados anteriormente sejam os que têm mais álbuns apontados na lista, o artista que mais apareceu em álbuns diferentes foi, incrivelmente, Robert Smith do The Cure, por 4 vezes, pintando nos dois da própria banda ("Disintegration"  e "Pornography"), em um tocando com Siouxsie and the Banshees  e outra vez no seu projeto paralelo do início dos anos ‘80, o The Glove. Também aparece pipocando por aqui e por ali John Lydon, duas vezes com o PIL  e uma com os Pistols; Morrissey, duas vezes com os Smiths e uma solo; Lou Reed uma vez com o Velvet e outras duas solo; seu parceiro de Velvet underground, John Cale uma com a banda e outra solo; Neil Young , uma vez solo e uma com Crosby, Stills e Nash; a turma do New Order em seu "Brotherhood" e com o 'Unknown Pleasures" do Joy Division; e Iggy Pop 'solito' com seu "The Idiot" e com os ruidosos Stooges. E é claro, como não poderia deixar de ser, um dos maiores andarilhos do rock: Eric Clapton, por enquanto aparecendo em 3 oportunidades, duas com o Cream e uma com Derek and the Dominos, mas certamente o encontraremos mais vezes. E outra pequena particularidade, apenas para constar, é que vários artistas tem 2 álbuns fundamentais na lista (Massive Attack, Elvis, Stevie Wonder, Kraftwerk) mas apenas Bob Dylan e Johnny Cash colocaram dois seguidos, na colada.

No tocante à época, os anos ‘70 mandam nos A.F. com 53 álbuns; seguidos dos discos dos anos ‘80 indicados 49 vezes; dos anos ‘90 com 43 aparições; 40 álbuns dos anos ‘60; 11 dos anos ‘50; 6 já do século XXI; 2 discos destacados dos anos ‘30; e unzinho apenas dos anos ‘20. Destes, os anos campeões, por assim dizer são os de 1986, ano do ápice do rock nacional e 1991, ano do "Nevermind" do Nirvana, ambos com 10 discos cada; seguidos de 1972, ano do clássico "Ziggy Stardust" de David Bowie, com 9 aparições incluindo este do Camaleão; e dos anos do final da década de ‘60 (1968 e 1969) cada um apresentando 8 grandes álbuns. Chama a atenção a ausência de obras dos anos ‘40, mas o que pode ser, em parte, explicado por alguns fatores: o período de Segunda Guerra Mundial, o fato de se destacarem muitos líderes de orquestra e nomes efêmeros, era a época dos espetáculos musicais que não necessariamente tinham registro fonográfico, o fato do formato long-play ainda não ter sido lançado na época, e mesmo a transição de estilos e linguagens que se deu mais fortemente a partir dos anos 50. Mas todos esses motivos não impedem que a qualquer momento algum artista dos anos ‘40 (Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Cole Porter) apareça por aqui mesmo em coletânea, como foi o caso, por exemplo, das remasterizações de Robert Johnson dos anos ‘30 lançadas apenas no início dos anos 90. Por que não?

Também pode causar a indignação aos mais 'tradicionais', por assim chamar, o fato de uma época tida como pobre como os anos ‘90 terem supremacia numérica sobre os dourados anos 60, por exemplo. Não explico, mas posso compreender isso por uma frase que li recentemente de Bob Dylan dizendo que o melhor de uma década normalmente aparece mesmo, com maior qualidade, no início para a metade da outra, que é quando o artista está mais maduro, arrisca mais, já sabe os caminhos e tudo mais. Em ambos os casos, não deixa de ser verdade, uma vez que vemos a década de 70 com tamanha vantagem numérica aqui no blog por provável reflexo da qualidade de sessentistas como os Troggs ou os  Zombies, por exemplo, ousadia de SonicsIron Butterfly, ou maturação no início da década seguinte ao surgimento como nos caso de Who e Kinks. Na outra ponta, percebemos o quanto a geração new-wave/sintetizadores do início-metade dos anos ‘80 amadureceu e conseguiu fazer grandes discos alguns anos depois de seu surgimento como no caso do Depeche Mode, isso sem falar nos ‘filhotes’ daquela geração que souberam assimilar e filtrar o que havia de melhor e produzir trabalhos interessantíssimos e originais no início da década seguinte (veja-se Björk, Beck, Nine Inch Nails , só para citar alguns).

