"Paulo Barnabé tem influência das técnicas de composição erudita contemporânea de onde surgem ritmos assimétricos, células atonais, séries dodecafônicas. Há também assumida influência de punk-rock, do jazz e ritmos brasileiros, o que torna a 'brincadeira' ainda mais interessante!"
descrição da banda
no site My Space
Clayton me convidou para participar desse blog o que me deixou muito envaidecido. Vão ler sobre meu gosto musical!
Mas, por outro lado, recebi uma tarefa ingrata: como escolher um grande álbum musical. Um só? Como não falar de "Master of Reality", do Sabbath, "Aracy canta Noel", ou o impecável diletantismo do grupo Rumo. Gente, "Estado de Poesia" do Chico César, "La Lhorona", da saudosa Lhasa de Sella...
Ok, só um mesmo!
Decidi pelo que considero o grande álbum do rock Brasil dos 80: "Corredor Polonês", da Patife Band, de 1987. Não bastasse a presença de compositores do nível de Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Fernando Pessoa, temos músicos preciosos acompanhando Paulo Barnabé, inquieto compositor e músico. "Corredor Polonês" foi produzido por ninguém menos que Liminha. O cara sabe do negócio. Ainda hoje o disco me soa de um frescor ímpar.
Porradaria estranha do começo ao fim. Flertes com o punk, noise rock e jazz fazem dessa obra uma preciosidade musical brasileira. E nem fico muito chateado pelo álbum não ter ficado tão conhecido pela mídia. Azar deles! Dá um gostinho de que é meio nosso também. Amo. Quem não ouviu, busque na Internet. Quem já conhece faça como eu, corre pra escutar novamente!
por R O N I V A L K
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FAIXAS:
1. Corredor polonês (4:00) 2. Pesadêlo (1:15) 3. Chapéu vermelho (3:40) 4. Tô tenso (3:15) 5. Poema em linha reta (2:08) 6. Teu bem (3:43) 7. Três por quatro (2:05) 8. Pregador maldito (2:23) 9. Vida de operário (3:30) 10. Maria Louca (2:51)
Roni Valk é professor, ator, diretor, cantor e compositor. Ama passarinhos. Roni é integrante e diretor artístico do grupo musical-teatral Roni e As Figurinhas
E chegamos ao último especial da série 5+ do clyblog. Não que não tivéssemos mais assunto, daria pra pesquisar sobre mais um monte de coisas com os amigos, saber o que mais um monte de pessoas interessantes pensam, levantar listas mas acredito que estes temas abordados, além de bastante significativos, resumem, de certa forma, a ênfase de assuntos e as áreas de interesse do nosso canal.
E pra encerrar, então, até aproveitando o embalo da Feira do Livro de Porto Alegre, cidade que é uma espécie de segundo QG do clyblog, o assunto dessa vez é literatura. Sim, os livros! Esses fantásticos objetos que amamos e que guardam as mais diversas surpresas, emoções, descobertas e conhecimentos.
Cinco convidados especialíssimos destacam 5 livros que já os fizeram sonhar, viajar, rir, chorar, os livros que formaram suas mentes, os que os ajudaram a descobrir verdades, livros que podem mudar o mundo. Se bem que, como diz aquela frase do romando Caio Graco, "Os livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros mudam as pessoas.".
Com vocês, clyblog5+livros:
1.Afobório escritor e editor (Carazinho/RS)
" 'O Almoço Nu' é muito bom. Gosto muito desse livro."
1- "Trilogia Suja de Havana", Pedro Juan Gutiérrez 2 -"Búfalo da Noite", Guillermo Arriaga 3- "Numa Fria", charles Bukowski 4 - "Sorte Um Caso de Estupro", Alice Sebold 5 - "O Almoço Nu", William Burroughs Programa Agenda falando sobre o livro "O Almoço Nu", de William Burroughs ******************************************* 2.Tatiana Vianna funcionária pública e produtora cultural (Viamão/RS)
Kerouac, um dos 'marginais'
da geração beatnik
"Cada um destes são livros que chegaram as minhas mãos em momentos diferentes de vida e foram importantes para muitos esclarecimentos. Algumas destas leituras volta e meia as retomo novamente para entender melhor, porque sempre algo fica pra trás ou algo você precisa ler depois de um tempo, de acordo com o seu olhar do momento."
