“Fodam-se eles e suas leis”
“Their Law”
“The Fat of the Land”, álbum de 1997 cheio de hits e
responsável pelo estouro definitivo dos ingleses do The Prodigy é
constantemente saudado e festejado como sendo seu grande trabalho. É um grande
álbum, é verdade, e no seu devido tempo merecerá a atenção aqui nesta seção, mas na
minha opinião o verdadeiro crescimento e consolidação de uma linguagem e um
estilo aconteceu em seu disco anterior o ótimo “Music for Jilted Generation”
de 1994, onde aquele punkismo que ficaria mais
explícito, não só na agressividade do disco seguinte, em músicas como “Breathe”
por exemplo, ou mesmo no visual dos integrantes, especialmente do performer
Keith Flint, começava a tomar forma e se justificava não apenas sonoramente mas
também enquanto atitude, uma vez que a banda batia de frente com as autoridades
inglesas que na época criavam todas as dificuldades possíveis para relizações
de raves e festas do gênero. Com “Their Law”, uma paulada metal-eletrônica
feita em parceria com os industriais do Pop Will Eat Itself, desafiavam a
polícia, botavam o dedo na cara da Ordem Pública e mandavam todos ‘se foder’,
literalmente, num petardo sonoro pesado e agressivo. Uma verdadeira bomba hardcore eletrônica como poucas vezes havia-se ouvido até então.
“Voodoo People” é outra matadora! Com sua guitarra cortante,
suja, entrecruzada, entrecortada, e uma batida atropeladora é simplesmente
violenta e selvagem. “Break and Enter’, que a rigor abre o disco após uma breve
vinheta, é igualmente acelerada e pegada sem contudo ser tão feroz quanto às
outras já citadas, apresentando por sua vez uma base genial extremamente bem
trabalhada totalmente quebrada e inconstante complementada por um sample
vibrante de um vocal feminino, numa das melhores faixas do álbum. A envenenada
“Poison” é psicodélica, psicótica, caótica, ousada em sua composição
aparentemente desencontrada, e com o vocal brilhantemente fazendo partes de
percussão; “Speedway” é extremamente criativa ao incorporar samples de carros
de corrida ao seu andamento já bem acelerado; e a boa "No Good" é um convite irrecusável para uma pista de dança com seu ritmo frenático e empolgante. “3 Kilos”, que abre o ‘pacote de
narcóticos’, como é descrito na capa o conjunto das três últimas faixas, é estilosa
com seu andamento cool e seu charmoso
solo de flauta; a mutável “Skylined” vai ganhando corpo e peso, capricha nas
repetições e explode num ritmo galopante forte e intenso; e a perturbadora
“Claustrophobic Sting”, com seu sample de saco-de-risadas fecha o disco em
grande estilo numa faixa longa, forte e alucinante.
Músicas como a acelerada “Full Throttle”, “One Love” com
seus toques árabes; e a elétrica “The Heat (The Energy)”, são boas faixas, dançantes, vibrantes mas na minha
opinião momentos menores no álbum, o que não tira em nada o brilho do trabalho
como um todo. Se depois de um álbum interessante porém quase primário, e que
soava até meio ‘infantilóide’, como seu “Experience” de 1992, em “Music for
Jilted Genaration”, Liam Howlett a cabeça pensante por trás do projeto,
corrigia o rumo, aparava as arestas, caprichava nos samples achava o meio termo
entre o eletrônico e o peso e mandava ver num álbum que pode ser considerado um
dos pioneiros na introdução de elementos de peso e guitarras na música
eletrônica. O que veio depois foi só conseqüência.
2. Break and Enter
3. Their Law
4. Full Throttle
5. Voodoo People
6. Speedway (theme from “Fastlane’)
7. The Heat (The Energy)
8. Poison
9. No Good (Start The Dance)
10. One Love (Edit)
- The Narcotic Suite
12. Skylined
13. The Claustrophobic Sting
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