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Adorável!
Mostra um Fellini ainda sem a SUA linguagem consolidada. Ainda se moldando, mas já perceptível no decorrer do filme.
O que vemos em "A Estrada da Vida" é um cinema ainda muito vinculado ao realismo italiano. Retrata um momento um pouco mais avançado que aqueles retratados por De Sica e Rosselini, mas também mostrando como eles, a Itália pós-guerra e seus habitantes se virando como podiam e uma pobreza imperando em toda parte.
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Belíssima a referência sutil (mas evidente) que Fellini faz a Charlie Chaplin nas interpretações de Giulieta, em alguns momentos se valendo de recursos e expressões típicos de cinema mudo.
Gosto mais do cinema "felliniano" propriamente dito. Aquele de "Roma", "Amacord", "Satyricon", "Oito e Meio", mas "La Strada" certamente enquadra-se entre suas grandes obras e é extremamente revelador no sentido de referenciais, meios e fins.
Cly Reis
Coração de Jesus
ResponderExcluirHá dias venho querendo postar sobre este que é um dos meus Fellini preferidos. Um grande filme, sensível e levemente fantástico. Nem a narrativa linear e a linguagem neo-realista – as quais o diretor foi se afastando cada vez mais no decorrer de sua carreira em direção ao poético e surrealista estilo felliniano – conseguem superar, no entanto, o que considero o ponto alto do filme: as interpretações. À época, Fellini se aventurava mais nos palcos de teatro e nas telas, basta lembrar o lidíssimo papel de “deus” no episódio dirigido pelo compatriota Roberto Rosselini no filme “O Amor” (1948). Talvez por isso, e por ter contado com a colaboração de dois dos maiores atores da história, Anthony Quinn (maravilhoso como Zampano!) e a esposa e parceira Giulieta Masina na linha de frente, “La Strada” seja daquelas obras de cinema que podem ser considerados “filme de ator”.
Em minha opinião - nada modesta - Gelsomina é o grande personagem do cinema italiano. Não que seja um bobo apelo religioso, mas encontramos pessoas assim ao longo de nossas vidas e, às vezes, nem paramos para enxergar o quanto há de divino numa criatura como a personagem vivida por Giulieta. Reflito sobre a passagem de Jesus pela Terra, e o impacto que sua presença causava nas pessoas e significava a elas. Ele não era “deus”: era apenas uma grande pessoa entre a massa de medíocres e medianos. Gelsomina, com sua pureza e beleza interior quase absurdas, parece carregar um sentimento infinito que poucas pessoas que baixam por estas bandas podem ter. E é de uma inocência tão grande que, assim como com Jesus, torna-se impossível a manutenção de suas vidas de forma harmoniosa neste mundo tão errado. Tenho certeza que foi por esta ideia que moveu Caetano Veloso a escrever em sua bela canção-homenagem à atriz italiana, “aquela cara é o coração de Jesus”.
Gelsomina é uma mistura de Carlitos com Bruno Ganz do “Wroyzek”, com Lemmon do “Se Meu Apartamento Falasse” e Diogo Vilela de “O Grande Mentecapto”. A personagem de “La Strada” é uma das minhas 5 maiores da história do cinema, sem dúvida. Os outros? Vito Corleone (com o Brando e com o De Niro, dos “Chefão” I e II), Zé do Burro (Leonardo Villar, de “O Pagador de Promessas”), Dr. Hannibal Lecter (Hopkins, “Silêncio dos Inocentes”) e Mario (Mastroianni de “Noites Brancas”). Claro que tem o Hoffman do “Tootsie” e de “Kramer Vs Kramer”, Vincent Vega (Travolta, “Pulp Fiction”) ou Belmondo do “Acossado”. Mas Gelsomina tem, como diz Caetano, um “brilho de uma outra luz”.
Daniel.
Adorei teu comentário. Deveria substituir a minha postagem e publicá-lo. Gelsomina é mesmo adorável e concordo que seja um dos personagens mais marcantes do cinema.
ResponderExcluirSempre que tiver tempo escreve assim, chio de conteúdo e inspiração, mais vezes.
este filme e uma merda!!!!!!!!!!!!!! ca bra
ResponderExcluirah sim, e bons vc acha quais? os da Xuxa?
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