"Perguntei a Bono quais eram
suas principais influências,
e ele me disse que
uma de suas maiores influências
havia sido exatamente o New Order.
O New Order,
uma das grandes influências do U2"
Peter Hook
Uma compilação de singles e remixes que virou clássico.
Bom, talvez por não se resumir a apenas uma mera coletânea como muitas retrospectivas comuns entre bandas que chegam a determinado ponto e repassam a carreira.
"Substance" de 1987 é um marco.
Um dos discos mais importantes para a linguagem pop dos anos 80 e o maior responsável pela explosão da música eletrônica no início da década que se seguiria. Muito por conta de "Blue Monday", hit lançado em 1983 apenas em single e que repetia o sucesso, desta vez de modo muito mais massivo com o lançamento de "Substance". Uma incrível peça musical basicamente eletrônica, extremamente dançante, de ritmo alucinante, tom grave e uma programação de bateria marcante e enlouquecedora. Não havia quem não conhecesse "Blue Monday" e não tivesse dançado com ela.
Mas "Substance" tinha outros trunfos que o tornavam especial em relação a outras coletâneas: pra começar, abria com "Ceremony", canção da banda-embrião do New Order, o Joy Division, que era apresentada em versão de estúdio pela primeira vez, canção que traduzia bem a transição do estilo soturno do grupo na época de Ian Curtis para a tendência dançante que se seguiria a partir da criação da nova banda.
O disco traz ainda, além de versões estendidas, diferentes das dos singles e de seus álbuns correspondentes, duas versões inéditas regravadas de antigos singles, "Confusion" e "Temptation", e uma inédita, naquele momento, a ótima "True Faith", um pop sofisticado, impecável, que imagino que seja tudo que os Pet Shop Boys sempre desejaram ter feito.
Tem "Subculture" em versão mais longa e diferente da do álbum original, com seus teclados monumentais da abertura soando ainda mais imponentes e grandiosos; "Shellshock", perfeita, com suas influências hip-hop, break e black music de rua dos anos 80; o mega-hit "Bizarre Love Triangle", um pop dançante de estrutura muito bem elaborada, mas que na mixagem da versão para a coletânea teve cometido o pecado da ausência do som do baixo, deixando a música muito mais dançante, é verdade, porém muito mais pobre musicalmente.
A épica "Perfect Kiss" que aparece no álbum "Low-Life" em versão editada, aqui, neste "Substance" mostra-se inteira até seu ápice num final extasiante que culmina num solo de contrabaixo, de Peter Hook, daqueles como só ele consegue fazer, como se fosse uma guitarra.
Aliás, se há um ponto negativo no álbum, é o fato de a partir dele ter-se associado necessariamente o New Order à música eletrônica, aquela mecânica, sem se dar o devido valor ao trabalho coletivo e instrumental do grupo, como se eles só apertassem os botões e a música começasse a tocar e sem considerar o grande número de músicas onde, na verdade, os teclados são parte menor no contexto. Grande equívoco! Trata-se de uma banda com alto poder criativo e capacidade instrumental individual bastante apreciável, sobretudo de Stephen Morris, um dos bateristas que melhor consegue conjugar os elementos eletrônicos com a execução acústica da bateria, e do baixista Peter Hook, de toque diferenciado, de afinações singulares e de uma maneira tão ímpar de tocar que faz com que seu instrumento seja o coração da banda.
Há muitas coletâneas importantes, muitas marcantes, mas poucas conseguem a eternização que "Substance" alcançou. Talvez por que esta tenha algo mais. Talvez porque tenha algo, assim, substancial... Substância.
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FAIXAS:
1. "Ceremony" 4:23
2. "Everything's Gone Green" 5:30
3. "Temptation" 6:59
4. "Blue Monday" 7:29
5. "Confusion" 4:42
6. "Thieves Like Us" 6:36
7. "Perfect Kiss" 8:02
8. "Subculture" 4:48
9. "Shellshock" 6:28
10. "State of the Nation" 6:32
11. "Bizarre Love Triangle" 6:44
12. "True Faith"
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Ouça:
Cly Reis
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