Bom, o que sei é que não dá pra agradar a todos nem para atender a todas as expectativas. Nem é essa a intenção. A idéia é ser o mais diversificado possível, sim, mas sem fugir das convicções musicais que me norteiam e, tenho certeza que posso falar pelos meus parceiros, que o mesmo vale para eles. Fazemos esta seção da maneira mais honesta e sincera possível, indicando os álbuns que gostamos muito, que somos apaixonados, que recomendaríamos a um amigo, não fazendo concessões meramente para ter mais visitas ao site ou atrair mais público leitor. Orgulho-me, pessoalmente, de até hoje, no blog, em 200 publicações, de ter falado sempre de discos que tenho e que gosto, à exceção de 2 ou 3 que não tenho em casa mas que tenho coletâneas que abrangem todas as faixas daquele álbum original, e de 2 que sinceramente nem gostava tanto mas postei por consideração histórica ao artista. Fora isso, a gente aqui só faz o que gosta. Mas não se preocupe, meu leitor eventual que tropeçou neste blog e deu de cara com esta postagem, pois o time é qualificado e nossos gostos musicais são tão abrangentes que tenho certeza que atenderemos sempre, de alguma maneira, o maior número de estilos que possa-se imaginar. Afinal, tudo é música e, acima de tudo, nós adoramos música.
Cly Reis

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PLACAR POR ARTISTA:
  • The Beatles: 3 álbuns
  • The Rolling Stones: 3 álbuns
  • David Bowie: 3 álbuns
  • Miles Davis: 3 álbuns
  • Pink Floyd: 3 álbuns

  • Led Zeppelin; Massive Attack, Elvis Presley, Siouxsie and the Banshees; Nine Inch Nails, The Who; The Kinks; U2; Nirvana; Lou Reed; The Doors; Echo and the Bunnymen; Cream; Muddy Waters; Johnny Cash; Stevie Wonder; Van Morrison; Deep Purple; PIL; Bob Dylan; The Cure; The Smiths; Jorge Ben; Engenheiros do Hawaii; Caetano Veloso; Gilberto Gil; Legião Urbana; Titãs e João Gilberto: 2 álbuns

PLACAR POR DÉCADA:
  • Anos 20: 1 álbum ("Bolero", Maurice Ravel)
  • Anos 30: 2 álbuns ("The Complete Recordings", Robert Johnson e "Carmina Burana", de carl Orff)
  • Anos 50: 11 álbuns
  • Anos 60: 40 álbuns
  • Anos 70: 53 álbuns
  • Anos 80: 49 álbuns
  • Anos 90: 43 álbuns
  • Anos 00:  6 álbuns

PLACAR POR ANO:
  • 1986 e 1991: 10 álbuns
  • 1972: 9 álbuns
  • 1968 e 1969: 8 álbuns
  • 1987 e 1969: 7 álbuns

PLACAR POR NACIONALIDADE (ARTISTAS):
  • EUA: 73
  • Inglaterra: 53
  • Brasil: 36
  • Irlanda: 4
  • Escócia: 3
  • Alemanha: 2
  • Canadá: 2
  • Suiça; Jamaica; Islândia; França; País de Gales; Itália e Austrállia: 1 cada



domingo, 23 de novembro de 2014

"The Smiths - A Light That Never Goes Out - A Biografia", Tony Fletcher (2014)





