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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

"Azul é a Cor Mais Quente", de Abdellatif Kechiche (2012)



Assisti, há poucos dias, ao filme “Azul é a Cor Mais Quente”, pelo qual tinha boas expectativas dadas as boas recomendações, críticas e pelo fato de ter levado a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2013. Ao contrário e muito do que se falou e se alardeou sobre o filme, “Azul é a Cor Mais Quente” não é um filme sobre homossexualismo, ele tem homossexualismo.
Adèle e a fascinante
garota dos cabelos azuis.
É na verdade um filme sobre as descobertas numa fase interessantemente difícil da vida que é a passagem da adolescência para vida adulta, quando há muitas dúvidas, muitas cobranças, muitas inseguranças e muitas possibilidades. O que acaba acontecendo é que uma destas possibilidades que a vida oferece é a de, sim, se apaixonar por alguém do mesmo sexo. A jovem Adèle, interpretada de forma brilhante pela atriz de mesmo nome, a expressiva Adèle Exarchopoulus, encontra-se num momento de perguntas, questionamentos de toda ordem, práticos, pessoais, físicos, profissionais e afetivos, quando conhece uma garota mais velha, cheia de vida, experiências, conhecimentos, e com um exótico cabelo... AZUL. A cor que se neste caso representa o diferente, a possibilidade de um outro mundo, o rompimento com o convencional, e que atrai a atenção da menina não apenas pela novidade mas também porque ela mostra-se diferente das vazias garotas do seu círculo de amizade ou do paquera da escola, adquire um caráter muito presente  e forte em diversos outros momentos do filme, atuando de forma simbológica muito significativa.
A quentíssima cena de sexo entre as amantes.
O legal do filme é que a relação de Adèle com Emma, a moça do cabelo azul, é uma das coisas da vida. Poderia ser por um homem de cabelo moicano, por exemplo, mas não é. Aliás este é um dos méritos do filme, o de fazer com que a descoberta da adolescente, sua paixão por alguém do mesmo sexo, seu envolvimento e tudo que cerca o relacionamento das duas soe como algo natural, como um rumo que a vida pode tomar. E por que não?
Apesar da naturalidade que propõe para o tema, o diretor não ignora os obstáculos, as resistências e os preconceitos, mas trata o assunto de maneira madura sem ser panfletária nem para um lado nem para outro, se é que existem lados diferentes nisso tudo.
Não é um filme gay, ainda que possa ser utilizado como bandeira; não é um filme erótico, apesar das quentíssimas cenas de sexo protagonizadas pelas duas. É um filme que narra a trajetória de uma adolescente que se torna mulher e que entre suas tantas descobertas, aprende, como todo mundo, que na vida nem tudo é azul.


Cly Reis

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