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quinta-feira, 28 de março de 2024

Exposição "Leopoldo Gotuzzo: de 1904 a 1971" - Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG) - Pelotas (RS)


Um dos maiores prazeres de revisitar Pelotas, além de andar por suas ruas “paradas no tempo”, como Leocádia diz (o que pode ter seu lado ruim, mas também é muito poético), é ir ao Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG). Sempre vale a pena, pois invariavelmente tem coisas legais a serem vistas. Desta vez, não foi diferente em termos das obras expostas. Mas antes disso outro atrativo também se impôs: o novo prédio do museu. Se antes era localizado na General Osório com a Sete de Setembro, bem perto do hotel em que já ficamos algumas vezes, agora o espaço, de responsabilidade da Universidade Federal de Pelotas, a UFPEL, foi parar no coração da cidade: na Praça 7 de Julho, em frente ao Mercado Público e ao largo, ao lado do prédio da Prefeitura Municipal e a metros da Praça General Osório. 

“Agora”, aliás, é um tanto defasado de minha parte, pois a mudança ocorreu em 2018, ou seja, desde quando – mesmo tendo ido a Satolep outras vezes neste meio tempo – não mais voltamos ao museu. E que prédio lindo! Como os belos construções históricas de Pelotas – várias delas muito mal preservadas, o que não era o caso do novo Leopoldo Gotuzzo, que certamente ganhou um bom restauro antes de tornar-se o novo espaço de arte. O antigo e imponente prédio do Lyceu Riograndense – diz-se, o primeiro do Brasil a oferecer curso de Agronomia nos idos do século XIX – guarda significativa relevância histórico-cultural, tanto para a comunidade pelotense como para a universitária.

Mas e a parte expositiva, ora essa!? Interessantíssima como sempre. Nada muito extenso, como as infindáveis exposições do MAR, no Rio de Janeiro, e nem diminuta a ponto de deixar vontade de querer mais, como as do Instituto Ling, em Porto Alegre. O tamanho das mostras manteve-se mesmo com a mudança de prédio. O que se viu foi, como de costume, um apanhado de quadros do autor que dá nome ao espaço, o pelotense Gotuzzo, a quem noutras ocasiões já foi motivo de Cly_art aqui no blog. Desta feita, algumas obras de 1904 a 1971, período que encerra toda a sua profícua produção.

Dono de um traço muito sensível e experimentado em diversas técnicas – como era comum aos adeptos das Belas Artes no passado –, Gotuzzo percorre desde carvão sobre papel impressionantes (que passam tranquilamente por retratos a um visitante mais distraído) até os tradicionais óleos sobre tela. As figuras femininas, as paisagens do campo (seja no Brasil ou em Portugal), e as características naturezas-mortas estavam lá também.

Posteriormente, para modo de dar o devido destaque, volto com a outra exposição em cartaz no Leopoldo Gotuzzo nesta recente visita ao museu pelotense. Por ora, fiquemos com alguns dos registros que fiz do anfitrião da casa. Nova casa.

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Paisagem de Porto, em Portugal, de 1929

Dois belos nus feitos no Rio...

... e este da "Espanhola", de 1942

A riqueza de detalhe do interior de uma igreja da cidade do Porto

Figuras humanas e paisagens, duas especialidades de Gotuzzo

"O Velho de Capa", óleo feito não no Rio Grande do Sul,
mas na Madri de 1916

Outra especialidade de Gotuzzo: as naturezas-mortas

Um dos incríveis carvão sobre papel, tão real que parece foto

Mais figuras femininas, estas de Bernardina Miranda, um óleo sobre tela e
um sanguines sobre papel, ambas do início dos anos 30

E o próprio Gotuzzo, em autorretrato de 1934



Daniel Rodrigues

quarta-feira, 20 de março de 2024

sábado, 9 de março de 2024

“Dias Perfeitos” , de Wim Wenders (2023)



INDICADO A
MELHOR FILME INTERNACIONAL


Teria muito para falar de Wim Wenders, de qualquer filme de sua extensa filmografia, de sua carreira, do namoro de seus filmes com a filosofia, das diversas fases e projetos diferentes, das obras-primas. Mas o que talvez dê mais prazer e uma alegria até ingênua é falar sobre a realização de um filme japonês de Wim Wenders. “Dias Perfeitos” é, acima de tudo, uma dessas delícias que cinéfilos admiram: um filme de um cineasta de um país realizado noutro e com total propriedade. Porque, sim, “Dias Perfeitos” é um filme japonês, produzido com verba japonesa, falado em japonês, com atores japoneses e cheio de referências ao cinema japonês. E um baita de um filme.