"Quando escrevi sobre o Echo and the Bunnymen e sobre o R.E.M.,
no fim dos anos 80,
o processo pareceu relativamente fácil.
Na época, eu não entendi que isso se devia ao fato de os dois grupos serem entidades em total funcionamento,
com integrantes seguros na companhia uns dos outros
a ponto de
apenas me contarem sobre os demais
o que gostariam de ouvir sobre si mesmos,
e suficientemente jovens para não serem especialmente
protetores com seus legados
ou terem deixado para trás qualquer lembrança ruim(...)
Com os Smiths o processo foi muito complicado."
Tony Fletcher



Sempre vou com uma certa reserva quando leio biografias de artistas porque muitas vezes os relatos que compõe o trabalho não passam de um amontoado de fofocas, diz-que-me-diz, achismos, especulações, fatos nunca confirmados ou sem evidências, restando apenas, de realidade mesmo, apenas fatos incontestes de domínio público que saíram no jornal, entrevistas concedidas e coisas do tipo (aí é mole). Mas fui surpreendido positivamente pela ótima biografia de uma das minhas bandas favoritas, “The Smiths – A Light That Never Goes Out – A Biografia”, onde autor, Tony Fletcher, um jornalista, biografo já experimentado, rodado, experiente com outras bandas, mergulha fundo na história do quarteto de Manchester, The Smiths, buscando elementos desde as origens históricas das famílias, do povoamento de Manchester, do contexto social da cidade, do país, até chegar à formação dos meninos em escolas católicas severas, em bairros operários, deparando-se com crise, desemprego, mas com as descobertas musicais que os levariam a serem o que foram.
Contemporâneo dos integrantes dos Smiths e até mesmo presente em alguns episódios, o autor destrincha com habilidade os fatos que envolveram a curta trajetória da banda, relatando-os de forma competente numa narração muito bem estruturada e envolvente.
Para os fãs, o livro só fará reforçar a admiração pela banda, pelas suas virtudes, suas técnicas individuais, suas inspirações, e por seu repertório, embora revele de forma bastante imparcial e impiedosa a personalidade difícil, egocêntrica e quase insuportável de Morrissey, revelando-a, entre outras razões, como um dos principais motivos para o fim prematuro do grupo.
Mas, de todo modo, é absolutamente fascinante conhecer um pouco da descoberta mútua de Morrissey e Marr, o início da parceria, as primeiras composições, conhecer um pouco mais sobre cada música, o sucesso, a idolatria e tudo mais.
“The Smiths – A Biografia” é extremamente revelador no que diz respeito ao regime praticamente amadorístico com o qual a banda conduzia suas questões empresariais, fato tão decisivo para a abreviação da história da banda como para o fato de torná-la diferenciada e fazer com que não caísse na vala comum de bandas de megasucesso; aprofunda a questão do envolvimento com drogas por parte do baixista Andy Rourke; mergulha nas turnês e em seus bastidores, conseguindo no êxtase e nas catarses do público; esmiúça o processo construtivo, passo a passo, de vários canções do grupo, com destaque especial para “How Soon Is Now?”, um dos maiores clássicos da banda e uma de suas grandes pérolas, cheia de camadas de guitarra e outros recursos de estúdio; e ajuda a esclarecer o fim, até então nunca muito bem explicado.
Nada daquelas biografias chatas, cansativas. Não! Ótimo livro, leitura fluída, fácil sem ser limitado e ainda por cima de uma banda do meu coração. Uma vida curta mas cheia de histórias, polêmicas, conflitos e desdobramentos. Pouco tempo de existência mas o suficiente para escrever seu nome definitivamente na história do rock.



