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terça-feira, 24 de novembro de 2009

"(500) Dias com Ela", de Marc Webb (2009)





Fiquei, dia desses, lendo um jornalzinho destes de sinal de trânsito, bem impressionado com o que se dizia do filme “(500) dias com ela”. Comédia romântica fora dos padrões tradicionais, fugindo dos clichês, The Smiths fora o elo de ligação inicial do casalzinho, sem um final exatamente feliz. Ôpa! Me interessou.
Fui ver o filme e ele é legal, mesmo. Nada fora do comum, mas é lagal.
Um dos principais méritos é a descontrução da linha da história, num ir e voltar dos dias (contados na tela) de modo a mostrar como as coisas ESTÃO em cada momento e não onde chegarão. Já sabemos no início do filme que ela acabou com ele. Não é novidade. O legal é a sensação que se dá pelos momentos da relação e, afinal de contas, tudo são momentos.
O termo “comédia romântica” que normalmente dá a se entender que há situações cômicas não corresponde exatamente à verdade. As situações acabam se tornando engraçadas, a gente acaba rindo do que até mesmo acontece toda a hora nas nossas vidas, ou aconteceu e que a gente acabou dando risada depois só que ali estamos diante desse espelho e é mais fácil rir dos outros. Na história, um rapaz com um perfil menos usual para homens mas ainda assim bastante comum - ramântico, sonhador, sensível - se apaixona por uma colega de trabalho que claramente tem outra visão de relacionamentos e é bem mais pragmática neste sentido. É lógico que em determinado momento estas visões, dentro de uma relação, vão entrar em choque e o mundo de quem é muito romântico acaba ruindo. O diretor constrói bem este personagem masculino principalmente por dois aspectos: ele é um arquiteto e de certa forma um artista e o todo artista é mais sensível, é mais propenso a este tipo de projeção, de idealização; além disso também tem o gosto musical, principalmente por Smiths, que é um dos ganchos para a aproximação do casal, e que por ter letras cheias de afetação, carência, sensibilidade, ajudam a formal o perfil do protagonista.
Outro ponto a favor do filme é que nesta “desordem” do roteiro, o diretor reconstrói situações em flashbacks, repete cenas mas com aquele detalhezinho a mais. E são estes detalhes que acabam completando uma informação, uma impressão, uma sugestão. Aliás diria que este é o principal mérito do filme: os detalhes. Comédias românticas tem aos montes por aí e de um modo geral elas são muito parecidas porque nós, homens e mulheres, somos muito parecidos. O jeito de mostrar a história, de filmar não vai variar muito. Ganha-se um pouco aqui, outro tanto ali com um roteiro, com tomadas ousadas, com uma película diferente, mas no geral é aquilo mesmo. O grande ganho do diretor Marc Webb foi ver, observar, se ater e nos colocar diante dos detalhes. Onde a coisa dá ou não dá certo, o porquê daquela pulga atrás da orelha, onde começa um romance com uma motivação boba ou com a coincidência improvável. Afinal de contas não é sempre assim? Não foi assim com você? Já não levou um fora que parecia sem motivo? Não ficou pensando porque fulano tinha mudado de atitude? Como você conheceu a pessoa que você ama? Tem cada história... E no fim das contas, todas são (quase) iguais.


Cly Reis

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