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sábado, 27 de janeiro de 2018

"Me Chame Pelo Seu Nome", de Luca Guadagnino (2017)



Vamos falar de amor. Das dores do amor, das tristezas, das perdas, mas vamos falar de amor, porque no final ele é sempre lindo. Tem a parte da dor muitas vezes, mas os momentos doces não devem ser esquecidos e o mais importante: não devem deixar de serem vividos.
Elio ((Timothée Chalamet), o sensível e único filho da família americana com ascendência italiana e francesa, Perlman, Elio , está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda quando Oliver (Armie Hammer), um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega à casa.
Apesar de toda delicadeza e beleza que o filme tem ao abordar o amor ele carrega aquele elemento de quase todo filme com uma pegada LGBT feito para o grande público traz que é a tristeza. Desculpem o spoiler mas é necessário falar sobre isso. Parece que nesses filmes é proibido o casal ficar junto! Acaba transmitindo uma ideia de que relacionamentos assim não conseguem superar dificuldades e preconceitos. Embora o objetivo no longa seja mostrar a euforia e dor do primeiro amor, me refiro a filmes nessa linha de um modo geral.
O longa se passa na Itália o que torna o cenário espetacular possibilitando planos tão lindos que o espectador chega mesmo a sentir o cheiro, as cores, o calor do verão italiano. Há uma cena que os personagens principais estão entrando num rio  cuja nascente fica nos Alpes e que quase chega-se mesmo a sentir a água gelada. Arrisco-me a dizer que é possível sentir até o gosto das frutas (embora haja uma cena que torna estranha a minha afirmação).
Não devemos deixar passar os sinais.
A trilha sonora é uma delícia. Suave, tranquila, extremamente agradável e entra em momentos certos, realmente fazendo parte do filme por completo. O primeiro e o segundo atos são lentos e previsíveis, no entanto, o terceiro e último, avassalador, compensa totalmente. O longa então só tem ganhos tanto na questão do romance, na questão dos diálogos. NOSSA!!! Na lindíssima cena em que o pai de Elio vai conversar com o filho sobre sentimentos, sua fala é de uma poesia, de uma profundidade, que certamente guardarei esse dialogo para minha vida. Confesso que nesse momento o filme me conquistou de vez e me levou às lágrimas.
 O elenco todo esta muito bem com uma sintonia maravilhosa entre todos os personagens. Os pais de Elio tem participações bem pontuais mas não menos grandiosas. Uma delas mencionei que anteriormente é a fala de Mr. Perlman (Michael Stuhlbarg), mas vou falar também do casal principal que carrega o longa. Oliver e Elio, são um belo casal, seu romance é bem construído e as cenas são lindas. Armie Hammer como Oliver está ótimo, tem charme, presença, é um bom personagem e você sente uma atração natural por ele. Já Timothée Chalamet como Elio está MAGNÍFICO. Ele É Elio, o personagem é real. E ele tem um poder, uma presença, é destemido, sabe o que quer  é e tão dono de si. Até encontrar o amor... Uma atuação madura que nos entrega um personagem apaixonante que tem momentos brilhantes como a cena final que confirma que só sua presença, seu olhar já nos prende ao filme (e suas dancinhas são boas também).
Por mais arrastado que o longa possa ser seu final é recompensador. Ele nos passa uma mensagem linda e é mais um filme que vem para nos deixar algo. Quando ele termina inevitavelmente o espectador, por mínimo que seja, vai ficar refletindo um pouco sobre sua vida.
Tirando os clichês e os momentos previsíveis, "Me Chame Pelo Seu Nome" é muito bonito, sutil e profundo, como é o amor afinal. Por mais que algumas vezes os relacionamentos terminem, e isso seja doloroso, não devemos nos fechar para esses sentimentos nem deixar de vivê-los e fingir que nada aconteceu. Devemos, sim, nos jogarmos em direção ao amor, nos entregarmos por inteiro, assim como Oliver e Elio, que até seus nomes entregaram um ao outro.
O amor...


por Vágner Rodrigues

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