Cly Reis



segunda-feira, 17 de maio de 2010

NOVAS AQUISIÇÕES FONOGRÁFICAS

Aproveitando os baixos preços da Argentina por conta do desvalorizado Peso, trouxe alguns CDzinhos na bagagem:
Um deles foi

MGMT - "Congratulations"

Frustrando toda minha expectativa depois do espetacular (com o perdão da redundância) "Oracular Spectacular", o MGMT vem com um som pretensioso metido a Beach Boys, a Steely Dan ou outras coisas do tipo. Deu um outro tom pro seu psicodelismo mas capturou o que havia de pior e mais chato da tendência. Tentando se desfazer muito rápido das amarras do sucesso, da exposição, dos mainstream, tentam mostrar logo no segundo disco que não são só mais uma bandinha de refrões fáceis e pegajosos. Ora, amigos, mas ninguém tinha dito que vocês eram isso! "Oracular Spectacular" havia sido brilhantemente pop, criativo, original, eclético e multi-influenciado. Claramente se notava que ali tinha hippie, gótico, punk, eletrônico, folk e não precisava de nenhuma prova de que eram músicos de verdade para serem levados a sério. Quem tinha consagrado "Time to Pretend" não havia sido o grande público, o público fácil. Foi quem enxergou em um hit qualidades de grandes e ótimas influências. No fim das contas, pela tentativa dos rapazes, "Congratulations" acaba, infelizmente, soando meio forçado e até pedante.
Mesmo assim, detaques para "It's Working" e "Brian Eno".

também trouxe de lá

Morrissey "Swords"

Já que não vinha encontrando por aqui no Rio, assim que topei com ele em um loja em Palermo, me apoderei e não larguei mais. A boa surpresa é que mesmo sendo um disco de sobras e B-sides, consegue formar um álbum e, por incrível que pareça, um álbum bastante bom. Talvez pelo descompromisso de não ter que compor uma unidade musical para um momento específico, um desejo da gravadora, um objetivo de vendas etc., "Swords" é mais ousado, por exemplo, que "Ringleader of Tormentors", "Maladjusted" e até mesmo do que o bom "Years of Refusal". Além de mais pegada, mais sonoridade, tem, de novo, um Morrissey melodioso, musical e mordaz. "Good Looking Man About Town" que abre o disco já causa boa impressção e surpreende com sua base meio oriental, indiana ou algo do tipo. "Ganglord", já destacada aqui no blog é outra das grandes do álbum com uma base sutilmente eletrônica. "Shame is the Name" é bem Moz e bem radiofônica até.Gostei muito também de"Sweetie Pie", estranha, melancólica mas interessantemente bela e "The Never-Played Symphonies", tristíssima, mas linda.
Boa aquisição.

E outro ainda que compre lá foi

Miles Davis "Tutu"

Comprei numa loja exatamente que homenageia o trumpetista, a Miles, na Rua José Luís Borges, também no bairro de Palermo. Eu tive o "Tutu" em cassete há um tempo atrás em Porto Alegre, deixei lá com meu irmão, depois consegui um piratinha e agora finalmente o tenho decentemente. Sei que não é das obras-primas deste gênio, mas particularmente gosto muito da obra. Miles Davis que virou o jazz (e a música em geral) de cabeça pra baixo umas três vezes ou quatro, acelerando, desacelerando, colocando elementos e tirando, aqui dá uma aula de como fazer um jazz vanguardista, moderno e atrevido, cheio de misturas e influências.
Destaque para a faixa-título, "Tutu", minha preferida.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

cotidianas #137 - Tarde da Noite, Rua Maudlin


(O inverno está chegando
O inverno apressa
Apressa
O inverno é tão longo
O inverno se move)


A última noite na rua Maudlin
Adeus casa, adeus escadas
Eu nasci aqui fui criado aqui e
... levei umas pauladas aqui


Amor à primeira vista
Pode parecer banal
Mas é verdade, você sabe
Eu poderia listar os detalhes de tudo o que você já vestiu
ou disse, ou como se encontrava naquele dia
E como passávamos a última noite na rua Maudlin, eu diria
"adeus casa - para sempre!"
Eu nunca consegui uma hora feliz por aqui


Onde o garoto mais feio do mundo
Se transformou no que você vê
Aqui estou eu – o mais feio dos homens


