"Homem, mulher ou criança,
Ella [Fitzgerald] é maior que qualquer um."
Bing Crosby
"Se houve alguém que foi um mestre,
esse alguém foi Luis Armstrong."
Duke Ellington
Um encontro de titãs de dois dos
maiores nomes da música. Ella Fitzgerald, diva do jazz, uma das
maiores cantoras de todos os tempos e dona de interpretações
inigualáveis juntava-se a Louis Armstrong, cantor de voz
inconfundível, de recursos vocais interessantíssimos e trompetista
de estilo moderno e ousado para sessões de gravação que
originariam o extraordinário “Ella and Louis”.
Composto basicamente por canções
românticas e baladas de compositores como Gershwin e Irving Berlin,
“Ella and Louis” (1956) é puro deleite. As interpretações de
ambos, sustentadas por nada menos que o Oscar Peterson Trio, carregam
o talento pessoal de cada um somados às suas respectivas grandes
capacidades de improvisação, demonstrando um impressionante
entrosamento e uma gostosa descontração de estúdio.
A lindíssima “Can't We Be Friends?”
tem interpretação destacada da diva; “Isn't This a Lovely Day?”
tem um daqueles belos solos econômicos, básicos e precisos de
Louis, seus improvisos vocais característicos e um dueto lá-e-cá
adorável entre os dois cantores; e ainda a ótima “Tenderly”
que com uma performance solo arrasadora do trompete de Armstrong abre
e prepara terreno para que Ella deslize sua voz doce sobre a canção,
e igualmente fecha com outra demonstração de talento e inspiração
no instrumento de sopro. Na adorável “Cheek to Cheek”, uma das
minhas favoritas do álbum, mesmo reconhecendo que no quesito cantar
Ella é muito mais completa que o Louis, o destaque é para a atuação
vocal dele. Muitíssimo bem “A Foggy Day” dos Gershwin não pode
deixar de ser mencionada assim como a melancólica “April in
Paris”, que numa interpretação cheia de sentimento de Ella
Fitzgerald, com um solo choroso do trompete de Louis Armstrong e com uma performance magistral de Oscar Peterson ao piano, encerra a obra de forma perfeita.
“Ella and Louis” só não é um
documento musical único porque, por conta do sucesso do lançamento,
a gravadora encomendou um novo encontro da dupla para o álbum “Ella
and Louis Again”, que é considerado por muitos até mesmo melhor
que o original.
Talvez. Não sei. Gosto muito do outro
também. Talvez seja assunto para outro A.F.. Mas por hora fiquemos com
este registro mágico onde a graça da Primeira Dama e a
originalidade do Satchmo garantem um dos momentos mais célebres que a música já viveu.
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FAIXAS:
01. Can't We Be Friends? (Paul James, Kay Swift) – 3:4502. Isn't This a Lovely Day? (Irving Berlin) – 6:14
03. Moonlight in Vermont (John Blackburn, Karl Suessdorf) – 3:40
04. They Can't Take That Away From Me (George Gershwin, Ira Gershwin) – 4:36
05. Under a Blanket of Blue (Jerry Livingston, Al J. Neiburg, Marty Symes) – 4:16
06. Tenderly (Walter Gross, Jack Lawrence) – 5:05
07. A Foggy Day (G. Gershwin, I. Gershwin) – 4:31
08. Stars Fell on Alabama (Mitchell Parish, Frank Perkins) – 3:32
09. Cheek to Cheek (Berlin) – 5:52
10. The Nearness of You (Hoagy Carmichael, Ned Washington) – 5:40
11. April in Paris (Vernon Duke, Yip Harburg) – 6:33
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Ouça:
Cly Reis
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