" 'Juju' foi a primeira vez que tínhamos feito,
por assim dizer,
'um álbum conceitual'.
Um disco que se baseou
em elementos mais escuros."
Steven Severin
Gosto muito deste disco por ser ele um trabalho de
transição. A passagem definitiva daquele grupo caracteristicamente punk do
final dos anos 70, para uma linha mais gótica de estilo sombrio, de atmosferas
obscuras, bem típico daquele início dos anos 80.
“Juju” de 1981, tem um pouco dos dois: o peso do punk rock e
o clima do darkismo oitentista. Conheci o disco por intermédio da minha amiga
Tânia Becker que gravou um fita cassete pra mim com o álbum na época que eu era
duro demais pra comprar os LP’s. Como naquela época eu não conhecia este trabalho
especificamente da discografia d banda, fiquei um tanto surpreso exatamente
com isso que chamei atenção: como aquele disco era pesado, como era guitarrado,
distorcido, e no entanto era completamente Siouxsie and the Banshees. Grande parte dessa
‘barulheira’ se deve é claro à guitarra marcante de John McGoech (ex-Magazine)
que, se nunca foi um grande guitarrista (e não foi) sempre foi competente e
inegavelmente tinha seu traço instrumental pessoal muito marcante com suas
guitarras rascantes e supersonicas. Em “Juju” a banda ganhava outro acréscimo
de qualidade que era toda qualidade e a técnica do baterista Budgie, que havia na
verdade entrado no álbum anterior, “Kaleidoscope”, mas talvez por causa do
direcionamento bastante eletrônico daquele álbum, não tivesse podido tirar o
melhor de si, o que começaria, efetivamente, a acontecer em “Juju” e só
melhoraria dali para a frente. Steven Severin não precisa nem falar: é de uma
precisão e segurança impressionantes. Um relógio; e a Rainha das Trevas hipnotiza com seu
vocal enfeitiçante, sedutor e assustador por vezes, indo da loucura à magia, do desespero ao transe em
questão de segundos.
Canções como a vibrante “Spellbound” que abre o disco; a
frenética “Haloween” e a distorcidíssima e “Monitor” com sua guitarra
incontrolável, não negam que a veia punk continua lá firme; por outro lado a
arrastada “Night Shift” e sobremaneira a macabra “Voodoo Dolly”, um show à
parte de Sioux, não desmentem o caminho soturno que a banda seguiria mais
enfaticamente a partir de então.
“Arabian Nights” de baixo bem desenhado e percussão
marcante; “Into the Light” de estrutura toda quebrada; “Head Cut” com destaque
novamente para a guitarra de McGoech; e a crescente “Sin in My Heart”, ficam
num meio termo entre a sutileza e a brutalidade, entre as trevas e a luz, entre
o agressivo e o belo, e igualmente merecem menção com entusiasmo.
Fiz uma pequena enquete entre amigos que como eu curtem
Siouxsie and the Banshees, não exatamente para decidir que álbum destacaria
aqui na seção, mas mais para ter uma noção do preferido dos fãs. De um modo
geral, manifestou-se uma certa preferência pelo “Hyaena” de 1984, o que me
surpreendeu um pouco, considerando que é um disco que, por certo, aprecio
bastante mas que não destacaria a tal ponto. Embora seja uma discografia
difícil de destacar qualquer álbum dada a regularidade dos trabalhos da banda,
na verdade já estava decidido que para mim “Juju” seria o
ÁLBUM FUNDAMENTAL da
vez.
Mas nada impede que o “Hyaena” ou qualquer outro apareça por aqui uma hora dessas.
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FAIXAS:
- "Spellbound"
- "Into the Light"
- "Arabian Knights"
- "Halloween"
- "Monitor"
- "Night Shift"
- "Sin in My Heart"
- "Head Cut"
- "Voodoo Dolly"
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Ouça:
por Cly Reis
para Tânia Becker
para Tânia Becker
Eu sou do time do Hyaena, mas gosto muito do Juju e do Nocturne, que foge aos padrões, pois mesmo sendo um ao vivo, geralmente desfavorecidos com relação aos de estúdio no caso de bandas técnicas como a Siouxsie and the Banshees, é o meu preferido. Quem sabe dia desses não rola um AF do Nocturne?...
ResponderExcluirJá temos o Nocturne:
Excluirhttp://cly-blog.blogspot.com/2009/03/siouxsie-banshees-nocturne-1983.html
Hyaenna é um disco menor e John Mcgeoch é um dos maiores guitarristas da história do rock. Se situa aí, meu amigo
ResponderExcluirDiscordo, Amigo Desconhecido. A meu ver, McGeoch era bem limitado mas como muitos assim, conseguia se destacar e imprimiu características bem marcantes com seu estilo. O fato de considerá-lo menos técnico, menos virtuoso não significa que não valorize seu trabalho e seu som. Adoro o McGeoch em todas as bandas em que passou mas tenho o direito de pensar diferente de você, bem como a outra pessoa que comentou sobre o Hyaena, sem, necessariamente, por isso estarmos DESSITUADO.
ExcluirGrande abraço. Obrigado por nos visitar.