"Acho que muitos fãs gostam desse disco porque ele está balanceado.
Tem o nosso lado mais soturno como em 'The Blood',
mas há momentos muito relaxados como em 'In Between Days' e 'Close to Me' ."
Tem o nosso lado mais soturno como em 'The Blood',
mas há momentos muito relaxados como em 'In Between Days' e 'Close to Me' ."
Robert Smith
“The Head on the
Door” , de 1985, é certamente o disco mais pop do The
Cure. Mas isso não significa que a banda tenha meramente se entregado ao
mercado musical fazendo o que a 'indústria' e o grande público desejavam. O álbum
é resultado de toda uma bagagem que o Cure foi agregando ao longo de sua
trajetória desde o punkzinho dos dois primeiros discos, a atmosfera dark da fase seguinte, o synth-pop da
época que o Cure foi apenas uma dupla, chegando à metade dos anos oitenta tão
bem constituída a ponto de dar subsídio para que a banda conseguisse produzir
um trabalho extremamente variado sem abrir mão de sua identidade sonora e de
suas convicções, com qualidade e personalidade.
“In Between Days “ que abre o disco dá a mostra do quão acessível é esse trabalho da banda, num dos maiores hits de sua carreira. Uma base com um violão marcante, um teclado fluído e inconfundível e um refrão daqueles de não tirar da cabeça. A segue “Kyoto Song”, uma belíssima e perturbadora balada de característica sonora bem à japonesa; uma levada agressiva de violões à espanhola dão início e pautam toda a forte e intensa “The Blood” que vem na sequeência, cujos versos "I'm paralized by the blood of Christ" são resultado de alucinações causadas por um vinho português; vem em seguida “Six Different Ways”, psicodélica, interessante, mas nada mais que apenas graciosa; mas “Push”, a seguinte, com uma introdução longa, típica do Cure, apresentando primeiro toda a parte sonora antes de entrar com a letra, tem um dos melhores trabalhos de guitarra de Robert Smith, nesta que é para mim uma das grandes músicas do álbum.
“The Baby Screams”, que durante algum tempo até mesmo abriu shows da banda, é uma interessante mistura de guitarras com recursos eletrônicos com Robert Smith verdadeiramente gritando, numa interpretação muito legal e interessante; vem na sequência outro super-hit, “Close to Me” com sua batida seca, vocal quase sussurado e tecladinho adorável. Não precisaria nem dizer que é uma das melhores da banda até hoje. O acerto pela simplicidade. “A Night like This’ é outra jóia do disco. Música belíssima, bem composta, tristinha (como de costume) mas de uma leveza impressionante. Tem um solo de sax lindíssimo que, se o ouvinte não estiver derretido até ali, cai de vez depois dele. Gosto muito de “Screw”, esquisitona, quebradiça, com destaque especial para o ótimo Simon Gallup e seu baixão distorcido. E então o disco fecha magistralmente com a ‘climosa’ “Sinking”, sombria, soturna, depressiva, para, se havia ficado alguma dúvida, ter-se certeza de que tudo o que ouviu-se até então era realmente o bom e velho The Cure.
Um trabalho perfeito de síntese musical dos anos 80. A mistura exata entre o clima
de obscurantismo do início da década com a fórmula pop que consegue atirngir o grande público. Com
sua melhor formação e auge técnico, o Cure conseguia com um álbum impecável
atingir o sucesso comercial, não trair a si próprio, ganhar novos fãs e manter
os existentes sem desagradá-los. Nem é meu preferido, até porque sou mais fã
dos discos bem ‘góticos’ por assim
dizer, como "Disintegration", “Faith”, "Pornography",
mas reconheço sua alta qualidade e não estranharia e não tiraria a razão de algum fã se me afirmasse ser este o
melhor disco do The Cure.
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FAIXAS:
- "In Between
Days" – 2:57
- "Kyoto Song"
– 4:16
- "The Blood" –
3:43
- "Six Different
Ways" – 3:18
- "Push" – 4:31
- "The Baby
Screams" – 3:44
- "Close to Me"
– 3:23
- "A Night Like
This" – 4:16
- "Screw" –
2:38
- "Sinking" – 4:51
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