“Dias Perfeitos” acompanha com extrema delicadeza a história de Hirayama (Koji Yakusho, lindo e atorzaço), um homem de meia idade reflexivo que vive de forma modesta como zelador e limpando banheiros em Tóquio. Sua rotina é revelada ao espectador através da música que ouve, dos livros que lê e da apreciação das árvores, suas três paixões. À medida que os dias Hirayama avançam, encontros inesperados começam a surgir e passam a revelar um passado escondido, que jogam luz sobre os porquês da solidão, da fuga e da busca de sentido na vida moderna.

Wenders assumidamente faz uma homenagem e referencia seus mestres do Oriente: Akira Kurosawa, Kenji Mizoguchi e, principalmente, Yasujiro Ozu, sua grande paixão talvez apenas equiparável a Michelangelo Antonioni. É do Ozu de “A Rotina Tem seu Encanto” e “Era uma Vez em Tóquio”, cineasta já perscrutado por Wenders no documentário poético “Tokyo-Ga”, de 1985, que ele extrai o senso contemplativo de “Dias...”. Seja na extensão sem pressa do transcorrer das cenas, seja na posição baixa da câmera em determinadas tomadas, quase ao chão, seja na apreciação natural da ação, aproveitando o som direto e sem “interferência” de trilha sonora.

Tomada quase no chão ao estilo Ozu

Por falar em música, aliás, são elas que ajudam a conduzir o filme. Ou melhor: pontuá-lo. A bela seleção de K7s do personagem, a qual ele ouve no carro pelas ruas e avenidas de Tóquio (Otis Redding, Lou Reed, Nina Simone, Patti Smith, só coisa boa) geralmente indo ou voltando do trabalho, demarcam não apenas a busca dele por “dias perfeitos” como, igualmente, o conduzem a praticamente encontrá-los ao final. Como uma trilha que acompanha momentos da vida e traduz emoções. 

Como em “Paris, Texas”, “O Estado das Coisas” e “Além das Nuvens“, Wenders dá ao “decurso do tempo” (para usar outro título de filme seu) a forma e a estética, que se fundem. Mais uma vez captando com muita pertinência o espírito da terra em que se apropriou, o cineasta atribui aos silêncios (o “ma” da cultura oriental) uma função primordial para transmitir sentimentos de culpa, sofrimento, medo, frustração, angústia e, porque não, também de alegria. Em compensação, os diálogos são extremamente bem aproveitados, precisos como um golpe samurai. Vários são realmente tocantes, como o breve reencontro com a irmã abastada e de vida triste, que vai à sua humilde casa resgatar a filha, fugida de casa e de sua realidade para ter alguns dias de harmonia com o tio que tanto gosta.

Hirayama com a sobrinha: momentos
de contemplação e harmonia
A dialética entre o arcaico e o moderno é, contudo, o centro da trama. Isso faz remeter, mais profundamente analisando, a uma forma de se colocar no mundo. O anacronismo do tipo de música e a mídia que Hirayama tanto apreciava é um símbolo de algo em extinção, mas capaz de gerar uma genuína conexão do ser humano com a arte, embora isso não faça mais tanto sentido num mundo cada vez mais digitalizado e fragmentado. A busca por si próprio no isolamento e na circunspecção faz lembrar filmes em que este foi o refúgio existencial de personagens na procura pelo sentido da vida, casos de “Nascido e Criado”, de Pablo Trapero, “O Turista Acidental”, de Lawrence Kasdan, e o próprio “Paris, Texas”. Porém, assim como nestes exemplo, “Dias...”, em suas propositais repetições de cenas e na progressão emocional do protagonista ao longo da história, vota numa solução humana para as dificuldades. Perfeição não existe.