É a última noite na rua Maudlin
E eu te amo de verdade
Ah, eu te amo de verdade


Quando eu durmo com aquela sua foto emoldurada ao lado da cama
Oh, é infantil e é idiota,
Mas eu acho que é você no meu quarto
ao lado da cama (eu te disse que era idiota...)
E eu sei que tomei pílulas estranhas
Mas eu nunca quis te machucar
Ah, eu te amo de verdade Voltei tarde para casa uma noite
Todo mundo tinha ido dormir
Ninguém fica te esperando
Quando se tem dezesseis pontos envolta da cabeça


O último ônibus, eu perdi para a rua Maudlin
Então, ele me levou para casa na caminhonete
Queixando-se: "as mulheres só gostam de mim pela minha inteligência..." Não deixe sua lanterna lá atrás
Há cortes de energia à frente
Enquanto nos arrastávamos através do parque
Mas não, eu não posso roubar um par de jeans de um varal para você
Mas você... sem roupas ah, eu não poderia deixar de admirar
Eu - sem roupas? bom, uma nação se vira e segura o riso...
Estou com as malas prontas


Estou me mudando metade de uma vida desaparece hoje
Toda a escória se despede de mim
(secretamente me desejando longe)
Bom, logo vou estar longe...


Houve tempos difíceis na rua Maudlin
Quando eles te levaram num carro de polícia
Caro inspetor - você não sabe?
Você não se importa?
Você não sabe - sobre o Amor?


Sua avó morreu e sua mãe morreu na rua Maudlin
Sofrendo e envergonhadas sem nunca ter tido tempo para dizer
Aquelas coisas especiais
Eu peguei as chaves da rua Maudlin
Bom, são apenas tijolos e argamassa
E... eu te amo de verdade
Onde quer que você esteja
Onde quer que você esteja...

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"Late Night, Maudlin Street"
Morrissey


Ouça:
Morrissey - "Late Night, Maudlin Street"

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Confirmado: Morrissey não vem mais




Entre idas e vindas, mal-entendidos e desentendimentos, pronunciamentos e desmentidos, foi finalmente confirmado o cancelamento das apresentações do cantor Morrissey pelo Brasil. Vítima de constantes problemas de saúde, insatisfeito com a produção da turnê, desiludido com as gravadoras, o ex-vocalista dos Smiths, em nota de cancelamento lamentou o contratempo, demonstrou todo seu desgosto, se desculpou com fãs e deixou transparecer levemente que pode estar despedindo-se definitivamente dos palcos e talvez até da carreira. Uma pena se, principalmente a segunda parte da possibilidade realmente se confirmar. Embora eu, mesmo fã como sou, tenha restrições à carreira solo do cantor, especialmente pela ausência de uma parceria à altura para suas letras sempre tão inspiradas e suas interpretações impecáveis, acredito que ainda possa proporcionar coisas muito valiosas aos que apreciam seu trabalho.
É aguardar para ver. Vai que ele se retira por uns tempos e retorna em grande forma com um álbum daqueles espetaculares.
Particularmente, quanto ao show, desde a ameaça de cancelamento, eu já tinha ficado com a impressão de que ia acabar não acontecendo. Na verdade até acho que ja esta estava cancelado mas os interessados, organizadores, produtoras e tal, estavam segurando a informação para ver se o quadro se revertia.
Bom,... de minha parte não ficarei de todo triste. Estava mesmo na dúvida se iria ao show do Moz ou no do Black Sabbath e acabei optando pelo primeiro. Mas diante da decepção, usarei a grana do reembolso pra ver a turma do Ozzy.
É do limão tentar fazer uma limonada...