1- "On the Road, Jack Kerouak 2 - "1984", George Orwell 3 - "Os Ratos", Dionélio Machado 4 - "A Ilha", Fernando Morais 5 - "O livro Tibetano do Viver e Morrer", Sogyal Rinpoche
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3.Jana Lauxen escritora e editora (Carazinho/RS)
"Minha vida se resume a antes e depois de "O Acrobata pede desculpas e cai". "O Jardim do Diabo", do Veríssimo, é um romance policial incrível do tipo que você não larga enquanto não acabar. E quando acaba dá aquela tristeza. "Capitães da Areia" li há muito tempo e não consigo me esquecer desse livro. O engraçado é que a primeira vez que o li, tinha uns 12 anos e não gostei. A segunda vez eu tinha mais de 20 e fiquei fascinada pela obra. O "Livro do Desassossego" é para ter sempre por perto, para abrir aleatoriamente e dar aquela lidinha amiga. Conheci Pedro Juan em
uma entrevista que ele concedeu para a revista Playboy, e a "Trilogia Suja de Havana" foi o
primeiro livro do autor que eu li. Seus livros são proibidos em seu próprio país,
visto a crítica social que o autor acaba fazendo sem querer. Digo
sem querer por que sua temática não é política – ele fala de
sexo, de drogas, de pobreza, de putas, e detesta ser classificado
como um autor político. Mas acaba sendo, pois é impossível
descrever qualquer história que se passe em Cuba sem acabar fazendo
alguma crítica social. Mesmo que enviesada."
"Capitães da
Areia"
1- "O Acrobata Pede Desculpas e Cai", Fausto Wolff 2 - "O Jardim do Diabo", Luís Fernando Veríssimo 3 - "Capitães da Areia", Jorge Amado 4 - "Livro do Desassossego", Fernando Pessoa 5 - "Trilogia Suja de Havana", Pedro Juan Gutiérrez
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4.Walessa Puerta professora (Viamão/RS)
"Estes são os meus favoritos."
1- "O Tempo e o Vento", Érico Veríssimo 2 - "O Mundo de Sofia", Jostein Gaarder 3 - "Era dos Extremos", Eric Hobsbawn 4 - "Dom Casmurro", Machado de Assis 5 - "O Iluminado", Stephen King
A brilhante adaptação de Stanley Kubrick, para o cinema, da obra de Stephen King
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5.Luan Pires jornalista (Porto Alegre/RS)
"Dom Casmurro" temuma das personagens mais emblemáticas da literatura nacional: Capitu. A personagem dos "olhos de cigana oblíqua e dissimulada" é um verdadeiro ensaio para quem curte a construção de um personagem. Toda criança deveria ler a coleção do "Sítio do Pica-Pau amarelo". E todo adulto deveria reler. Uma homenagem a imaginação, a cultura e ao sonho das crianças e dos adultos que nunca deveriam deixar de ter certas inquietações juvenis. Desafio qualquer um no mundo a descobrir o final de "O Assassinato de Roger Ackroyd"! [ponto final!]. Cara, pra mim, "Modernidade Líquida" é o livro mais necessários dos últimos tempos. Pra entender a sociedade e o caminho para onde estamos seguindo. "@mor" é um ensaio perfeito das relações humanas atuais. O que me chamou atenção é que não demoniza a internet, mas aceita o papel dela nos relacionamentos atuais. O formato, só em troca de e-mails, é um charme. E o final é de perder o fôlego."
1- "Dom Casmurro", Machado de Assis 2 - "Sítio do Pica-Pau Amarelo" (qualquer um da coleção), Monteiro Lobato
A turma do Sítio, do seriado de TV
da década de 70, posando com seu criador
(à direita)
3 - "O Assassinato de Roger Ackroyd", Agatha Christie 4 - "Modernidade Líquida", Zigmunt Bauman 5 - "@mor", Daniel Glattauer
Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
************************ "Poema em Linha Reta" Álvaro de Campos* (*heterônimo de Fernando Pessoa)