Jordan acompanhado da Dudu Lima Trio. |
Como não dava pra passar o
dia, fomos no horário que pegaríamos os dois shows que mais nos interessavam: o
da banda carioca Blues Etílicos e, em seguida, do guitarrista norte-americano
Stanley Jordan. Se bem que, quando apontamos no parque, ainda dava pra ouvir,
mesmo que de longe, Hamilton de Holanda detonando seu bandolim. Quando nos
acomodamos, já no intervalo entre uma apresentação e outra, aparecem os
paulistas da Orleans Street Jazz Band tocando no meio da galera. Alto astral aquele
som de jazz do sul norte-americano, com direito a tuba, trompete, trombone,
sax, banjo e percussão. As melhores das boas-vindas.
Orleans Street Jazz Band no 2º Festival BB Seguridade de Blues e Jazz
Logo em seguida veio a Blues
Etílicos. Embora as letras deixem a desejar, a sonoridade é do mais poderoso e
original blues eletrificado. Destaque para o guitarrista Otávio Rocha e seus
slides impiedosos. É ele quem segura o som de um berimbau extraído da própria
guitarra na música “Dente de Ouro”, misto de baião e blues, a melhor da
apresentação. Também teve participação do blueseiro gaúcho Solon Fishbone em
“Puro Malte”, noutro momento muito legal em que três guitarras se somaram.
Foi então a vez de Stanley
Jordan subir ao palco. Ele, que havíamos perdido de ver quando do Canoas Jazz
Festival, em 2014, deu um show curto mas delicioso. Isso que o tal Dudu Lima
quase pôs água no chope! O músico mineiro, baixista e líder do trio que apoiou
Jordan, começou o show tocando a “Suíte BItuca”, versão jazz fusion para “Fé Cega, Faca Amolada”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, com incursões de outras melodias, como a de “Raça”, também de
Milton, e “Asa Branca”, clássico de Luiz Gonzaga. Até aí, tudo bem. Acontece
que quando Jordan entra definitivamente para tocarem a primeira juntos, “Clube
da Esquina nº 2”, outra de Milton, esta parceria com Lô Borges. A beleza da
interpretação passa a ganhar tons de exagero por parte de Dudu Lima, que se perde,
sai do compasso e inventa improvisos mais ruidosos do que melódicos.
Pensamos: “Tudo bem, vai ver que estão esquentando
ainda”. Veio, então, o tema seguinte, “Regina” de autoria d Dudu. Estavam
os dois ali, tocando juntos quando, no meio da execução, o autor, decerto por
achar a autoria motivo para tal, desce do palco para tocar no meio do público
(!). Não que não possa fazer isso, mas no SEGUNDO número? E justo ele, o coadjuvante
do show? Totalmente despropositado. Jordan, na sua simplicidade, ficou no palco
fazendo base para o exibido lá embaixo. O bom foi que, a partir dali, tudo se
rearrumou. O mestre Jordan permanece no palco para, sozinho agora, mandar ver
duas suítes solo impressionantes. Uma delas é a originalmente linda “Eleanor
Rigby”, clássico dos Beatles presente no terceiro álbum de Jordan, o memorável
“Magic Touch”, de 1985. Um desbunde. Ele aproveita as linhas vocais, do cello e
dos violinos da original de 1966 para fazer o mesmo, só que apenas na guitarra.
Usando sempre das duas mãos, as quais tocam geralmente ao mesmo tempo, o
característico tapping – técnica que
evoluiu com ele –, a exuberante forma de Jordan tocar comove e impressiona.
A formação com Mamão
arrepiou em outro jazz fusion estonteante, com variações de ritmo, agilidade e
performance de todos, claro, principalmente de Jordan. É o guitarrista que puxa,
enfim, novamente acompanhado do trio do começo, o número final, que o público
reconhece já nos primeiros acordes. É “Stairway to Heaven”, o clássico hard-rock
da Led Zeppelin. Como fizera
com a canção de Lennon e McCartney, nesta Jordan utiliza todas as
possibilidades harmônicas criadas pelo riff
de Jimmy Page, ora valendo-se da suavidade do dedilhado, ora transformando a
guitarra em piano, ora roncando em palhetadas. Até sons de bandolim e viola é
possível ouvir da guitarra de Jordan. Um final digno de um show que valeu a
pena aguardar esses dois anos para assistir.
vídeo de “Stairway to Heaven” por Stanley Jordan e Dudu Lima Trio
Céu azul e muita gente na Redenção. |
A Orleans Street Jazz Band toca no meio do público. |
A inusitada percussão da OSJB. |
A Blues Etílicos mandando ver no blues eletrificado. |
No telão, Jordan e Dudu solando. |
Galera aproveitando o gramado e a sombra das árvores. |
Olha quem veio assitir ao festival. |
por Daniel Rodrigues
"Que saudades da Redenção", esse show, essas fotos,esse céu azul, inigualável, em mim provocaram! Belo show!
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