C.R.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

cotidianas #28 - Levando Sua Namorada Para Casa



Eu estou levando sua namorada para casa
E ela está me dizendo como nunca escolheu você
"Vire à esquerda", ela diz
Então eu viro à esquerda
E ela diz
"Como eu fui acabar me envolvendo tão profundamente
Na mesma vida que eu planejei evitar?"
E eu não posso responder

Eu estou levando sua namorada para casa
E ela está rindo para parar de chorar
"Continue dirigindo", ela diz
Então eu continuo dirigindo
E ela diz
"Como eu fui acabar presa a esta pessoa
Uma vez que seu senso de humor
Fica cada vez pior?"
E eu não posso contar para ela

Estou estacionado do lado de fora da casa dela
E nos cumprimentamos
Nos damos boa noite, tão educadamente
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"Driving your girlfriend home"
Morrissey
do álbum "Kill Uncle"

Ouça:
Morrissey Driving Your Gilfriend Home

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Morrissey volta ao Brasil


Fui informado ontem, pelo meu amigo e colega de blog, José Júnior, do retorno de Morrissey ao Brasil para nova série de shows.
Puxa...
Acho que vou ser obrigado a fazer um tricampeonato. Vou ver o ex-vocalista do The Smiths pela terceira vez.
Em princípio, estão programadas três datas no país, uma delas aqui no Rio de Janeiro, no dia 04 de agosto. As outras devem ser 30 de julho em São Paulo e 02 de agosto em Brasília.
Os valores para Rio e SP já foram divulgados, inclusive, e os fãs podem começar a sacar suas carteiras, pendurar no cartão de crédito ou quebrar os porquinhos.
Vamos lá, então?
(Júnior, providencia a caixa de lencinhos de papel, porque da última vez, contigo, eu vi o show todo embaçado)

Seguem abaixo os preços dos ingressos, sendo que clientes Citibank, Credicard e Diners têm prioridade para uma pré-venda, no site da Tickets for Fun, de 14 e 20 de junho:




São Paulo - 30 de julho - Credicard Hall
- R$ 100 (plateia superior com visão parcial)
- R$ 140 (plateia superior III)
- R$ 160 (plateia superior II)
- R$ 180 (plateia superior I)
- R$ 220 (pista)
- R$ 450 (pista premium e camarote II)
- R$ 520 (camarote I)


Rio de Janeiro - 4 de agosto - Citibank Hall- R$ 200 (pista)
- R$ 350 (poltrona)
- R$ 420 (pista premium)
- R$ 500 (camarote)


*os preços dos ingressos para Brasília ainda não foram informados.


terça-feira, 5 de maio de 2009

Prodigy - "Invaders Must Die"

