"Abrindo todas as pennas/ Das suas azas serenas/ Sobre o negro soffredor,/A Liberdade esperada/ Foi assim como uma fada/ Que allivio lhe deu á dôr" É com a poesia negra de Lino Guedes, de 1936, que, resistindo a açoites e chibatadas, o MDC de hoje celebra o Dia da Consciência Negra. Poetas tanto quanto, Arthur Verocai, Jim Morrison, Azymuth, The Ambitious Lovers, Chico Science, Ronaldo Bôscoli também clamam por Palmares. O grito na mata se ouvirá às 21h, na quilomba Rádio Elétrica. Produção, apresentação e senhor das demandas: Daniel Rodrigues
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
cotidianas #845 - "Acordei Bemol"
Acordei bemol
Tudo estava sustenido
Sol fazia
Só não fazia sentido
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Paulo Leminski
quarta-feira, 16 de outubro de 2024
Música da Cabeça - Programa #382
Não dá pra enxergar nada nesse apagão.. Mas o MDC a gente reconhece até no escuro! É só botar pra rolar Funkadelic, Tom Zé, The Smiths, Zizi Possi e Gil Scott-Heron, por exemplo, que a gente não precisa nem ver pra curtir. Igual a Marlui Miranda, a quem jogamos luz no quadro Cabeção. Sem privatizar e com energia própria, o programa se acende às 21h na luminosa Rádio Elétrica. Produção, apresentação e lanterna: Daniel Rodrigues.
www.radioeletrica.com
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
cotidianas #842 - Euforice
quarta-feira, 10 de julho de 2024
cotidianas #837 - "Ou Isto Ou Aquilo"
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo ...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
segunda-feira, 24 de junho de 2024
segunda-feira, 1 de janeiro de 2024
cotidianas #818 - "No ano passado..."
"O suicídio de Dorothy Hale" Frida Kahlo (1938) |
"Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos
Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...
Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.
quarta-feira, 8 de novembro de 2023
Música da Cabeça - Programa #343
do poemabomba de augusto surge o mdc desta semana. reprisando nossa edição de nº 290, em que tivemos a entrevista com o poeta e músico cid campos, rodado em outubro de 2022, teremos como sempre música, poesia e ideias. soltando bombas, mas daquilo que nos mantém vivos, o programa hoje vai ao ar na concretista rádio elétrica. produção e apresentação: daniel rodrigues.
www.radioeletrica.com
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
cotidianas #810 - "Não Se Mate"
"Homem carregando a própria cabeça até o topo para deixar que role ladeira abaixo" - Susano Corrreia |
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
Reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
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"Não se Mate"(Carlos Drummond de Andrade)
terça-feira, 18 de julho de 2023
cotidianas #803 - "Gravata Colorida"
Quando eu tiver bastante pão
para meus filhos
para minha amada
pros meus amigos
e pros meus vizinhos
quando eu tiver
livros para ler
então eu comprarei
uma gravata colorida
larga
bonita
e darei um laço perfeito
e ficarei mostrando
a minha gravata colorida
a todos os que gostam
de gente engravatada…
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"Gravata colorida"
Solano Trindade
sábado, 18 de março de 2023
quarta-feira, 8 de março de 2023
Música da Cabeça - Programa #309
#diainternacionaldamulher
#diadamulherétododia
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
"Poesia", de Jorge Luis Borges - ed. Companhia das Letras (2017) - compilação de poemas de 1969 a 1985
Acabei de ler, há pouco, o robusto "Poesias" de Jorge Luis Borges, coletânea de poemas com nada menos que sete publicações do autor: "Elogio da sombra" (1969), "O Ouro dos Tigres" (1972), "A Rosa Profunda" (1975), "A Moeda de Ferro" (1976), "História da Noite", "A Cifra" (1981)
Eu apaixonado pela escrita de Borges pude me deliciar ao longo de suas mais de 600 páginas com todo aquele universo de enigmas, magia, labirintos, bravuras, reminiscências e inspiração. Poemas delineados com a pena da sabedoria de quem muito viveu, muito viu e muito estudou, e ao mesmo tempo da admissão da ignorância diante da vastidão de segredos do mundo. Paisagens fantásticas, questionamentos sobre a arte de escrever, batalhas sangrentas em guerras na Europa ou nas estâncias do pampa gaucho marcam as páginas de "Poesias".
Organizado cronologicamente, a partir da publicação de "O Elogio da Sombra", de 1969, o livro tem, na minha visão, um crescimento gradual, chegando a um nível incrível em "A Cifra" (1981) e culminando, para mim, em "Os Conjurados", de 1985, no melhor momento de sua poesia e razão, como aliás, na maior parte das vezes é natural na vida de um escritor, mas curiosamente, no caso de Borges, exatamente em seu momento de maior limitação física, muitíssimo doente, e praticamente cego na época da publicação.
Prato cheio, aliás, transbordante, para os apreciadores da obra do escritor argentino, mais conhecido e aclamado por seus contos, mas muito valoroso também por seus poemas que, no fim das contas são enriquecidos dos mesmos elementos recorrentes que tanto apaixonaram leitores como eu.
Cly Reis
domingo, 20 de novembro de 2022
cotidianas #780 - O Preto na Camisa Amarela
Salve Pelé
Salve Édson
Salve Dico
O atleta do Século
Salve Pelé com P maiúsculo
Salve os 3 erres
Ronaldinho
Ronaldo
e Rivaldo
Salve o Rei do Futebol
Salve o Rei Dadá
Salve o Príncipe Etíope
Salve o pé de Pelé
As mãos de Barbosa
As de Dida
Os dedos quebrados de Manga
Salve o negro Pelé
O mestiço Mané
O mulato Romário
E o sarará Ademir que era negro também
Salve o preto
Salve a joia da Vila
Salve a prata da casa
Salve o nosso ouro
Salve o azul do Sangue do Rei
Salve o amarelo da camisa
Salve o preto da pele
segunda-feira, 7 de novembro de 2022
cotidianas #777- "O futebol brasileiro evocado da Europa"
como o touro, numa corrida;
e, embora seja um utensílio
caseiro e que se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mão.
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
Música da Cabeça - PROGRAMA ESPECIAL Nº 290
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
cotidianas #771- Futebol Arte
Uma caneta.
tá se desenhando...
Deu de curva............
Queeee liiindooo!!!
Uma pintura!!!
E aí, o que só você viu?
Jogada bem desenhada
Desde o grande círculo
Ela rabiscou
O outro abriu o compasso mas não deu
A bola fez um arco-íris
desenhou uma parábola
e caiu lá no ângulo.
Daqueles de se botar numa moldura.
Coisa de artista!
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
cotidianas #765 - "Mais solidão jamais"
"Solidão" - Yolanda Mohalyi óleo sobre tela |
Mais solidão jamais em agosto:
Horas que completam -, nos campos
Ardente rubro e dourado
Mas onde se encontram teus jardins de desejo?
Os lagos claros, o céu aumenta
Os campos limpos e brilhando fraco
Mas onde estão a vitória e seu facho
Do reinado que tu representas?
Onde tudo está da sorte dependendo
E o olhar trocado e os anéis invertidos
No sussurro das coisas, no perfume dos vinhos
Tu serves ao antônimo do pleno, do pensamento.
"Mais solidão jamais"
Gottfried Benn