Enchente?
Ah! Uma vez teve uma grande em Dois Morro.
Mas foi temporal, temporal, mesmo! Coisa séria! Não esses chusvisco que deu nos Rio de Janêro.
Muita família perdeu tudo, muita gente morta perdeu até a vida. Coisa triste de se vê.
Muita gente dasabrigada porque deixaro os abrigo no varal e as água levo.
Quem morava no costado do morro da direita, principarmente, ficaro tudo debaxo da terra desbarrancada e os que moravo no costado do morro da esquerda... tamém.
Quem pôde se sarvá subiu pros alto dos morro purqui lá a água não arcançava, mas pors que não correro a tempo...
Sem mentira, choveu 25 dia e 24 noite seguida, sem pará. As gente tudo já tavo inté que achando que ío virá sapo. Foi aí qui apareceu um senhor de idade, numa barca grande, cheia de bicho. Só pedimo pr’ele sarvá os anemar da cidade que nóis se virava. Nóis ficava lá, bem em cima do morro da esquerda, qui é 2 centímetro mais arto, e não tinha pobrema. Mas os bicho, coitado, num ío tê chance com um aguacêro daqueles.
Então o véio esse que se chamava-se Noé, botô um casarzinho de cada bicho na barca: um profiteróle fêmeo e um profiteróle macho; um muffin fêmeo e um muffin macho,; uma vaca (daquelas que dava uísque pelas teta) fêmea e um vaco macho, e assim foi com ôtros bicho da rica falna doismorrense.
Quando a água deu de baixá, o Seu Noé trôsse os bicho de vorta. Os profiteróle, sem vergonha qui éro, já tinho feito muito remelexo no barco do véio e já tinho té procriado mais uns vinte. Os mãfi se comportaro direito e dexaro pra fazê senvergonhice qunado chegasse nas toca deles; mas o importante foi que a bicharada de Dois Morro se sarvô e depois que a chuva passô, tudo vortô alnormal.
Muito tempo dispois qui a Nhá Benta, uma senhôra mui religiosa, quase santa, nos contô qui leu num Livro Santo qui o tar de Noé era o Noé mesmo, duma Arca famosa e coisa e tar; e que aquela água toda era um tar de Delúver... Delúveo... de luva... É. Arguma coisa’ssim.
postado por Chico Lorotta
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