Embora torça para isso, dificilmente Wenders levará o Oscar de Filme Internacional. Sem o gigante “Anatomia de uma Queda” na disputa, uma vez que a produção francesa ganhadora da Palma de Ouro em Cannes concorre somente ao de Melhor Filme ao lado de favoritos como “Oppenheimer” e “Vidas Passadas”, o caminho para o elogiado longa alemão (mas um tanto superestimado) “A Zona de Interesse” vencer está facilitado. Porém, só o fato de ver no páreo um “Junger Deutscher” como Wenders, um verdadeiro esteta e revolucionário do cinema moderno, é quase que um prêmio adiantado a ele e a toda uma geração. Herzog, Schlöndorff, Fassbinder, Von Trotta, Kluge: estão todos representados com esta indicação. E não só eles, mas também, no caso, Ozu, Kurosawa, Mizogushi, Imamura, Oshima. Porém, talvez nem Wenders dê tanta importância a uma conquista como esta. Afinal, mesmo com o reconhecimento a uma obra de meio século como a dele, a Academia está longe de ser perfeita. Assim como os dias.

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trailer de "Dias Perfeitos", de Wim Wenders



Daniel Rodrigues


terça-feira, 5 de março de 2024

sábado, 24 de fevereiro de 2024

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Formigueiro

 



"Formigueiro", RODRIGUES, Daniel



"Formigueiro"
Foto com manipulação digital - nov/23
Daniel Rodrigues

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Exposição "Artesania Ancestral nos 95 anos da Mangueira" - CRAB Sebrae - Praça Tiradentes - Rio de Janeiro / RJ





O CRAB do Sebrae, Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, está com uma exposição muito interessante, bem a propósito do período que ingressamos agora, de carnaval, que é a produção artística artesanal da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, uma vez que, por mais que atuem carnavalescos consagrados, estilistas criativos, quem coloca a mão na massa mesmo e faz acontecer o desfile é a comunidade nos barracões.

A mostra "Artesania Ancestral nos 95 anos da Mangueira" que ocupa oito salas do espaço do Sebrae, no Centro do Rio, traz um pouco da evolução dos desfiles da escola, recupera grandes carnavais e já dá uma mostra do que vem pela frente, inclusive com algumas referências ao aguardado enredo deste ano que homenageia a cantora Alcione.

Miçangas, linhas, plumas, adereços, esboços, figurinos, esculturas de carros, maquetes, fotos de carnavais passados e um pouco da história da escola, tudo isso pode ser visto na belíssima exposição desta que é uma das agremiações carnavalescas mais populares e queridas do Brasil.

Aproveite o clima de carnaval e dê uma passada lá, ou então, vá com tranquilidade e pinte por lá a qualquer outro momento, porque a exposição fica aberta até o início de julho.

Confira abaixo, algumas imagens que fiz por lá:

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Miniatura do desfile da Mangueira na Sapucaí


Logo na escada de acesso, dois belíssimos tótens, com carrancas,
que já decoraram carros alegóricos da Escola.

Manequins com fantasias

Lindíssima fantasia de destaque

Fantasia de ala das baianas

O boi-bumbá relembra o desfile de 2014
mas antecipa o enredo da Maranhense Alcione, pra 2024

Fantasias de outros carnavais na Mangueira

Peças para confecção das alegorias

Aqui, alguns chapéus, túnicas e peças de cabeça

É aqui onde a mágica acontece:
na máquina de costura e no trabalho manual do pessoal do barracão

Desenhos de figurinos para as fantasias

Belíssima maquete do Morro da Mangueira

Reconstituição das tradicionais biroscas do Morro da Mangjueira
cujas mesas viram surgir muitos sambas clássicos

E o blogueiro tomando uma gelada no buteco da Mangueira



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exposição "Artesania Ancestral nos 95 anos da Mangueira"
local: CRAB Sebrae (Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro)
Praça Tiradentes, 69 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
período:  até 01 de julho de 2024
visitação: de terça a sábado, das 10h às 17h
ingresso: gratuito




por Cly Reis

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Arte Espontânea XXVII- Uma Baía à Noite

 




Arte Espontânea XXVIII - REIS, Cly
foto de superfície metálica com manipulação digital posterior




Uma baía à noite
Cly Reis