De Olhos Fechados


Há pouco tempo atrás havia uma série de artistas ou bandas que assim que eu sabia que tinham lançado algo novo, eu saía para comprar de olhos fechados. Sim, saía para COMPRAR porque, via de regra, apesar das facilidades de download que se tem hoje em dia, não gosto muito da qualidade de CD's gravados. E quando digo que comprava de "olhos fechados" não exagero muito não. Na maioria das vezes não precisava nem ter ouvido o single, ter visto um clipe, ter lido uma crítica. Para Cure, Madonna, U2, New Order, Chemical Brothers, Prodigy, Morrissey eu sequer pestanejava. Não interesava!
Com o tempo e com a minha "chatice" aumentando passei a ficar menos tolerante com algumas coisas. Bandas que por mais que eu gostasse insitiam em se repetir, em se auto-imitar em lançar álbuns só por lançar, pra encher as burras de dinheiro ou pra cumprir compromisso com as gravadoras.
The Cure, que é provavelmente a minha banda preferida, desde o álbum "Wild Mood Swings" que eu adquiri logo de cara e que era um lixo, que eu não compro mais nada (nem baixo arquivos). Ainda dei chances. Me disseram que o tal do "Bloodflowers" era um bom álbum. Que nada! É insosso. Li em algum lugar que o álbum "The Cure" era interessante e tal... Hmmfff! Disquinho que não fede nem cheira. Não tem pegada, não tem novidade, não tem vida. Desde então desconsidero o Cure. Fico com a história dele.
Madonna é outra que desde o "American Life" que também é uma droga, vive numa montanha-russa de qualidade. Faz um disco interessantíssimo como o "Confessions on a Dance Floor" ceio de conceito, experimentação, ousadia e uma porcaria como "Hard Candy" onde ela se limita a imitar quem ela criou, aquele bando de loirinhas magricelas como a Britney, Aguilera e outras. Da Madonna eu não desisti, mas tenho que ouvir antes de botar meu dinheiro.
Outro dos meus preferidos é Stephen Morrissey, ex-vocalista dos Smiths que logo no seu primeiro trabalho solo, "Viva Hate", do qual todos duvidavam pela ausência de seu parceiro musical, Johnny Marr, faz um discaço. Seguem-se outros bons trabalhos, com diferentes produtores, idéias diferentes, mas que mantém o interesse. Mas nos últimos tempos também tem feito uns disquinhos meio que... sei lá. Parece que todas as músicas são iguais. É só a mesma lamentação, a mesma melosidade e o "algo mais" que é bom, nada! Até que,dando um desconto pro cara, este último disco lançado essse ano, "Years of Refusal" é legal, masaté então vinha de uns dois ou três que naõ faziam diferença no mundo. Ou seja: é outro que eu tenho que ouvir antes de encarar.
Mas falo tudo isso pra dizer que comprei sem ter ouvido nehuma faixa anteriormente, o novo disco do Prodigy. E, cara... É MATADOR!!!
Em "Invaders Must Die" o Prodigy parece que achou o ponto certo entre o estilo mais "pista" do início da carreira, a influência raggae, a house e a pancadaria do "Fat of the Land". O disco é pesado mas não é punk!
Tem inserções de samples de guitarras e efeitos o suficiente para carregar o som enão para ditar a linha do disco.
Exceção é "Piranha", faixa que é tão pesada que conta até mesmo com a bateria de David Grohl, do Foo Fighters e ex-Nirvana, mas que ainda assim ela é menos humana e mais autoática que a detonadora"Fuel my Fire", por exemplo de outra época mas com proposta semelhante. Um barato também é "Thunder" com seu vocal bem carregado de raggae, lembrando os tempos de 'Out of Space" do primeiro disco.
Mas minha preferida mesmo é "Omem" uma pedrada com a dupla Maxim e Flint matando a pau.
Prodigy comprovou que ainda goza de minha inteira confiança e que eu posso ir à loja e comprar de olhos fechados.

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FAIXAS:
01. Invaders Must Die
02. Omen
03. Thunder
04. Colours
05. Take Me To The Hospital
06. Warrior's Dance
07. Run With The Wolves
08. Omen Reprise
09. World's On Fire
10. Piranha
11. Stand Up

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Ouça:
Prodigy - Invaders Must Die

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Lana Del Rey - "Born To Die" (2012)




Acima a capa original e,
abaixo a da edição especial dupla.
"Escolha suas últimas palavras,
 esta é a última vez
Porque você e eu,
nascemos para morrer."
da letra de
"Born to Die"



