
Pois foi mais ou menos isso. O filme tem as qualidades que o diretor espanhol sempre mostrou, a estética, algumas antigas características de filmagem, outras novas incorporadas e no conjunto acaba-se digerindo bem; mas não posso esconder que desde que o diretor caiu na linha mais melodramática agradou-me menos e este, em especial, é bem característico desta fase atual.

"Abraços Partidos" é assim. É um "eu amo outro" pra cá, "fulano é seu filho" pra lá", "guardei isso por anos na consciência" acolá, num roteiro estapafúrdio que, bem como a história que o personagem roteirista Harry Caine, elabora com o rapaz que lhe faz companhia, Diego, parece fruto de um entusiamo repentino e incontido lançado para o papel deixando-se levar pela próxima idéia e pela próxima e pela próxima. O resultado são clichês de ações, personagens, revelações forçadas fora de hora, choradeira e romancezinho piegas. Talvez fosse mais interessante se ele realmente filmasse a história proposta na conversa com o garoto, um filme absurdo de vampiros chamado "Doa Sangue" pois ao menos teria-se justificado esta despreocupação com a qualidade do texto e certamente seria mais engraçado.

De minha parte, verdadeiramente, ainda que não de todo desagradado, saí do cinema com vontade mesmo de ter visto o filme-dentro-do-filme "Garotas e Malas" que o protagonista Harry Caine havia filmado. Aquilo sim, era o velho Almodóvar. Talvez seja um sinal de que ele volte e filmar assim. Tomara!
Cly Reis
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