Ela é uma espécie de versão feminina de Morrissey. Muita gente vai achar que não tem nada a ver mas sempre que a escuto pessimista, trágica, dramática, exageraaada... e com uma certa quedinha pelo retrô, não consigo deixar de associar os dois. Ela não escreve como ele, é verdade, ainda que também tenha a língua afiada e tenha lá seus momentos com tiradas precisas e venenosas. Talvez até tenha mais talento vocal, mas, cá entre nós, mesmo já tendo conquistado uma boa legião de seguidores, precisa percorrer uma longa estrada para chegar no nível quase lendário do ex-vocalista dos Smiths. Meio diva anos 60, meio Madonna, meio dark, meio bad girl, o interessante é que, embora seja muito contestada por conta de seu alavancamento profissional, via internet, essa garota de preferências vintage, de certa forma se encaixa num espaço deixado pela geração pós-punk que oferecia, assim como ela, um pop carregado de melancolia. Não é a mesma geração, é verdade, mas o fato de sempre existirem corações sombrios e almas torturadas faz com que tanto um Morrissey, há trinta e tantos anos, quanto uma Lana Del Rey, agora, sejam ouvidos e compreendidos da mesma maneira. "Born To Die" até não é o melhor trabalho da norte-americana, posteriores como "Ultraviolence" e "Lust for Life" trazem progressos em vários aspectos em relação ao primeiro, mas este disco em especial parece representar essa identificação destes espíritos melancólicos com uma nova "representante", mas também por parte de "viúvas" do gótico, com alguém que, de certa forma, depois de algum bom tempo, fazia algo que ia mais ou menos no mesmo caminho que seus ídolos dos anos 80.
Com batidas eletrônicas e samples, num trip-hop que por vezes lembra o Portishead (menos bem acabado e menos fantasmagórico), linhas de teclado normalmente dramáticas e solenes, letras sombrias e sarcásticas sobre rompimentos, drogas, álcool, bad boys e tragédias, com vocais chorosos e líricos, Lana Del Rey oferecia com "Born to Die" um cartão de visitas altamente revelador de suas intenções artísticas e que justificava sua aceitação tanto pelo grande público quanto por alternativos. O disco em determinados momentos acaba soando meio uniforme e perde força na segunda metade mas mesmo assim muita coisa vale ser destacada. A faixa-título, por exemplo, com sua entrada grandiosa de cordas, lembrando aberturas de filmes antigos carrega todo o componente dramático que o trabalho de Lana pretende conter. A balada "Video Games", densa com sua parede de teclados, sua batida militar e vocal arrastado é outra que merece destaque. "Dark Paradise" que mescla toda uma morbidez com elementos pop mais leves que aliviam seu clima pesado; "National Anthem", bem hip-hop com vocal multiplicado como se cantado em coro; a dramática "Carmem" de excelente performance da cantora; e a ótima "Million Dollar Man", uma das minhas preferidas, uma balada de clima meio western, meio cabaré (ou as duas coisas juntas) são alguns dos grandes momentos do álbum. Num disco predominantemente lento, pesado, para não dizer que não tem nada "animado", "Diet Mountain Dew" cuja melodia vocal e combinação da letra lembram "Paradise City" do Guns'n Roses, "Summertime Sadness", de refrão grudento e o hit "Off The Races" são momentos um pouco mais embalados. A versão deluxe do álbum traz ainda mais três faixas, entre elas a ótima e sensual "Lolita", um pop mais agressivo com uma batida eletrônica bem intensa, ecos e um sample alucinante; e um relançamento do disco em versão dupla, chamado "The Paradise Edition", traz mais oito faixas, bastante boas, diga-se de passagem, sendo um delas uma versão de "Blue Velvet", que fez parte da trilha e deu nome ao filme de David Lynch.
Um dos bons discos da segunda década do século XXI, ao que parece, ao contrário do que vaticinaram muitos críticos que na época de seu lançamento, "Born To Die" não cumprirá a profecia de seu título e, se depender da já grande legião de fãs e admiradores, o álbum, um dos novos clássicos da música pop, está sim, fadado à eternidade.

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FAIXAS:
1. Born To Die
2. Off To The Races
3. Blue Jeans
4. Video Games
5. Diet Mountain Dew
6. National Anthem
7. Dark Paradise
8. Radio
9. Carmen
10. Million Dollar Man
11. Summertime Sadness
12. This Is What Makes Us Girls


Deluxe Edition
13. Without You
14. Lolita
15. Lucky Ones


The Paradise Edition
disco 2
1. Ride
2. American
3. Cola
4. Body Electric
5. Blue Velvet
6. Gods & Monsters
7. Yayo
8. Bel Air

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Ouça:
Lana Del Rey - Born To Die + The Paradise Edition


Cly Reis